Amar com Vontade

Devo ter relações com meu marido mesmo sem vontade?

É fato notório que, em geral, homens e mulheres têm necessidades sexuais diferenciadas; os homens estão sempre predispostos ao ato sexual, enquanto que as mulheres nem sempre.

Vários fatores podem reduzir ou mesmo suprimir o desejo feminino. Para citar os mais comuns: preocupações, cansaço, stress, falta de confiança ou intimidade com o homem, o uso de anticoncepcionais, oscilações hormonais normais durante o ciclo, alterações hormonais na gravidez, pós-parto e amamentação.

Algumas mulheres casadas relatam passar dias, semanas e até meses negando-se aos seus maridos, pois, dizem, não sentem vontade de ter relações e acham errado fazê-lo assim, “sem vontade”.

Tenho a impressão de que há, no entanto, uma confusão de termos. Vontade é algo racional, uma decisão, o uso de nosso livre-arbítrio. Para fazermos uso de nossa vontade livremente, precisamos nos libertar das paixões, de impulsos, de tudo o que possa escravizar e viciar nossa vontade, a fim de decidir com o intelecto. O que essas mulheres estão chamando de vontade, na realidade é o desejo sexual, a libido.

Através do sacramento do matrimônio, o corpo da mulher passa a pertencer ao marido (e vice-versa). Ao direito-dever do marido e de sua mulher de realizarem entre si o ato sexual chama-se débito conjugal, ou seja, ao se negar ao marido sem justificativa, a mulher está em débito com ele e com a promessa que fez diante do altar.

Quando arrumamos desculpas para evitar a relação sexual, além de enfraquecer o relacionamento entre o casal (por falta do caráter unitivo do ato sexual, bem como de intimidade), deixamos nossos maridos vulneráveis, mais fracos para lutar contra a concupiscência, abrindo brechas para hábitos como a masturbação, vicio em pornografia e, por fim, para o adultério.

Devemos, então, amar nossos maridos com vontade, ou seja, deliberadamente e fruto de uma escolha madura, entregando nossos corpos que pelo sacramento do matrimônio não mais nos pertencem, mas sim a eles.

Lembremos que, para a mulher, mesmo que ela não atinja o clímax a cada ato, o sexo pode ser bom e prazeiroso pela intimidade, pelo carinho e afeto, sendo preservado, portanto, o aspecto unitivo deste.

Importante ressaltar, entretanto, que tomar a decisão de entregar-se ao marido, ainda que com o desejo em baixa, não é deitar e simplesmente deixar-se tocar, como se fosse uma boneca inflável, e sim participar plenamente do ato, interessando-se pelo corpo dele, demonstrando seu afeto com palavras, carícias e beijos. Os homens também gostam de se sentir amados e desejados! A certeza do olhar feminino sobre eles aumenta sua auto-estima e a disposição para enfrentar o mundo.

Uma vez decidida a trabalhar a sexualidade em seu casamento, comece por buscar conhecer o próprio corpo e o seu ciclo (os métodos naturais auxiliam nisso), a fim de conhecer o seu período fértil, investigar os motivos da supressão do desejo, a fim de resgatá-lo, ainda que seja necessário uma consulta ao médico (ginecologista) para um diagnóstico preciso, além de cultivar a intimidade entre o casal.

Pode-se cultivar a intimidade multiplicando as demonstrações de afeto entre o casal e criando momentos de lazer a dois, como um cafuné, ver um filme juntinhos e abraçados… Igualmente, deve-se procurar fazer do leito conjugal um ambiente propício: deitar-se sempre limpa e cheirosa é um bom começo – [e isto] aplica-se também aos maridos!

Alguns homens esquecem que da mesma forma como eles adoram que a esposa esteja toda limpinha e cheirosa, as esposas também não gostam de ser abraçadas pelo marido sem banho, com cheiro de suor, as unhas grandes e pretas de sujeira, bafo de cerveja… Eca! Se o seu marido é desse tipo, e se ele está chegando da rua todo suado, o vá educando…

Ele me procura nos piores momentos, quanto estou nervosa, irritada, com dor de cabeça…

Bom, a melhor pessoa para saber qual é o momento mais indicado é você mesma, não? Que tal fazer o contrário? Quando o nervosismo, irritação e a dor de cabeça te derem uma folga, tome um banho e chame o maridão para ajudar a espalhar o creme hidratante… É uma maneira sutil de tomar a iniciativa… Elogie-o quando sair do banho… Em outro momento, convide-o para um banho a dois… Enfim, mulher, use a sua criatividade!

É possível ser sedutora para o seu marido sem ser vulgar – não há necessidade de apelar. Os homens são excitáveis visualmente: use uma roupa bonita, maquiagem, perfume, acessórios…

Por fim, mas não menos importante – reze. O sacramento do matrimônio confere aos cônjuges as graças atuais necessárias para o seu estado; use esse arsenal sobrenatural a seu favor! Lute pelo seu casamento não só no leito mas também fora dele – peça a ajuda de Nossa Senhora, nosso modelo de mulher, esposa e mãe.

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