Reflexão Patrística – “Vós os conhecereis pelos seus frutos” (São João de Damasco, +749)

“Estava determinado que a Virgem Mãe de Deus iria nascer de Ana. Por isso, a natureza não ousou antecipar o germe da graça, mas permaneceu sem dar o próprio fruto até que a graça produzisse o seu. De fato, convinha que fosse primogênita aquela de quem nasceria o primogênito de toda a Criação, no qual todas as coisas têm a sua consistência [cf. Colossenses 1,17].

Ó casal feliz, Joaquim e Ana! A vós toda a Criação se sente devedora, pois foi por vosso intermédio que a criatura ofereceu ao Criador o mais valioso de todos os dons, isto é, a Mãe pura, a única que era digna do Criador!

Alegra-te, Ana estéril, que nunca foste mãe; ‘exulta e regozija-te, tu que nunca deste à luz’ [Isaías 54,1]. Rejubila-te, Joaquim, porque de tua filha ‘nasceu para nós um Menino, foi-nos dado um filho; o nome que lhe foi dado é: ‘Anjo do grande conselho’, ‘salvação do mundo inteiro’, ‘Deus forte” [Isaías 9,5]! Este menino é Deus!

Ó casal feliz, Joaquim e Ana, sem qualquer mancha! Sereis conhecidos pelo fruto de vossas entranhas, como disse o Senhor certa vez: ‘Vós os conhecereis pelos seus frutos’ [Mateus 7,16]. Estabelecestes o vosso modo de viver da maneira mais agradável a Deus e digno daquela que de vós nasceu. Na vossa casta e santa convivência educastes a pérola da virgindade, aquela que havia de ser Virgem antes do parto, Virgem no parto e continuaria Virgem depois do parto; aquela que, de maneira única, conservaria sempre a virgindade, tanto em seu corpo quanto em seu coração.

Ó castíssimo casal, Joaquim e Ana! Conservando a castidade prescrita pela lei natural, alcançastes de Deus aquilo que supera a natureza: gerastes para o mundo a Mãe de Deus, que foi mãe sem a participação de homem algum. Levando, ao longo de vossa existência, uma vida santa e piedosa, gerastes uma filha que é superior aos Anjos e agora é Rainha dos Anjos.

Ó formosíssima e dulcíssima jovem! Ó filha de Adão e Mãe de Deus! Felizes o pai e a mãe que te geraram! Felizes os braços que te carregaram e os lábios que te beijaram castamente – ou seja, unicamente os lábios de teus pais – para que sempre e em tudo conservasses a perfeita virgindade!

‘Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira; alegrai-vos, exultai e cantai salmos’ [Salmo 97,4-5]. Levantai vossa voz; clamai e não tenhais medo!” (Sermão 6: Na Natividade da Bem-Aventurada Virgem Maria 2.4.5.6; PG 96,663.667.670).

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