Jesus sim, igreja não?

– “Padre: para mim o não crer na Igreja não significa que eu também não creia em Jesus. Ademais, creio que se Jesus retornasse novamente à Terra destruiria todas as igrejas e as criaria novamente. Porém, por não “crer” na Igreja, não significa que eu deixo de crer em Deus. Tento seguir ao máximo os passos do meu Criador.”

RESPOSTA

Querido amigo:

Deus te abençoe!

Suas duas primeiras palavras – “para mim” – devem ser empregadas com muito cuidado. O verdadeiro cristão submete o seu modo de interpretar e agir à Verdade Suprema, que é Cristo. Então, apenas desejo “para mim” a verdade de Cristo. Do contrário, caímos naquilo que o Santo Padre Bento XVI chama de “tirania do relativismo”.

Como você sabe que segue os passos do seu Criador? Você deve se lembrar que muitos quiseram fazer de Jesus rei e, no dia seguinte, quando Ele ensinou que deveriam comer de seu Corpo e beber do seu Sangue, o abandonaram porque achavam que estava louco (cf. João 6).

São Paulo, porém, é coerente com a sua fé quando disse:

“pois para mim a vida é Cristo e a morte, um lucro” (Filipenses 1,21).

Esta mesma coerência levou São Paulo a dar a sua vida a Cristo servindo a Igreja. É óbvio que Paulo conhecia os pecados dos membros da Igreja. Em suas epístolas, os confrontava com freqüência. Contudo, também sabia que na Igreja fundada por Cristo os filhos de Deus são perdoados, são alimentados com o próprio Cristo na Eucaristia, são instruídos na Verdade e protegidos do mal. Nas epístolas de São Paulo, a palavra “Igreja” ou “igrejas” aparece 54 vezes (94 vezes no Novo Testamento!). Continuamente Paulo manifesta sua adesão, amor e cuidado pela Igreja, à qual reconhece como Corpo de Cristo.

“Agora me alegro pelos sofrimentos que suporto por vós e completo na minha carne o que falta às tribulações de Cristo, em favor de seu Corpo, que é a Igreja” Colossenses 1,24).

De fato, as epístolas de Paulo são dirigidas às igrejas ou aos pastores das igrejas, todos eles membros da única Igreja de Jesus Cristo, pois Cristo não tem senão um [só] Corpo e uma [só] Esposa.

São Paulo também tinha perseguido a Igreja; contudo, se arrependeu profundamente e reconheceu que a Igreja é de Deus.

“Pois eu sou o último dos apóstolos: indigno do nome de apóstolo, por ter perseguido a Igreja de Deus” (1Coríntios 15,9).

Será, então, que a Igreja verdadeira deixou de existir? Impossível, porque Jesus veio salvar os homens de todas as gerações até o fim dos tempos. Temos a promessa de Jesus:

“E eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mateus 16,18).

Jesus advertiu que haveriam escândalos na Igreja e foi muito severo a esse respeito. Por quê? Por acaso rejeitou a Igreja? Pelo contrário! Morreu por ela! Jesus defende a Igreja daqueles que querem manchá-la, porque nela recebemos Sua vida e Salvação. É por isso que condena aqueles que nela escandalizam, porque estes fazem com que muitos se afastem dela e se percam.

Se você me dissesse que Jesus quer renovar a sua Igreja, estaríamos de acordo. A Igreja sempre precisa de renovação. Porém, não pode ser renovada com sua destruição, para ser criada novamente. O que Jesus fez não pode ser alterado. Não é possível alterar a doutrina e a natureza da Igreja, já que são de Cristo. A verdadeira renovação é aquela que foi proposta por João Paulo II e agora por Bento XVI: através de uma nova Evangelização. São os homens que precisam renovar a Igreja. Os santos são os verdadeiros renovadores da Igreja porque se nutrem dela e com gratidão lhe oferece os frutos da graça. Eles manifestam o poder de Cristo operante em sua Igreja.

São Paulo faz o mesmo que Cristo. Em suas epístolas, confronta com freqüência o pecado dos membros da Igreja, para que as graças que Deus nos dá nela não sejam obstaculizadas. Paulo segue sempre fiel à sua missão como pastor na Igreja, amando-a e – como Jesus – dando sua vida por ela.

“Cristo amou à Igreja e se entregou por ela, para santificá-la, purificando-a através do batismo, em virtude da palavra, e apresentá-la resplandescente a si mesmo, sem qualquer mancha, ruga ou coisa semelhante, mas para que seja santa e imaculada” (Efésios 5,25-27).

Se amamos a Cristo não podemos deixar de amar a Igreja e obedecê-la totalmente, já que Ele é a sua cabeça e nos fala através dos seus pastores (cf. Lucas 10,16).

“Sob seus pés submeteu todas as coisas e o constituiu Cabeça suprema da Igreja” (Efésios 1,22).

“Para que a multiforme sabedoria de Deus seja agora manifestada aos Principados e Potestades nos céus, através da Igreja” (Efésios 3,10).

“A Ele a glória na Igreja e em Cristo Jesus por todas as gerações e todos os tempos. Amém.” (Efésios 3,21).

Você não deve sair da Igreja. Sair é tentador, é popular, é fácil de justificar, porém não é a vontade de Cristo. Aqueles que permanecem fiéis recebem o poder de Deus para vencer nas provações e manifestar a glória de Deus.

“Até tal ponto que nós mesmos nos gloriamos de vós nas Igrejas de Deus, pela tenacidade e fé em todas as perseguições e tribulações que estais passando” (2Tessalonicenses 1,4).

“Aquele que tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas” (Apocalipse 3,22).

Nos corações de Jesus e Maria,

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