Leitor pergunta sobre o “pro multis” na consagração

[Leitor autorizou a publicação de seu nome no site] Nome do leitor: Rafael Alves Ferreira
Cidade/UF: Camaragibe/PE
Religião: Católica

Mensagem
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Carisímos amigos do Veritatis Splendor: Salve Roma, à eterna

É datado de 17 de outubro de 2006, um decreto da Congregação para o Culto divino obrigando a toda a Igreja ocidental, a utilização do “pro multis” em vez do “por todos” no santo sacrifício isso implica mexer em determinadas doutrinas e crenças diversas . É claro que o pro multis (que desde a entrada em vigor da santa missa dita em vernáculo, deveria ser tido traduzido por por muitos), tem derteminada doutrina em sí, como o próprio cardeal Arinze diz:

“Os Evangelhos Sinóticos (Mt 26, 28; Mc 14, 24) fazem referência específica a “muitos” pelos quais o Senhor oferece o Sacrifício, e essa palavra foi enfatizada por alguns exegetas em conexão com as palavras do profeta Isaías (53, 11-12). Teria sido perfeitamente possível aos textos do Evangelho dizer “por todos” (por exemplo, cf. Lucas 12, 41); ao invés, a fórmula apresentada na narrativa da instituição [da Eucaristia] é “por muitos”, e as palavras foram fielmente traduzidas assim na maioria das versões bíblicas modernas.

O Rito Romano em latim sempre disse pro multis e nunca pro omnibus na consagração do cálice.

As anáforas dos diversos ritos orientais, sejam em grego, siríaco, armênio, línguas eslavas, etc., contêm o equivalente verbal do latim pro multis em suas respectivas línguas.
“Por muitos” é uma tradução fiel de pro multis, ao passo que “por todos” está mais para uma explicação do tipo que cabe mais propriamente à catequese.

A expressão “por muitos”, embora permanecendo aberta à inclusão de cada pessoa humana, reflete também o fato de que essa salvação não é aplicada de modo mecânico, independentemente da vontade e da participação de cada um; pelo contrário, o fiel é convidado a aceitar na fé o dom oferecido e a receber a vida sobrenatural que é dada àqueles que participam nesse mistério, agindo de acordo em sua vida, de modo a ser contado no número dos “muitos” aos quais o texto se refere.

De acordo com a instrução Liturgiam Authenticam, deve ser feito um esforço para uma maior fidelidade aos textos latinos nas edições típicas [do Missal]”. No entanto não vejo nenhum padre obedecer a ordem da Congregação, e nem os ditos “semanários liturgicos” . Minha pergunta é as missas que inssistem em dizer ” por todos” ainda são válidas ?

 

Prezado Rafael,

A referida instrução termina assim:

As Conferências dos Bispos daqueles países onde a fórmula “por todos” ou sua equivalente está atualmente em vigor são, portanto, requisitadas a realizar a catequese necessária aos fiéis sobre essa questão nos próximos um ou dois anos, para prepará-los para a introdução de uma tradução vernacular precisa da fórmula pro multis (ou seja, “por muitos”, “per molti”, etc.) na próxima tradução do Missal Romano que os Bispos e a Santa Sé aprovarem para uso em seu paí­s.

Ela quer dizer exatamente aquilo que disse: “na próxima tradução do Missal Romano que os Bispos e a Santa Sé aprovarem para uso em seu país”. Como não temos nenhuma tradução desde a edição típica segunda (e já estamos na terceira edição típica latina)…

De qualquer forma, a utilização do “pro omnes” (por todos) nunca invalidou a consagração, segundo a declaração da Congregação para a Doutrina da Fé de 25 de Janeiro de 1974. E, mesmo sendo utilizada numa tradução da editio typica tertia ou utilizada pelos padres mesmo depois desta promulgada com as palavras corretas, continua não tornando a consagração inválida, passando a ser apenas ilícita. Não é ilícito nos dias de hoje, pois ainda não temos nenhuma tradução posterior à promulgação da instrução da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos.  Em Cristo, Rafael Cresci.

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