Leitor pergunta sobre onisciência e liberdade

Saúdo-vos da mesma forma que o Anjo Gabriel saudou Maria: Alegre e Ansioso esperando a Resposta!

Escrever para vocês é uma honra enorme, pois sei que por suas respostas poderei defender minha Fé e fortifica-la mais ainda! Hoje posso dizer que é por vossos argumentos que posso ser chamado de Apologista! Muito Obrigado!


Bem, venho esclarecer uma dúvida:


Deus é princípio e fim! (Apocalipse 1 : 8)


Muitos dizem que Deus é onisciente. Então Ele sempre foi onisciente, pois é princípio e fim,

certo?

Deus no princípio criou um anjo, na qual se tornou Satanás. (Ezequiel 28, 14)


Deus criou o anjo sabendo que ele iria se rebelar. Se Deus é onisciente, Ele sabia, certo?


Deus sabia que satanás iria atentar Eva a comer o fruto. Se Ele é onisciente, Ele sabia, certo?


Deus sabendo que acontecendo isso, resultaria em criar o PECADO no mundo. Se Ele é onisciente, Ele sabia, certo?


Deus sabia que o PECADO iria condenar o homem e o iria manda para o inferno (O homem). Se Deus é onisciente, ele sabia, certo?


Podemos concluir que:


– Se Deus é Onisciente, ele criou o pecado e a condenação do Homem. Então Deus não é amor, pois condena os seus próprios filhos. Se Deus não é amor, contradiz a bíblia (I Jo 4, 8).

– Se Deus é onisciente, ele não é misericordioso, e isso contradiz a bíblia (II Crônicas 30, 9).

– Se Deus é onisciente, ele não é a favor da Liberdade, e isso contradiz a bíblia. (Atos 28 : 31) E por que Ele não é a favor da liberdade sendo onisciente? Por que Ele já sabe o que irá acontecer do nascimento até a morte, e se Ele sabe é por que Ele criou assim, e nós não teríamos a liberdade de Escolha!


Caro irmão, defendo que Deus é Amor como São Tomás de Aquino defendeu, dizendo que Deus dá o livre-arbítrio e não o que defendia Santo Agostinho, que dizia que estamos na terra pela Predestinação. E lembrando que o pensamento de S. Tomas de Aquino é o aceito e pregado na Igreja Católica.


Eu defendo que Deus é Onipotente, por que ele pode tudo e tem todo o poder. E defendo que ele é Onipresente, ou seja, ele está agora aqui vendo o que estamos fazendo para depois julgar os nossos atos praticados na terra. (II Coríntios 5 : 10)


Dizer que Deus não é onisciente, não quer dizer que ele é fraco! Ele é Todo Poderoso e Todo Presente no meio de nós. Ele está no presente para que no futuro julgue-nos os nossos atos… Ou seja Deus pode agir agora para acontecer no Futuro, Ele tem o poder para isso, Ele ESTÁ (no presente) Vendo os nossos atos.


Gostaria muito de saber se meu argumento serve para alguma coisa? Gostaria de saber qual a opinião de vocês? Será que estou certo? O que eu preciso fazer para poder acreditar, se Ele for onisciente?


Despeço-me, pedindo a intercessão de Santa Luzia para que todos nós possamos enxergar com os Olhos da Razão e do Coração……………


Edmiray Bezerra.

 

 

Caríssimo sr. Edmiray, estimado em Cristo,

 

Agradeço muitissimo seu contato. Será um modo de elucidarmos algumas questões.

 

Vamos por partes.

 

1. Deus é onisciente. E, como tal, sabe de tudo o que ocorre, o que ocorreu e o que ocorrerá. Quando a onisciência se refere a eventos futuros, falamaos de presciência.

 

Que Deus seja onisciente é verdade de fé. Não se pode questionar. Ademais, antes mesmo de dado revelado, é uma questão lógica. A própria razão nos demonstra que, havendo Deus, é impossível que Ele não seja onisciente. Se não for o Altíssimo onisciente, não Deus.

 

2. Deus, portanto, sabia que alguns anjos iriam se rebelar, que Adão e Eva pecariam, que condenaria o homem, por seus pecados, ao inferno etc. Sabia de tudo isso. A pergunta que o senhor faz é: se Ele sabia e, mesmo assim, fez, no fundo Deus é a causa da condenação, é o autor do mal?

 

Não!

 

Na verdade, o senhor está cometendo um equívoco na elaboração de seu raciocínio. Não é o conhecimento de algo que o determina. Assim, se eu sei que meu avó ficou doente e teve que ir ao hospital, serei eu a causa de sua doença? Serei eu o autor de sua enfermidade? Ela foi para o hospital porque eu sei? Ou eu sei porque foi ao hospital?

 

Claro, o senhor irá alegar que a doença e a ida ao hospital são eventos passados, e, então, minha ciência de tal fato se dá pela própria natureza das coisas. Meu conhecimento sobre a doença de minha avó e sua ida ao hospital são futuros em relação à própria doença e à própria ida ao hospital. Assim, eu sei (no futuro) sobre fatos passados, e, portanto, não sou o responsável por eles.

 

Ocorre que para Deus não há passado, presente ou futuro. Em Deus não há movimento. Deus é atemporal, até por sua onipresença. Nesse sentido, o conhecimento que eu tenho sobre fatos passados é análogo ao que Deus tem sobre qualquer fato, seja passado, presente ou futuro. O símile procede, então. Da mesma maneira como eu não sou o responsável por algo passado só porque dele tenho conhecimento, Deus não é o responsável por algo futuro só porque dele tem igual conhecimento.

 

Deus cria os anjos e os homens, sabendo que irão se rebelar, mas não os cria para que se rebelem.

 

E mais: Ele sempre soube que se iriam rebelar. Não pôde ter havido um tempo em que Deus não soubesse. E, portanto, soube da rebelião dos anjos e dos homens justamente porque iria criá-los. Se Ele não os criasse, não se rebeleriam, e, então, Deus não teria a presciência desse fato. Compreende? Claro que estamos excluindo a menção aos futuríveis (as coisas que poderiam acontecer se Deus tivesse agido de outro modo), mas é que tais pertencem só ao Altíssimo.

 

3. O conhecimento de Deus quanto ao futuro, envolve o conhecimento quanto às causas que determinam esse futuro. Entre elas a liberdade. Assim, não há contradição entre a presciência e a liberdade.

 

4. O senhor insinua uma discordância entre Santo Agostinho e Santo Tomás acerca da predestinação, como se o primeiro a defendesse à moda calvinista. Ora, nada mais falso. O senhor recebeu uma informação truncada.

 

Santo Agostinho e Santo Tomás ensinam a mesma coisa. E não poderia ser diferente, pois se trata, nesse assunto, de doutrina católica, não de opinião sobre tema de livre debate. Santo Agostinho nunca defendeu a predestinação como os calvinistas iriam, mais tarde, ensinar. E, da mesma forma, Santo Tomás nunca defendeu a liberdade como se a predestinação não existisse. É doutrina católica que há tanto predestinação quanto livre-arbítrio e ambas não se excluem.

 

Recomendo, sobre esse assunto da liberdade, da graça, da eleição, da predestinação, a leitura do seguinte artigo:

 

https://www.veritatis.com.br/article/3977

 

Espero que as respostas sejam úteis.

 

Em Cristo,

 

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