A formação do cânon bíblico

Para desmontar a farsa da ?Sola-Scriptura? e, por conseguinte, o texto do referido ?ex-Padre?, é preciso que você entenda a história da formação do Cânon Bíblico.
Definamos os termos:

Cânon ? É a lista de todos os livros que a legítima autoridade religiosa reconheceu como divinamente inspirados.

1 – Até o nascimento de Nosso Senhor, existia somente um cânon: o Velho Testamento com 45 livros;
2 – Com a apostasia dos Sacerdotes Judaicos, Nosso Senhor instituiu a autoridade religiosa da Igreja dos Apóstolos que começou o seu apostolado pelo mundo através de ensinamentos escritos e orais;
3 – O crescimento da Igreja de Cristo, que no século II passou a se chamar Igreja Católica, motivou a inveja e o ódio dos judeus, que passaram a persegui-la de todas as formas.
3.1 – Se você se aprofundar na história do Cristianismo, verá que os sacerdotes judaicos Caifás e Anás usaram da grande influência que possuíam junto ao Império Romano para forçar o ato covarde e omisso de Pôncio Pilatos de lavar as mãos na condenação à morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, e, o que parece, essa influência junto aos romanos, também foi usada posteriormente à morte de Nosso Senhor para massacrar os católicos nas arenas de Roma.
4 – Uma das medidas tomadas pelos judeus para dificultar e difusão do Evangelho foi criar diretrizes para que os escritos católicos, ou seja, os evangelhos e as cartas não ingressassem no cânon bíblico. Assim, no ano 100 d.C., usando de uma autoridade religiosa da qual não dispunham mais, os judeus, reunidos no concílio de Jâmnia, na cidade de igual nome, elaboraram as seguintes condições para que um escrito fosse incluindo no cânon do Velho Testamento:

A ? O livro não poderia ter sido escrito fora de Israel;
B – … somente em hebraico;
C – … não depois de Esdras (458 ? 428 a.C.);
D – … não poderia contrariar a Torá ou Lei de Moisés.

4.1 – Ora, está claro nessas condições que os judeus visavam vetar os escritos católicos na lista dos livros divinamente inspirados (Cânon), afinal, os escritos iniciais da Igreja Católica (os evangelhos, as cartas e o apocalipse) foram produzidos justamente fora de Israel, a maioria em grego e obviamente após Esdras.
4.2 – Os judeus tiveram ainda a audácia de afirmar que os escritos cristãos contrariavam a Torá, que consistia nos cinco primeiros livros do Velho Testamento, o chamado Pentateuco (Gêneses, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio). Caem no mesmo erro do protestantismo, ou seja, interpretam sem autoridade para tal.
4.3 – Essas condições acabaram por excluir também sete livros do Velho Testamento, os mesmos que os protestantes retiram na pessoa do heresiarca Martinho Lutero, já que esses livros foram escritos em grego, na cidade de Alexandria (atual Cairo no Egito).
5 – Outra tentativa de se destruir a Igreja se deu por meio da infiltração de doutrinas anticristãs na Igreja dos Apóstolos. Foi daí que surgiram os chamados livros apócrifos. Apócrifo significa de autenticidade duvidosa, de autoria duvidosa, quem os escreveu usou o nome de autoridades religiosas para dar verossimilhança à obra, note aqui o princípio da autoridade.
5.1 – Cito um exemplo: o Apocalipse de São Pedro, esse livro é de autoria duvidosa, ou seja, não se sabe se, de fato, foi escrito por São Pedro. O mesmo ocorre com o Evangelho de Nossa Senhora, de São Tomé e de Judas Iscariotes (viu a atual polêmica sobre este apócrifo) entre outros escritos de autoria duvidosa. O prejuízo causado por tais escritos era enorme, porque não se podia atestar com precisão quais eram os escritos verdadeiros dos falsos, ou seja, não se sabia o que era ?joio ou trigo?, por conseguinte, os Evangelhos ?de? São Marcos, São Lucas, São Mateus e São João as cartas de São Paulo, São João, São Pedro, São Tiago e São Judas Tadeu não gozavam da autenticidade que a Igreja conferiu posteriormente, porque estavam misturados com escritos sem autenticidade.
5.2 ? É aqui que lhe chamo a atenção: Até o século IV, a única lista de livros reconhecida como divinamente inspirada pelas legítimas autoridades religiosas, isto é, da Igreja de Cristo (Igreja Católica) era o Velho Testamento. Somente no ano de 382, a Igreja, reunida no Concílio de Roma, formulou a primeira lista dos livros autênticos, tanto para o Novo como para o Velho Testamento. Digo para também para o Velho, porque a Igreja teve de confirmar aqueles sete livros que os judeus negaram, estas obras ficaram conhecidos como deuterocanônicos (deutero = segunda; cânon=inspirado, autenticado; assim as duas juntas implicam a idéia de que foram ?autenticados uma segunda vez?). Vários outros Concílios confirmaram este cânon (VT + NT), foi o caso dos Concílios de Cartago III (397) e Cartago IV (419).
5.3 – Mas a reunião mais importante, foi o Concílio de Trento (1546-1543), realizado durante a revolução protestante. Este concílio, conhecido como contra-revolução protestante, confirmou de forma dogmática as refutações ás heresias de Lutero. Este heresiarca suprimiu aqueles sete livros no Velho Testamento, anteriormente retirados pelos judeus em Jâmnia, no fim do século I: Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc e os dois livros dos Macabeus (além de alguns trechos dos livros de Daniel e Ester) e a Igreja de Cristo reconfirmou-os no referido Concílio de forma dogmática. Isso significa que a Bíblia hoje como está, a sua lista dos livros que ela contém, é um dogma católico. E como o cânon do Novo Testamento adotado pelos protestantes é o formulado pela Igreja, por conseguinte, os seguidores de Lutero seguem um dogma católico sem mesmo saberem. Eles criticam os dogmas católicos, mas seguem vários deles. É muita, mas muita incoerência, para a qual, infelizmente, o orgulho protestante cega os olhos.

“Propôs-lhes também esta comparação: Pode acaso um cego guiar outro cego? Não cairão ambos na cova?” (São Lucas VI,39)
“Deixai-os. São cegos e guias de cegos. Ora, se um cego conduz a outro, tombarão ambos na mesma vala”. (São Mateus XV,14)

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