Paranóia protestante e a origem do Natal

Recebemos uma mensagem de uma leitora protestante em que a mesma nos pede para analisarmos um texto segundo o qual o Natal é uma festa pagã. A mensagem da leitora segue em prteo, a nossa resposta em azul.

 

Quero conhecer a versão dos católicos

Meu nome é Simone tenho 23 anos e moro no Recife.Sou evangélica há alguns anos. Sempre tive uma opinião formada a respeito do catolicismo oriundas de muito estudo bíblico que fiz e faço acerca da fé. Estudos como: Protestantismo versos Catolicismo, Mariolatria, Nova Era e outros temas relevantes, desenvolveram em mim uma identidade evangélica bem construída. Entretanto nos últimos anos comecei a questionar se a minha concepção de catolicismo é (no total ou em parte) de fato verossímil. Foi o contato com uma família católica praticante que me fez reavaliar os meus conceitos, pondo em meu íntimo a semente da dúvida. Eu seria desonesta comigo mesma se simplesmente ignorasse este sentimento. Por isso escrevo a vocês, pedindo que por caridade me ajudem a retificar ou ratificar algumas “verdades” que acredito. Mando a seguir um artigo que tenho sobre a verdadeira origem do Natal. Este artigo é uma síntese de como nós, os evangélicos, vemos a Igreja Católica. Logo em seguida farei algumas perguntas baseadas no texto. O meu intuito é conhecer os contra-argumentos (como um bom julgamento requer) e só então com o auxílio do Espírito Santo, dá o meu veredicto. Procuro a verdade, pois não quero fazer a minha vontade nem a dos homens, e sim à vontade de meu Salvador…


O NATAL VEIO DO PAGANISMO

DURANTE OS TRÊS PRIMEIROS SÉCULOS DA NOSSA ERA, OS CRISTÃOS NÃO CELEBRARAM O NATAL

Trata da festa de Natal de Jesus Cristo, paganismo, Roma, Babilônia, seja católica, Papai Noel, presépio, árvore presentes, crente, cristianismo, evangelho, Bíblia. Enciclopédia Católica (edição 1911): ” A festa de Natal não estava incluída entre as primeiras festividades da Igreja. Os primeiros indícios são proveniente do Egito. Os costumes pagãos relacionados com o princípio do ano se concentravam na festa do Natal”.

Orígenes, um dos chamados pais da Igreja (mesma enciclopédia): “… não vemos nas Escrituras que haja celebrado uma festa ou celebrado um grande banquete no dia do seu natalício. Somente os pecadores (como Faraó e Herodes) celebraram com grande regozijo o dia em que nasceram neste mundo”.

Autoridades históricas demonstram que, durante os três primeiros séculos da nossa era, não celebraram o Natal. Esta festa só começou a ser introduzida após o início da formação daquele sistema que hoje é conhecido como Igreja Romana (isto é, no séc. 4ª). Somente no séc. 5ª foi oficialmente ordenado que o Natal fosse observado como festa cristã, no mesmo dia da secular festividade romana em honra ao nascimento do deus sol, já que não se sabia o dia em que Cristo nasceu.


1. Jesus não nasceu em 25/12

Quando Ele nasceu “… havia naquela mesma comarca pastores que estavam no campo, e guardavam durante as vigílias da noite, o seu rebanho” (Lucas 2.8). Isto jamais pôde acontecer na Judéia durante o mês de dezembro: os pastores tiravam seus rebanhos dos campos em meados de outubro e (ainda mais à noite) os abrigavam para protegê-los do inverno que se aproximava, tempo frio de muitas chuvas (Adam Clark Commentary, vol. 5, pág. 370). A Bíblia mesmo prova, em Ct 2.1 e Ed 10.9,13, que o inverno era época de chuvas, o que tornava impossível a permanência dos pastores com seus rebanhos durante as frígidas noites, no campo. É também pouco provável que um recenseamento fosse convocado para a época de chuvas e frio (Lc 2.1)

2. Como esta festa se introduziu nas igrejas?

A nova Enciclopédia de Conhecimento Religioso, de Schaff-Herzog, explica claramente em seu artigo sobre Natal: “Não se pode determinar com precisão até que ponto a data desta festividade teve origem na pagã Brumália (25 de dezembro), que seguia a Saturnália (17 a 24 de dezembro) e comemorava o nascimento do deus sol, no dia mais curto do ano.

As festividades pagãs de Saturnália e Brumália estava demasiadamente arraigada nos costumes populares para serem suprimidas pela influência cristã. Essas festas agradavam tanto que os cristãos viram com simpatia uma desculpas para continuar celebrando-as sem maiores mudanças no espírito e na forma de sua observância. Pregadores cristãos do ocidente e do oriente próximo protestaram contra a frivolidade indecorosa com que se celebravam o nascimento de Cristo, enquanto os cristãos da Mesopotâmia acusavam a seus irmãos ocidentais de idolatria e de culto ao sol por aceitar essa festividade pagã.

Recordemos que o mundo romano havia sido pagão. Antes do séc. 4ª os cristãos eram poucos, embora estivessem aumentando em número, e eram perseguidos pelo governo e pelos pagãos. Porém com vinda do imperador Constantino (no séc.4ª) que se declarou cristão, elevando o cristianismo a um nível de igualdade com o paganismo, o mundo romano começou a aceitar este cristianismo popularizado e os novos adeptos somaram a centenas de milhares. Tenhamos em conta que essa gente havia sido educada nos costumes pagãos, sendo o principal aquela festa idólatra de 25 de dezembro. Era uma festa de alegria carnal, muito especial. Agradava ao povo! Não queriam suprimi-la.

O artigo já citado revela como Constantino e a influência do maniqueísmo (que identificava o Filho de Deus com o deus sol) levaram aqueles pagãos do séc. 4ª (que tinham pseudamente se “convertido em massa” ao pseudo “cristianismo”) a adaptarem a sua festa do dia 25 de dezembro (dia do nascimento do deus sol), dando-lhe o título de dia do natal do Filho de Deus. Assim foi como o Natal se introduziu em nosso mundo ocidental! Ainda que tenha outro nome, continua sendo, em espírito, a festa pagã de culto ao sol.

A Enciclopédia Britânica diz: “A partir do ano 354 alguns latinos puderam mudar de 6 de janeiro para 25 de dezembro a festa que até então era chamada de Mitraica, o aniversário do invencível sol… os sírios e os armênios idólatras e adoradores do sol, apegando-se a data de 6 de janeiro, acusavam os romanos, sustentando que a festa de 25 de dezembro havia sido inventada pelos discípulos”.


A origem do Natal

O Natal é uma da principais tradições do sistema corrupto chamado Babilônia, fundado por Nimrode, neto de Cão, filho de Noé. O nome Nimrode deriva-se da palavra “marad”, que significa “rebelar”. Nimrode foi poderoso caçador contra Deus (Gn 10.9). Para combater a ordem de espalhar-se criou a instituição de ajuntamento (cidades); construiu a torre de Babel (a Babilônia original) como um quádruplo desafio a Deus (ajuntamento, tocar aos céus, fama eterna, adoração aos astros); fundou Nínive e muitas outras cidades; organizou o primeiro reino deste mundo.

A Babilônia é um sistema organizado de impérios e governos humanos, de explorações económicas, e de todos os matizes de idolatria e ocultismo. Nimrode era tão pervertido que, segundo escritos, casou-se com sua própria mãe, cujo nome era Semíramis. Depois de prematuramente morto, sua mãe-esposa propagou a perversa doutrina da reencarnação de Nimrode em seu filho Tamuz. Ela declarou que, em cada aniversário de seu natal (nascimento), Nimrode desejaria presentes em uma árvore. A data de seu nascimento era 25 de dezembro. Aqui está a verdadeira origem da arvore de Natal.

Semirâmis se converteu a “rainha do céu” e Nimrode, sob diversos nomes, se tornou o “divino filho do céu”. Depois de várias gerações desta adoração idólatra, Nimrode também se tornou um falso messias, filho de Baal, o deus-sol, neste falso sistema babilônico, a mãe e o filho (Semíramis e Nimrode encarnado em seu tamuz) se converteram nos principais objetos de adoração. Esta veneração de “a Madona e se filho”(o par mãe influente + filho poderoso e obediente `a mãe) se estendeu por todo o mundo, com variação de nomes segundo o países e a línguas. Por surpreendentemente que pareça, encontramos o equivalente na “Madona”, da Mariolatria, muito antes do nascimento de Jesus Cristo!

Nos séculos 4ª e 5ª os pagãos do mundo romano se “converteram” em massa ao “cristianismo”, levando consigo suas antiga crenças e costumes pagãos, dissimulando-os sob nomes cristãos. Foi quando se popularizou também a idéia de “a Madona e seu filho”, especialmente na época do Natal. Os cartões de Natal, as decorações e as cenas do presépio refletem este mesmo tema.

A verdadeira origem do Natal está na antiga Babilônia. Está envolvida na apostasia organizada que tem mantido o mundo no engano desde há muitos séculos! No Egito sempre se creu que o filho de Ísis (nome egípcio da “rainha do céu”) nasceu em 25 de dezembro. Os pagãos já celebravam esta data séculos antes de Cristo.

Jesus, o verdadeiro Messias, em 25 de dezembro. Os apóstolos e a Igreja Primitiva jamais celebraram o natalício de Cristo. Nem nessa data nem em nenhuma outra. Não existe na Bíblia ordem nem instrução alguma para fazê-lo. Porém, existe sim, a ordem de atentarmos bem a lembrança sempre a Sua MORTE (1Co11.24-26; Jo 13.14-17). (Continua na próxima edição.)

Hélio de M. Silva


Perguntas:

1° Procede à afirmação do artigo: “…entre os primeiros séculos da nossa era, não se celebravam o Natal…”

2° Não se faziam recenseamento no período de inverno?

3° Os cristãos da Mesopotâmia realmente acusaram a igreja no ocidente de idolatria ao deus sol?

4° Para nós, a Igreja Católica apostatou-se da fé cristã com a conversão de Constantino. Podem contra-argumentar esta afirmação?

5° Em Resumo o que Constantino fez foi apenas mudar o nome da comemoração do dia 25 de dezembro para o Natal de Cristo, mantendo o espírito pagão da festa?

6° Quem foi Nimrode, personagem ou mito?

7° Hélio de M. silva afirma que: “o par mãe influente + filho poderoso e obediente à mãe” tem origem com Semírames e Nimrode na Babilônia e desta forma insinua que os católicos adorariam a tais deuses, explicando então o porquê desta relevância exagerada à Maria. Jesus e Maria seriam apenas uma nova aparência para Nimrode e Semírames, deste modo mesmo sendo sinceros todo os católicos invariavelmente, se não se arrependerem, perderão suas almas por idolatria. Por isso não respondemos com “amem” às bênçãos desejadas a nós por católicos. Pode refutar esta nossa verdade?

8° O presépio realmente representa de forma disfarçada o nascimento de Nimrode?

9° Como a Igreja Romana consegue fazer seus fieis adorar Nimrode sem o uso da consciência?

10° O artefato que os padres e bispos erguem para ser adorado nas missas é uma imagem do deus sol?


Se quiser falar outros pontos do artigo que achar importante ser observado fique à vontade. Agradeço desde já. Que Deus o abençoe.

Minha cara Simone,

Eu gostaria, primeiramente, de te parabenizar pelo esforço empenhado na busca da verdade. Você quer, antes de formar a tua opinião, ouvir os dois lados, o que é muito mais do que faz a imensa maioria dos protestantes. Quase todos nos acusam das coisas mais escabrosas sem nos darem, ao menos, o direito de defesa.

Além disto, eu gostaria de te agradecer pela confiança em nós depositada. Você, desejando conhecer a opinião católica a respeito deste tema, escolheu buscá-la no VS, o que muito nos alegra, animando-nos a continuar em nosso trabalho em defesa da Santa Igreja.

Por fim, eu gostaria de bendizer ao Senhor por eu ser católico. Ao ler os textos que você nos enviou, a superioridade do catolicismo sobre o protestantismo tornou-se, para mim, ainda mais evidente. Os textos, minha cara Simone, deixam patente a paranóia reinante em vastíssimos setores protestantes. Paranóia esta que acaba por denegrir a imagem do próprio Cristo Jesus.

A tese central do autor é das mais conhecidas. O cristianismo teria se mantido fiel às palavras de Jesus Cristo apenas por poucos séculos, antes que viesse a grande apostasia (a Igreja Carólica, claro), fazendo com que a verdadeira mensagem do Senhor desaparecesse por séculos a fio, até que algum iluminado de plantão a resgatasse (não deixe de ler o nosso “A Teoria do Resgate”, para entender este ponto mais profundamente).

A tese é sempre esta. Variam, apenas, as verdades que foram perdidas (ou encobertas) e mais tarde encontradas. O autor do texto, por exemplo, afirma que a Igreja encobriu a adoração de Jesus Cristo por uma falsa adoração de Nimrode (esta foi das mais rematadas bobagens de que já tive notícia), fazendo cessões escandalosas ao paganismo. Hodiernamente, um grupo de eleitos resgatou esta verdade, muito embora todo o cristianismo e todos os cristãos, durante mais de quinze séculos, prestassem, desavisadamente, culto a um deus pagão.

Ainda que não o percebam, os adeptos desta “Teoria do Resgate” (e todos os protestantes o são, inclusive, e infelizmente, você, minha cara Simone) reduzem o cristianismo à irrelevância histórica. A verdadeira religião de Cristo não possui importância histórica alguma, visto que poucos (aliás, pouquíssimos) verdadeiramente a conheceram. Todos (ou pelo menos, quase todos) os que nEle puseram sua esperança foram traídos, relegados sem qualquer auxílio do Altíssimo ao “sistema babilônico”, perdendo suas almas para o inferno enquanto Deus, sadicamente, esperava, séculos a fio, para que Seus iluminados pudessem, finalmente, resgastar a “pureza” do cristianismo.

E, mesmo resgatada tal “pureza”, a mesma continuaria adstrita a um fechadíssimo círculo de indivíduos, verdadeiros privilegiados, enquanto todos nós (os abandonados pela Providência Divina) estaríamos adorando Nimrode, ainda que tenhamos a firme convicção de prestarmos culto a Jesus Cristo.

Percebe, minha cara Fabiana, que cenário devastador o texto te apresenta? E olhe que as paranóias típicas do protestantismo não param por aí. Existem tantas e tão escabrosas que eu me sento constrangido apenas em lembrá-las.

Há, por exemplo, os que pensam que o nome “Jesus” encerra uma invocação a Zeus. Somente o nome hebraico do Senhor (Yohushua) seria verdadeiramente cristão, pelo que todos os que O invocam sob o nome de Jesus estão, na verdade, invocando um deus pagão.

Você inclusive, Simone!

Há os que se recusam a comprar produtos com códigos de barra, por acharem que tais códigos contém o número da Besta.

Até o iogurte que você compra no supermercado faz parte desta gigantesca rede conspiratória de Babilônia contra os pobres cristãos…

Haveria outros exemplos tão contundentes quanto estes, mas paro por aqui.

A julgar pelos “iluminados” que Deus tem mandado à Terra, ninguém pode, realmente, considerar-se um verdadeiro cristão. Todos estão, em maior ou menor medida, adorando ídolos e abominando a Deus. Todos estão, claro, enganados pela Igreja Católica, ainda que católicos não sejam.

O primeiro equívoco do autor do texto foi o de acreditar que os cristão não comemoravam o nascimento de Jesus anteriormente à Pax Constantiniana. Isto é mais falso do que nota de três reais! Os cristãos, desde o segundo século já comemoravam o natalício de Nosso Senhor Jesus Cristo, muito embora a data deste acontecimento somente tenha se fixado séculos mais tarde.

Afinal, ainda que de uma forma indireta, foi o próprio Deus quem determinou que se celebrasse o nascimento de Seu Filho. E o fez em duas passagens bíblicas bastante significativas. A primeira é Lc 2, 10- 12. Os anjos, logo após o nascimento do Menino-Deus, dirigem-se aos pastores de Belém: Não temais, eis que vos anuncio uma boa nova que será alegria para todo o povo: hoje vos nasceu na Cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: achareis um recém-nascido envolto em faixas e posto numa manjedoura.”

Como você vê, minha cara Simone, o nascimento de Jesus Cristo é um motivo de alegria (e, portanto, de festa) para todo o povo. Todos os cristãos, de todos os tempos, devem se alegrar, imensamente, com este fato e com esta Boa Notícia.

Já no AT, em IS 9, se afirmava que os cristãos devem festejar este nascimento, num texto dos mais belos das Escrituras:

O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; sobre aqueles que habitavam uma região tenebrosa resplandeceu uma luz. Vós suscitais um grande regozijo, provocais uma imensa alegria; rejubilam-se diante de vós como na alegria da colheita, como exultam na partilha dos despojos. (…) Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado; a soberania repousa sobre seus ombros, e ele se chama: Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz.”

Como você vê, minha cara, os cristãos (o povo que caminhava nas trevas, mas sobre o qual brilhou a luz de Deus, segundo Cl 1, 13) festejam o nascimento de Cristo. Se você está acostumada com o semitismo típico do AT, deve saber que a “alegria da colheita” e a “partilha dos despojos” de uma guerra eram celebrados com festas públicas e públicas manifestações de alegria.

O nascimento do “Menino que nos foi dado” requer, de nossa parte, uma celebração. Uma manifestação pública de alegria. E o Natal é o cumprimento desta profecia.

Isto bastaria para demonstrar o equívoco do texto enviado.

É por isto que, ao contrário do que afirma o autor do texto, já há relatos de celebrações do nascimento de Jesus Cristo por volta do ano 200 de nossa era. Segundo a Catholic Encyclopedia, Clermente de Alexandria, em sua Stromata, afirma que os teólogos egípcios não guardavam nenhum dia do ano, a não ser o natalício do Senhor.

Além disto, a mesma enciclopédia nos dá conta que escritos datados de 243 d. C (atribuídos erroneamente a São Cipriano) também mencionam o Natal, com data de 28 de Março, dia em que se acreeditava que Deus havia criado o sol (ponto este, como se verá abaixo, muitíssimo significativo).

 

Ou seja, para quem começou sua argumentação citando a Enciclopédia Católica, o desempenho do autor do texto foi absolutamente pífio. Citou apenas aquilo que julgou ser útil à sua argumentação, deixando de lado todas as outras evidências (e são muitas) que a mesma enciclopédia dá em favo da observação do Natal.

Portanto, minha cara Simone, os cristãos, séculos antes de constantino já Celebravam o Natal, bendizendo a Deus pelo nascimento do Messias. Nem em seus mais sombrios pesadelos eles poderiam prever que, um dia, paranóicos iriam acabar por ver, neste ato, um ato de idolatria instituído pelo “sistema babilônico”, um subterfúgio para que os cristãos adorem Nimrode.

É verdade que, a princípio, nem todos celebram o Natal sendo certo que, ademais, as datas variavam. Como acima apontado, alguns celebravam o Natal em Março. No entanto, a fixação definitiva do dia 25 de Dezembro como sendo o dia da celebração natalina é assunto muito mais complexo do que sonha o autor do texto por você enviado.

Segundo este autor, a Igreja escolheu esta data porque, nela, os pagãos do Império Romano celebravam o dia do Sol Invicto. Com isto, a Igreja acabou por permitir a entrada de elementos pagãos dentro do cristianismo, deturpando mais ainda a mensagem de Cristo.

Apesar do autor ser protestante, esta sua explicação é de uma simplicidade franciscana…

Além de simplista, a explicação é inverossímel. Se a Igreja obrigou os pagãos a aceitarem, ainda que formalmente, um culto a Jesus Cristo, então ela estaria inserindo um elemento cristão em cultos pagãos. E não o contrário, como sugere o autor.

Verdadeiramente, uma lástima!

Além disto, a fixação do dia 25 de Dezembro deve ser analisada muito mais a fundo do que se atraveu ir o texto sob comento. Um manuscrito de Hipólito, do ano 205 (novamente, séculos antes de Constantino), afirma em grego:

“He gar prote parousia tou kyriou hemon he ensarkos [en he gegennetai] en Bethleem, egeneto [pro okto kalandon ianouarion hemera tetradi] Basileuontos Augoustou [tessarakoston kai deuteron etos, apo de Adam] pentakischiliosto kai pentakosiosto etei epathen de triakosto trito [pro okto kalandon aprilion, hemera paraskeun, oktokaidekato etei Tiberiou Kaisaros, hypateuontos Hrouphou kai Hroubellionos. — (Comm. In Dan., iv, 23; Brotke; 19)”.

A tradução do texto seria a seguinte: “pois a primeira vinda de Nosso Senhor na carne na qual Ele foi gerado, em Belém, ocorreu no dia 25 de Dezembro, o quarto dia, no 42º ano do reinado de Augusto, e no ano 5500 desde Adão. E Ele sofreu em Seu 33º ano, no dia 25 de Março, a parascevem no oitavo ano de Tibério César.”

E não é só. Se admitirmos que Jesus Cristo nasceu em DEzembro do ano 749 da Fundação de Roma (data bastante provável), seríamos obrigados a admitir que a Anunciação do Anjo ocorreu em Março daquele ano. Desta forma, a aparição do anjo a Zacarias (pia de João Batista) para lhe anunciar a gravidez de sua esposa teria ocorrido em Outubro do ano 748 da Fundação de Roma.

Há evidências históricas que tal, de fato, ocorreu.

Ora, existiam 24 classes de sacerdotes que se revezavam, semanalmente, no serviço do Templo. Zacarias pertencia à classe de Abia. Segundo uma antiga tradição rabínica, a classe de Jojaribe é a que estava servindo por ocasião da destruição do templo em Abril de 70 d. C. Fazendo-se um retrocesso, semana a semana, e admitindo-se que o serviço do Templo jamais foi interrompido, chega-se à conclusão que Zacarias estava servindo no Templo precisamente na semada que vai de 2 a 9 de Outubro do ano 748 da fundação de Roma.

É claro que, neste terreno, não se pode afirmar nada com certeza. Nem o manuscrito nem o cálculo acima apresentados são provas absolutas da data em que Jesus de fato nasceu. Mas eles provam que a fixação do dia do Natal possui razões muito mais profundas do que jamais sonhou o autor do texto que você nos remeteu.

Não deve ser descartada a hipótese de que a Igreja tenha, realmente, utilizado-se do 25 de Dezembro por ser esta a data em que os pagãos festejavam o dia do Sol Invicto. Isto, contudo, nem de longe representa uma pusilanimidade católica em relação ao paganismo. Muito pelo contrário.

Em primeiro lugar, tenha em vista que, desde os primeiros anos do cristianismo, os cristãos viam, no sol, uma metáfora de Jesus Cristo. Afinal, é do sol que nos vem a vida, e é ele quem, com sua luz, expulsa as trevas da noite.

Não bastasse isto, Jesus Cristo ressuscitou num domingo, que, em todo o mundo pagão, era o dia dedicado ao deus sol. Este dia (o primeiro da semana) foi chamado, desde o princípio, de Dies Domine, Dia do Senhor. Ou seja, minha caríssima Simone, por um desígnio divino, o dia em que os pagãos de todo o mundo celebravam o deus sol, é o mesmíssimo dia em que os cristãos, dede o princípio, celebravam Jesus Cristo.

 

Além disto, se você visitar, um dia, a Basílica de São Pedro, verá uma imagem muito significativa (datada, mais ou menos, da mesma época em que a Igreja Romana começava a celebrar o Natal aos 25 de Dezembro). É uma imagem de Jesus Cristo, tendo, à Sua direita e à Sua esquerda, os apóstolos São Pedro e São Paulo (representando toda a Igreja). Nesta imagem, Cristo lhes entrega dois rolos (representando a Nova Aliança), enquanto pisa na cabeça do deus Urano (deus dos céus) (Cf Sl 99, 1).

O significado desta imagem é claríssimo: Cristo e a Igreja dominam e vencem o paganismo. Os deuses pagãos são pisados pelo Messias de todas as nações.

Esta, minha cara Simone, e precisamente esta, é a razão pela qual a fixação do Natal no mesmo dia do “Sol Invicto” não é uma manifestação de fraqueza da Igreja diante do paganismo. Ao contrário, trata-se de uma solene declaração da vitória da fé cristã sobre o politeísmo pagão. Cristo e a Igreja triunfam, enquanto os falsos deuses são derrotados pelo esplendor da verdade.

Antes este era o dia do deus sol? Pois bem, a partir de agora, passa a ser o dia de Jesus Cristo, Luz que, vindo ao mundo, a todo homem ilumina.

É por isto que Cipriano, no terceiro século (antes, portanto de Constantino) já afirmava: “O quam præclare providentia ut illo die quo natus est Sol . . . nasceretur Christus.” Traduzindo: “oh, que maravilhosa Providência que, no dia em que nasceu o Sol, Cristo também deveria nascer.”.

E Crisóstomo, já no quarto século, asseverou: “Sed et dominus noster nascitur mense decembris . . . VIII Kal. Ian. . . . Sed et Invicti Natalem appelant. Quis utique tam invictus nisi dominus noster? . . . Vel quod dicant Solis esse natalem, ipse est Sol iustitiæ.” Traduzindo: “mas nosso Senhor, igualmente, nasceu no mês de Dezembro, o oitavo antes das calendas de Janeiro (25 de Dezembro)… Eles chamavam este dia de dia do Sol Invencível. De fato, quem é mais invencível do que Nosso Senhor? E, se disserem que este é o dia do nascimento do sol, Ele é o Sol da Justiça.”

Portanto, minha caríssima Simone, a fixação de 25 de Dezembro, além de seguir uma tradição muito anterior a Constantino, representou, ainda, um grito de vitória de Cristo sobre o paganismo. Não se tratou de pusilanimidade, nem de uma forma de “inculturação” muito em voga hoje em dia. Tratou-se, isto sim, de vitória, segundo o Salmo 99:

“Eis o oráculo do Senhor que se dirige a meu senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu faça de teus inimigos o escabelo de teus pés. O Senhor estenderá desde Sião teu cetro poderoso: Dominarás, disse ele, até no meio de teus inimigos. No dia de teu nascimento, já possuis a realeza no esplendor da santidade; semelhante ao orvalho, eu te gerei antes da aurora. O Senhor jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedec. O Senhor está à tua direita: ele destruirá os reis no dia de sua cólera. Julgará os povos pagãos, empilhará cadáveres; por toda a terra esmagará cabeças. Beberá da torrente no caminho; por isso, erguerá a sua fronte.”

Que diferença entre esta verdade triunfante e o irrelevantismo histórico ao qual muitos protestantes relegam o cristianismo, hein, cara, Simone?

Feitos os comentários acima, passo, agora, a responder às tuas perguntas.

1° Procede à afirmação do artigo: “…entre os primeiros séculos da nossa era, não se celebravam o Natal…”?

Como visto acima, trata-se de uma meia verdade. Desde o início século II já havia comunidades cristãs que celebravam o natalício do Senhor. O que ocorre é que tal celebração não era universal, nem havia uma data consensual na qual fixá-la.

2° Não se faziam recenseamento no período de inverno?

Isto é uma bobagem enorme. O Império Romano não tinha as sutilizas da ONU. O simples fato de Roma ter determinado o rescenseamento de judeus já mostra o espírito de pilhéria para com os mesmos, visto que tal era por eles visto como uma afronta. Nada, rigorosamente nada impediria Roma de fazer seus rescenseamentos no inverno, embora não se possa afirmar, com certeza de que o rescenseamento narrado nos Evangelhos tenha, de fato, ocorrido nesta época do ano.

3° Os cristãos da Mesopotâmia realmente acusaram a igreja no ocidente de idolatria ao deus sol?

Houve, de fato, acusações deste jaez, muito embora o texto por você enviado tenha omitido um dado muitíssimo relevante, qual seja, o de que a própria cristandade ocidental se levantou contra indícios de um possível sincretismo religioso. Santo Agostinho advertiu seus irmãos ocidentais para não confundirem o sol físico com Jesus Cristo, e o próprio Papa Leão I escreveu condenando, veementemente, os festivais em homenagem ao sol.

Estes fatos demonstram o zelo de Roma com a pureza do cristianismo, e são absolutamente incompatíveis com a tese apresentada no texto.

4° Para nós, a Igreja Católica apostatou-se da fé cristã com a conversão de Constantino. Podem contra-argumentar esta afirmação?

Cara Simone, não só podemos contra-argumentar, como já o fizemos. A suposta “apostasia” católica pós-Constantino (perdoe-me) é uma das maiores bobagens que circulam nos meios protestantes. Verifique os seguintes “links”:

https://veritatis.com.br/article/41

https://veritatis.com.br/article/574

https://veritatis.com.br/article/203


5° Em Resumo o que Constantino fez foi apenas mudar o nome da comemoração do dia 25 de dezembro para o Natal de Cristo, mantendo o espírito pagão da festa?

Em primeiro lugar, não foi Constantino que fixou a data do Natal. O dia 25 de Dezembro foi se impondo naturalmente, até que a Igreja (e não Constantino) tornou-o obrigatório para todos. Além disto, como acima demonstrei, o Natal cristão triunfou sobre as festividades pagãs relativas ao deus sol, tomando o seu lugar.

Minha cara Simone, se você, alguma vez, já celebrou o Natal deve saber que não existe rigorosamente nada de pagão nesta data. A liturgia expõe leituras bíblicas relativas ao nascimento do Messias, os cristãos bendizem ao Pai por Seu Filho, as orações são todas de conteúdo cristão. Portanto, a verdade é oposta àquilo que afirma o texto que você nos enviou: o dia do Sol Invicto foi inteiramente esvaziado de seu conteúdo pagão, transformando-se num dia cristão por excelência.

6° Quem foi Nimrode, personagem ou mito?

Acerca de Nimrode, tudo o que se sabe é aquilo que dele nos conta a Bíblia (Gn 10, 9-12):

Cus gerou Nemrod, que foi o primeiro homem poderoso da terra. Ele foi um grande caçador diante do Senhor. Donde a expressão: “Como Nemrod, grande caçador diante do Eterno.”Ele estabeleceu o seu reino primeiramente em Babilônia, Arac, Acad e em Calane, na terra de Senaar. Daí foi para Assur e construiu Nínive, Recobot-Ir, Cale e Resem, a grande cidade entre Nínive e Cale.”

Tudo o mais não passa de pura fantasia de alguns protestantes paranóicos. Que ele teria se rebelado contra Deus, construído a Torre de Babel, desposado a sua mãe, construído o “sistema babilônico”, etc., tudo é fantasia de mentes não muito afeitas ao senso crítico.

Mas é sintomático que protestantes, ferrenhos defensores da balela chamada sola scriptura, não temam lançar mãos de elementos extra-bíblicos para defenderem suas idéias (por mais absurdas que sejam) quando isto lhes convém.

O autor do texto crê (é um ponto de sua fé) que Nimrode é o pai de todas as abominações, e, de uma certa forma, é a divindade mais adorada da história, enganando os pobres cristãos desprotegidos por Deus. Então, caso o mesmo se preocupasse minimamente com a coerência, ele deveria apontar textos bíblicos descrevendo todos estes fatos.

Pifiamente, não aponta nada.



7° Hélio de M. silva afirma que: “o par mãe influente + filho poderoso e obediente à mãe” tem origem com Semírames e Nimrode na Babilônia e desta forma insinua que os católicos adorariam a tais deuses, explicando então o porquê desta relevância exagerada à Maria. Jesus e Maria seriam apenas uma nova aparência para Nimrode e Semírames, deste modo mesmo sendo sinceros todo os católicos invariavelmente, se não se arrependerem, perderão suas almas por idolatria. Por isso não respondemos com “amem” às bênçãos desejadas a nós por católicos. Pode refutar esta nossa verdade?

Minha cara Simone, a coerência é virtude desejável em todos os que se põem a atacar ou defender uma tese. O autor deste texto passa longe da coerência, razão pela qual os seus escritos nada mais são do que uma peça bufa e infundada.

Havia, sim, antes de Cristo, religiões pagãs em que podemos ver o par “deusa e seu filho poderoso”. A mais famosa destas lendas é a da deusa egípcia Ísis e de seu filho Hórus. Cultos semelhantes existiam por toda a bacia do Mediterrâneo.

Ocorre que há muitos outros elementos pretensamente pagãos e que, no entanto, são curiosamente próximos ao cristianismo. A idéia de um deus morto e ressuscitado também já estava presente no culto a Ísis: trata-se do deus Osíris, morto por Seth, que dividiu o corpo daquele em 14 pedaços e os espalhou mundo afora. Ísis reuniu todos os pedaços permitindo a ressurreição de Osíris.

Igualmente, no mazdaísmo, Orzmud envia o seu filho Mitra à terra. Mitra nasceu de uma virgem, morreu e ressuscitou.

Ora, se a simples existência de cultos a deusas e a seus filhos é uma prova da influência pagã acerca do catolicismo, então, coerentemente (e, repito, falta coerência ao autor do texto) as cenas bíblicas do nascimento virginal, da Morte e da Ressurreição de Cristo também devem ser encaradas como meras repetições de mitos pagãos dentro da religião cristã.

Você se atreveria a endossar esta tese, Simone?

Como diz o ditado popular, vento que bate lá bate cá.

E não é só. A própria idéia de uma Trindade todo poderosa preexistia no hinduísmo. Também o batismo é uma cerimônia existente na Índia séculos antes de ser repetida na Judéia. O pensamento de um juízo dos mortos fazia parte da religião egípcia.

Aliás, a própria noção de monoteísmo não surgiu, pela primeira vez, entre os judeus, mas entre os egípcios.

As coisas vão ainda mais longe. Festas como a Páscoa, ou as luas novas eram muito comuns em todos os povos de origem semita, antes de serem ordenadas por Deus a Moisés.

Seriam a Trindade, o batismo, o juízo dos mortos, a Páscoa meros reflexos do paganismo na religião cristã?

Esta é a opinião de muitos ateus e de muitos adversários da fé cristã. Seria a opinião do autor do texto se ele fosse coerente. Se fosse. Ocorre que não é!

O fato é que dificilmente exista alguma religião pagã sem qualquer ponto de contato com o cristianismo. Em todas existem as “sementes da verdade”, que preparam os seus adeptos para receberem a plenitude da revelação pertencente apenas à Igreja Católica Apostólica Romana. São estas sementes da verdade que explicam as semelhanças que, para o autor do texto, são reflexo do paganismo.

8° O presépio realmente representa de forma disfarçada o nascimento de Nimrode?

Basta olhar um presépio para que você obtenha, por si mesma, a resposta a esta pergunta. A cena é inteirinha bíblica: o presépio, Maria, São José o Menino-Deus (Lc 2, 7), a estrela-guia (Mt 2, 10), os Reis Magos e as suas ofertas (Mt 2, 11), os pastores de Belém (Lc 2, 8), os Anjos dando glória a Deus (Lc 2, 13-14).

Ou seja: o presépio somente é uma “forma disfarçada de representar o nascimento de Nimrode” se a própria narrativa bíblica acerca do nascimento de Cristo também o for.

Seria paranóia demais para a cabeça de qualquer um…


9° Como a Igreja Romana consegue fazer seus fieis adorar Nimrode sem o uso da consciência?

Como você já pôde perceber, esta história de “Nimrode” é uma tosca e rematada bobagem. Além disto, minha cara Simone, não existe adoração inconsciente.

Adorar é colocar uma criatura no lugar do Criador. Por definição, é um ato de consciência e de escolha. Não se adoram deuses pagãos inconscientemente. Se um fiel, olhando para uma imagem de Jesus Cristo, adora Cristo representado pela imagem, então, ainda que numa paranóia delirante aquela imagem fosse uma metáfora de Nimrode, ainda assim o cristão estaria adorando a Cristo.


10° O artefato que os padres e bispos erguem para ser adorado nas missas é uma imagem do deus sol?

Não. O artefato é uma representação de Cristo Jesus, luz que, vindo ao mundo, a todo homem ilumina. Luz que vence as trevas. É, igualmente, símbolo da Ressurreição, ocorrida ao nascer do sol de um domingo (na antiguidade, dia do sol).

Estas, minha cara Simone, são as considerações que tínhamos a fazer. Espero que te ajudem a não beliscar este paranóico engodo acerca das pretensas origens pagãs do Natal. Espero, igualmente, que te ajudem a formar, acerca da Igreja Católica, uma visão mais correlata à realidade histórica desta que é, verdadeiramente, a Igreja de Cristo.

Fique com Deus,

Alexandre.

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