Protestante contesta artigo “Os católicos adoram os Santos?” (Parte 2/2)

Nota VS: Esta resposta é uma continuação de https://www.veritatis.com.br/article/5484

[AGRADECIMENTO/CRITICA] Nome do leitor: Edson Rodrigues de Assis
Cidade/UF: Santana de Parnaiba/SP
Religião: Cristã
Confissão: Protestante

Mensagem
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Caro Alessandro Lima:

Paz do Senhor Jesus!

Fiquei feliz em ver o comentário que fiz em relação ao artigo “OS CATÓLICOS ADORAM OS SANTOS?” ser incluso no vosso site e espero que este também tenha o mesmo destino, pois trata-se de uma continuidade do mesmo.

Caro amigo: não é uma caricatura ou impressão protestante a minha visão sobre a doutrina católica e sim fatos que a própria história e a Bíblia condenam em relação ao catolicismo.

Prezado Edson, a Paz do Senhor!

Como já lhe disse na mensagem anterior, o ensinamento da Igreja Católica você pode encontrar de forma resumida e sistemática no CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. Em sua mensagem anterior, você acusou a Igreja Católica de ensinar a idolatria, e lhe mostrei que isso não é verdade. Há uma diferença entre adorar e venerar conforme já foi explicado no email anterior. Além disso, não podemos confundir os abusos da religiosidade popular com o que a Igreja realmente ensina través de seu Magistério. Como mostra a história da serpente de bronze, o povo sempre extrapola o que Deus realmente ensina.

Outro porém onde você peca é na questão de adoração e veneração. Porventura há diferença entre adorar e prestar culto? Se prostrar diante de um ser, dirigir-se a ele em orações e ações de graça, fazer-lhe pedidos e cantar-lhe hinos de louvor não for adoração fica difícil saber o que os “papistas” entendem por adoração. Chamar isto de uma simples veneração é no mínimo subestimar a inteligência humana. A Biblía diz que há um só mediador entre Deus e os homens – JESUS CRISTO (I Tm 2.5). Entretanto os católicos aprenderam a orar pedindo a intercessão de terceiros.

A diferença entre LATRIA E DULIA (ADORAÇÃO E VENERAÇÃO respectivamente) eu já explanei na mensagem anterior, e os argumentos usados você nem tentou refutar. Por isso é tão difícil estabelecer uma diálogo sério com alguns protestantes. Falamos, explicamos e eles simplesmente ignoram o que foi dito e repetem as mesmas acusações. Isso mostra que tais protestantes não querem a Verdade, querem estar certos.

Se Cristo é o ÚNICO MEDIADOR entre Deus e os homens no sentido em que protestantes como você entendem o texto, você não poderia rezar por um irmão e nem ele rezar por você, pois tal mediação só poderia ser feita pelo Senhor Jesus. Este tipo de objeção já a respondemos diversas vezes em nossos artigos. Transcreverei abaixo uma delas:

1a. objeção: Cristo é o único mediador entre Deus e os homens.

Esta é a principal objeção à doutrina da intercessão dos Santos. Os adeptos desta objeção fundamentam sua posição em 1 Tim 2,5 onde lemos: “Pois há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, um homem, Cristo Jesus”. Para eles, a Sagrada Escritura não deixa dúvidas de que só Jesus pode interceder pelos homens junto a Deus.

Se isto é verdade, por que São Paulo ensinaria que nós cristãos devemos dirigir orações a Deus em favor de outras pessoas? Vejam 1 Tim 2,1Acima de tudo, recomendo que se façam súplicas, pedidos e intercessões, ações de graças por todos os homens, pelos reis e por todos os que estão constituídos em autoridade, para que possamos viver uma vida calma e tranqüila, com toda a piedade e honestidade.?

No exposto acima não está São Paulo nos pedindo para que sejamos intercessores (mediadores) junto a Deus por todas as pessoas da terra? Estaria então o Santo apóstolo se contradizendo? É claro que não. A questão é que a natureza da mediação tratada no versículo 1 é diferente da do versículo 5.

A mediação tratada em 1Tm 2,5 refere-se à Nova e Eterna Aliança. No AT a mediação entre Deus e os homens se dava através da prática da Lei. No NT, é Cristo que nos reconcilia com Deus, através de seu sacrifício na cruz. É neste sentido que Ele é nosso único mediador, pois foi somente através Dele que recuperamos para sempre a amizade com Deus, como bem foi exposto por São Paulo: ?Assim como pela desobediência de um só homem foram todos constituídos pecadores, assim pela obediência de um só todos se tornarão justos.? (Rom 5,19)

Portanto, a exclusividade da medição de Cristo refere-se à justificação dos homens. A mediação da intercessão dos santos é de outra natureza, referindo-se à providência de Deus em favor do nosso semelhante. Desta forma, o texto de 1Tm 2,5 dentro de seu contexto não oferece qualquer obstáculo à doutrina da intercessão dos santos (LIMA, Alessandro. Apostolado Veritatis Splendor: A INTERCESSÃO DOS SANTOS. Disponível em https://www.veritatis.com.br/article/3934. Desde 31/07/2006).

Analisando as práticas romanistas a luz da Bíblia e da história fica claro que são praticas pagãs. Você deve saber que o papa Bonifácio IV, em 610, celebrou pela 1ª vez a festa a todos os santos substituindo o panteão romano (templo pagão dedicado a todos os deuses) por um templo “cristão” para que as relíquias de todos os santos fossem ali colocadas, inclusive Maria.

Caro Edson, o protestantismo vive na tirania do subjetivismo, onde cada crente se achando inspirado pelo Espírito Santo crê naquilo que entendeu da Sagrada Escritura ou naquilo que “sentiu em seu coração”. Como pode o Espírito Santo inspirar tantas doutrinas divergentes entre si? Se a Bíblia fosse para ser usada como fazem os protestantes, Jesus nos teria dado uma, mas nos deu uma Igreja, que é “Coluna e Fundamento da Verdade” (cf. 1T 3,15).

A Festa de Todos os Santos tem origem no século IV em Antioquia. Em Roma é que foi instituída pela primeira vez no século V. Em 835, o Papa Gregório IV estabeleceu a festa para toda a Igreja, e a comemoração passou para primeiro de novembro. Oficialmente a festa só foi decretada em 1475, pelo do Papa Xisto IV.

Aliás, sempre foi prática da Igreja, até mesmo dos próprios apóstolos, aproveitar o que os pagãos tinham de positivo para apresentar-lhes o Santo Evangelho. Se você acha que a purificação das práticas pagãs pela Igreja é algo inaceitável, então faça como as Testemunhas de Jeová e deixe de comemorar aniversário, sobre tudo utilizando bolos:

[…] sabia que a celebração de aniversários de nascimento origina-se na astrologia, que dá grande importância à data exata do nascimento da pessoa? Que dizer do bolo de aniversário? Parece estar relacionado com a deusa grega Ártemis, cujo natalício era celebrado com bolos de mel em forma de lua, com velas sobre eles. (O Homem em Busca de Deus. SOCIEDADE TORRE DE VIGIA DE BÍBLIAS E TRATADOS. São Paulo, 1990. Pg. 70).

Veja ainda o “O ‘Paganismo’ da Igreja Católica” (https://www.veritatis.com.br/article/5240).

Como você não sabe a diferença entre LATRIA e DULIA, não entende a diferença entre adorar falsos deuses e venerar os heróis na Fé. Os hagiógrafos já mostravam que desde os primeiros séculos era prática comum na Igreja a veneração dos santos. Transcreverei mais um trecho de um artigo que escrevi há algum tempo sobre isso:

Como os católicos hoje, os cristãos dos primeiros séculos eram acusados de idolatria por venerarem os Santos. Mas, em vez dos grupos heréticos (que tanto se difundiram após o século XVI), quem propagava esta mentira era o rabinismo judaico, isto é, os judeus que não abraçaram a fé cristã.

Talvez o primeiro texto que dá testemunho da veneração dos santos como ainda nós católicos praticamos hoje, com honra, homenagem, celebração dos heróis e modelos da fé, seja a Carta que a Igreja de Esmirna enviou à Igreja de Filomélio, narrando o Martírio de São Policarpo (Bispo de Esmirna e discípulo do Apóstolo São João). Este documento de meados do segundo século é o texto hagiográfico mais antigo que se tem notícia.

A Carta nos dá testemunho que após o martírio de São Policarpo, os cristãos de Esmirna tentaram conseguir a posse de seu corpo, para dar ao mártir um sepultamento adequado. Mas, foram impedidos pelas autoridades que eram influenciadas pelos judeus rabínicos, que diziam que os cristãos queriam o corpo de São Policarpo para adorá-lo como faziam com Cristo.

Na carta é interessante o comentário que os cristãos de Esmirna fazem por causa da ignorância que os judeus tinham sobre a diferença da adoração que os cristãos prestavam somente a Nosso Senhor Jesus Cristo e a veneração prestada aos Santos. Semelhantes a nós católicos dos últimos séculos, os católicos do passado escreveram: “Ignoravam eles que não poderíamos jamais abandonar Cristo, que sofreu pela salvação de todos aqueles que são salvos no mundo, como inocente em favor dos pecadores, nem prestamos culto a outro. Nós o adoramos porque é o Filho de Deus. Quanto aos mártires, nós os amamos justamente como discípulos e imitadores do Senhor, por causa da incomparável devoção que tinham para com seu rei e mestre. Pudéssemos nós também ser seus companheiros e condiscípulos!” (Martírio de Policarpo 17:2 +- 160 D.C).

E mais adiante esta importantíssima prova da fé primitiva, dá testemunho do costume que a Igreja tinha em guardar uma data, para celebrar a memória dos Santos, como Ela faz até hoje: “Vendo a rixa suscitada pelos judeus, o centurião colocou o corpo no meio e o fez queimar, como era costume. Desse modo, pudemos mais tarde recolher seus ossos [de Policarpo], mais preciosos do que pedras preciosas e mais valiosos do que o ouro, para colocá-lo em lugar conveniente. Quando possível, é aí que o Senhor nos permitirá reunir-nos, na alegria e contentamento, para celebrar o aniversário de seu martírio, em memória daqueles que combateram antes de nós, e para exercitar e preparar aqueles que deverão combater no futuro.” (Martírio de Policarpo 18 +- 160 D.C)

Por tanto, a Veneração dos Santos, não é idolatria e sim uma legítima e piedosa doutrina cristã, que tem berço na Tradição da Igreja nascente (LIMA, Alessandro. Apostolado Veritatis Splendor: APOLOGIA À VENERAÇÃO DOS SANTOS NO CRISTIANISMO PRIMITIVO. Disponível em https://www.veritatis.com.br/article/3937. Desde 07/08/2006).

Como se vê a prática da Igreja antiga, fundamentada na doutrina dos apóstolos seja recebida por suas cartas ou palavras (“Assim, pois, irmãos, ficai firmes e conservai os ensinamentos que de nós aprendestes, seja por palavras, seja por carta nossa” cf. 2Ts 2,15), é bem diversa das doutrinas humanas oriundas da tirania do subjetivismo onde ninguém se entende por mais que queira.

Aliás, até mesmo a prática da guarda da relíquia dos santos se encontra na Sagrada Escritura: “Deus fazia milagres extraordinários por intermédio de Paulo, de modo que lenços e outros panos que tinham tocado o seu corpo eram levados aos enfermos; e afastavam-se deles as doenças e retiravam-se os espíritos malignos.” (At 19,11-12).

Se Deus pode operar milagres através das relíquias dos Santos, por que não pode atender aos pedidos que eles fazem por nós, já que estão na Sua Glória?

A passagem bíblica sobre os querubins colocados no propiciatório da arca da aliança que é advogada por você para justificar a pratica da idolatria não se reveste se sustentação alguma. Porque não existe na Bíblia uma passagem sequer que mostre um Israelita dirigindo suas orações aos querubins. O propiciatório era a figura da redenção em Cristo (Hb 9.5-9).

O texto sobre os querubins foi usado não para defender a veneração dos santos (que você por preconceito insiste em chamar de idolatria), mas para mostrar que a confecção de imagens não é proibida por Deus. No decálogo Deus proibiu a confecção de ídolos e não de toda e qualquer imagem. E porque não vemos nem imagens de anjos ou outros seres celestiais nos tempos protestantes? Exatamente porque “à Luz da Bíblia” esqueceram de ler os versículos em que Deus manda fazer imagens.

A Bíblia condena terminantemente o uso de imagens como forma de cultuar a Deus (Ex 20.4; Dt 5.8, 9). Jesus disse: “Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele servirás” (Mt 4.10). O anjo citado por você disse a João: “Adora somente a Deus” (Ap 9.10; 22.9). Pedro recusou ser adorado por Cornélio (At 10.25, 26).

Primeiramente os versículos Ex 20,4 e Dt 5,8-9 não condenam “o uso de imagens como forma de cultuar a Deus” como você disse. Estes versículos condenam a adoração de falsos deuses, condenam a adoração de ÍDOLOS. Já comentei na mensagem anterior que nem todo ato de ajoelhar-se significa adoração. Nossa troca de mensagens seria mais proveitosa se você tentasse mostrar que os versículos que apresentei não provam a diferença entre LATRIA e DULIA.

Outro erro que você comete é quando você mistura costumes de varias denominações com doutrinas bíblicas. Costumes e liturgias são apenas partes de uma organização, são discussões filosóficas acerca de Deus e não comprometem a salvação da alma de alguém, pois todos estes tem Cristo, e não Pedro como uma pedra para alicerçar uma doutrina bíblica de salvação.

Impressiona-me como você fala com tanta certeza de uma coisa que não conhece. A doutrina católica, meu caro, não se fundamenta em Pedro. Os verdadeiros católicos são “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, tendo por pedra angular o próprio Cristo Jesus” (Ef 2,20). Os verdadeiros católicos “perseveravam eles na doutrina dos apóstolos, na reunião em comum, na fração do pão e nas orações” (At 2,42).

Porém, Jesus colocou Pedro como pastor de todo seu rebanho: “Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como o trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua confiança não desfaleça; e tu, por tua vez, confirma os teus irmãos” (Lc 22,31-32). E é sobre a autoridade de Pedro que Jesus edifica a Sua Igreja: “E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16,18). E por favor, não me venha com o velho e já muitas vezes refutado argumento protestante de que a pedra a que Jesus se referia era a confissão de Pedro. Se for necessário, consulte artigos que comentam o texto em aramaico.

O Papa é sinal da unidade da Igreja Verdadeira e foi nisso que criam os primeiros cristãos, pois sem autoridade não há unidade:

“Inácio… à Igreja que preside na região dos romanos, digna de Deus, digna de honra, digna de ser chamada ‘feliz’, digna de louvor, digna de sucesso, digna de pureza, que preside ao amor, que porta a lei de Cristo, que porta o nome do Pai, eu a saúdo em nome de Jesus Cristo, o Filho do Pai” (S. Inácio de Antioquia, +107, Carta aos Romanos [Prólogo]).

“Já que seria demasiado longo enumerar os sucessores dos Apóstolos em todas as comunidades, nos ocuparemos somente com uma destas: a maior e a mais antiga, conhecida por todos, fundada e constituída pelos dois gloriosíssimos apóstolos Pedro e Paulo. Mostraremos que a tradição apostólica que ela guarda e a fé que ela comunicou aos homens chegaram até nós através da sucessão regular dos bispos, confundindo assim todos aqueles que querem procurar a verdade onde ela não pode ser encontrada. Com esta comunidade, de fato, dada a sua autoridade superior, é necessário que esteja de acordo toda comunidade, isto é, os fiéis do mundo inteiro; nela sempre foi conservada a tradição dos apóstolos” (S. Ireneu de Lião, +202, Contra as Heresias III,3,2).

A cátedra de Roma é a cátedra de Pedro, a Igreja principal, de onde se origina a unidade sacerdotal” (S. Cipriano, +258, Epístola 55,14).

Mais uma vez, se vê como o testemunho dos primeiros cristãos, daqueles que receberam a fé dos próprios apóstolos ou de seus discípulos diretos é bem diferente daquela fé inventada pelo subjetivismo do homem, onde ninguém se entende mesmo que queira.

É absurdo e extremamente absurdo vc dizer que a Bíblia não pode ser a ÚNICA REGRA DE FÉ E PRÁTICA se ela é posterior à Igreja, e até mesmo dependeu desta Igreja para existir! Isto é o mesmo que dizer que é a Igreja que julga a Bíblia e não a Bíblia que julga a Igreja!!! Você deve ter conhecimento que no tempo de Cristo não estava formado o canon da Bíblia Sagrada, porem a Igreja dos tempos dos apostolos reportavam-se ao Canon Sagrado dos judeus, isto é, o Antigo Testamento que eram divididos em três partes: LEI, HAGIOGRAFOS E PREFETAS. Inclusive se você perguntar a qualquer judeu, ele vai te dar tal informação e até te dizer que os apócrifos jamais fizeram parte do Canon Sagrado Judeu. Os apostolos e demais discipulos que escreveram o Novo Testamento foram pessoas que receberam tal revelação diretamente de Cristo ou de pessoas ligadas a ele… A luz de tantos argumentos, como pode alguem pensar com tal desprezo em relação a Palavra de Deus escrita e querer ser Igreja de Deus?!?!?!

Meu caro, se não existia um cânon bíblico no tempo de Cristo como você mesmo reconheceu, como pode a Verdadeira fé está fundamentada no “SOMENTE AS ESCRITURAS”? Se a Escritura é a única regra de fé e prática, como foi que novos livros foram incluídos ao um suposto cânon judaico?

Ora, antes de Cristo NUNCA EXISTIU um cânon judeu. O cânon da Bíblia hebraica foi formado SOMENTE no ano 90 D.C, em Jâmnia na Palestina, e por fariseus que queriam combater o uso da SEPTUAGINTA (tradução grega do AT) e usada com os livros cristãos estavam convertendo vários judeus. Agora me diga que autoridade tinha os judeus em pela ERA CRISTÃ para impor à Igreja um cânon do AT que eles inventaram?

O fato de na SEPTUAGINTA estarem os livros deuterocanônicos que vocês chamam de aprócrifos, e de que as recentes descobertas do MAR MORTO E MASSADA mostram um amplo uso destes livros pelas comunidades judaicas anteriores a Cristo, colocam por terra o seu argumento. Aliás, sobre tudo isso escrevi em meu livro “O Cânon Bíblico – A Origem da Lista dos Livros Sagrados” publicado pela Editora COMDEUS (ver em BETTENCOURT, D Estêvão. Apostolado Veritatis Splendor: O CÂNON BÍBLICO. Disponível em https://www.veritatis.com.br/article/4516. Desde 15/08/2007).

Achei também estranho vc colocar no referido artigo palavras que eu não proferi ao dizer que eu reconheci a licitude de se venerar os anjos! Em nenhum momento eu disse isto. Me referi sim ao ato de Ló prostrar-se aos pés de dois anjos e prostrar-se significa inclinar-se ou cair em terra para a frente. Isto éra um costume oriental e Ló como tal procedeu conforme a cultura de sua época , não sendo aquilo um ato religioso. Não entendi também a sua aversão em relação ao dicionário Aurélio, pois é um dos mais respeitados do meio academico! Será que é pelo fato de ter contradito a sua linha de raciocinio?!

Todo costume tem como fundamento um princípio, uma doutrina, ou uma filosofia. No exército, por exemplo, nenhum subordinado faz continência a um superior porque é costume. Lot reverenciou os Anjos, porque sabia que deveria tal reverência. Se Lot poderia se ajoelhar diante de um anjo por “mero costume”, então não critique os católicos que se ajoelham diante das imagens dos santos, afinal é também “costume” muito antigo no catolicismo…

Quanto ao Aurélio eu já lhe disse anteriormente que não é um dicionário teológico, e na teologia os termos possuem significados mais amplos do que no uso vulgar. As palavras no uso vulgar mudam de sentido, são aglutinadas umas às outras, o que não ocorre no sentido teológico que é perene. Aliás, pergunte a um exegeta sério se quando ele vai procurar o sentido de uma palavra, se procura num dicionário especializado ou no Aurélio.

Quanto à aparição do Profeta Samuel ao Rei Saul, vale lembrar que Saul consultou uma feiticeira a não a Samuel e nem ao Senhor. A Luz do contexto bíblico, havia naquele tempo maneiras de Deus responder a alguém. A Bíblia diz que Deus não respondeu a Saul nem por sonho, nem por Urim e nem por profeta (I Sm 28.6). Se Deus não respondeu por meios que ele mesmo projetou para falar com alguem na época, vc acha que Deus usaria uma feiticeira !!!

E quem disse que Deus usou a feiticeira? A Bíblia Sagrada apenas diz que Samuel apareceu à pitonisa. Nas Sagradas Escrituras, quando um falso profeta, espírito maligno ou enganador se apresenta, normalmente é revelado quem aquele espírito representava (Juizes 9,23; 1 Reis 13,18; 22,22-23; 2 Cr. 18,21-22). Note que no caso relatado em 1 Sm 28, a Bíblia nunca chama aquele que apareceu de um “espírito enganador” ou um “demônio mentiroso”. Com efeito, a Bíblia sempre chama aquele que apareceu de Samuel.

Tenha a santa paciencia meu amigo!!! Observe que as profecias do suposto “Samuel” nem se cumpriram. Ex.: o espirito disse: “amanhã tu e teus filhos estareis comigo” e Saul não morreu no dia seguinte, ele morreu depois de muitos dias após esta sessão espírita. Também não morreram todos os seus filhos, Isbosete, Armoni e Melfibosete sobreviveram (2 Sm 2.8-10; 21.8).

A profecia de Samuel foi: “E mais: o Senhor vai entregar Israel, juntamente contigo, nas mãos dos filisteus. Amanhã, tu e teus filhos estareis comigo, e o Senhor entregará aos filisteus o acampamento de Israel” (1 Sm 28,19). Em primeiro lugar, você mais uma vez mostra pouca atenção ao ler a Escritura, pois não está escrito “tu e TODOS teus filhos”, mas “tu e teus filhos”. Todos os filhos de Saul que estavam lutando com ele naqueles dias morreram. Provavelmente, seria a respeito destes filhos que Samuel estaria se referindo.

Em segundo lugar, a palavra “amanh㔠no grego da SEPTUAGINTA é aurion que pode significar literalmente “no dia seguinte” (Nm 16,16; At 23,20). Pode também significar “logo” (Mt 6,30; 1 Cor 15,32) ou algum tempo ainda indefinido do futuro (Gn 30,33; Dt 6,20). O mesmo ocorre no hebraico, que usa a palavra machar, que pode significar literalmente “amanh㔠(Num, 16,16), ou um tempo ainda indefinido do futuro (Gn 30,33; Dt. 6,20). Logo, não é possível afirmar que o “amanh㔠empregado por Samuel signifique o dia seguinte. Qualquer tempo decorrido depois é totalmente aceitável nas regras de hermenêutica. E com efeito, tudo que Samuel profetizou aconteceu.

Quando você se refere a Moisés no monte da transfiguração vc deixa claro a falta de conhecimento teológico do catolicismo! A Bíblia diz na presente passagem que Moisés que morrera antes deste fato, reaparece como o mesmo Moisés diante de Jesus estando este manifestando sua glória divina naquele momento e o mesmo Moisés não aparece diante de uma feiticeira em algo que mais parece uma sessão espirita como no caso de Saul. Observe ainda que o suposto “Samuel” disse que Saul estaria com ele quando morresse. Temos que convir que um desviado que se suicida não vai para o mesmo lugar em que se encontra um proféta de Deus!!! Saul suicidou-se (2 Sm 28.19; 31.4).

O seu ímpeto em desmerecer o catolicismo é tão notório que a minha humilde e singela explanação facilmente se torna “conhecimento teológico do catolicismo” para que você possa arrumar um jeitinho de atacar GRATUITAMENTE a Igreja Católica. Meu caro, o que tem a ver “os alhos com os bugalhos”? Eu escrevi na mensagem anterior que a proposta de Pedro de fazer além de uma tenda para Cristo, outras duas: uma para Moisés e outra Elias, era um claro sinal de sua veneração por estes dois profetas, oi a tenda era símbolo de adoração ou veneração: “Aceitastes a tenda de Moloc e a estrela do vosso deus Renfão, figuras que vós fizestes para adorá-las! Assim eu vos deportarei para além da Babilônia” (At 7,43) ou “Por isso, estão diante do trono de Deus e o servem, dia e noite, no seu templo. Aquele que está sentado no trono os abrigará em sua tenda. Já não terão fome, nem sede, nem o sol ou calor algum os abrasará” (At 7,15). Se não há diferença entre adoração e veneração estava Pedro propondo adorar Moisés e Elias junto com Jesus? Por que ele não foi repreendido nem por Jesus e nem pelo Pai? Ora, nenhuma preensão correu e logo em seguida narra o evangelista “Falava ele [Pedro] ainda, quando veio uma nuvem luminosa e os envolveu. E daquela nuvem fez-se ouvir uma voz que dizia: Eis o meu Filho muito amado, em quem pus toda minha afeição; ouvi-o” (cf. Mt 17,4).

Para finalizar … em momento algum coloquei o sacrificio de Cristo como vergonha para alguem!!! me espanta sua maneira de contradizer o que eu disse ! O sacrificio de Cristo é algo aceitavel como condição de salvação e remissão dos pecados dos homens, me referi sim a imagem de um Cristo desfigurado e com semblante de derrota que é adorado pelos católicos e vc ainda vem me dizer que as imagens católicas de Cristo crucificado não o mostram desfigurado!!! Então o que é aquilo?

Caro Edson, a Igreja Católica não tem vergonha alguma de mostrar a expressão do Senhor na cruz, expressão não de derrota como você diz, mas que denota o imenso sofrimento de Cristo por amor a cada um de nós. E como lhe disse anteriormente, foi através desta expressão que muitos se converteram ao longo dos séculos, a contar com São Longinho, que foi o soldado que furou o lado de Jesus. A Paixão de Cristo deve ser meditada sempre para que nunca nos esqueçamos da plenitude de Seu amor.

Espero que com o tempo, você faça como outros protestantes e possa transpor as caricaturas e barreiras que o anticatolicismo cria, impedindo de ver e entender aquilo que é óbvio e está presente na própria Escritura que dizem crer.

Deus o abençoe!

Edson

Que a Mãe do Senhor interceda junto ao Seu Santo filho pela sua alma.

Que Nosso Senhor Jesus Cristo lhe dê a graça de encontrar a Verdade.

Em Cristo,

Alessandro Lima.

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