Jesus teve irmãos?

Por Alessandro Lima

Para entrar nesse assunto é bom sempre lembrar que Jesus foi o primogênito e o unigênito da família de Nazaré. Quanto aos “supostos irmãos de Jesus” a Bíblia não os mencionam como “filhos de Maria”. Somente o Mestre é chamado ?filho de Maria?, com o artigo no original (Marcos 6,3).

Antes de aprofundar este tema, é bom lembrar 05 pontos fundamentais:

Primeiro – se Jesus teve irmãos, porque Maria é chamada ?Mãe de Jesus?? e nunca mãe dos ?irmãos de Jesus??

Segundo – A família de Nazaré aparece apenas com 03 pessoas. Jesus, Maria e José.

Terceiro – porque seus pais iam todos os anos a Jerusalém para a festa da páscoa e Jesus nunca aparece ao lado dos “supostos irmãos”?

Quarto – Porque Jesus entrega sua mãe aos cuidados de João o Evangelista, e não aos “supostos irmãos”?

Quinto – porque esses “supostos irmãos” não aparecem na crucificação de Jesus?

A Bíblia deixa bem claro, quando se trata de um filho, e quem são os pais. Para entender melhor citemos alguns textos:

No Antigo Testamento

“Adão conheceu outra vez sua mulher, e esta deu à luz um filho, ao qual pôs o nome de Set, dizendo, Deus deu-me uma posteridade para substituir Abel, que Caim matou”. (Gênese 4, 25)

“Então falou Deus a Noé, sai da arca, com tua mulher, teus filhos e as mulheres de teus filhos” (Gênese 8, 15-16)

Confira mais em: (Gênese 5,1-32) (Gênese 10, 1-32) (Gênese 11, 10-32) onde se fala de filhos e filhas.

No Novo Testamento

“Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados” (Mateus 1, 21).

“Senhor, tem piedade de meu filho, porque é lunático e sofre muito: ora cai no fogo, ora cai na água…” (Mateus 17,15).

“Respondeu um homem dentre a multidão: Mestre, eu te trouxe meu filho, que tem um espírito mudo” (Marcos 9,17).

“Ao chegar perto da porta da cidade, eis que levavam um defunto a ser sepultado, filho único de uma viúva; acompanhava-a muita gente da cidade” (Lucas 7,12).

“Porque tinha uma filha única, de uns doze anos, que estava para morrer. Jesus dirigiu-se para lá, comprimido pelo povo” (Lucas 8,42).

Em centenas e centenas de textos Bíblicos, fica muito claro, onde se fala de filhos e de pais, e os protestantes afirmam por paus e pedras que, Jesus teve irmãos. Para isso se baseiam em (Marcos 6,3) “Por acaso não é ele o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, José, Judas e Simão?”.

Explicação:

A palavra irmão, aqui tem o significado de “primo” ou “parente próximo”, pois a língua hebraica não possui a palavra primo.

– Quem eram Tiago, José, Judas e Simão?

Explicação: A mãe de Jesus tinha uma parente que se chamava também Maria, casada com Cleófas.

– De fato lemos na Bíblia: “Perto da cruz de Jesus, permanecia de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas” (João 19,25)

– Tiago e José eram filhos de Cléofas com a parente de Nossa Senhora, que se chamava Maria.

– logicamente Judas era irmão de Tiago. De fato lemos: “Judas, irmão de Tiago” (Judas 1 e Lucas 6,16); todos eles eram primos de Jesus, ou parentes próximos, como Simão pelo mesmo motivo.

Há muitos exemplos na Bíblia em que os parentes próximos são chamados de irmãos:

– “Disse Abraão a Lot: Peço-te que não haja rixas, pois somos irmãos” (Gênesis 13,8) – Abraão não era irmão de Lot, mas tio.

– “Eleazar morreu e não teve filhos, mas filhas e estas se casaram com os filhos de Cis, seus irmãos” (1 Crônicas 23,22) – As filhas de Eleazar eram primas dos filhos de Cis.

Ver também: (Êxodo 2,11) (Mateus 23,8) (Gênesis 9,6) (Mateus 5,21-22) (1 Coríntios 15,6).

Respondendo objeções

– 1ª Objeção: os “Irmãos de Jesus”. É assim que a Bíblia se refere nominalmente a quatro pessoas: Tiago, José, Judas e Simão (Marcos 6,3). Eles seriam, irmãos carnais de Jesus, concluem os protestantes.

No entanto, nada mais falso, pois três desses “Irmãos de Jesus”, têm seus pais nomeados na Bíblia. Vejamos: o 1º é Tiago. É ele, segundo (Gálatas 1,19), Tiago Apóstolo, o Menor (Marcos 15,40), cujo pai é Alfeu (Mateus 10,3); o 2º, José, é irmão carnal de Tiago, pois ambos são filhos de uma das três Marias que estiveram ao pé da Cruz (Mateus 27,56), e cujo irmão pai é também Alfeu; o 3º é Judas, o Tadeu, que também é irmão de Tiago (Judas 1,1). Seu pai é também Alfeu. São Lucas o chama “Judas de Tiago” ou seu irmão (Lucas 6,16).

O último da lista é Simão, cujos pais não têm os nomes expresso na Bíblia. Mas o historiador Hegezipo (sec. II), informa que ele é filho de Cléofas, esposo de “Maria, irmã da Mãe de Jesus” (João 19,25). Ele é, pois, primo de Jesus. E se Cléofas e Alfeu são nomes em hebraico e aramaico da mesma pessoa, como pensam muitos, os quatro chamados “irmãos de Jesus” são entre si, irmãos carnais. Em qualquer hipótese eles são primos ou parentes de Jesus.

De fato, é muito comum na Bíblia, parentes próximos serem chamados de irmãos. É só conferir (Gênesis 13,8) comparado com (Gênesis 12,5 e 11,28-31) (Gênesis 29,13 e 15) (Levítico 10,4) (1 Crônicas 23,22) etc.

– 2ª Objeção: ela é tirada do título de ?primogênito? atribuído a Jesus em Lucas 2,7. Daí concluem os protestantes que Maria teve outros filhos além de Jesus.

Isso revela grande ignorância, pois ?primogênito? é termo jurídico da Bíblia que tem significado bem determinado: é o primeiro filho, quer venha outro, quer não. Não se esperava por outro filho para que o 1º fosse tido e tratado como primogênito a vida toda.

Confirma isto o túmulo, recém-descoberto, de uma judia do 1º século, com a inscrição: “Aqui jaz Arsinoé, morta ao dar à luz o seu primogênito”.

– 3ª Objeção: é tirada de (Mateus 1,25), onde se lê: “E José não a conheceu até que ela deu à luz…” – os protestantes concluem que a conheceu depois.

Mais uma vez outra falsa conclusão. Parece desconhecerem que a expressão “até que” é, na Bíblia, um hebraismo que significa “Sem que”, invertendo-se os termos da frase. Significa, então, que Maria “deu à luz sem que José A tivesse conhecido”, e nada mais.

São incontáveis os exemplos disso na Bíblia. Eis apenas um: “O coração do justo está firme e não temerá ‘até que’ veja confundidos os seus inimigos” (Salmos 111,8). Ora, se não temeu antes, não temerá depois. O sentido é: “os inimigos serão confundidos sem que o coração do justo tema”. Assim Mateus quis apenas afirmar que “Maria concebeu sem participação de José”.

Conferir na Bíblia outros casos desse modo de falar: (Deuteronômio 7,24) (Sabedoria 10,14) (Salmos 56,2 71,7; 93,12-13; 109,1) (Isaias 22,14) (Mateus 5,18 22,44) (Hebreus 1,13; 10,12-13; etc.)

– 4ª e última objeção: é tirada de (Mt 1,18) onde se lê que Maria concebeu do Espírito Santo “antes que coabitassem”. Os protestantes concluem erradamente que conheceu depois.

Isso porque eles não se importam com o contexto literário e histórico da Bíblia. E tomam, no caso, “coabitar” no sentido de relação carnal, quando, pelo contexto, e pelo modo como os judeus se casavam, só cabe o sentido de ?morar juntos?.

De fato, o casamento dos judeus era feito em duas etapas: a 1ª se realizava na casa dos pais da moça em cerimônia simples. Marcavam-se então as núpcias festivas – era a segunda etapa – na qual a esposa era levada para a casa do esposo. Era esta a coabitação (morar juntos), de que fala o evangelista no citado texto. Foi entre essas duas cerimônias que se deu o mistério da Encarnação.

Conclusão: Segundo a Bíblia, a Tradição e o Magistério da Igreja, Maria teve um único filho, e disso, nós temos certeza.

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