Maçonaria: origem, simbolismo e templários

– Boa tarde, a paz de Cristo,
1) Por que o símbolo da maçonaria é um bode?
2) Tenho um amigo do laboratório, maçom, e disse que é porque a Igreja perseguiu os cavaleiros templários, que um rei queria ser um dos cavaleiros templários e a Igreja não deixou… é isso mesmo? Ocorreu perseguição e morte ou esta história que me contou é falsa. Como que é verdadeiramente? Tem até uma história de o papa Pio XII com maçonaria, segundo ele.
3) A maçonaria é mais antiga que o catolicismo (cristianismo) ?
Abraços e fiquem com Deus (Thales).

Prezado Thales,

Pax et Bonum!

> 1) Por que o símbolo da maçonaria é um bode?

Segundo William Schnoebelen, um ex-maçon do 32º grau convertido ao Protestantismo, em seu livro “Maçonaria: do outro lado da luz”, a Maçonaria, embora não tenha qualquer evidência de que existisse “antes da Idade Média, (…) faz tentativas óbvias de evocar os antigos mistérios”. Com efeito, possui diversos símbolos…

O símbolo do bode, mais especificamente, seria outro desses símbolos antigos que, ao menos em tese, representa um “ídolo misterioso”, de nome Baphomet, o qual teria sido adorado pelos últimos cavaleiros templários, conforme acusaram certos inimigos desta Ordem Militar, a partir do séc. XIV. “Este ídolo foi descrito de vários modos: um homem com cabeça de bode, uma cabeça com três faces ou uma cabeça barbuda, que ensinava aos cavaleiros da Ordem segredos mágicos”.

Segundo o mesmo autor, há entre os maçons diversas teorias que explicam a origem de Baphomet:

– Seria uma variação do nome de Maomé (Muhammed).

– Seria uma espécie de “charada” denominada Notariqon, isto é, uma forma de escrever as palavras ao contrário, método usado principalmente pelos cabalistas. Neste caso, Baphomet representaria, na verdade, “Tem.O.H.P.Ab”, abreviação da expressão latina “Templi Omnium Hominum Pacis Abbas” (=Pai do Templo da Paz de Todos os Homens).

– Seria uma derivação da palavra árabe “Abufihamat”, que significa “Pai do Entendimento”, significando que os templários seriam os sobreviventes de uma seita gnóstica do Oriente Médio, que adorava Falo. Neste sentido confirmou o satanista Aleister Crowley, quando assumiu a liderança da loja O.T.O. (=Ordem dos Templários do Oriente)

– Seria, na verdade, o mesmo que “Bapho-Mitras” (=Pai Mitra), o deus-sol adorado em Roma no início do Cristianismo (embora este deus fosse comumente representado com a cabeça de touro, outra versão o representava com cabeça de bode).

– Seria o deus das bruxas, também conhecido como “o deus de chifres”, que estava ligado a um dos ídolos mais antigos da História (xamã, Ninrode etc.), como se verifica em várias pínturas feitas em cavernas.

– Mas poderia ser também: (a) a fórmula da magia homossexual (cf. Kenneth Grant); (b) a prática que causou a degeneração das religiões de mistério gregas (cf. Dion Fortune); ou ainda (c) o “Bode de Mendes satânico”, isto é, a representação mais conhecida de Lúcifer no ocultismo, muito provavelmente de origem árabe (cf. Manly P. Hall).

Qualquer que seja a explicação dada ao “símbolo do bode”, constata-se facilmente que QUALQUER UMA delas é contrária e incompatível com a fé cristã-católica. Mais uma prova, portanto, que não é possível conciliar a Maçonaria com o Catolicismo…

> 2) Tenho um amigo do laboratório, maçom, e disse que é porque a Igreja perseguiu os cavaleiros templários, que um rei queria ser um dos cavaleiros templários e a igreja não deixou… é isso mesmo? Ocorreu perseguição e morte ou esta história que me contou é falsa. Como que é verdadeiramente?

Dom Estêvão Bettencourt resumiu muito bem a história dos Templários, como reproduzo abaixo:

“A Ordem dos Cavaleiros Templários foi fundada em 1118 por Hugo Payns ou Payeng, que convocou oito outros cavaleiros para irem a Jerusalém a fim de assistir aos peregrinos da Terra Santa. Chegando lá, os cavaleiros foram alojados numa casa construída sobre as ruínas do palácio real dito ‘Templo de Salomão’, donde lhes veio o nome de ‘Templários’ ou ‘Irmãos da Milícia do Templo’. O papa Honório II aprovou a Ordem em 1128 e São Bernado [de Claraval] fez a revisão da Regra baseada nos três votos de pobreza, castidade e obediência (1130). Em março de 1139 o papa Inocêncio II deu à Ordem sua Constituição definitiva e a isentou da jurisdição episcopal.

A Ordem era dirigida por um grão-mestre assistido por seus oficiais: o senechal e o marechal. Abaixo havia os comandantes das numerosas casas templárias, os cavaleiros, os capelães (encarregados do culto divino) e os familiares.

Os Cavaleiros revelaram coragem e disciplina extraordinárias no desempenho de sua missão em favor dos peregrinos, conquistando a estima e a admiração de quantos os conheceram. O grão-mestre Guilherme de Beaujeu caiu morto heroicamente quando os cruzados perderam São João de Acre, Distinguiram-se na defesa de Gaza (1171) e na tomada de Damieta (1219). Obrigados pelo avanço muçulmano a deixar a Terra Santa em 1291, estabeleceram-se na ilha de Chipre. Suas propriedades estendiam-se pela Europa Ocidental; no começo do século XIII tinham nove mil ‘comandarias’, que lhes davam uma renda de 12 milhões de libras para sustentar sua ação apostólica.

Este elevado rendimento granjeou para os Cavaleiros (privados da sua função militar) a fama de financistas e administradores de bens temporais. Em 1303 o rei Filipe IV o Belo, da França, lhes confiou a guarda do tesouro real; em 1304, celebrou elogiosamente suas obras de piedade e misericórdia. Todavia, em 1307, foram traídos por um chefe de comandaria, que levantou graves acusações contra a Ordem: abusos sexuais, práticas idolátricas, culto de Baphomet, vanglória… Em conseqüência, aos 13 de outubro de 1307, todos os templários da França foram presos sob o pretexto de cometerem delitos infames. Em Paris, 140 cavaleiros foram submetidos a interrogatórios prolongados e a tortura. Era então grão-mestre da Ordem Jacques DeMolay, figura nobre e digna: perante a Universidade de Paris confessou comportamento abominável, o que muito surpeendeu a todos, inclusive o papa Clemente V. Este, então, mandou fazer dois inquéritos, cujos resultados foram contraditórios.

Aos 22 de novembro de 1309, uma comissão de peritos interrogou DeMolay que, sob a pressão da tortura, confessou tudo o que queriam extorquir dele a respeito de sua pessoa e da Ordem dos Templários. Os cavaleiros foram mais corajosos: 54 dentre eles retiraram sua confissão de delitos mas, apesar de tudo, foram condenado à pena capital aos 12 de maio de 1310.

O Concílio Ecumênico de Viena (França) ocupou-se com a problemática em 1311: a maioria dos conciliares queria que os cavaleiros pudessem defender-se – o que não se realizou; aos 13 de abril de 1312, a Bula Vox Clamantis extinguia a Ordem dos Templários, sendo os seus bens transferidos para a Ordem dos Cavaleiros Hospitalares de São João de Jerusalém. Todavia, o papa Clemente V reservou a si o encargo de ouvir ainda os alto dignatários da Ordem. Entregou a tarefa a uma comissão de peritos, que condenaram DeMolay a prisão perpétua; o grão-mestre protestou, declarando ser falsas as acusações contra ele levantadas; retratou tudo quanto havia confessado sob tortura, afirmando textualmente: ‘Nós não somos culpados dos delitos de que nos acusam sob pena de perdermos a vida. A Ordem é pura e santa; as acusações são absurdas, as confissões de delitos são mentirosas’.

Entregue ao prefeito de Paris, DeMolay foi condenado à morte, que ocorreu aos 18 de março de 1314. Refere-se que, pouco antes de morrer, o grão-mestre predisse a morte do papa nos próximos quarenta dias e a do rei (que contribuiu para o trágico desfecho) no decurso do ano. ‘Profecias’ que realmente se cumpriram.”

E conclui d. Estêvão:

“1. Entre as diversas sentenças que julgam os Templários, a mais plausível parece ser a que os tem como vítimas da cobiça alheia. Acumularam um rico patrimônio não por desonestidade, mas por causa da estima de que gozavam. Chegaram a tornar-se administradores de bens temporais porque perderam em 1291 sua função militar e foram solicitados a fazer negócios financeiros. Se houve cavaleiros de conduta falha, não são eles que caracterizam a Ordem. Esta brilha por seus méritos em favor dos irmãos ameaçados. Os bens dos Templários, que muitos cobiçavam, não passaram às mãos dos adversários da Ordem (nem mesmo às do rei da França), mas foram consignados a outra Ordem militar.

2. As várias sociedades que hoje em dia se dizem ‘do Templo’ não têm vínculo algum com os Templários medievais. São inspiradas por correntes filosóficas estranhas ao Cristianismo. A nota trágica e um tanto misteriosa que caracteriza o fim da existência dos Templários pode ter equivocadamente sugerido a continuação da Ordem nesta ou naquela instituição desde o século XIV.” (Revista Pergunte e Responderemos nº 504, junho/2004, pp. 248-250; grifos nossos).

Percebe-se, assim, que a História é diferente daquela que seu amigo contou…

> Tem até uma história de o papa Pio XII com maçonaria, segundo ele.

Pio XII (assim como QUALQUER OUTRO Papa) nunca teve qualquer envolvimento com a Maçonaria, a não ser para permitir e/ou colaborar para a fixação da sua condenação:

“No tempo de Pio XII, fala-se da Maçonaria numa carta de d. Dell’Acqua, substituto da Secretaria de Estado, ao arcebispo de Milão, d. Montini, por ocasião da VIII Semana de Atualização Pastoral: a Maçonaria está relacionada com outras forças (ateísmo científico, materialismo dialético, racionalismo, iluminismo, laicismo) que se encontram na raiz da apostasia da sociedade moderna da religião e da Igreja (…) Tanto Pio XI como Pio XII, por ocasião do jubileu dos anos 1925 e 1950, concederam aos confessores – como era costume em tais circunstâncias – as faculdades extraordinárias da excomunhão a quantos estiveram inscritos na Maçonaria” (J.A.F.Benimeli; G.Caprile; V.Alberton. “Maçonaria e Igreja Católica: ontem, hoje e amanhã”, ed. Paulus, pp.73-74).

> 3) A maçonaria é mais antiga que o catolicismo (cristianismo)?

SOMENTE os maçons afirmam isso, sem qualquer base documental ou histórica fundamentada.

Conta-nos Schnoebelen, ex-maçon do 32º grau, no livro acima mencionado, que “toda a história da Maçonaria começa com a ressurreição de Hirão. Supostamente, os segredos da Maçonaria foram mantidos em segredo até serem codificados pela chamada ‘Loja Mãe’ na Inglaterra, em 1717. Essa Loja Mãe é a origem da maior parte das ordens maçônicas americanas de hoje, apesar de haver outras formas de Maçonaria. Esta é a base da Maçonaria: a história que ela escolheu escrever para si mesma” (idem, p. 149; grifos nossos).

Outros maçons mais audaciosos, querem fazer remontar seu calendário às origens do próprio Adão e, por isso mesmo, chegam a acrescentar 4.000 anos à Era Cristã, como bem observa d. João Evangelista Martins Terra (“Maçonaria e Igreja Católica”. ed. Santuário, p. 5).

Mas como bem resume novamente d. Estêvão Bettencourt:

“Embora haja quem diga que a Maçonaria atual existe desde os tempos de Salomão e de Hiram, rei de Tiro (cf. 1Rs 9,10s), na verdade a Maçonaria teve sua origem na Inglaterra do século XVIII.

Com efeito. As corporações de pedreiros medievais gozavam de grande importância na Idade Média, quando se cultivava o estilo gótico. No século XVI, porém, a Renascença e a Reforma Protestante mudaram profundamente o curso de vida da sociedade e a sua arquitetura, de modo que as corporações de pedreiros medievais entraram em declínio. Diante disto, na Inglaterra, a partir de 1641, estas começaram a receber membros honorários provenientes de outros círculos, inclusive da alta nobreza (accepted masons); estes novos sócios eram pensadores e filósofos, que deram nova orientação às antigas corporações de pedreiros (=masons, em inglês; maçons, em francês).

Aos 24/06/1717, festa de São João Batista (patrono dos pedreiros medievais), quatro Lojas maçônicas de Londres se uniram para constituir a “Grande Loja de Londres”. Em 1723, foram promulgados os estatutos da instituição, que o pastor presbiteriano James Anderson elaborara. Essa Magna Carta, retocada em 1738, professava ‘a religião na qual todos os homens concordam entre si’; admitia, sim, a existência de Deus, mas sem descer a explicitações ou sem mencionar Jesus Cristo e o Evangelho; assim ficariam excluídos das Lojas maçônicas apenas os ateus e os libertinos. A Deus se atribuía o título de ‘Grande Arquiteto do Universo’. Na base de tais princípios assegurava-se a cada membro das Lojas plena liberdade de consciência e de crença; exigia-se, porém, com grande ênfase, íntegra conduta moral”.

Portanto, não é verdade que a Maçonaria é mais antiga que a Igreja Católica (muito pelo contrário, fobtes respeitadíssimas – inclusive não ligadas à Igreja – afirmam categoricamente que a instituição mais antiga do mundo é justamente… a Igreja Católica!).

Espero tê-lo ajudado.

[]s,
Fique com Deus

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