Bill Bales – ex-pastor presbiteriano

Bill Bales cresceu em ambiente presbiteriano progressista em Bethesda, Md. "Eu tinha uma espécie de fé adormecida em Cristo", lembra ele. "Eu não tinha vida de oração regular nem praticava o estudo da Bíblia. Essas coisas eram, para mim, secundárias".

 

Bales matriculou-se num curso preparatório para a Faculdade de Medicina numa Universidade americana; jogava futebol. Contraiu uma lesão pulmonar, que o obrigou a penosa cirurgia.

 

"Comecei a contemplar coisas tais como a morte. Passei a conviver com cristãos que tinham uma fé robusta. Comecei a rezar: 'Se Deus existe, que Ele se revele!'. Se existisse realmente, eu ficaria feliz por crer nele. Comecei a ler a Bíblia, e algumas páginas da mesma tomaram sentido para mim".

 

Passou a freqüentar uma igreja presbiteriana mais tradicional, e ficou impressionado pela conduta de muitos de seus membros. "Cristo era uma realidade. Você podia ter um relacionamento com Ele. Não era um feixe de palavras vazias".

 

Bales deixou de lado seus planos de estudar Medicina. Pôs-se a trabalhar por dois anos numa Pastoral de Juventude de uma igreja presbiteriana; depois fez-se pastor numa igreja não denominacional (não convencional) protestante. "Mas eu tinha que entrar num Seminário, caso eu quisesse continuar o meu ministério pastoral. Eu desejava mais aprendizagem – e também algum tempo para pensar a respeito de certas idéias e possíveis soluções. Havia tantas indagações que me surgiam na mente!".

 

Bales entrou para o Gordon Conwell Theological Seminary, instituição séria interdenominacional em South Hamilton, Mass. Essa época foi, para ele, maravilhosa.

 

"Reverenciavam a Escritura. Alguns dos professores que eu freqüentava, interpretavam o Antigo Testamento de maneira semelhante à dos Padres da Igreja e bem melhor do que muita gente no evangelismo. Não estudávamos a fundo os Padres. Tratava-se mais de uma escola de treinamento para pastores do que de uma escola de graduação".

 

Terminados os estudos em 1985, Bales aceitou o encargo de pastor associado na igreja presbiteriana de Gainesville, na Virgínia. A princípio ele esteve ali muito feliz.

 

"Mas na primavera de 1988, algumas das questões que eu nunca considerara realmente ou que abordara superficialmente, começaram a emergir. A mais crucial era a da definição do cânon das Escrituras. Quem tinha a autoridade necessária para definir o conteúdo do catálogo sagrado? É esta uma questão fundamental. Senti-me mais e mais estranho à resposta calvinista, que eu sempre professara; as outras sentenças proferidas no mundo protestante, fora do Calvinismo, pareciam-me muito lacunosas.

 

Eu não estava a ponto de ser atraído pelo Catolicismo, embora eu acreditasse que devia haver uma resposta para as perguntas que eu levantava. Desde que Scoth Hahn, meu amigo dos tempos do Seminário, se convertera ao Catolicismo, estava a conversão no meu subconsciente. Na seqüência dos tempos, eu sentia que devia ser plenamente honesto, reconhecendo a fragilidade da minha posição relativa ao cânon.

 

Uma saída, não satisfatória, porém, seria passar-me para uma modalidade de protestantismo mais liberal. Se Deus não instituiu uma autoridade sobre a terra capaz de decidir a respeito de certos problemas, então parecia-me que tudo ia pelos ares. Eu não conseguia contornar essa questão".

 

Mas, se o Catolicismo era uma possibilidade, Bales tinha uma série de leituras a fazer, uma série de respostas a confrontar. Ele encontrou o "Development of Christian Doctrine" (=O Desenvolvimento da Doutrina Cristã), de Newman, o "The Spirit of Catholicism" (=O Espírito do Catolicismo), de Karl Adam, e algumas obras de Louis Bouyer especialmente interessantes.

 

"Mais e mais me convenci, através do estudo da história, de que a doutrina católica já era professada na antiguidade, talvez em termos menos desenvolvidos, mas já presentes aos antigos. Convenci-me também, mediante as Escrituras, de que, na maioria dos casos em que havia uma definição (como a do Primado de Pedro) ou ainda nos casos controvertidos, a Igreja Católica tinha a melhor argumentação; isto não quer dizer que eu havia de decidir minha filiação à Igreja por efeito de alguma passagem bíblica. Eu via também que, de modo muito lógico e compreensível, a Igreja Católica tinha crescido, favorecida pela ação de Deus. Parecia-me mais razoável pensar assim".

 

No fim de 1989, Bales se sentia pouco à vontade no exercício do seu ministério e da sua pregação. Renunciou a eles no começo de 1990.

 

"Eu tentava conceber uma imagem pouco atraente do presbiterianismo. Os presbiterianos tinham sofrido outras defecções: as de Scott Hahm e a de Gerry Matatics, por exemplo. Havia um punhado de crentes que não queriam deixar-me partir".

 

Bales julgava que podia ter evitado uma excomunhão formal se se transferisse primeiramente para uma Igreja episcopal. Mas ele estava sinceramente certo de que a Igreja Católica era o seu destino, e ele não o queria negar de público. Em conseqüência, o processo de excomunhão contra ele foi iniciado.

 

"Encontrei-me três ou quatro vezes com pequenas comissões. Da primeira vez tentaram-me compreender e colheram informações para instituir o processo jurídico. Não houve jamais alguma mesquinhez. A terça parte do presbitério votou pela não-excomunhão; não houve unanimidade".

 

Quais são as conseqüências da excomunhão no presbiterianismo?

"Existe a concepção generalizadadeclara Balesde que o excomungado tem que se arrepender, pois está imerso em determinado tipo de pecado. O modo de tratar o excomungado varia de paróquia para paróquia. A minha paróquia era de linha muito dura. Essa dureza intimidava. Abandonar a paróquia era molesto. Eu o via como se fosse morrer para toda aquela gente.

 

A voz dos amigos era suave. Mas a chefia não estava em absoluto interessada em que algum membro da congregação continuasse a ser meu amigo… A comunidade era muito fechada. Ali havia muitas amizades profundas, um monte de gente boa".

 

Bill Bales foi recebido na Igreja Católica na festa dos Santos Anjos da Guarda (2/10) de 1990.

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