Protestante pergunta sobre o sacramento da confissão

Protestante pergunta: Confissão dos pecados aos padres, 1215 D.C. Onde diz nas escrituras que homens pecadores podem perdoar pecados de outros pecadores?

Jesus disse que não iria abolir a Lei, mas levá-la à perfeição (cf. Mt 5,17). Logo os sacramentos que existiam na antiga Lei não deveriam ser abolidos, mas deveriam chegar à perfeição com o advento de Cristo. As prescrições da Lei Mosaica sobre o perdão dos pecados, encontraram sua perfeição no sacramento da Confissão, ou reconciliação como era chamado por S. Paulo (cf 2 Cor 5,18).

Quem perdoa os nossos pecados é Deus. Mesmo nas várias prescrições de sacrifícios para perdão dos pecados que havia na antiga Lei, não era o sacerdote que os perdoava. Ele oferecia os sacrifícios a Deus, pois somente Deus é quem conferia o perdão deles. Desta forma, os judeus não pensavam que quem perdoava seus pecados era o sacerdote, pois sabiam muito bem que era Deus.

Tanto é, que na controvérsia com Cristo sobre este tema, os fariseus declararam sem titubear: “Quem pode perdoar pecados senão unicamente Deus?” (cf. Lc 5,21). Disseram isto, embora os sacrifícios para reparação do pecado fossem oferecidos pelo sacerdote levita.

Nesta mesma controvérsia, Jesus prova aos fariseus que possui toda autoridade para perdoar os pecados dos homens:

Jesus, porém, penetrando nos seus pensamentos, replicou-lhes: Que pensais nos vossos corações? Que é mais fácil dizer: Perdoados te são os pecados; ou dizer: Levanta-te e anda? Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder de perdoar pecados (disse ele ao paralítico), eu te ordeno: levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa. No mesmo instante, levantou-se ele à vista deles, tomou o leito e partiu para casa, glorificando a Deus” (Lc 5,22-25).

O mesmo Cristo que provou ter autoridade para na terra perdoar os pecados dos homens, conferiu esta mesma autoridade aos seus apóstolos:

[Após aparecer ressuscitado, Jesus] Disse-lhes outra vez: A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós. Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos” (Jo 20,21-23).

S. Tiago Menor em sua epístola universal escreveu:

14. Está alguém enfermo? Chame os sacerdotes da Igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. 15. A oração da fé salvará o enfermo e o Senhor o restabelecerá. Se ele cometeu pecados, ser-lhe-ão perdoados. 16. Confessai os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros para serdes curados. A oração do justo tem grande eficácia” (Tg 5,14-16).

O apóstolo refere-se primeiro aos “sacerdotes da Igreja”, isto é, aqueles que receberam o sacramento da ordem, e por isso participam do sacerdócio ministerial de Cristo (os protestantes dizem que só existe no NT o sacerdócio régio de todos os fiéis, então porquê S. Tiago se refere aos sacerdotes da Igreja?). Depois nos ensina o S. Tiago “confessai os vossos pecados uns aos outros”, isto é, devemos confessar nossos pecados aos sacerdotes, que o fazem in persona Christi (na pessoa de Cristo).

Colocando o ano de 1215 na pergunta o autor sugere que somente no séc. XIII a Igreja tenha instituído a confissão.

A prática da Igreja e a fé no sacramento da confissão é tão antiga, que no século III um grupo comandado por um presbítero romano, chamado Novato, ensina que o pecado só pode ser perdoado uma única vez e somente no batismo. Este grupo é chamado de novacianos ou rigoristas. Tiveram muita influência até o século IV.

S. Ambrósio (pai espiritual de S. Agostinho) lhes opõem firmemente e em aproximadamente 370 d.C escreve seu tratado Sobre a Penitência, contra os ensinamentos de Novato. Vejamos alguns trechos:

Dizem eles [os hereges novacianos], porém, que prestam reverência ao Senhor, o único a quem reservam o poder de remir os crimes. Pelo contrário, ninguém lhe faz maior injúria do que aqueles que querem anular seus mandamentos, rejeitar o encargo que lhes foi confiado. Pois se o próprio Senhor Jesus diz em seu Evangelho: ‘Recebei o Espírito Santo, e a quem perdoardes os pecados, ser-lhe-ão perdoados, e a quem os retiverdes, ser-lhe-ão retidos'(Jô 20,22-23). Quem é que o honra mais: aquele que obedece a seus mandamentos ou aquele que resiste a eles?“(Santo Ambrósio de Milão, Sobre a Penitência 2,6. 370 DC).

Que sociedade podem então ter contigo [Jesus] estes que não aceitam as chaves do Reino (cf. Mt 16,19), ao negarem que devem perdoar os pecados?” (Santo Ambrósio de Milão, Sobre a Penitência 7,32. 370 DC).

É certamente isto que eles [os novacianos] confessam a seu próprio respeito e com razão; de fato, não podem ter a herança de Pedro aqueles que não tem a cátedra de Pedro, a qual despedaçam com uma ímpia divisão. Contudo, é sem razão que negam também que na Igreja os pecados possam ser perdoados“(Santo Ambrósio de Milão, Sobre a Penitência 7,33. 370 DC).

As controvérsias entre os novacianos e católicos, mostram a realidade da prática e da fé no Sacramento da Confissão já nos primeiros séculos. Se fosse novidade do séc. XIII, Novato não se oporia a ela e nem S. Ambrósio precisaria defendê-la.

Lutero com a sua “reforma” não aboliu o Sacramento da Confissão. A abolição total deste Sacramento veio por “reformas” de outros pseudo-homens de Deus. Entre os protestantes, somente os luteranos e anglicanos (protestantes históricos) conservam a observância do Sacramento da Confissão.

E você ficará com a perene doutrina católica ou com a sempre  mutável doutrina protestante?

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