Escândalos sexuais nos Estados Unidos

Pediram-me minha opinião pessoal sobre os escândalos sexuais dos maus padres americanos. Ei-la:

Esta questão específica é fruto da péssima formação e discernimento moral nos seminários (não apenas americanos, mas brasileiros também, infelizmente). Durante a grande confusão pós-conciliar, como você provavelmente sabe, a formação nos seminários desceu a níveis inauditos. Em muitas dioceses e congregações religiosas, a isso se juntou outro problema grave: a ascensão, durante o reinado de Paulo VI, de centenas de maus Bispos e maus superiores, que freqüentemente cediam ou até mesmo privilegiavam as demandas de grupos contrários à moral cristã e às leis da Igreja.

Este maus Bispos e maus superiores ordenaram uma geração de maus padres, que até hoje mantém-se “encastelados” em algumas dioceses. O objetivo deles é, evidentemente, aumentar o seu número. Assim, eles procuram posições onde possam influenciar a formação e – principalmente – a escolha dos seminaristas. Esta situação nos Estados Unidos chegou a um nível extraordinariamente grave. O autor americano Michael S. Rose escreveu e lançou – antes do surgimento destes escândalos – um livro chamado “Goodbye, Good Men”, em que tratava desta questão. É interessante perceber que a imensíssima maioria dos maus padres descobertos na atual “caça às bruxas” foi ordenada nos anos setenta e início dos oitenta, ou seja, teve seu período de “formação” durante o auge da crise pós-conciliar. A imensa maioria também era conhecida como “liberal”, esposando causas sociais da moda, etc., em detrimento da Sã Doutrina.

Cabe lembrar que a acusação de pedofilia é falsa: trata-se, sim, de sodomia, não de pedofilia. Esta crise simplesmente aproveitou a altíssima proporção de homossexuais entre os padres ordenados neste período para atacar a Igreja com acusações de pedofilia (que ainda é mal-vista pela sociedade) quando na verdade tratava-se de sodomia (que é motivo até de passeatas em que se proclama isso ser motivo de orgulho). Com raríssimas exceções, os maus padres tiveram relações com rapazolas que duzentos anos atrás estariam em perfeitas condições de servir em qualquer exército, não com crianças. Ambos os comportamentos seriam antinaturais e errados, mas vale notar que há uma distorsão proposital da natureza dos pecados cometidos para que isso possa servir para atacar a Igreja. Quanto à tipificação de crime (sexo com menores pós-púberes ou sodomia com maiores, etc.), isso é apenas da lei positiva e – além de não fazer muito sentido (Nossa Senhora tinha 14 anos quando da Anunciação; seria o Espírito Santo pedófilo??!!) – não muda em nada a situação real.

A reação americana também é digna de nota: por um lado grupos como o Call to Action e assemelhados procuraram usar estes escândalos para “pressionar” a Igreja a modificar sua moral sexual (mostrando assim que não entenderam o que seja a Igreja, o que seja moral, etc…) e a disciplina do celibato clerical, enquanto outros grupos mais à “direita” passaram a aceitar e até desejar uma maior subordinação da Igreja ao Estado, pressionando os Bispos para que entregem os maus padres à polícia, etc. Ambas as atitudes são perigosas; a primeira é apenas imbecil (afinal, não seria casando um sodomita que ele deixaria de ser sodomita), mas ajuda a campanha contra a Igreja movida pela mídia. A segunda é tanto mais perigosa por possibilitar um controle estatal sobre a Igreja e por retirar da Igreja como um todo (que não é a mesma coisa que um ou outro mau Bispo ou mau padre) o seu papel de discernimento moral da sociedade. Isto pôde ser percebido na recente guerra contra o Iraque, quando a condenação pela Igreja foi simplesmente ignorada, quando não ridicularizada, pelos meios de comunicação.

A melhor solução para esta situação seria, sem dúvida, a que levou São Carlos Borromeu – que também viveu em uma época de confusão pós-conciliar – a chegar a excomungar o Governador de Milão, que lhe negava o direito de ter, como Bispo, aljubes (cárceres eclesiásticos). Maus padres deveriam ser simplesmente presos a pão e água por seus superiores, sem comunicação com o mundo exterior (logo sem escândalo maior), dando-lhes a oportunidade assim de contrição e penitência. Levar um padre para a penitenciária como um criminoso comum é colocar o Estado acima da Igreja, e quando isso acontece com dezenas de padres que são realmente culpados torna-se muito fácil para o Estado prender, como certamente acontecerá em breve, um bom padre que proteste contra o aborto (nos EUA, onde o aborto é permitido por “lei” positiva), contra medidas imorais do Estado, etc. Maus padres devem ser punidos, mas esta punição deve competir à Igreja.

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