Leitor luterano furioso com o artigo “Estaria Cristo divido?”

[Leitor NÃO autorizou a publicação de seu nome no site] Nome do leitor: O Luterano
Cidade/UF: São Lepoldo RS
Religião: Protestante Histórico

Mensagem
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Simplesmente lamentável, para não dizer tosca, a coluna do senhor Marcos ” fascista” Grillo sobre a divisão do corpo de Cristo.

Argumentos teologicamente pobres, derrubados por qualquer apologeta reformado de quinta categoria. Sempre quando entro neste sitio fundamentalista sinto náuseas. Lembro que minha querida denominação, a IECLB, faz parte do movimento ecumênico conjuntamente com a SEITA PAPISTA. Considero o PAPISMO um ramo legitimo do cristianismo com o qual nós, protestantes, temos muito o que aprender… Mas esta arrogância, este direitismo deslavado em nada contribuem para o crescimento do reino. Falam de ecumenismo, mas a cúpula PAPISTA é tão intolerante e exclusivista como qualquer grupo neo-pentecostal.

Comparar Lutero e Calvino com picaretas como Soares, Hernandez e Macedo é um prova do preconceito latente existente no vosso meio. Mas, ao mesmo tempo que fico enojado quando navego neste sitio filhotinho de TFP, OPUS DEI e outros grupelhos fascistas apadrinhados pela decadente cúria papal, sinto-me aliviado. Pensava que o fundamentalismo, fanatismo e exclusivismo fossem pragas existentes apenas no mundo evangélico. Estou enganado, vejo que Roma continua ainda a mesma.

Bendito secularismo que nos livra das atrocidades medievais.

CASTELO FORTE É NOSSO DEUS ! ANTES TURCOS QUE PAPISTAS!

Dito huguenote do século 16

Sr. “O Luterano”,

Vejo que o senhor não autorizou a publicação do seu nome. No entanto, não há razão para não publicarmos o epíteto que o senhor lamentavelmente escolheu para esconder a sua verdadeira identidade, que desse modo permanecerá em segredo, conforme o senhor desejou.

É uma pena que o senhor, em vez de propor um diálogo sério e honesto, tenha preferido nos enviar uma mensagem repleta de ódio e preconceito. O que o senhor pretendeu com sua carta além de nos atacar e de manifestar seu ressentimento e seu desrespeito pela fé católica?

O senhor afirma em sua “gentil” missiva que os argumentos usados no meu artigo são “teologicamente pobres, derrubados por qualquer apologeta reformado de quinta categoria”. Mas, se os argumentos são tão pobres, por que o senhor mesmo não tentou refutá-los? Não teria sido muito mais proveitoso do que simplesmente nos atacar? Ademais, mesmo sem querer, o senhor acabou se colocando abaixo de um apologeta “de quinta categoria”, já que não se mostrou capaz de refutar o artigo, limitando-se a nos agredir…

O senhor, após ter me chamado de “fascista”, classifica nosso site de “fundamentalista”, dizendo que sente “náuseas” quando nos vista. Em primeiro lugar, é curioso que uma pessoa sempre visite um site que lhe provoca náuseas. Tal atitude só pode ser motivada por uma certa tendência ao masoquismo, ou por alguma outra razão de ordem psicológica. Mas o mais interessante é observar que, para o senhor, expressar uma convicção ou simplesmente seguir o princípio lógico da identidade significa “fascismo”, “fundamentalismo” e “direitismo deslavado” (?!). Essa é a postura hoje em voga no Brasil, especialmente entre os que se consideram mais “inteligentes”, “cultos” e “antenados”. Em nosso país, o inteligente e chique é ser relativista, e mandar a lógica às favas. Quem quer que acredite na realidade dos fatos e na verdade objetiva é imediatamente tachado de “fascista”, “fundamentalista” etc.

Demonstrando todo o seu “respeito” e seu “apreço ao ecumenismo”, o senhor chama a fé católica de “SEITA PAPISTA” (assim mesmo, em letras garrafais). E ainda tem o cinismo de dizer que considera “o PAPISMO [sic] um ramo legitimo do cristianismo com o qual nós, protestantes, temos muito o que aprender”. Considerando que o senhor classifica o catolicismo como “seita papista” e concorda com a sentença “antes turcos que papistas”, dizer que o catolicismo é “um ramo legitimo do cristianismo com o qual nós, protestantes, temos muito o que aprender” só pode ser uma triste demonstração de falta de sinceridade e de seriedade.

Referindo-se ao meu artigo, o senhor diz ainda que “esta arrogância, este direitismo deslavado em nada contribuem para o crescimento do reino”. O senhor poderia me dizer em que medida a sua postura grosseira pode contribuir para o “crescimento do reino”?

Prosseguindo, o senhor assevera que “comparar Lutero e Calvino com picaretas como Soares, Hernandez e Macedo é um prova do preconceito latente” em nosso site. Porém, o senhor afirma que “a cúpula PAPISTA é tão intolerante e exclusivista como qualquer grupo neo-pentecostal”. O senhor também não considera essa comparação indevida? Com que direito o senhor acha que pode criticar a minha comparação entre Lutero e Edir Macedo, ao mesmo tempo em que equipara o Papa, cardeais e bispos a “qualquer grupo neo-pentecostal”?

É claro que, entre Lutero e Calvino de um lado e R.R. Soares e Edir Macedo do outro, existem diferenças. Embora equivocados, Lutero e Calvino tinham grande conhecimento teológico, e há muitas pessoas sérias e preparadas nos ramos mais tradicionais do luteranismo e do calvinismo, ao passo que R.R. Soares e Edir Macedo são homens simples, sem grandes conhecimentos de teologia. Não obstante, o que motivou Lutero, Calvino, R.R. Soares e Edir Macedo foi o mesmo subjetivismo, o mesmo voluntarismo, a mesma pretensão de interpretar a Bíblia ao seu bel-prazer, o mesmo desprezo pela Tradição e pelo Magistério da Igreja fundada por Jesus Cristo no século I. Embora existam diferenças quanto ao grau de conhecimento teológico, tanto os primeiros reformadores quanto os que, ainda hoje, fundam uma igreja em cada esquina são movidos pelo mesmo “raciocínio”: não só podemos como devemos prescindir da Igreja, interpretarmos nós mesmos a Bíblia (eventualmente aderindo a esta ou aquela “tradição”, seja a luterana, a calvinista ou outra) e vivermos a fé cristã da forma que melhor nos parecer. O senhor pode não admitir, mas, nesse ponto, Lutero, Calvino, R.R. Soares, Edir Macedo e todos os demais líderes protestantes são exatamente iguais. E note que quem chamou Soares, Hernandez e Macedo de “picaretas” não fui eu…

Em seguida, o senhor classifica nosso site de “filhotinho de TFP, OPUS DEI e outros grupelhos fascistas apadrinhados pela decadente cúria papal”. Diante de tão tocante demonstração de respeito e cortesia, eu me limito a lembrar as palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo: “O que quereis que os homens vos façam, fazei-o também a eles.” (Lc 6,31)

Também é interessante que o senhor, referindo-se ao meu artigo e ao nosso site de uma forma geral, tenha feito menção à “cúpula papista” e tenha dito que “Roma continua ainda a mesma”. Obviamente, não fazemos parte da cúpula da Igreja, nem estamos oficialmente ligados a Roma, mas podemos considerar uma honra termos nosso trabalho identificado com a liderança da Igreja Católica!

E o senhor termina sua carta com uma frase que seria curiosa se não fosse emblemática: “Bendito secularismo que nos livra das atrocidades medievais.” A sua preferência pelo secularismo frente ao que o senhor considera “atrocidades medievais” é algo que fala por si só.

No mais, se o senhor deseja ser um defensor do secularismo — ideologia que alimenta a repulsa à fé cristã e à religião de um modo geral —, essa é uma opção sua, pela qual há de responder oportunamente. Nós continuaremos a “pelejar pela fé, confiada de uma vez para sempre aos santos” (Jd 1,3b).

Fique com Deus.

Marcos M. Grillo

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