Leitor protestante questiona a veneração e a intecessão dos Santos

Prezado Sidney, eu li seu testemunho e fiquei curioso porque eu também já fui católico e estudei com o frei Rogério na paróquia de Cidelândia no Maranhão, fui dirigente da capela de São Pedro da Água Branca por quase 4 anos, alguma coisa me chama atenção em relação aos santos citados por você. Moisés, Noé, Adão, Davi, Salomão, Pedro e etc. É verdade que estes homens foram pecadores mais é verdade que estes homens também foram usados por Deus, e muito usados como, por exemplo, Moisés que conduziu Israel um povo mui numeroso melhor dizendo um pouco mais de dois milhões de pessoas eu creio, mais estes homens depois de mortos nunca apareceram a ninguém como está escrito após a morte segue-se o juízo, e eu creio que você pregou muitas vezes esta passagem, e que a única pessoa morta na Bíblia até hoje que apareceu foi Samuel conforme a feiticeira de Endor, que na verdade nós sabemos que não foi Samuel que apareceu e sim satanás representando Samuel, sabemos também que Maria não ressuscitou dos mortos, muito embora ela seja santa disto eu não duvido, porque Deus não deixaria que seu filho se encarnasse em uma pessoa qualquer. Mais amado, me permita dizer que Maria está ainda no seu túmulo, e você sabe que satanás se transforma em anjo de luz, e como ele se apresentou como Samuel pode também se apresentar como qualquer um dos santos. Você sabe o que está escrito em Ex. 20.2,6 Eu sou o SENHOR teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. 3 Não terás outros deuses diante de mim. 4 Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. 5 Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam. 6 E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos. Amado este é o primeiro mandamento de Deus, você nunca parou para meditar nisto, olha eu amo Maria assim como a todos os santos que você citou e os que você não citou, O que dizer de Enoque e Elias que nem se quer passaram pela morte subiram para os céus vivos. Maria é santa sim mais Jesus ensina que só ele pode interceder por alguém diante de Deus. A própria Maria diz, faz tudo quanto ele disser, eu assim como você reconheço a santidade de Maria mais dobra o joelho diante de um santo é contrario a palavra de Deus. Amado medite nesta palavra e me responda, estou te aguardando. (J.)

Prezado J.,

A paz de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Não tenho como saber se o pequeno comentário que você nos enviou é de sua autoria, assim como não tenho como saber a que texto o seu comentário se refere. Porém, com relação aos argumentos apresentados, convido-o às seguintes reflexões:

1) “(…) mais estes homens depois de mortos nunca apareceram a ninguém (…)”:

A respeito das aparições, leia o que escreveu o saudoso D. Estêvão T. Betencourt, OSB, em sua obra Católicos perguntam (pp. 111-113):

“Ultimamente, muito se tem falado sobre aparições de Nossa Senhora em diversas partes do mundo, especialmente no Brasil: Ceará, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro etc. Em conseqüência, muita gente pergunta: que diz a Igreja Católica a respeito desses fenômenos extraordinários?

Em resposta, notemos logo que se trata das chamadas “revelações particulares”, isto é, feitas a uma ou a algumas pessoas, para as quais elas podem ter significado. Se tais pessoas julgam que Nossa Senhora realmente apareceu e falou, podem continuar acreditando nisso enquanto a Igreja não se pronuncia a respeito de modo oficial. Em outras palavras: a aceitação dessas aparições e revelações fica a critério de cada fiel, contanto que a Igreja ainda não se tenha manifestado a propósito. Tal é, por exemplo, o caso de Medjugorje: quem julga que Nossa Senhora fala aos videntes daquela localidade, pode-lhes dar crédito, pois a Igreja até hoje não se definiu a respeito.

A Teologia ensina que o conteúdo de tais revelações particulares não se pode tomar artigo de fé obrigatória para todos os cristãos, porque a Revelação Divina pública e oficial foi encerrada com a geração dos Apóstolos. É o que nos diz o Concílio Vaticano II:”A dispensação cristã da graça, como aliança nova e definitiva, jamais passará, e já não há que se esperar alguma nova revelação pública antes da gloriosa manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo (cf 1Tm 6,14; Tt 2,13)” (Constituição Dei Verbum, n. 4).

Depois dos Apóstolos, o Senhor Deus pode permitir que os Santos, como Nossa Senhora, apareçam aos homens a fim de nos exortar a uma vida santa e ao apostolado. Essas aparições, porém, mesmo quando autênticas, nada acrescentam ao patrimônio da fé. Em suma, o que Nossa Senhora pediu em La Salete, Lourdes e Fátima (casos que podem ser tidos como genuínos), foi a conversão dos pecadores, incluídos os cristãos, e o retorno à oração, muito esquecida em nossos dias; tal é a síntese das revelações particulares.

Ora, isso já está no Evangelho. Por conseguinte, quando o Senhor Deus permite que algum Santo apareça, Ele tem em vista reafirmar as verdades básicas do Evangelho, negligenciadas num mundo que se entrega cada vez mais ao ativismo materialista e ao hedonismo (busca desenfreada do prazer). Eis a razão pela qual as revelações particulares não se impõem obrigatoriamente à fé de todos os católicos.

Distinguir o autêntico do inautêntico

Dizíamos que a Igreja se pronuncia sobre as revelações particulares… Mas, quando é que ela se pronuncia?

Está claro que, diante de um fenômeno religioso extraordinário, a Igreja se sente interpelada. Ela se vê obrigada a procurar distinguir o autêntico do não autêntico, pois pode haver ilusões, fraudes ou algum estado doentio na origem das revelações. Por isso, quando se proclama uma revelação de certo vulto, a Igreja estuda quatro aspectos da questão:

1) O conteúdo da mensagem transmitida pelos videntes. É mensagem condizente com as verdades da fé? Está em harmonia com o Credo e a Moral católica? Não haveria aí expressões da fantasia humana, sequiosa de dados maravilhosos? Um vidente, mesmo de boa fé ou candidamente, pode propor suas idéias como se fossem reveladas por Deus. Daí a cautela da Igreja ao examinar o que se atribui a intervenções do além;

2) Os videntes gozam de boa saúde física e mental? Podem estar sendo vítimas de alguma alucinação ou fantasia doentia? Sabemos que isso acontece com certa freqüência; de modo especial, a temática religiosa sugere “intuições”, dado o peso da religião na vida dos homens;

3) Há honestidade, humildade e amor nos videntes e naqueles que propagam suas respectivas mensagens? Ou é possível descobrir charlatanismo, vaidade, cobiça de lucro, desejo de autopromoção em suas ações? Está claro que qualquer deslize moral na transmissão das mensagens desabona a “revelação”;

4) “Pelos frutos se conhece a árvore”, diz o Evangelho. A Igreja estuda as conseqüências do fenômeno extraordinário. Procura saber se há benefícios espirituais (conversões, novo fervor, progresso nas virtudes etc) resultantes de tais mensagens, ou se há benefícios corporais (curas, graças no plano físico ou material).

Caso tais benefícios ocorram, sem que haja erro doutrinário nem defeito moral, a Igreja pode tomar uma ou outra das seguintes atitudes:

a) deixa correr os acontecimentos, não havendo motivo para alguma censura. A Igreja não se pronuncia — o que equivale a um certo abono dos fatos;

b) favorece o culto à Virgem Santíssima, tal como é prestado no lugar das ditas aparições.

Observemos bem: a Igreja nunca dirá oficialmente que Nossa Senhora apareceu nesta ou naquela localidade; mas, em vista dos frutos espirituais colhidos em conseqüência das propaladas aparições, poderá abonar a devoção a ela tributada no local mencionado. É o que se dá em Lourdes e em Fátima: embora não se pronuncie sobre as aparições como tais, a Igreja incluiu no seu calendário litúrgico a Festa de Nossa Senhora tal como é cultuada em Lourdes (11 de fevereiro) e em Fátima (13 de maio).

Caso, porém, o exame dos acontecimentos leve a descobrir algo que fira a fé ou a Moral, a Igreja diz “não” à devoção provocada pelas pretensas aparições. Em Garabandel, na Espanha, por exemplo, os bispos locais declararam espúrias as propaladas aparições de Nossa Senhora.”

Ainda sobre o assunto “aparições”, sugiro a leitura dos textos abaixo, publicados no site [do Apostolado Veritatis Splendor]:

Carta Pastoral sobre Revelações Particulares e Aparições

Carta Pastoral sobre Visões e Revelações Particulares

2) “(…) sabemos também que Maria não ressuscitou dos mortos (…)”:

A Igreja Católica jamais ensinou que Maria ressuscitou dos mortos, mas sim que ela foi assunta aos céus. Sobre esse tema (Assunção de Maria), recomendo a leitura da Constituição Apostólica do Papa Pio XII Munificentissimus Deus, por meio da qual a Igreja proclamou solenemente esse dogma.

3) “(…) me permita dizer que Maria está ainda no seu túmulo (…):

A esse respeito, recomendo novamente a leitura da Constituição Apostólica supracitada.

4) “(…) você sabe que satanás se transforma em anjo de luz, e como ele se apresentou como Samuel pode também se apresentar como qualquer um dos santos.”

De fato, satanás pode se apresentar como anjo de luz (2 Cor 11,14) e enganar a muitos. Mas daí a dizer que todasautoridade da Igreja, e não de qualquer igreja, nem de “uma” igreja dentre outras, mas sim da única Igreja fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo, Igreja essa à qual seu Fundador delegou a autoridade para ensinar a todos os cristãos, a fim de que ninguém se fie no seu próprio entendimento. Ai daquele que afirma ser “obra satânica” qualquer coisa ensinada e/ou endossada pela Igreja de Cristo! Que Deus tenha misericórdia dessa alma! as aparições da Virgem Maria foram, na realidade, “aparições de satanás”, eis uma sentença que não passa de especulação (para não dizer blasfêmia) do autor. Que autoridade tem a pessoa que escreveu isso para dizer o que é e o que não é obra satânica? E quem lhe outorgou essa suposta autoridade? Por outro lado, nós, católicos, não só podemos como devemos confiar na

5) Finalmente, com relação à veneração e à intercessão de Maria, recomendo a leitura dos artigos abaixo [no mesmo site do Apostolado Veritatis Splendor]:

– “SCP3: Maria, os Santos e os Anjos” (Nabeto, Carlos Martins)

– Outro ataque (mais um) à Mãe de Deus

– Protestante grita o seu ódio à Maria Santíssima

– Respostas aos protestantes sobre Maria

– Sobre Maria “Auxílio dos Cristãos”

– Uma defesa bíblica de Maria

– Devoção mariana e culto às imagens

– Leitor nos indaga sobre “adoração” a Maria

– Leitor pergunta se Maria é “cheia de graça” ou “agraciada”

– Leitor pergunta sobre a consagração a Nossa Senhora

– Leitor questiona a oração Ave Maria

– Leitor questiona acerca de reportagem da Superinteressante sobre Cristo e Maria

– Maria é adorada pelos católicos? (Latria x Dulia)

– Maria é uma deusa pagã?

– O rosário é bíblico?

– Por que Jesus parece ignorar sua Mãe diante da multidão?

– Refutação a texto herético ofensivo a Nossa Senhora

– Tréplica: quem são os “irmãos de Jesus”?

– Leia também, sobre a intercessão dos santos:

– A intercessão dos santos

– Leitor pede que refutemos questionamentos protestantes

– Mais reflexões sobre a intercessão dos santos

– Leitor pergunta sobre a oração de intercessão dos santos

– Leitor protestante pergunta sobre a intercessão dos santos

– Leitor protestante pergunta sobre santos, a Virgem e livros de teologia

– Resposta a um leitor “incrédulo”

– Respostas aos protestantes sobre a intercessão dos anjos e santos

– Respostas aos protestantes sobre as relíquias milagrosas

– Santos: uma possível resposta

Uma palavra final: prezado José, não queira seguir o seu próprio entendimento, nem o entendimento de outra pessoa qualquer, ainda que com as melhores e mais sinceras intenções. Cristo não instituiu a Igreja à toa, e nem para que ela fosse desprezada, seguindo cada um aquilo que lhe pareça mais razoável ou conveniente. Não questiono a sua sinceridade nem o seu amor a Deus, mas peço que lance fora toda a pretensão de definir a verdade por você mesmo, e siga aquilo que ensina a única Igreja fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo há 2.000 anos, conservada até hoje, em meio a tantas provações, pela misericórdia e pelo amor de Deus por nós. E então você experimentará a paz que só a certeza de estarmos realmente seguindo a Cristo — e não o nosso próprio entendimento — pode dar.

Fique com Deus.

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