A ressurreição de lázaro

A ressurreição de Lázaro (Jo 11,1-45) é um dos milagres mais extraordinários da vida pública do Redentor, o qual manifesta o seu poder supremo, uma vez que vence a morte. As circunstâncias que cercam o fato ocorrido em Betânia é decisivo nos seus resultados. Com efeito, Jesus ao demonstrar tanto poder, atraiu a ira de seus inimigos e o Sinédrio, o colégio dos mais altos magistrados do povo judeu, decretou a morte de quem só irradiava a vida. Este episódio é um convite à reflexão, à meditação de todos os seus detalhes.
João divide o fato em cinco atos fundamentais: a viagem do Salvador a Betânia; o encontro com Marta e Maria; o milagre; as reações que produz nos circunstantes e a partida de Jesus para Efrem já sob uma virtual sentença de condenação à morte. Betânia significa casa da pobreza, ou da aflição, ou da obediência.

Tudo isto calha bem na família da qual Jesus era amigo, pois Lázaro, Marta e Maria amavam uma vida simples, aceitavam com resignação os sofrimentos e eram submissos à vontade divina. Betânia estava a três quilômetros de Jerusalém. Muitos comentaristas identificam Maria com a pecadora convertida por Jesus, ou seja, Maria Madalena. Lázaro era muito amado por Jesus por causa de suas raras virtudes. Daí suas irmãs O informarem sobre sua grave doença. Lázaro morrera, enquanto os emissários chegavam até Jesus, mas tudo seria para glória de Deus. Jesus diz, então que era preciso voltar à Judéia o que assustou os discípulos timoratos e daí a frase célebre de Tomé: “Vamos e morramos com ele”, dado que os judeus já tinham tentado apedrejar o Mestre.

Um pessimismo generoso, sem dúvida, se apoderou daquele Apóstolo! Lázaro já tinha sido colocado no sepulcro havia quatro dias, quando o Salvador lá chegou. Segundo os costumes judaicos havia lamentações pela morte durante três, sete e trinta dias. Marta que tomava conta da casa foi ao encontro do Mestre e o diálogo gira em torno da ressurreição, crença arraigada entre os judeus.

Jesus afirma: “Eu sou a ressurreição e a vida: o que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá e todo o que vive e crê em mim não morrerá eternamente. Crês isto?”. A resposta de Marta foi maravilhosa: “Sim, Senhor, eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo, que vieste a este mundo”. Ela, por certo pressentiu então que algo inédito iria acontecer com a presença daquele que era assim tão poderoso. Maria chega e revela sua fé em Jesus, pois se Ele estivesse junto deles, Lázaro não teria morrido. Jesus ficou comovido com estas palavras. O Mestre se põe a chorar. Todos ficaram comovidos por compreenderem quão grande era a estima que Ele tinha para com Lázaro. Marta ainda possuía uma fé diminuta, pois se mostrava preocupada com a situação do corpo do irmão que deveria estar já em estado de putrefação. Tiraram a pedra da tumba que era uma caverna subterrânea sem antecâmara.

Jesus ordena que Lázaro saia para fora. O objetivo do milagre era demonstrar sua divindade. Muitos creram, mas os fariseus vendo crescer ainda mais a fama daquele taumaturgo tramaram sua morte, pois contemplavam a atuação de Jesus numa ótica meramente política. Passaram a insinuar que se as coisas continuassem assim todos creriam nele e os romanos acabariam destruindo o templo de Jerusalém. Caifás então asseverou: “Convém que morra um homem por todo o povo e não pereça toda a nação”. Na verdade, Jesus morreria para levar à unidade os filhos dispersos de Deus constituindo deste modo “o Israel de Deus” (Gl 6,16). Sua hora, porém, não chegara ainda e Ele se retirou para Efrem.

A ressurreição de Lázaro lembra a todo cristão que quem crê em Jesus, um dia vencerá também a morte. Hoje, mais do que nunca, é esta fé a única tábua de salvação num mundo materializado e divorciado dos valores eternos!

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