MARTÍRIO DE SÃO MAXIMILIANO KOLBE

Dia 14 de agosto é venerado como mártir da Santa Igreja de Deus, Rajmundo Kolbe, canonizado São Maximiliano Maria Kolbe, o prisioneiro número 16670 do campo de concentração de Auschwitz durante a II Grande Guerra Mundial.
O Padre Franciscano pediu para ser colocado no lugar de um prisioneiro, o Sargento Franciszek Gajowniczek do exército polonês, quando este fora condenado mais noves desafortunados a morrerem de fome e sede num Bunker a mando de um dos comandantes nazistas como punição pela fuga de um preso.
Analisar o martírio do Frei Maximiliano Kolbe é estudar a excelência daquele que atende à vocação para o sacerdócio. Na Santa Missa, o sacerdote oferece ?in Persona Christi?, Nosso Senhor Jesus Cristo presente na Sagrada Comunhão; o Sacrifício na Missa é o mesmo feito na cruz, mas de forma incruenta.
Portanto, na Santa Missa, a pessoa do sacerdote não se oferece como vítima, haja vista, estaríamos diante de um sacrifício muito inferior àquele feito há 2000 anos na cruz.
O pecado original, cometido por nossos pais, foi um pecado de extrema gravidade que resultou na expulsão do paraíso e proibição de se adentrar novamente nele.

?emisit eum Dominus Deus de paradiso voluptatis ut operaretur terram de qua sumptus est. ejecitque Adam et conlocavit ante paradisum voluptatis cherubin et flammeum gladium atque versatilem ad custodiendam viam ligni vitæ.? (Gn III,23-24)

Por conseguinte, homem algum no mundo poderia reverter esta situação, a não ser claro, Nosso Senhor Jesus Cristo, por que sendo ele verdadeiro Deus, verdadeiro homem, seu sacrifício é de infinito mérito para o homem novamente ingressar no Paraíso.
Contudo, é preciso salientar que a Igreja de Deus sempre ensinou ser necessário fazer sacrifício e penitência.

?et dicens quoniam impletum est tempus et adpropinquavit regnum Dei pænitemini et credite evangelio.? (São Marcos I,15)

São Paulo afirma que ?o que falta às tribulações de Cristo, completo na minha carne…?

?qui nunc gaudeo in passionibus pro vobis et adimpleo ea quæ desunt passionum Christi in carne mea pro corpore ejus quod est ecclesia.? (Cl I,24)

E Nosso Senhor também afirmou que ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos. (São João XV,13)
Oferecendo-se para morrer de fome e sede no lugar de um pai de família, o Frei Maximiliano Kolbe leva até as última conseqüências a sua vocação sacerdotal, eis que:
1 ? Entrega sua vida por uma ovelha, numa verdadeira prova de amor e caridade. (São João XV,13);
2 ? Entrega-se num sacrifício vivo em nome da Verdade, intercedendo pelo rebanho a ele confiado por Deus, reparando-lhes os pecados, além de os de si próprio (Hb V,1-3);
3 ? Testemunhou a Nosso Senhor Jesus Cristo mesmo subjugado pelas humilhações e agressões físicas e psicológicas infligidas pelos comandantes nazistas (São Mateus X,32). As biografias de São Maximiliano atestam que os nazistas o agrediam duramente física e mentalmente apenas por vê-lo com as vestes sacerdotais e muitas vezes o forçava a negar sua fé, mas, pela Graça Divina e pela sua devoção à Imaculada Conceição, o grande mártir resistiu heroicamente.
4 ? Assim como São Paulo, assumiu na sua pessoa os sofrimentos de Cristo (Gl II,20);
5 ? Considerou o grande lucro da morte vivendo em Cristo e seu sacerdócio (Fl I,21);
6 ? Rezando por seus algozes, assim como Cristo na cruz, transformou seu corpo supliciado num verdadeiro apostolado (I Cor I,18-23).
O Sacerdócio é um dom universal, todavia, é preciso considerar a hierarquização deste. Temos Nosso Senhor Jesus Cristo cujo sacrifício na cruz tornou viável todos os demais sacrifícios, por isso a Igreja o chama Sumo-Sacerdote (Hb X,21), por ser o autor da Redenção.
Sem o sacrifício de Cristo na cruz de nada adiantaria qualquer obra reparadora haja vista somente Nosso Senhor possuir méritos para abrir novamente as portas do paraíso, seladas pelo pecado de Adão e Eva.
Com a obra da redenção, o homem pode cooperar com Graça para sua salvação por meio da fé e das boas obras ensinadas pela Santa Igreja. Dentre essas obras podemos incluir as penitenciais, por isso o fiel pode ser considerado um sacerdote na medida em que coopera com a Graça através de penitências.
Acima do fiel, se encontram os sacerdotes legitimamente ordenados pela Santa Igreja que, a exemplo de São Maximiliano, oferecem diariamente, ?in persona Christi? inúmeros sacrifícios iguais àquele ocorrido na cruz de forma incruenta. Diferentemente do fiel comum, o sacerdote na Missa é o próprio Cristo oferecendo-se a Deus-Pai um sacrifício de grande mérito e perfeição tendo em vista quem oferece (Cristo na pessoa do sacerdote), quem é oferecido (Cristo, na Hóstia Consagrada) e a quem é oferecido (Deus-Pai).
E o sacerdote na condição de ser humano também deve oferecer os mesmos sacrifícios que o seu rebanho, com o agravante de ter de oferecer por si e pelas suas ovelhas.
A Santidade sempre foi um caminho difícil e impossível sem a Graça Divina e a Intercessão de Nossa Senhora. Com São Maximiliano não foi diferente: quando pequeno era indisciplinado. Certa vez, após chegar atrasado em casa, sua mãe o admoestara de forma carinhosa, mas dura levando-o à oração.
E nisso apareceu para o pequeno, Nossa Senhora apresentando-lhe duas coroas, uma branca, representando a pureza, e uma vermelha, simbolizando o martírio. A Santíssima Virgem perguntou se ele as queria, e o futuro mártir pediu as duas.
A bandeira da Polônia Católica carrega estas duas cores, há que se perguntar então, o que fez esse povo para ser submetido a tamanha desgraça. Após invadir o país, Hitler queria assegurar a retaguarda para atacar a Rússia.
Essa retaguarda consistia na Polônia, assim, os nazistas cometeram toda sorte de atrocidade para subjugar o povo polonês, principalmente contra as elites, seja econômica ou intelectual, e nesta última se incluía São Maximiliano. O Santo mantinha a publicação mensal “Cavaleiro da Imaculada” que chegou à tiragem de 1.000.000 de exemplares. Nota-se, assim, que São Maximiliano era tido como grande referência e formador de opinião na sociedade polonesa, um entrave às pretensões nazistas.

Fonte: O Santo que esteve no inferno – Vida de São Maximiliano Kolbe. Pe. Ivo Montanhese, C.Ss.R. – 160 páginas