– “Como se explica o fato de que, após a mentira de Raquel, trocando Esaú por Jacó, este é investido por Deus das dignidades de primogênito, tornando-se depositário da Promessa? À primeira vista tem-se a impressão de que Deus sancionou a mentira de Raquel…”

A mentira e a fraude de Jacó (Gên 27) foram, sem dúvida, atos ilícitos e condenáveis aos olhos de Deus. O Senhor jamais pode reconhecer ou aprovar o pecado.

Contudo Javé quis dar sua bênção a Jacó… Ele o fez não por causa da fraude, mas apesar da fraude cometida por este varão. O Senhor se dignou tornar depositário da Promessa justamente aquele dos dois irmãos que se mostrava mais sujeito à miséria e ao pecado, a fim de inculcar que o Altíssimo realiza gratuitamente os seus planos por meio dos homens, sem que estes possam fazer valer em sua presença algum título ou direito: não foi o primogênito, o herdeiro por direito, que Deus escolheu, mas foi o que não tinha titulo nenhum.

Jacó mais tarde reconheceu-se réu de castigo divino, quando voltou da Mesopotâmia para sua terra (cf. Gên 32, 25-33); ora bastou que o pecador reconhecesse então as suas faltas e tomasse uma atitude contrita e humilde, para que Deus o julgasse instrumento apto a realizar, para o futuro, o plano messiânico; esse instrumento por si só teria fraqueza; mas tudo que ele faria, ele o faria por dom de Deus.

É esta a lição perene que a história de Jacó nos comunica até hoje; demos-lhe atenção e dela deduzamos as conclusões práticas.

Veja o livro de D. Estêvão Bettencourt, “Para entender o Antigo Testamento”, pp. 140-144.

 

  • Fonte: Revista Pergunte e Responderemos nº 1:1957 – mar-abr/1957.

 

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