Leitor pede que refutemos questionamentos protestantes

Um leitor católico, recentemente, nos enviou uma série de objeções protestantes ao catolicismo, centradas na crença da intercessão dos santos e da Santíssima Virgem Maria. Na medida de nossa debilidade, tentaremos respondê-las. Como de costume, a mensagem do leitor está em preto e a nossa resposta em azul.

perguntas de protestantes:

1) Se podemos pedir diretamente a Deus, por que é necessário pedir a intercessão de um santo??? Para que pedi-la???

Em primeiro lugar, não é necessário pedirmos a intercessão dos santos. Tal intercessão é, apenas, salutar. É salutar (saudável) e vantajoso que, ao aproximarmo-nos do Grande Juiz, tenhamos o auxílio destes advogados, que, vencedores em Cristo, defendem-nos perante Ele.

E por que razão tal intercessão é salutar? Simples: quanto mais fé tem uma pessoa, maiores são as chances de que a mesma venha a ser atendida em suas orações. Quem tem a fé do tamanho de um grão de mostarda, pode remover montanhas; quem não a tem, não o pode. Quanto maior a fé, maior as chances de serem atendidas as orações da pessoa.

Ora, enquanto vivemos neste mundo, caminhamos sob a obscuridade da fé. Os mortos já não vivem da fé, mas conhecem a Deus face a face. Possuem algo que é maior do que a fé. Assim, o menor dos santos, está num estado superior ao mais fiel dos seres humanos, pois, possuindo algo maior do que a fé, suas orações são mais facilmente atendidas do que a de qualquer mortal.

 

2) Se os santos não são onipresentes e Deus lhes medeia a questão, qual a lógica do pedido, já que Deus conhece a questão antes de que eles peçam??? Qual a função desse intercessor póstumo, se ele é totalmente irrelevante e desnecessário??

É evidente que Deus já conhece aquilo que os santos irão pedir em nossa intercessão. Mas há, pelo menos, uma razão em Deus a permitir e em nos conceder as graças por meio dela. Em primeiro lugar, assim fazendo, Ele nos dá a garantia de que os justos se salvarão e estarão na felicidade de Visão Beatífica (tanto estão que intercedem por nós). Isto fortifica os fiéis em sua caminhada (que, por este fato, passam a ter a viva esperança de, um dia, juntar-se aos Santos no Céus) e, por outro mlado, confunde os infiéis que, diante de tantas e tão grandes evidências, ficam sem argumentos.

Agora, afirmar que esta intercessão é “irrelevante e desnecessária” chega a ser uma piada. Tanto é relevante e necessária, que todos os milagres reconhecidos e atestados pela ciência ocorreram mediante a intercessão seja de um santo, seja da Santíssima Mãe de Jesus.

Os protestantes, considerando estas intercessões desnecessárias e irrelevantes, têm uma enorme dificuldade em conseguir uma intervenção direta de Deus nos acontecimentos humanos.

3) Ecl 9,4-10 e Dn 2,1-6 não comprovam que entre a morte e a ressurreição do dia do Juízo ficamos adormecidos ??? Pois Ecl diz que o morto é incapaz de qualquer conhecimento e Dn diz que os que DORMEM se levantarão. Se dormem, como os católicos dizem que eles estão acordadinhos???
Por favor, não cite outras passagens desviando o assunto, atenha-se na exegese destas tão somente.

Bem, analisar apenas um texto da Bíblia, sem cotejá-lo com outros, no fundo, e em essência, não é fazer uma exegese bíblica. É fazer uma análise sintática. Embora nunca devamos desprezar o texto em si (como os protestantes, em geral, fazem com Mt 16, 18), não devemos, jamais, desprezar o conjunto da revelação bíblica.

Mas, se você quer uma análise apenas dos textos acima, eu a dou. Em Ecl. 9, 4-10, afirma-se que os mortos nada sabem, nada esperam, e que dormem. Agora, em que sentido eles estão privados de qualquer conhecimento, em que sentido lhes foi tirada a esperança, e em que sentido eles dormem, é coisa que o texto não diz e cuja compreensão, somente pelo texto, é impossível de se atingir.

Por sua vez, em Dn 12, 1-6 (e não 2, 1-6, como você disse), afirma-se que os mortos dormem, mas que despertarão, uns para a vida e outros para a morte. Agora, em que sentido eles “dormem” e em que sentido serão acordados, novamente, é impossível de se entender apenas por estes versículos.

Mas então, como entender estes textos se, no restante da revelação escrita e oral, sempre se fala o contrário?

Simples. A revelação bíblica é, em muitos pontos, progressiva. Temos alguns exemplos bastantes contundentes acerca deste fato. Quando Deus se revelou a Abraão, revelou-se não como um Deus único. O monoteísmo, então, não fazia ainda parte da revelação divina. Abraão viveu e morreu pensando que Deus era mais um deus, comcerteza po mais potente de todos. Mas jamais chegou a supor que Ele fosse o único.

O mesmo ocorreu com Isaac, Jacó, José, Judá, Benjamin… Todos foram personagens centrais na história da salvação, mas nenhum deles, verdadeiramente, cogitou acerca do monoteísmo. Apenas para Moisés é que o Senhor revelou o âmago de Seu inefável mistério: Shemah, Israel, Adonai Elohenu, Adonai Ehad. Escuta, Israel, o Senhor nosso Deus, é o único Senhor.

Entre o chamado de Abraão e a revelação de Dt 6,5, passaram-se mais de mil anos. Outros mil anos se passariam para que o único Senhor viesse, por fim, revelar a plenitude de Sua Natureza: um único Deus e três pessoas. Todos os profetas, reis e sumos-sacerdotes notáveis do Antigo Testamento sequer desconfiaram deste fato, plenamente revelado em Jesus Cristo.

O mesmo ocorreu com a missão do povo de Israel dentro da economia da salvação. Em princípio, os filhos de Jacó acreditavam que Yaweh se revelaria apenas a eles, e que todos os demais povos estavam fadados à destruição. Depois, passaram a crer que, na verdade, a salvação partiria de Israel, mas espalhar-se-ia, sob a batuta dos judeus, para todas as nações. Somente no Novo Testamento a revelação se completou: os judeus tiveram a primazia no anúncio do Evangelho, que, no entanto, destinava-se a todos os homens em igualdade com aqueles.

Este padrão apresenta-se, igualmente, no tocante ao destino humano após a morte. Num primeiro momento, a morte era, verdadeiramente, o fim do ser humano. Depois disto, passou-se a crer num sheol, uma habitação dos mortos, onde todos permaneciam para sempre privados de Deus e de qualquer esperança (neste estágio é que se encontra o texto de Eclesiastes citado). Num terceiro momento, passou-se a vislumbrar a ressurreição dos justos e dos injustos, uns para uma felicidade eterna e outros para a morte eterna (neste estágio da revelação é que se encontra o trecho de Daniel por você citado). Apenas no Novo Testamento é que a revelação se completou: os que morrem possuem três destinos: o inferno, o purgatório e o céu. Após a ressurreição do último dia, todos os seres humanos, ressucitados viverão eternamente na presença de Deus ou eternamente privados dEle.

Como você pode ver, o entendimento da Bíblia não é algo fácil. Sua leitura e interpretação nãp podem ser relegadas a qualquer um.

 

4) Qual o objetivo da comunhão dos santos???

Não existe um “objetivo” na comunhão dos santos. Esta comunhão é um estado natural e necessário da Igreja. Ora, a Igreja é um Corpo, do qual Jesus Cristo é a cabeça (Ef 1, 22-23). Portanto, tal como num corpo, todos os seus membros estão intimamente ligados. Um membro doente faz sofrer todo o corpo; um membro saudável faz com que todo o corpo se beneficie de sua saúde. (1 Co 12)

Portanto, a comunhão dos santos é fruto e conseqüência da própria natureza da Igreja, enxertada que ela foi em Cristo Jesus.

Ocorre que, se fazemos parte do Corpo de Cristo aqui na terra, quanto mais não o faremos na Vida Eterna. Não seria lógico pensarmos que estamos intimamente ligados ao Senhor enquanto perigrinamos neste vale de lágrimas (e que, portanto, somos um com Cristo) mas, ao passarmos à bem-aventurança eterna, deixemo-lo de ser. Estaríamos melhor aqui do que lá, se assim o fosse. Portanto, os que morrem em Cristo plenificam e consumam esta comunhão, tornando-se membros indissociáveis do Seu Corpo. E, portanto, membros indissociáveis do mesmo do qual eu, pecador, também já faço parte.

Neste sentido, a Igreja apresenta três dimensões: a militante (formada por nós, que ainda lutamos para atingir a salvação), a padecente (formada pelas almas do purgatório que, estando já salvas, ainda não estão na visão beatífica) e a triunfante (formada pelos santos no céu). Todas formam um só Corpo, e, portanto, os membros de todas estas dimensões encontram-se em profunda comunhão.

5) Suplicar pela intercessão dos mortos é espiritismo???

Não. Definitivamente, não o é. Apenas uma colossal cegueira (ou uma enorme má-fé) poderia levar alguém a confundir o espiritismo com a prática católica de suplicar pela intercessão dos santos.

No espiritismo, evocam-se os mortos para que os mesmos revelem coisas do presente, do passado ou do futuro. Isto revela uma tremenda desconfiança de Deus (o cristão, que confia que Deus o ama, não se preocupa com o dia de amanhã, com o que comer nem com o que vestir, pois sabe que Deus o providenciará).

A prática católica é profundamente diferente. As súplicas não são para que os santos “desçam” e revelem coisas acerca do passado, presente ou futuro. Ao contrário, a oração “sobe” do cristão para os céus, na confiança de que Deus, por meio da intercessão de um santo, atenderá às necessidades do fiel. Representa, portanto, um gesto de confiança em Deus e em Seu Amor.

6)Gostaria de um comentário sobre Lc 11,27-28 e a questão de Maria como o mais bem-aventurado ser humano.

Bem, vejamos, primeiramente, o que dizem os versículos mencionados: Enquanto Ele assim falava, certa mulher levantou a voz no meio da multidão e disse: ‘Felizes as entranhas que te trouxeram, e os seios que te amamentaram!’ Ele, porém, respondeu:’Felizes, antes, os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática’.”

No caso acima, alguém afirma que a Mãe de Jesus, por lhe ter dado à luz, é uma bem-aventurada. Jesus não o nega, mas afirma que a maior bem-aventurança é conhecer e cumprir a vontade de Deus. A maior bem-aventurança, portanto, é ser um cristão, um discípulo de Jesus, que, por receber o ensinamento da Igreja e por nutrir-se dos sacramentos, é o único que conhece a vontade de Deus e o único que a pode cumprir.

Ora a passagem de LC 1, 26ss nos mostra, de fato, que Maria é bem-aventurada mesmo de ter concebido, dado à luz e amamentado o Messias. A sua bem-aventurança é muito anterior a este fato (muito embora, venhamos e convenhamos, conceber, dar à luz e amamentar o Filho de Deus foi um privilégio somente dado a uma única criatura, dentre todas as do céus e da terra: Maria). Aliás, pode-se dizer que Deus a cumulou de graças justamente por ser a escolhida para a Mãe do Redentor.

Ela não é bem-aventurada por ter dado à luz o Messias; ela o deu à luz por ser a mais bem-aventurada de todas as criaturas.

Maria, tendo sido preservada de todo pecado, tornou-se na primeira cristã. Aliás, ela é o typus do cristão, o modelo perfeito daquilo que o cristão deve ser. Seu estado é o mesmo dos batizados (livre da herança de Adão); sua observância à vontade de Deus é a mesma do próprio Cristo. Portanto, Maria foi a mais bem-aventurada das criaturas porque ninguém, como ela, conheceu e observou a vontade de Deus.

7)Deus acaso faz acepção de pessoas ??? Por que os católicos dizem que um mesmo pedido que é negado por Deus para um zé pecador qualquer, seria atendido se fosse Maria que pedisse???

Deus não faz acepção de pessoas no sentido que você está mencionando. No entanto, nunca perca de vista que Ele não nos trata todos da mesma forma. Pode-se fazer acepção de pessoas por dois caminhos:

a) tratando desigualmente os iguais;

b) tratando igualmente os desiguais.

Deus nos trata desigualmente na medida em que nos desigualamos. Portanto, Ele não pode (sob pena de fazer acepção de pessoas) dar, a uma prece de alguém que lhe é fiel, a mesma atenção que daria a uma de um pecador inveterado. Portanto, é óbvio que Deus atende mais facilmente as preces de um santo do que as de um pecador.

Em Jo 9, 42, Jesus afirma que o Pai sempre o atende. Não sei quanto a vocês, mas, a mim, nem sempre Deus atende. Portanto, só deste fato, devo concluir que Deus trata as minhas orações de uma forma diferente da que tratava as de Jesus. Deus faz uma diferenciação entre mim e o Cristo.

Alguém se atreve a dizer que, por fazê-lo, Deus está sendo injusto?

E, se com justiça, diferencia entre Jesus Cristo e este miserável pecador, por que razão não crer que ele também me diferencia de São Paulo, São Pedro, São Francisco, Beata Madre Teresa de Calcutá, etc., todos muito melhores e muito mais fiéis do que este “zé pecador” aqui?

 

8)Isso não é atribuir a Deus uma injustiça, pois sendo Deus justo, ele deve avaliar o conteúdo do pedido e não quem o faz para a tal pessoa, se é ela mesma quem faz ou se é Maria??? Isso não é tratar Deus antropomorficamente e grosseiramente, já que ele não é um administrador humano que atende a jeitinhos brasileiros ou pedidos de pistolão????

Isto já foi explicado acima. Mas há provas bíblicas de que, dependendo de quem pede, Deus atende, inclusive mudando Seus desígnios. Veja-se a título de exemplo o seguinte texto: “Moisés, porém, suplicou a Yaweh, seu Deus, e disse: ‘Porque, ó Yaweh, se ascende a tua ira contra o teu povo, que fizeste sair do Egito com grande poder e mão forte? por que os egípcios haveriam de dizer: ‘Ele os fez sair com engano, para matá-los no meio das montanhas e exterminá-los da face da terra’? Abranda o furor da tua ira, e renuncia ao castigo que pretendia impor ao teu povo. Lembra-te dos teus servos, Abraão, Isaac e Israel, aos quais juraste por ti mesmo, dizendo: Multiplicarei a vossa descendência como as estrelas do céu, e toda a terra que vos prometi, dá-la-ei aos vossos filhos para que a possuam para sempre.” Yaweh, então, desistiu do castigo com o qual havia ameaçado o povo.” (Ex 32, 11-14)

Este texto mostra, com clareza bastante singular, uma coisa: Deus havia decidido exterminar um povo constituído, quase que exclusivamente, por “zés pecadores”, mas, em função da oração de Moisés (que não era um “zé pecador, como os outros “zés pecadores”), voltou a trás em Seus planos.

Não é impressinonante o que pode fazer a oração de alguém que não seja um simples “zé pacador”?

E Moisés, para reforçar o seu pedido, lembrou Deus de alguns de seus fiéis servos: Abraão, Isaac, Jacó. Não invocou nenhum “zé pecador”. Isto prova que, para Deus, existe, sim, diferenças em virtude da pessoa que ora, e não somente em virtude do objeto da oração.

 

9) Qual é a diferença de fazer um pedido face-a face com Deus e aqui na Terra??? Afinal, não é o conteúdo do pedido que importa??? Deus não conhece tudo??? Que diferença faz pedir lá ou cá??? Por que Deus ia nos obrigar a ter intermediários tão humanos quanto nós e desnecessários??? Isso não equivaleria na prática a acabar com a mediação universal e unica de Cristo, exigindo para garantir mais facilmente nossos pedidos a intercessão de outrem????

A diferença já foi mencionada acima: quem está face a face com Deus encontrasse num estado superior ao do crente, pois passou da fé para a posse das coisas eternas. Ora, se a gradação da fé influi na possibilidade de se obter o que se pede, com maior razão, terá maiores possibilidades aquele que já superou a fé e suas gradações.

10) O que responder aos protestante sque dizem que o culto aos santos divide a glória de Deus e Deus não divide sua glórai com ninguém.

Deus não divide a Sua glória com ninguém, mas permite que Seus servos participem da Sua glória indivisa. Veja-se, a título de exemplo, o seguinte texto: “Tu fizeste o homem pouco menor do que os anjos, e, no entanto, de glória e de honra coroaste, tudo colocando sob os seus pés.” (Sl 8, 6-7)

E este outro: “Nossas tribulações momentâneas não têm comparação com o peso eternos de glória que nos está preparado nos céus.”(2 Co, 4 17)

Portanto, participamos da glória de Deus, e nem poderia ser diferente. Se somos membros do Corpo de Cristo, tudo o que é de Cristo é, igualmente, nosso. Christianus alter christus.

11) As espórtulas quando cobradas pela paróquia são simonia??? Por quê??? Não deveria existir, mas opcionalemnte ao fiel???

Apenas pelo olhar, é muito difícil diferenciar, por exemplo, água mineral de cachaça de cana-de-açúcar. Mas elas se diferenciam (e como se diferenciam!) pelo cheiro, sabor e pelos efeitos. Da mesma forma, talvez alguém menos avisado confunda as espórtulas com o pecado da simonia, mas, como se demonstrará, entre ambos existe uma diferença abismal.

Para quem não sabe, a simonia se define como sendo a compra e venda de bens espirituais, que, pertencendo apenas a Deus, são invariavelmente recebidos pelo fiel gratuitamente. O nome simonia deriva de Simão, o mago, que, em At 8, 9-24, tentou comprar dos apóstolos o dom do Espírito Santo. Diz a Bíblia: “Quando Simão viu que o Espírito Santo era dado pela imposição das mãos dos apóstolos, ofereceu-lhes dinheiro, dizendo: ‘Dai-me também a mim este poder, para que receba os Espírito Santo todo aquele a quem eu impuser as mãos.’ Pedro porémreplicou: ‘Pereça tu e o teu dinheiro, porque julgaste poder comprar com dinheiro o dom de Deus’.” (At 8, 18-20)

Portanto, dissecando a simonia temos que:

a) o “comprador” toma a iniciativa de oferecer dinheiro em troca de bens materiais (elemento formal);

b) a finalidade da oferta é a de comprar o dom de Deus (elemento finalístico);

c) o “comprador” acredita que Deus lhe entregará o dom em virtude do dinheiro ou dos bens oferecidos (elemento principiológico)

Passemos, agora, às espórtulas. Elas são ofertas fixadas pela autoridade competente e que, em situações normais devem ser pagas pelo fiel para que algum sacramento lhe seja administrado, devendo-se tomar o cuidado de não privar os necessotados desta administração. Elas são fixadas tendo em vista o princípio bíblico de que o cristão deve sustentar os ministros da Igreja, que, operários, fazem jus ao seu salário (Mt 10, 10).

Dissecando-a, temos que:

a) a iniciativa é da autoridade eclesiástica, e não do fiel;

b) o fiel a paga para sustentar a Igreja e a sua obra;

c) o fiel sabe que a eficácia do sacramento não está condicionada ao pagamento da quantia fixada.

Portanto, seja em sua forma, seja em sua finalidade, seja em nos princípios que a embasam, a cobrança das espórtulas se diferencia profundamente dasimonia.

Somente um desconhecimento colossal destas duas figuras levaria alguém a confundi-las. Aliás, se me permite um comentário, algo muito semelhante à simonia ocorre em diversas igrejas protestantes, principalmente naquelas que adotam como base de sua teologia (se é que se pode chamar isto de “teologia”) a chamada teoria da prosperidade. Nestas igrejas, os pastores convencem os fiéis de que as graças de Deus são proporcionais ao tamanho das suas ofertas. Quanto mais se oferta, mais se recebe. O fiel, então, voluntariamente, crendo que Deus retribuirá com graças o dinheiro ofertado, e querendo tais graças, por vezes, dá tudo o que tem.

É certo que o fiel não visa, verdadeiramente, um bem espiritual, mas o progresso financeiro. Contudo, nestas igrejas, o maior bem espiritual que Deus tem para os fiéis é, sim, a prosperidade.

A prosperidade financeira é o grande dom espiritual que Deus tem a dar para os seus fiéis.

Nada é mais simoníaco do que isto. E, para a infelicidade de todos nós, são estas as igrejas que, verdadeiramente, têm crescido em número e em influência. Elas estão transformando o Brasil num país de simoníacos.

Obrigado. Deus proteja a barca de Pedro….

Disponha. E, verdadeiramente, sabemos que Deus não somente protege, mas conduz a barca de Pedro, assistindo-a com o Seu espírito Santo. Ela é a única esperença de que a humanidade realmente encontre a paz.

 

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