Restaurando a beleza na liturgia

A Festa de Casamento do Cordeiro descrita no Livro da Revelação na verdade descreve a Sagrada Liturgia da Igreja. No clímax do seu divino oficio a noiva reflete a imagem do noivo – a imagem do Verbo encarnado, que é Beleza encarnada. Para o mundo, a máxima “a beleza está nos olhos de quem vê” é um tema subjetivo. Para a noiva de Cristo isto é uma realidade concreta da Encarnação!

Tristemente em nosso tempo, o banal e vulgar invadiram nossos santuários, seguindo um desorientado senso de criatividade. Nada, entretanto, é mais importante atualmente do que a restauração da beleza na Sagrada Liturgia, a restauração do sagrado.

Quando se celebra a Sagrada Liturgia com verdadeira reverência e beleza, a Igreja deve ser capaz de “distinguir entre o sagrado e o profano”. Quando falsas “inculturações” poluem o serviço litúrgico nós podemos estar certos de que “tudo não é válido; tudo não é licito; tudo não é bom”. O secular, o barato, o inferior e o não-artístico “não são maneiras de se cruzar o templo do Senhor”

Para se “restaurar o sagrado” nós devemos primeiro e principalmente contemplar a beleza de Cristo na Sagrada Liturgia – uma ação sacra que supera todas as outras. Isto começa com a fidelidade exterior às rubricas, mas leva a interna união com Cristo, para “aqueles que o servem devem servi-lo em espírito e verdade”. A beleza espiritual da Sagrada Liturgia transforma as vidas dos católicos. De fato, “o encontro com a beleza se

transforma na ponta da flecha que acerta o coração e desta forma abre os nossos olhos”. Esta beleza espiritual molda o coração como o de Cristo na beleza moral. E quando a beleza espiritual da Sagrada Liturgia transforma uma alma, o ser humano pode criar coisas belas, como arte, arquitetura, poesia e música.

Esta beleza humana, formada pela beleza de Cristo na Sagrada Liturgia, imita o gênio criativo de Deus que deu a este mundo uma beleza natural inerente. Quando a bela e radiante face de Cristo Nosso Salvador torna-se o centro do ofício sagrado toda a criação clama com o salmista: tudo o que Ele fez é cheio com o esplendor e beleza”.

Se a beleza da Santa Missa não repousa, em essência, sobre a esplendida beleza da iconografia, das vestimentas, do canto gregoriano ou da arquitetura barroca, por que então a Igreja investiu tanto do seu patrimônio patrocinando estas artes sacras? Deus colocou um desejo legítimo na alma humana para criar coisas belas porque Ele deseja que os homens compartilhem a criação, uma criação que é boa e bela.

Beleza na liturgia resulta do antigo. É por isso que a liturgia, pela sua própria natureza, necessita do antigo, e assim a liturgia não pode existir sem as rubricas ou cerimônias. A beleza erradia pelos gestos da Sagrada Liturgia. Os atos exteriores do culto, como fazer o sinal da cruz, genuflexão, ajoelhar e sentar, tornam-se meios de interiorizar a reverência e beleza nas nossas vidas.

“Todo gesto litúrgico, sendo um gesto de Cristo, é invocado para expressar beleza”. E a beleza transcendental da Liturgia permeia os corações dos homens e nos forma para termos relacionamentos adequados, não apenas com Deus, mas também com nosso vizinho e nos ajuda a transformar a cultura humana. Este é o significado genuíno de “inculturação”. Se nós católicos queremos que a beleza inerente da liturgia transforme a “cultura da morte”, nós devemos permitir que a Sagrada Liturgia nos molde pelo seu espírito, que é o Espírito de Cristo.

Isto significa que, humildemente, nos devemos renunciar a qualquer desejo de fazer a liturgia conforme as modas passageiras. Conseqüentemente, renunciemos às inovações não autorizadas, improvisações, banalidades e ao desorientado senso de criatividade.

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