Natal “universitário”

– Os cristãos rejeitamos a pasteurização dos momentos importantes da fé. Dizemos um sonoro “não” à paganização do Nascimento de Jesus, promovido pela cultura secularizada, que quer criar um natal “universitário”, isto é, um natal que não é Nascimento de Nosso Senhor

A relação entre religião e cultura é íntima. O Natal como comemoramos hoje no ocidente é justamente isso: a intervenção da cultura cristã sobre o paganismo, transformando a celebração de um mito (Sol Invicto) em um evento que lembra o nascimento misterioso do Verbo Eterno, na pequena Belém. Sem embargo, o próprio do cristianismo sempre foi transformar a cultura com que entrava em contato, elevando-a, purificando-a. Ocorre que, ultimamente, as culturas nacionais é que têm influenciado a vida de fé dos cristãos.

Característica do mundo globalizado é a pasteurização dos valores culturais. O nivelamento cultural procura desfazer ou tornar indiferentes os valores próprios de cada cultura, reduzindo-os a elementos “politicamente corretos”, geralmente identificados – no nível artístico – com o elemento pop. É nesse sentido que o Brasil testemunha o movimento “universitário” em sua música. Sertanejo “universitário”, samba “universitário”, música erudita “universitária“. Como foi dito em outro lugar, o adjetivo “universitário” elimina tudo o que é irredutível ao “politicamente correto”, tudo o que trata de assuntos, temas, objetivos estranhos à cultura pop. De fato, um gênero sertanejo assim concebido rejeita sua linguagem própria e, por fim, cria uma cisão na vida concreta do sertanejo de verdade; assim ocorre com os outros elementos musicais e também culturais. Assim, o movimento ”universitário” trata de assuntos que não são próprios dos elementos a que se aplicam, gerando o fenômeno curioso que é um sertanejo “não-sertanejo”, um samba “não-samba”, um terror “não-aterrorizante”. Ora, como o Natal é também um evento cultural, certamente é objeto deste reducionismo pasteurizante. Há a tentativa de neutralizar o Natal, purificá-lo de elementos “muito comprometidos” com o cristianismo, torná-lo mais pop, mais “politicamente correto”.

O natal “universitário” é aquele que pretende reduzir o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo a um evento comercial ou meramente simbólico: as luzinhas dos shoppings fazem-nos esquecer a Luz verdadeira, que recebemos em nosso batismo; a árvore de natal sintética, posta na sala de estar, substitui a Árvore da Vida, na qual os batizados fomos enxertados; a ceia de natal perdeu a referência daquele único Banquete Eterno, cuja participação os cristãos anelamos. Com todas as forças, os cristãos rejeitamos a pasteurização dos momentos importantes da fé. Dizemos um sonoro “não” à paganização do Nascimento de Jesus, promovido pela cultura secularizada, que quer criar um natal “universitário”, isto é, um natal que não é Nascimento de Nosso Senhor. A comemoração do Natal do Senhor é momento de radicalização da fé, de aprofundamento da doutrina, de mergulho espiritual, e não de neutralização do Evangelho na vida dos fiéis.

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