Qual deve ser a atitude do católico diante da Bíblia?

– “Qual a atitude do católico diante da Bíblia? Enquanto, por um lado, se percebe um movimento incentivando a leitura da Sagrada Escritura, por outro lado, há quem aconselhe reserva nesta leitura. Diante de tais dúvidas, o que deve fazer o católico?” (E. Vieira – Rio de Janeiro-RJ).

A atitude do católico perante a Bíblia há de ser francamente favorável.

Com efeito, o que é a Bíblia senão a Palavra de Deus que tomou a forma de palavra humana para servir à nossa santificação, para preparar e estender a Encarnação do Verbo? A Bíblia é um sacramental, e um dos mais ricos sacramentais. Por conseguinte, só se pode conceber que o católico muito a estime e procure assiduamente desfrutar o seu conteúdo. É, de resto, o que têm inculcado insistentemente os Sumos Pontífices recentes (inclusive Sua Santidade Pio XII na encíclica Divino Spiritu, de 1943); a leitura dos Santos Evangelhos tem sido até mesmo enriquecida de indulgências.

Há certamente passagens obscuras e de interpretação difícil, principalmente no Antigo Testamento. Disto, porém, não se segue que se deva fechar a Bíblia aos fiéis. A solução está, antes, em promover a instrução ou formação bíblica dos cristãos, comunicar-lhes a mentalidade bíblica, mostrar a mensagem religiosa essencial da Palavra de Deus, ensinar-lhes algumas normas de interpretação, a fim de que possam voltar sua atenção para o que o Livro Sagrado quer realmente dizer, e desviá-la de pormenores aos quais os hagiógrafos, eles mesmos, não entendiam dar senão importância secundária; em suma, a fim de que aprendam a ver as passagens obscuras como Deus mesmo as vê.

Em conclusão, só se pode recomendar a leitura da Bíblia, feita com espírito de fé e caridade; tome-se uma tradução fiel aos originais e, se possível, percorra o leitor previamente uma breve introdução aos Sagrados Livros. O que ele não conseguir por seu preparo humano, ele o poderá obter como resposta do Espírito Santo (o Mestre interior) às suas disposições sobrenaturais.

 

  • Fonte: Revista Pergunte e Responderemos nº 1:1957 – mar-abr/1957.

 

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