Evangelho de mateus – introdução

Evangelho de Mateus – Introdução


Autor e Data
Como acontece com muitos outros livros sagrados, o nome do autor não aparece no texto. A Tradição, desde os primeiros tempos atribuiu esta autoria ao Apóstolo Mateus, um dos doze apóstolos.
O próprio Mateus relata-nos o seu primeiro chamado, quando Jesus se dirige pessoalmente a ele, com um chamamento ao mesmo tempo carinhoso e imperativo “Segue-me” (9,9-12). Mateus deixa imediatamente o seu posto de cobrador de impostos e O segue. Por Lucas sabemos que ele era também chamado de Levi (Lc 5,27) e por Marcos, que era filho de Alfeu (Mc 2,14). Pouco depois da chamada ao apostolado ofereceu um banquete aos seus antigos amigos e aos seus colegas, estando presentes Jesus e seus novos companheiros (9,10-13).

Segundo uma antiga tradição, que se reflete nos escritores cristãos dos séculos II ao IV, Mateus permaneceu alguns anos na Palestina, e mais tarde evangelizou outros países: Abissínia e a Pérsia. Mas os testemunhos históricos não são precisos. Assim como não são claros o lugar, as circunstâncias e a data do seu martírio.

O autor era um judeu cristão bem versado nos métodos didáticos judaicos; era habituado a escrever e calcular. No próprio texto podemos verificar essas características. Por exemplo: quando se refere ao tributo a ser pago a César usa termos técnicos em grego que Lucas e Marcos não utilizam. Também ele é o único a narrar o episódio do imposto do Templo (17,24-27).

Antigos testemunhos escritos, que remontam a princípios do século II, asseguram-nos que Mateus foi o primeiro que pôs por escrito o Evangelho de Jesus Cristo “na língua dos hebreus”. Trata-se da língua que naquele tempo falavam os judeus palestinos; é difícil precisar se era o hebraico ou o aramaico a língua que usou o evangelista, pois não se conservou do original nenhuma cópia nem descrição, mas alusões à sua existência. A maioria dos estudiosos opinam que deve ter sido o aramaico. Por outro lado, bem depressa foi usado como canônico o texto grego deste evangelho.

Sabemos que Mateus escreveu o seu Evangelho aramaico antes dos outros evangelistas. Calcula-se que foi por volta de 50/60 de nossa era. Não sabemos a data de composição do texto grego, que é o que possuímos. Nem tampouco se o redator grego foi o próprio Mateus, um outro judeu cristão ou até mesmo uma escola. A data mais provável fica em torno de 70/80, escrito em território Sírio, talvez em Antioquia. Esses estudos ainda não estão concluídos.

Finalidade
O Evangelho foi destinado em primeiro lugar aos cristãos procedentes do judaísmo. O clima de tensão que havia entre os judeus e os cristãos tornou-se mais forte após a catástrofe do ano 70 quando Jerusalém foi destruída, e eles são excluídos das sinagogas. O Sínodo de Jamnia (85/90) oficializa a situação.
Haviam também cristãos vindos do paganismo, mas a grande maioria era de judeus cristãos. Mateus insiste em mostrar como em Jesus se cumprem as antigas profecias: Ele é o Messias esperado e anunciado no Antigo Testamento. Ao mesmo tempo mostra que Jesus está muito acima de uma concepção de um Messias meramente terreno: Jesus é o Filho de Deus a salvação de Israel e da humanidade, prometida por Deus no Antigo Testamento, já está presente no mundo por meio de Jesus Cristo, o Messias, o Filho de Deus.

Como os judeus conheciam muito bem o Antigo Testamento, a língua hebraica e a aramaica e os costumes judaicos, Mateus em seus escritos não acrescenta explicações extras, coisa que Lucas e Marcos fazem pois escrevem para não judeus. Ex Mt 15,1s e Mc 7,1-5 ; M t 27,62 e Mc 15,42 ; Mt 8,28 e Lc 8,26. Mateus é o mais judaico e o mais palestinense de todos os evangelhos, sendo aquele que dá mais espaço às relações entre Jesus e os escribas e fariseus e também o mais interessado nas relações de Jesus com a Lei.

Características do Livro
O livro é escrito em um grego superior ao de Marcos. Este evangelho distingue-se pela ordem e clareza de composição. O tom é didático e o estilo conciso, ponderado, sóbrio, não encontramos descrições fantasiosas. Ele limita-se a registrar os fatos, com calma e objetividade, sem muitos detalhes, sua concentração está no conteúdo doutrinal. O seu estilo peculiar faz com que as suas frases sejam talvez mais fáceis de reter na memória e as que com mais espontaneidade vem à memória para serem citadas. Pode-se dizer que este Evangelho constituiu o primeiro livro de catequese cristã.

A legitimidade e a autenticidade de Jesus tem referência nas constantes citações do Antigo Testamento.
Percebe-se um certo esquematismo, por exemplo: emprega grande quantidade de fórmulas de recordação ex. “naquele tempo”. As narrativas dos milagres amiúde seguem um modelo estabelecido: introdução das pessoas, o pedido, a reação de Jesus, a ordem e o efeito, a reação dos espectadores.
Os pormenores que formam o encanto de Marcos faltam em Mateus. As vezes ele parece esquecer detalhes importantes por ex. em 8,16 omite a explicação dada em Mc 1,21-32, de que era num sábado.

Mateus gosta de usar do simbolismo numérico, principalmente os números 2,3,5 e 7. Por ex. : ele define 3 tentações; 3 plantas: menta, cominho ,funcho; 3 virtudes : justiça, matricialidade, adesão; 3 exemplos de justiça: justificação, oração, jejum; 3 súplicas no Getsêmani; 3 negações de Pedro.; 3 séries de 14 (7 x 2) gerações na genealogia de Jesus. Os discursos e milagres são recolhidos em grupos , os discursos em grupos de 7 nos milagres predomina o esquema trinitário (3).


 

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