Ovos e coelhos da páscoa… símbolos cristãos?

[Leitor autorizou a publicação de seu nome no site] Nome do leitor: Emerson
Cidade/UF: Palmas-TO
Religião: Católica

Mensagem
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Caros membros do Veritatis,
Existe algum documento do Magistério da Igreja, apoiado na Sagrada Escritura ou na Tradição, que ensina que o ovo ou o coelho são símbolos da Páscoa? A forte pressão do mundo consumista tem passado essa mensagem e, para o meu espanto, nas escolas católicas tem sido ensinado como símbolos pascais o que considero um relativismo, uma descristianização da fé católoca, pois a fé que tenho recebido da Igreja e a qual procuro passar para os meus filhos não é essa. A Paz Contigo! Emerson

Prezado Emerson,
Pax Christi!

Dom Estêvão Bettencourt, recentemente falecido, abordou sobre a questão dos “Ovos de Páscoa” na revista Pergunte e Reponderemos nº 82 (out/1964), pp. 460/461, as quais transcrevo abaixo:

“1. Os ovos eram algo que muito chamava a atenção dos homens nos séculos anteriores a Cristo: parecem ser objetos inanimados ou mortos; contudo, deles procede maravilhosamente a vida ou um ser vivo. Por isto, eram tidos como símbolo de vida e fertilidade.

Em conseqüência, as famílias pagãs pré-cristãs presenteavam-se mutuamente com ovos todos os anos, no início da primavera, quando a natureza parece voltar à vida, depois da estagnação do inverno.

Certos sistemas de pensamento pagão (o Orfismo e o Neoplatonismo, servindo-se de figuras da mitologia grega) apresentavam o universo inteiro como um grande vivente oriundo de um ovo: o ‘ovo do mundo’.

2. Esta consideração simbolista dos ovos passou para os cristãos, principalmente no Oriente próximo e no norte da Europa. Os discípulos de Cristo passaram a ver nos ovos a figura do sepulcro do qual ressuscitou o Salvador, vencendo a morte e restaurando a posse da vida eterna para a humanidade.

Mais ainda: a rigorosa observância da Quaresma, na antigüidade e na Idade Média, impunha aos cristãos extraordinária sobriedade de alimentos, que os levava a se abster mesmo de ovos. Compreende-se, então, que na manhã de Páscoa os ovos fossem um presente particularmente apreciado pelos fiéis que tanto haviam jejuado: eram distribuídos com profusão entre familiares, vizinhos, crianças, servos etc. Em vista disto, na última semana da Quaresma, os membros de cada família recolhiam ovos e os guardavam em depósitos ocultos. Na manhã de Páscoa, levavam-nos à igreja, onde o pároco os abençoava; imediatamente após esta bênção, fazia-se generosa distribuição de ovos aos pobres.

Além disto (e sempre pelo mesmo motivo simbolista), os ovos eram representados em pinturas, quadros e objetos de ornamentação das casas; faziam o objeto de jogos e torneios por ocasião dos festejos populares da Páscoa.

Entre os povos cristãos latinos, este simbolismo foi menos explorado do que nos países nórdicos e orientais. Contudo, não deixou de merecer estima, como atesta uma oração do Ritual Romano, que pede bênção especial para os ovos, relacionando-os com a Ressurreição do Salvador:

‘Rogamos-Te, Senhor: desça a Tua bênção sobre estes ovos, de modo a torná-los sadio alimento para teus fiéis que, com ânimo grato, os consumirão em honra da Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo'”.

Quanto ao “coelhinho da Páscoa” é mero símbolo da fertilidade, já que este animal se reproduz rapidamente e em grandes ninhadas. Por essa razão, não tem qualquer sentido religioso em âmbito cristão. Na verdade, tal simbolismo foi trazido para as Américas pelos imigrantes alemães.

É mesmo uma pena que a Páscoa – assim como o Natal – sejam datas recordadas mais pelos presentes que damos e recebemos do que pelos seus significados religiosos: a Redenção e a Encarnação do Verbo… Possamos, pois, restaurar essa e outras datas do Calendário Cristão ao seu autêntico significado! Principalmente nas escolas que se dizem “católicas”…

[]s
Carlos Nabeto

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