Bispos desrespeitam o sétimo e o décimo mandamentos

Uma matéria publicada no site do jornal O Estado de São Paulo no dia 17 deste mês deixa perplexos e envergonhados todos os católicos que procuram ser fiéis à Igreja e ao Magistério. Na referida reportagem lemos que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), através da Comissão Pastoral da Terra (CPT), planeja “exportar” o Movimento dos Sem-Terra (MST), a começar pela África do Sul. Segundo o padre Nelito Dornelas, assessor da CNBB para o setor de Superação da Miséria e da Fome, “o MST é filho da CPT”. A matéria diz ainda que a CPT “foi criada há 33 anos por setores progressistas da CNBB, ligados à Teologia da Libertação” e que “no fim dos anos 70, a CPT ajudou a criar o MST, organização que até hoje conta com o apoio de setores do clero e do episcopado”.

Ora, são públicas e notórias as invasões de terra e depredações promovidas pelo MST. Tais ações contrariam explicitamente o Sétimo Mandamento (“Não furtar”) e o Décimo Mandamento (“Não cobiçar as coisas alheias”). Vejamos alguns ensinamentos do Catecismo da Igreja Católica (CIC) a respeito do Sétimo Mandamento:

“Todo o processo de se apoderar e de reter injustamente o bem alheio, mesmo que não esteja em desacordo com as disposições da lei civil, é contrário ao sétimo mandamento.” (n. 2409)

“Causar voluntariamente um prejuízo em propriedades privadas ou públicas é contra a lei moral e exige reparação” (n. 2409)

Evidentemente, não se pode justificar as invasões de terra e muito menos as depredações promovidas pelo MST alegando-se o destino universal dos bens. Em outras palavras, não se pode dizer que invasões e depredações são justas quando realizadas com o objetivo de “repartir a terra e dá-la aos pobres”. O CIC é muito claro quanto a isso:

“2402. No princípio, Deus confiou a terra e os seus recursos à gestão comum da humanidade, para que dela cuidasse, a dominasse pelo seu trabalho e gozasse dos seus frutos. Os bens da criação são destinados a todo o gênero humano. No entanto, a terra foi repartida entre os homens para garantir a segurança da sua vida, exposta à penúria e ameaçada pela violência. A apropriação dos bens é legítima, para garantir a liberdade e a dignidade das pessoas, e para ajudar cada qual a ocorrer às suas necessidades fundamentais e às necessidades daqueles que tem a seu cargo. Tal apropriação deve permitir que se manifeste a solidariedade natural entre os homens.

2403. O direito à propriedade privada, adquirida ou recebida de maneira justa, não anula a doação original da terra à humanidade no seu conjunto. O destino universal dos bens continua a ser primordial, embora a promoção do bem comum exija o respeito pela propriedade privada, do direito a ela e do respectivo exercício.”

Está claro que as invasões de terra e as depredações promovidas pelo MST, além de ações criminosas, atentam contra o Sétimo Mandamento. Mas, além disso, o MST também afronta o Décimo Mandamento, na medida em que suas ações, no mais das vezes, são movidas pela inveja, ainda que disfarçada de “luta por justiça social”. A respeito desse mandamento o Catecismo também é muito claro:

“[O Décimo Mandamento] proíbe cobiçar o bem de outrem, raiz de onde procede o roubo, a rapina e a fraude, proibidos pelo sétimo mandamento.” (n. 2534)

2538. O décimo mandamento exige que seja banida a inveja do coração humano. Quando o profeta Natan quis estimular o arrependimento do rei David, contou-lhe a história do pobre que só possuía uma ovelha, tratada como se fosse uma filha, e do rico que, apesar dos seus numerosos rebanhos, tinha inveja dele e acabou por lhe roubar a ovelha (271). A inveja pode levar aos piores crimes (272). «Foi pela inveja do demónio que a morte entrou no mundo» (Sb 2, 24).

«Combatemo-nos uns aos outros e é a inveja que nos arma uns contra os outros […]. Se todos se encarniçam assim a abalar o corpo de Cristo, onde chegaremos nós? Estamos a aniquilar o corpo de Cristo. […] Declaramo-nos membros dum mesmo organismo e devoramo-nos como feras» (273).

2539. A inveja é um vício capital. Designa a tristeza que se sente perante o bem alheio e o desejo imoderado de se apropriar dele, mesmo indevidamente. Se desejar ao próximo um mal grave, é pecado mortal:

Santo Agostinho via na inveja «o pecado diabólico por excelência» (274).
«Da inveja nascem o ódio, a maledicência, a calúnia, a alegria causada pelo mal do próximo e o desgosto causado pela sua prosperidade» (275).

2540. A inveja representa uma das formas da tristeza e, portanto, uma recusa da caridade; o baptizado lutará contra ela, opondo-lhe a benevolência. Muitas vezes, a inveja nasce do orgulho; o baptizado exercitar-se-á a viver na humildade:

«Quereríeis ver Deus glorificado por vós? Pois bem, alegrai-vos com os progressos do vosso irmão e, assim, será por vós que Deus é glorificado. Deus será louvado, dir-se-á, pelo facto de o seu servo ter sabido vencer a inveja, pondo a sua alegria nos méritos dos outros» (276).”

É importante ressaltar que, embora o Sétimo e o Décimo Mandamentos também proíbam a avareza e o apego exagerado aos bens materiais, nem por isso se tornam justificáveis a usurpação de bens alheios. Por exemplo, se um grande fazendeiro é proprietário de muitas terras, mesmo que improdutivas, ninguém tem o direito de invadi-las sob o pretexto de fazer “justiça social” para si ou para outrem. Há que se respeitar a propriedade privada (se tal propriedade foi adquirida por meios ilícitos, cabe ao Poder Judiciário cuidar do caso, e ninguém deve procurar fazer justiça “com as próprias mãos”).

Pelo exposto, uma pergunta se impõe: como pode a CNBB, através da CPT, dar seu aval a ações criminosas e flagrantemente contrárias aos Mandamentos divinos? E ainda que se alegue que nem todos os Bispos apóiam o MST, o fato é que a CPT, órgão oficial ligado à CNBB, é “mãe” do MST e até hoje apóia o movimento. O mínimo que se pode dizer é que existem diversos bispos e padres brasileiros que têm apoiado, explicitamente ou às escondidas, as ações criminosas do MST.

Até quando essa situação vergonhosa perdurará? Esperar que as autoridades responsáveis coíbam a ação do MST talvez seja até ingenuidade (haja vista as ligações desse movimento com o PT, partido do Presidente da República). Mas, com relação à CNBB, à CPT e aos bispos e padres em geral que têm dado seu apoio ao Movimento dos Sem-Terra, cabe aos fiéis católicos não só esperar mas exigir que reavaliem suas opções e posicionamentos, e deixem de apoiar o MST. Não se trata de uma questão de “opinião”, de “ponto de vista” ou de “interpretação”. O ensino da Igreja é claro e deve ser obedecido, principalmente pelos Bispos e padres, aos quais cabe ensinar aos fiéis pela palavra e pelo exemplo.

Finalmente, considerando a nítida inspiração socialista do MST, e considerando que muitos Bispos, padres e leigos, lamentavelmente, ainda são simpatizantes ou mesmo militantes do socialismo, ideologia explícita e reiteradamente reprovada pela Igreja, recomendamos a leitura dos artigos abaixo:

DOSSIÊ SOBRE SOCIALISMO, TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO E DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA

QUEM É CATÓLICO PODE SER “DE ESQUERDA”?

TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO: O COMUNISMO INVADE A IGREJA

SOCIALISMO, O INIMIGO DO POVO

CARTA À CNBB SOBRE A TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO

AS POSSES MATERIAIS E A VIDA CRISTÃ

A TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO

CARTA ABERTA AO PROF. FELIPE AQUINO, A D. PEDRO CASALDÁLIGA, À TL, À CNBB E AO CLERO BRASILEIRO

DESORDEM ORGANIZADA: TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO

CARTA ENCÍCLICA QUADRAGESIMO ANNO, DE SUA SANTIDADE PAPA PIO XI

Veja também essa nota publicada no site da CNBB: Audiência na CNBB, em Brasília, visa criar CPT na África do Sul

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