O Espiritismo é cristão?

Não, não é, e finalmente um espírita autêntico proclama esta verdade em alto e bom tom:

No livro “À Margem do Espiritismo” (FEB, 3ª edição, 1981, pág. 214), do espírita Carlos Imbassahy, lemos:

“Nem a Bíblia prova coisa nenhuma, nem temos a Bíblia como probante. O espiritismo não é um ramo do cristianismo como as demais seitas cristãs. Não aceita os seus princípios na Escrituras. Não rodopia junto à Bíblia. A discussão, no terreno em que se acha, seria ótima com católicos, visto como católicos e protestantes baseiam seus ensinamentos nas escrituras. Mas a nossa base é o ensino dos espíritos, daí o nome espiritismo.”

O espiritismo nega dezenas de verdades cristãs proclamas ao longo dos séculos:

1. A Bíblia

Pela frase acima, vemos que a Bíblia é uma das verdades negadas pelo Espiritismo. Seus doutrinadores se referem a esta em tom jocoso ou de superioridade, cegos por seu próprio orgulho, como outros tantos do passado:

Voltaire, filósofo francês, que morreu em 1778, disse que depois de 100 anos de sua morte, o Cristianismo sumiria. A circulação da Bíblia aumentou. E 50 anos depois a Sociedade Bíblica de Genebra usou a gráfica e residência de Voltaire para imprimir Bíblias !

Nem iluministas e maçons como Voltaire, ou kardecistas hão de conseguir reduzir o papel da Bíblia. Hoje, a Igreja divulga a Bíblia, de modo que cerca de 98% da população do globo pode ter acesso a ela. Mais que isto, é o próprio Jesus que diz:

“E eu vos garanto: enquanto não passar o céu e a terra, não passará um i ou um pontinho da Lei.” (Mt 5,18).

Quando citam a Bíblia, os espíritas chegam mesmo a fazer distorções grosseiras.

O Sr. Americo Domingos Nunes Filho, no livro “Por que sou Espírita” que o diga:

– Citou Mt 18,8-9 e esqueceu a última palavra do versículo: “sereis lançado no inferno de fogo eterno”. Bem, a eternidade do inferno contraria a tese espírita de que todos alcançaremos a perfeição !

– Em Gn 44, 5 atribui a José o “a taça de fazer adivinhações”, quando esta, na verdade, era do faraó do Egito.

– Quantas mais eu poderia citar aqui ? Não precisa. A FEB (Federação Espírita Brasileira) já se manifestou:

“O Reformador” no fascículo de janeiro de 1953, na página 13, sobre a Bíblia:

“Do Velho Testamento, já nos é recomendado somente o Decálogo, e do Novo Testamento apenas a moral de Jesus; já consideramos de valor secundário, ou revogado e sem valor algum, mais de 90% do texto da Bíblia.”

Bem, e dos 10% restantes, os espíritas manipulam como bem querem, conforme já demonstrado neste texto e em outros do mesmo site.

2. Deus

No espiritismo, o papel de Deus é secundário. Reduz-se a uma mero guarda de trânsito para o vai-e-vem dos espíritos, que estão “mergulhados no fluido divino”.

Para quem nega o panteísmo, Allan Kardec e seus seguidores escorregam bastante:

Espíritos “se acham mergulhados no fluido divino” (A gênese, p. 56)

O espírita Rangel Veloso, em seu livro “Pseudos Sábios ou Falsos Profetas”, Ed. 1947, pág. 34, assim se expressa ao declarar ter ouvido em centro espírita a concepção panteísta de Deus:

“Deus é uma folha de papel, rasgadinha em milhões, bilhões e não sei quantas mais divisões. Lançados esses pedacinhos de papel no Universo, cada pedacinho de papel representa um homem e um ser existente, e todos reunidos, formando o todo, é Deus.”

Este não é o Deus que nós cristãos conhecemos ao longo de toda a história da humanidade. Não é o mesmo Deus que nos revelou através de Moisés e que disse: “Eu sou o que sou”. (Ex 3,14).

3. A Santíssima Trindade

É constrangedor o silêncio de Allan Kardec a respeito da Santíssima Trindade. Fala de Jesus, embora negando sua natureza divina, e esquece o que Ele disse a respeito do “Pai, do Filho e do Espírito Santo”.

Em alguns trechos, parece confundir o próprio Espírito Santo com Deus-Pai.

4. Jesus

“Esse Jesus de Nazaré, sem dinheiro nem armas, conquistou milhões de pessoas num número muito maior que Alexandre, César, Maomé e Napoleão; sem o conhecimento e a pesquisa científica Ele despejou mais luz sobre assuntos materiais e espirituais do que todos os filósofos e cientistas reunidos; sem a eloqüência aprendida nos bancos escolares, Ele pronunciou palavras de vida como nunca antes, nem depois, foram ditas e provocou resultados que o orador e o poeta não conseguem alcançar; sem ter escrito uma única linha, Ele pôs em ação mais canetas, e forneceu temas para mais sermões, discursos, livros profundos, obras de arte e música de louvor do que todo o continente de grandes homens da antigüidade e da atualidade” – Historiador Philip Schaff.

Esse mesmo Jesus não é visto como Deus no Espiritismo, é apenas mais um “espírito evoluído que continua em evolução”.

Cristo é enfático ao se revelar como Deus e assim proceder. Eis um dos motivos de sua crucificação.

“Mas todo aquele que me negar diante dos outros, também eu o negarei diante de meu Pai que está nos céus.” (Mt 10, 33)

5. A redenção

“É pelo sangue de Jesus Cristo que temos a redenção, a remissão dos pecados, segundo a riqueza de sua graça que ele derramou profusamente sobre nós”, explicava São Paulo aos Efésios (1,7).

Nossa redenção pela paixão, morte e ressurreição de Jesus é outra verdade fundamental da fé cristã.

Nisso consiste propriamente a “Boa nova” ou o “Evangelho”.

Mas nem esta verdade tão central entra no credo espírita. Segundo este, cada um deve ser seu próprio redentor através da procura desesperada por uma fuga do sistema de reencarnações.

Leão Denis o enuncia cruamente quando escreve: “Não, a missão de Cristo não era resgatar com o seu sangue os crimes da humanidade. O sangue, mesmo de um Deus, não seria capaz de resgatar ninguém. Cada qual deve resgatar-se a si mesmo, resgatar-se da ignorância e do mal. É o que os espíritas, aos milhares, afirmam em todos os pontos do mundo.” (Cristianismo e espiritismo, p. 88).

Daí esta doutrina de Allan Kardec: “Toda falta cometida, todo mal realizado é uma dívida contraída que deverá ser paga; se não for em uma existência, sê-lo-á na seguinte ou seguintes.” (“O céu e o inferno, 88).

6. O Perdão

Dentro desta ótica, não há espaço no Espiritismo para o perdão. Pasmem: o perdão seria uma injustiça, pois quebraria a frieza do “olho por olho, dente por dente” que é a Lei do Karma. A lei do Karma é fatal: é ela quem “explica” as injustiças e desigualdades deste mundo. Se bem que ela é também quem ajuda a mantê-la. A Índia, “o país reencarcionista”, com seus mais de 700 milhões de habitantes, bem demonstra tal fatalidade, com uma sociedade dividida em castas. Não é a toa que a mensagem cristã das Irmãs da Caridade e dos Jesuítas causou tanto impacto em um ambiente deste, de povo conformado com a lei do karma, de “se expiar para a vida posterior”.

O Deus no Espiritismo é um fiscal, observando a “dívida contraída que deverá ser paga”.

Ora, tudo recebemos de graça de Deus. Não temos como restitui-lo totalmente. É por isto que ele abre espaço para o perdão, pois quer “que todos se salvem”.

7. A Confissão

Se não há o devido espaço para o perdão, também não poderia haver para o seu respectivo Sacramento. No entanto:

“Jesus disse-lhes de novo: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio”. Após essas palavras, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados serão perdoados. A quem não perdoardes os pecados não serão perdoados”. (Jo 20,21-23)

Ignoram a estória da mulher adúltera, onde Jesus diz:

Erguendo-se, disse para a mulher: “Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?” Ela respondeu: “Ninguém, Senhor”. Jesus lhe disse: “Nem eu te condeno. Vai, e de agora em diante não peques”. (Jo 10,10-11)

Jesus perdoou com o simples arrependimento. Arrependimento que, sendo sincero, apaga a falta e abre o cristão para uma nova vida: “não peques mais”.

Em nenhum momento, Cristo impõe mais condições, do tipo vamos “renegociar a sua dívida”.

8. O Batismo

Jesus mandou aos apóstolos ir pelo mundo inteiro, ensinar a todos tudo quanto ele lhes ordenara, batizando a todos “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19-20), esclarecendo: “Aquele que crer e for batizado será salvo; o que não crer será condenado” (Mc 16,16). No Brasil, os espíritas, fiéis à doutrina codificada por AK, já não batizam nem fazem batizar seus filhos. Nem teria sentido. Pois é pelas reencarnações que os homens devem alcançar a perfeição.

9. Os Sacramentos

Além dos já citados (Batismo e Confissão) o Espiritismo nega todos os outros Sacramentos: Crisma, Eucaristia, Ordem e Unção dos Enfermos, só aceitando mesmo o Matrimônio.

Consideram os Sacramentos como “meros ritos, formas, liturgia”, ignorando que eles são graças derramadas por Deus sobre os homens, justamente porque não somos nada sem a graça divina. Sem esta, não há “religare” com Deus, pois não temos força em nós mesmos para chegarmos a tanto.

10. A Igreja

Jesus disse a Pedro: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do reino dos céus e o que ligares na terra será ligado nos céus e o que desligares na terra será desligado nos céus.” (Mt 16,18-19). Mas os espíritas não dão nenhuma importância nem a Pedro e seus sucessores, nem à Igreja que Jesus dizia “sua”, nem ao poder das chaves que o Senhor Jesus entregou ao chefe do colégio apostólico.

Jesus declarou aos apóstolos: “Quem vos ouve a mim ouve, quem vos despreza a mim despreza, e quem me despreza, despreza aquele que me enviou” (Lc 10,16). Para os espíritas tudo isso já está superado. Pois eles vão receber as orientações dos espíritos que “baixam” em seus centros.

No livro “Depois da morte” (p. 80), profetiza Leão Denis: “Chegará a ocasião em que o catolicismo, seus dogmas e práticas não serão mais do que vagas reminiscências quase apagadas da memória dos homens, como o são para nós os paganismos romanos e escandinavos.”

Enfim, a influência maçônica de ódio à Igreja se faz presente no Espiritismo. Nada estranho: León Hippolyte Denizart Rivail (Allan Kardec) foi maçom do grau 33 junto à Grã-Loja Escocesa Maçônica de Paris.

11. Fé e Obras

Dentro da orgulhosa doutrina espírita, a salvação virá exclusivamente pelas boas obras que cada um faz, “resgatando as suas dívidas”.

Ora, eis o que lemos em S. Tiago:

“Por minhas obras te mostrarei a fé.”

É preciso os dois. São interligados, como teoria e prática.

A respeito da fé, ainda vemos:

“Quem não crer será condenado” (Mc 16, 16)

“Sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11,6)

12. A Ressurreição

Por mais que São Paulo fale que a fé cristã é baseada na Ressurreição, e que sem esta seria vazia, os espíritas a ignoram totalmente. Falam em reencarnação, trazendo à tona os paganismos contra que S. Paulo tanto lutava.

Qualquer pessoa pode abrir o Novo Testamento e vê o quanto é destacada a Ressurreição. Não há porque se ampliar demais no tema.

13. As Aparições

A Bíblia enumera alguns casos de aparição, onde anjos enviados por Deus vem a Terra dar a sua colaboração no plano salvitíco. Todas estas aparições que aí vemos são de iniciativa própria, única e exclusiva de Deus, mas os espíritas acreditam que elas podem ser provocadas, à total revelia do que demonstra a Bíblia.

E os casos de “encarnação”, espíritos invadindo corpos, simplesmente são alheios a Bíblia, o que dispensa maiores comentários.

A mesma Bíblia deixa claro: “não evocar os mortos”. Não se entende como uma proibição tão forte do próprio Deus poderia ser fundamento de uma religião deste mesmo Deus, já que uma das qualidades divinas é ser imutável.

14. O inferno

Não existe inferno nem demônios no Espiritismo. Há apenas espíritos atrasados que pouco podem contra nós. Mera questão de conveniência, já que a existência de um inferno eterno levaria abaixo toda a obra de Kardec.

Mas como São Mateus e São Marcos eram inspirados, eis que fico com estes, onde facilmente lemos:

“Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos”.

“Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo jamais será perdoado, será réu de um pecado eterno”.

Enfim, a Bíblia é clara ao falar da existência e eternidade do inferno, “onde o verme não morre e o fogo não se apaga”.

Qualquer um pode abrir a Bíblia e vê passagens como as supracitadas

15. O Purgatório

O Espiritismo distorce a idéia do purgatório cristão, tentando vê neste o “mundo espiritual” para as purificações e reencarnações.

Ora, quem está no purgatório tem o céu como destino, não a Terra ou outro planeta.

O ser humano, gozando de seu livre arbítrio e não do determinismo kármico, tem duas opções: negar a Deus ou aceitá-lo. A primeira hipótese, o conduz ao inferno. A segunda, abre a possibilidade da salvação.

Este último, que fez a opção correta pode, ao morrer, pode carregar consigo alguns pecados, impurezas que o mancham, e nada de “impuro entrará no céu”. Com tal, Deus não o condena, mas este há de se purificar-se:

“Se a obra construída sobre o fundamento resistir, o autor receberá um prêmio, e aquele cuja obra for consumida sofrerá o dano; ele, todavia, se salvará, mas como quem passa pelo fogo.” (I Cor 3,14-15)

Há, porém, como já vimos um outro fogo, eterno preparado para o diabo e seus anjos. Este é para quem disse Não a Deus. Um fogo bem diferente do fogo do purgatório ou do fogo de Pentecostes.

16. A Revelação

Deus se revela ao homem em uma seqüência de tempo: Deus-Pai, Jesus, e Espírito Santo.

O primeiro se revelou no Antigo Testamento, entregando as leis a Moisés.

Os dois últimos se revelam mais claramente no Novo Testamento:

Jesus, é revelado pelo próprio Pai:

“E do céu veio uma voz que dizia: “Este é o meu Filho amado, de quem eu me agrado”. (Mt 4,17)

E é reconhecido como tal:

“Então ele perguntou-lhes: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Simão Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo”. Em resposta, Jesus disse: “Feliz és tu, Simão filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue quem te revelou isso, mas o Pai que está nos céus. (Mt 16,15-17)

A Terceira Pessoa da Santíssima Trindade é também revelada no Novo Testamento, só que agora por Jesus Cristo:

“Eu pedirei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito , que estará convosco para sempre. Ele é o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber porque não o vê nem o conhece. Vós o conheceis porque permanece convosco e está em vós. Não vos deixarei órfãos.” (Jo 14, 15ss)

Realmente, Cristo não deixaria os apóstolos e sua Igreja órfãos por 1800 anos, esperando a “vinda dos espíritos para fazer a revelação a Allan Kardec”.

Prossigamos. São João 16, 5ss :

“Convém a vós que eu vá. Pois, se eu não for, o Paráclito não virá a vós. Mas, se eu for, eu o enviarei a vós.”

“A vós”: os apóstolos, a Igreja nascente, não um indivíduo de outro século qualquer, seja ele Maomé, Allan Kardec, Reverendo Moon , Russel, ou qualquer candidato da espécie.

“Mas recebereis uma força, o Espírito Santo que virá sobre vós; e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, até os confins da terra”. Dizendo isto, elevou-se à vista deles e uma nuvem o ocultou a seus olhos.” (At 1, 8-9)

“Chegando o dia de Pentecostes , estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente veio do céu um ruído, como de um vento impetuoso, que encheu toda a casa em que estavam sentados. E viram, então, uma espécie de línguas de fogo, que se repartiram e foram pousar sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas , conforme o Espírito Santo lhes concedia. (At 2, 1-4)

O plano de Deus não admite lacunas: Javé – Cristo – Espírito Santo. Sem intervalos onde o homem ficaria abandonado a sua própria sorte.

No entanto, para os espíritos, a revelação só viria mais de 1800 anos depois de Cristo, com Allan Kardec, e não com o Espírito Santo !!!

[Conclusão]

Eis que paramos por aqui, mas poderíamos dar continuidade, falando de outras incomensuráveis divergências entre o Espiritismo e o Cristianismo: a criação da alma humana; repudio aos privilégios de Maria Santíssima; ignorância da comunhão dos santos; não admissão do pecado original; contestação à graça divina; reprovação à Ressurreição; e desdenha pelo juízo final. Em uma palavra: renuncia a todo o credo cristão.

Em que consiste, pois, seu anunciado “cristianismo”? Tudo é simplesmente reduzido à aceitação de alguns princípios morais do Evangelho, tal como Allan Kardec aprendera em sua juventude, no Instituto de Pestalozzi, em Yverdun, na Suíça. Um Instituto protestante liberal onde, baseados na “livre interpretação da Bíblia” , cada um deduzisse o que bem entendesse.

Para quem quiser se aprofundar mais sobre o tema, aconselhamos o livro “Espiritismo – Orientação para os católicos”, de Frei Boaventura Kloppenburg, Edições Loyola, de onde, por sinal, tiramos farto material para este texto.

Facebook Comments

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.