Leitor denuncia: sacerdote diz para não rezar a salve rainha!

A Paz de Nosso Senhor Jesus Cristo! Salve Maria Santíssima

O pároco da minha Igreja, Matriz de São José e Dores, disse em uma homilia que a oração de Salve Rainha não de ve ser rezada por ser pessimista  e  também porque ,após a ressureição de Jesus Cristo ,  não vivemos num desterro nem num vale de lágimas. Gostaria de uma análise desta oração  e saber se faz sentido o que o padre disse. A propósito, continuo rezando Salve Rainha após meus terços diários. Obrigado.


Caríssimo sr. Demétrius,

Lamentável a pregação desse padre. Bem demonstra a crise doutrinária pela qual passamos nos últimos anos. Sacerdotes que não sabem nem ensinam a sã doutrina. Em vez de pregarem o que nos revelou Cristo, o que nos propõe a Santa Igreja, expõem suas próprias opiniões, induzindo os fiéis a erros grosseiros.

O que esse sacerdote fez foi desprezar uma das mais caras orações da tradição da Igreja, louvada por muitos santos, especialmente São Bernardo, que lhe acrescentou a parte final. Tantos Papas a recomendaram, quanto propuseram a recitação do rosário: São Pio V, Beato Pio IX, Leão XIII, São Pio X, Pio XI, Pio XII, Beato João XXIII, Paulo VI, João Paulo II.

Diz o Romano Pontífice: “Como admirar-se de que o espírito, no final desta oração em que teve a experiência íntima da maternidade de Maria, sinta a necessidade de se expandir em louvores à Virgem Santa, quer com a oração esplêndida da Salve Rainha, quer através das invocações da Ladainha Lauretana?” (Sua Santidade, o Papa João Paulo II. Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, 37) O Papa chama a Salve Rainha de “oração esplêndida” e ensina que ela é uma expansão dos louvores a Maria, no fim do rosário, como se, após as 50 Ave-Marias, ainda fosse necessário louvá-la ainda mais! Tal é a importância dessa prece, que o seu pároco despreza!

Entre esse sacerdote e todos os demais citados – São Bernardo, João Paulo II etc -, com quem deveríamos ficar?

Mais ainda: a Salve Rainha é uma oração que faz parte da liturgia, rezada durante o Rito da Encomendação nos funerais, e como Antífona Mariana após as Completas, no Ofício Divino.

Ora, bem o sabemos que a liturgia é uma das fontes pelas quais conhecemos a Tradição Apostólica. Assim, embora os ritos possam mudar, aquilo que eles significam faz parte do depósito da fé.

Se o referido padre diz para não rezarmos a Salve Rainha, como fica a Liturgia das Horas? Durante as Completas, ele simplesmente a omite? E nos funerais que celebra por seus paroquianos? Mutila o rito? Acha ele que tem poder para modificar a liturgia a seu bel prazer?

Um sacerdote não pode modificar o rito. Compete apenas à Santa Sé estabelecer normas acerca da celebração da Missa, dos sacramentos e de outros atos litúrgicos. Tanto o padre quanto o Bispo devem ser fiéis guardiões do rito, e celebrar a liturgia exatamente como manda a Igreja, lendo as orações prescritas, e fazendo os atos que mandam as rubricas, observando, em tudo, o que informam os documentos da Santa Sé. O Bispo só pode dispor sobre determinados assuntos bastante particulares, segundo o disposto no Código de Direito Canônico. O padre não dispõe de nada, restando a ele a mera escolha dos textos facultativos e o uso dos obrigatórios.

“Portanto, jamais algum outro, ainda que sacerdote, acrescente, tire ou mude por própria conta qualquer coisa à Liturgia.” (Concílio Ecumênico Vaticano II. Constituição Sacrosanctum Concilium, 22, § 3)

Entre esse sacerdote e a liturgia da Igreja, com quem deveríamos ficar?

Além dessa flagrante desobediência às regras litúrgicas e do desprezo a uma oração recomendadíssima pelos santos, cara à piedade tradicional da Igreja, o tal padre ataca a doutrina católica, ao inventar a estupidez de que, após a Ressurreição, não estamos em um vale de lágrimas. Então, após a Ressurreição, não há mais dor, não há mais doença, não há mais guerra, não há mais fome, não há mais mal algum? Esse padre vive em um mundo próprio, criado por sua imaginação, a mesma, tão fértil, que é capaz de ver em uma oração tão bela um conteúdo pessimista. Meu Deus! O louvor à Santíssima Virgem e a súplica para que ela nos ajude é pessimismo?

A esse tipo de sacerdote, que bem cabe a admoestação de São Paulo: “Eu te conjuro em presença de Deus e de Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, por sua aparição e por seu Reino: prega a palavra, insiste oportuna e importunamente, repreende, ameaça, exorta com toda paciência e empenho de instruir. Porque virá tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si. Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas.” (II Tm 4,1-4) O seu pároco é aquele que prega a Palavra oportuna e importunamente, com toda a paciência e empenho de instruir, segundo o Magistério? Ou, por outro lado, é alguém que, não suportando mais a doutrina da salvação, e levado por suas próprias paixões e pelas últimas “modas teológicas” (prurido de novidades), aparta os ouvidos da verdade, e não só se atira às fábulas, como as inventa e as passa adiante?

Não importa a tal pároco a proposição da doutrina da Igreja, mas sua própria opinião. É essa que conta, em sua mente. Em sua paróquia, prega o que ele pensa, não o que ensina a Igreja de Jesus Cristo. Aliás, esse padre lê os santos que recomendam a Salve Rainha? Lê os documentos do Papa sobre o assunto? Será que, ao menos, recita o Ofício Divino e vê que, após Completas, é preciso cantar a Salve? Será que reza o rosário, ao fim do qual está prevista a Salve, igualmente?

Sugiro ao senhor fale com seu pároco a respeito e, se não adiantar, que procure o Senhor Bispo. Esse sacerdote precisa ser denunciado e corrigido. Está fazendo mal às almas, pregando uma doutrina satânica, que nada tem a ver com aquela ensinada por Jesus Cristo e confiada à Igreja Católica!

Reze por seu pároco, respeite-o por seu sacerdócio, não fale mal dele, mas resista a seu erro, e, por amor às almas e a Cristo, denuncie sua doutrina má, seu sermão contrário à fé, suas opiniões destoantes do Magistério, seu incentivo a que não se reze uma oração tão santa, sua crítica explícita à santíssima liturgia da Igreja! Com caridade e doçura, porém, igualmente, com firmeza, desmascare suas artimanhas.

De nossa parte, estaremos em profunda oração para que a situação se resolva, e também como desagravo ao Coração Imaculado de Nossa Senhora, ferido pelos dardos inflamados do demônio, lançados, infelizmente, por aqueles que deveriam ser seus filhos mais diletos: os sacerdotes! Que tristeza para a Santíssima Mãe de Deus ver um de seus filhos preferidos, aqueles enriquecidos com o sacramento da Ordem, que os fazem “outros Cristos”, atacar uma prece que lhe agrada muitíssimo! Que ingratidão para com tão doce Senhora que um fiel – mais ainda, que um sacerdote!! – permita-se criticar o texto de uma oração que só faz louvar seus privilégios e encomendar-se a seu patrocínio!

Em Cristo,

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