Testemunho de José Cardoso de Araújo Júnior (ex-protestante)

Caro LEITOR, meu nome é José Cardoso de Araújo Júnior. Sou de Caicó-RN.

Escrevo-lhe este testemunho, que na verdade é um testemunho, porque a minha livre consciência e o meu encontro com Deus foi tão intenso que desejo compartilhar contigo e com os ouvintes deste programa a história da minha vida (até agora).

Nasci em 12 de dezembro de 1978, às 12 horas do dia. Cresci numa família católica. Sempre fui uma criança diferente das outras. O meu interesse voltava-se para a leitura e o estudo escolar. Fui uma criança fechada, sem amigos para brincadeiras ou jogos. Nisto eu me lembro muito bem, pois sempre tirava notas acima da média 9 no Colégio Diocesano, no qual estudei boa parte de minha vida.

Em 1989, depois da minha primeira Eucaristia, aos 12 anos de idade, senti no coração um forte apego à vocação sacerdotal. Sempre admirei os padres da minha paróquia, a Igreja de São José. Mas os estudos e os problemas conjungais dos meus pais, durante minha pré-adolescência, apagaram este brilho divino plantado em mim.

Aos quinze anos foi tomado de uma crise de consciência religiosa: com tantas igrejas e religiões existentes, qual seria a verdadeira?! Eu tinha um profundo conhecimento das Escrituras. Sempre lia o Novo Testamento e não encontra nele semelhanças na prática da liturgia católica, principalmente no livro de Atos dos Apóstolos. Neste ano também a mídia dava sua contribuição para atacar a Igreja Católica na questão do celibato.

Tudo isto me influenciava. A convite de um "crente" evangélico que era meu amigo, decidi assistir um culto na sua igreja. Eu já havia batido em muitas portas: mórmons, messeânicos… (mas eu conhecia o Evangelho e sabia que estes não eram verdadeiros cristãos)… Enfim, não custava nada participar do culto. "Cristo morreu para mim salvar", sabia desta frase decorado, mas não entendia seu significado; e naquela igreja, depois da oratória, passei a entender: Quando o Senhor Jesus disse que quem não tiver pecado atirasse a primeira pedra, entendi que Cristo poderia atirar a pedra na adúltera; não o fez porque, por grandioso amor, "levou" sobre si o pecado dela para morrer no seu lugar, na Cruz do Calvário.

Pois o pecado dela a levaria a uma morte por apedrejamento
por causa da Lei Judaica. Mas não foi só por ela que Cristo morreu, foi para todos os que nelE depositam sua fé, vida e esperança.

Me lembro até do dia em que resolvi "virar crente": 16 de outubro de 1994. Com a frequência nos cultos, vi que estava numa igreja pentecostal, ramificada de outra igreja pentecostal de maior tradição na cidade de Caicó. Ramificação causada por divergências de uso e costumes sobre cabelo, uso de calças e saias, etc. Na igreja que frequentava, administrava-se uma doutrina moderada em relação a estes usos e costumes. Foi doutrinado para acreditar que os irmãos católicos eram idólatras e só iriam para o Céu se "aceitassem a Jesus". No ano seguinte, minha avó falecera. Eu se contradizia de dor na consciência, pois eu a amava e não poderia compreender como uma pessoa tão piedosa e obediente a Deus poderia ir para o inferno, pelo simples fato de ser uma católica fiel a Deus.

Bem! Voltando ao ano de 1994… por fim, queriam me rebatizar por imersão. Não aceitei, pois eu tinha conhecimento da Palavra de Deus e acreditava num só Senhor, numa só fé, num só batismo. Diziam que o batismo na infância não era válido pois as crianças não tem pecado para se arrependerem e serem batizadas, e não poderiam expressar uma fé consciente no Cristo.

Meio que desgostoso, decidi sair deste grupo evangélico e em 28 de fevereiro de 1995 me decidi congregar-me numa igreja protestante tradicional mais compremetida com a Reforma: a Igreja Presbiteriana do Brasil.

E foi o que aconteceu. Tornei-me presbiteriano, e defendi o presbiterianismo por anos. Mas para me tornar cristão presbiteriano, teria que ser rebatizado por aspersão; pois só assim estaria incluído no número de membros da igreja e poderia participa do sacramento da Santa Ceia (eucaristia protestante).

E em 31 de dezembro de 1995 fui rebatizado.

Por ser esta igreja isolada das demais protestantes evangélicas, por causa de sua doutrina mais ligada à Reforma, ela deixava se influenciar pelas demais igrejas pentecostais para formar um ecumenismo protestante anti-católico-romano na cidade de Caicó.

Igrejas, que se divergiam em suas doutrinas, se uniam em retiros, congressos, festas, cultos públicos… para "arrebanhar ovelhas" para suas congregações.

Fiz quase de tudo no meio evangélico protestante: Organizei palestras, evangelizei, cantei em conjuntos, atuei como ator em peças teatrais, entregava folhestos… ufa! Meu apelido era "pastor". De uma certa forma Deus me preservou minha juventude das tentações deste mundo, que muitas vezes traz consequências como bebedices, farras, prostituição e outras coisas. Sabe, LEITOR? Se eu nunca bebi, se nunca bebo e não fumo; não foi, não é, e nunca será por causa da religião. Foi por pura convicção de consciência e também porque Deus fez com que eu nunca gostasse disto. Agradeço a Deus, e a meus pais que me educaram.

Mas o pré-julgamento de alguns "crentes" sobre os católicos me incomodava, apesar de muitas vezes eu mesmo alguns momentos fazer este tipo de julgamento. Com o tempo, aprofundei-me no conhecimento da História da Igreja, para poder melhor entendê-la. Em janeiro de 1998, tive a oportunidade de morar em outro estado e conhecer outras igrejas protestantes. Em 28 de novembro de 1998 me casei com Fátima. Conhecemo-nos a três na Igreja Presbiteriana. Nossa relação cresceu e hoje somos bastante abençoados porque temos uma linda criança que Deus nos deu. Nas minhas férias, voltando à Caicó, no dia 24 de dezembro de 1999, "casamos no religioso".

Foi uma decepção para mim e para minha esposa: a igreja estava vazia! Toda a igreja foi convidada, mas a não ser pelos nossos familiares e padrinhos a quem convidamos, nenhum membro (exceto dois ou três) compareceu à cerimônia. Isto provocou um pouco de revolta de nossa parte, principalmente da minha esposa, que apartir de então deixava transparecer pouco interesse nas cultos da igreja e nas orações diárias.

Passado nossa "segunda Lua de Mel" voltamos para o nosso estado que morávamos: o Rio Grande do Sul. Lá tive a oportunidade de conhecer a Igreja Metodista e Anglicana. Esta última expressa sua fé nas palavras de dois grandes Credos históricos do Cristianismo: o Credo Apostólico e o Credo Niceno, que foram escritos no tempo da igreja indivisa e constituem a confissão normativa da fé católica ainda hoje. Ela é uma igreja aberta ao ecumenismo e me ensinou que nenhum dos "corpos" estão separados (Romano, Ortodoxo, Protestante) ou constituiu uma nova Igreja.

São isto sim, pedaços da Igreja de Cristo. No século XVI, a Igreja foi atingida por uma calamidade. Os próprios chefes viviam mal. Martinho Lutero era um grande pregador e muito religioso. Em 1517 começou um movimento de reforma da Igreja, mas não conseguiu manter-se dentro dela. Vieram outros reformadores protestantes, e suas igrejas. A Igreja Católica contribuiu para estas "divisões", pois muitas autoridades daquele tempo dirigiam a Igreja de Cristo vivendo em riquezas, vaidades, sensualidade e politicagem. Por outro lado, ainda havia dentro da Igreja homens e mulheres sábios e santos.

Podemos citar: S. Inácio de Loiola (fundador dos Jesuítas), S.Carlos, S. Teresa, etc… Eles e outros mais é que souberam dar início à reforma da Igreja Católica; e o Concílio de Trento (1545-1563), usando métodos eficazes, expôes a doutrina católica e acabou com os abusos existentes dentro da Igreja de Cristo. Em 1910, começou um movimento que procurou unir de novo as "igrejas divididas": é o movimento ecumênico, procurando realizar as palavras do Senhor Jesus Cristo: "Que todos sejam um". Hoje, mais de 250 igrejas estão unidas no Conselho Mundial das Igrejas, fundado em 1948.

No começo de 2001, voltei a residir em Caicó e ao convívio presbiteriano, mas eu ficava longe das atividades da igreja, pois eu tinha uma visão ecumênica do cristianismo e fato de não ser dizimista provocava um certo desconforto e insatisfação entre minha família e os demais "crentes".

O suicídio de um colega meu de profissão me marcou muito. Após passado alguns dias do ocorrido, uma jovem "crente" pentecostal (que também era "amiga" do falecido), ao comentar o fato comigo, citando um versículo da Bíblia Sagrada, afirmou que ele não estaria no Céu por ter cometido tal ato. Disse a ela que ela não era Deus para julgar ninguém! Se Deus quiser salvar, Ele salva! Ele é Deus! Quem somos nós para julgarmos nosso irmão? Se Deus dissesse que matar era correto, seria correto. Sabe porquê? Porque Ele é Deus! Aí então compreendi que muitas vezes foi esse "cristão fariseu" como foi aquele jovem.

Neste mesmo ano, lancei um livro defendendo a prática do batismo feito por aspersão e o batismo infantil depois de registrá-lo na Fundação Biblioteca Nacional com os meus direitos autorais adquiridos.

Vendi apenas vinte exemplares. Fiquei sabendo , através de fontes de estudantes de colégios da cidade, que mais de cem pessoas leram o meu livro. Foram feitas cópias do livro sem minha autorização por alguns membros de igrejas anabatistas pentecostais para a fazerem a anti-propaganda do meu livro. Um pastor batista chegou a comentar comigo que o meu livro ficou tão conhecido, que alguns "crentes" me consideravam "maluco" por discordar das doutrinas em que eles pregavam. Não fui atrás das consequências. Entreguei tudo nas mãos de Deus.

Foi aí que minha busca tevi um fim. Eu havia esquecido a Tradição da Igreja por muito tempo, e me deixei levar na literatura hipócrita que pré-julgava os outros cristãos: os católicos, que também possuem o Espírito Santo. Por muito tempo fiz de coisas secundárias "cavalo de batalha". Cristo pede-nos mansidão e humildade. Entendi que o batismo é a iniciação cristã que nos torna puros; e que o Crisma confirma o nosso batismo na infância. Confirmamos na fase adulta a fé que nossos pais e padrinhos assumiram por nós.

Acredito na Igreja de Cristo Santa, Una e Apostólica. Cristo fez revelar em mim Sua pessoa. Ele é Verdadeiro homem! Ele é Verdadeiro Deus! Se a Virgem Maria não é Mãe de Deus, então Maria não é mãe de Jesus?! Então Jesus não é Deus?! O brilho divino que estava quase apagado dentro de mim voltou a resplandecer!

Sinto-me no dever de dar este testemunho, pois fui um perserguidor da Igreja de Cristo, e julgava alguns irmãos. Não quero fazer como alguns "crentes" que se declaram "justos"; quero ter a mesma atitude que o publicano teve em Lucas 18: 13, manter-me à distância, não ousar sequer levantar os olhos ao céu, e bater no peito dizendo: Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador!

Foi nesta atitude consciente de arrependimento, que no dia 25 de novembro de 2002, resolvi voltar para o "seio" da Igreja Católica. Hoje digo com orgulho em Deus: Sou Católico Apostólico Romano! Esqueci algumas orações. Não sei, ainda, rezar o terço, mas a irmã "Titica" (uma amiga) está me ensinando. Meu filho, que nasceu a cinco meses atrás, vai ser batizado no Natal; e o ano que vem vou receber o Sacramento do Crisma. O Crisma virá confirmar meu batismo cristão e tornará dependente da graça de Deus ainda mais.

ão queria aqui neste relato agredir nenhuma religião, é apenas um testemunho de fé para se declarar que o Jesus Cristo é o Senhor da Igreja Católica!

Sabe LEITOR?

Com muita fé, aprendi da Mãe Querida que aceitar a vontade de Deus é o maior bem da vida… que ajudar o nosso irmão no instante do seu sofrimento é amar nosso próximo… é servir a Deus-Pai…

(choros)

… neste momento!

Perdão, CARÍSSIMO LEITOR!

Perdão, a todos a quem julguei ou fiz sofrer!

Perdão… Senhor Jesus!

Perdão… Nossa Senhora!

José Cardoso de Araújo Júnior

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