Refutação do livro “Por Amor aos Católicos Romanos” (Parte 2/2)

O texto original está aqui http://www.chick.com/reading/books/0221/0221_01.asp e o citarei em preto. Minhas refutações, como sempre, estão em azul.

O Catolicismo Romano ensina que a salvação só é conseguida através da Igreja Católica.

Bem, para um aparente desinformado como Rick Jones (o autor deste livreco anticatólico) parece que está bem longe de definir e entender o que é a Igreja. Primeiramente, vamos definir o que é:

A palavra “Igreja” (“ekklésia”, do grego “ekkaléin” “chamar fora”) significa “convocação”. Designa assembléias do povo, geralmente de caráter religioso. É o termo freqüentemente usado no Antigo Testamento grego para a assembléia do povo eleito diante de Deus, sobretudo para a assembléia do Sinai, onde Israel recebeu a Lei e foi constituído por Deus como seu Povo santo. Ao denominar-se “Igreja”, a primeira comunidade dos que criam em Cristo se reconhece herdeira dessa assembléia. Nela, Deus “convoca” seu Povo de todos os confins da terra. O termo “Kyriakà”, do qual deriva “Church”, “Kirche”, significa “a que pertence ao Senhor”.

Na linguagem cristã, a palavra “Igreja” designa a assembléia litúrgica, mas também a comunidade local ou toda a comunidade universal dos crentes. Esses três significados são inseparáveis.

“A Igreja” é o Povo que Deus reúne no mundo inteiro. Existe nas comunidades locais e se realiza como assembléia litúrgica, sobretudo eucarística. Ela vive da Palavra e do Corpo de Cristo e se torna, assim, Corpo de Cristo.

“Sendo Cristo a Luz dos Povos, este sacrossanto Sínodo, congregado no Espírito Santo, deseja ardentemente anunciar o Evangelho a toda criatura e iluminar todos os homens com a claridade de Cristo que resplandece na face da Igreja”. É com essas palavras que começa a “Constituição dogmática sobre a Igreja” do Concílio Vaticano II. Com isso, o Concílio mostra que o artigo de fé sobre a Igreja depende inteiramente dos artigos concernentes a Cristo Jesus. A Igreja não tem outra luz senão a de Cristo; segundo uma imagem cara aos Padres da Igreja, ela é comparável à lua, cuja luz toda é reflexo do sol” [1]

Cristo é o único e universal salvador. A Igreja Católica Apostólica Romana, Corpo Místico de Cristo, é também o único e universal meio de salvação.

Daí uma verdade de Fé é definida, com obrigação de ser aceita por todos o membros da Igreja, clero e fiéis:

“Antes de mais, deve crer-se firmemente que a “Igreja, peregrina na terra, é necessária para a salvação. Só Cristo é mediador e caminho de salvação; ora, Ele torna-Se-nos presente no seu Corpo que é a Igreja; e, ao inculcar por palavras explícitas a necessidade da fé e do Batismo (Cfr. Mc. 16.16; Jo. 3.5), corroborou ao mesmo tempo a necessidade da Igreja, na qual os homens entram pelo Batismo tal como por uma porta” (Dominus Iesus, n. 20).

Corrigindo Rick Jones, então, a salvação é por Cristo sim, mas como a Igreja é o corpo de Cristo (ICo.12.27). Basicamente, Cristo é a cabeça e a Igreja é o corpo. O corpo não vive sem a cabeça. Quando honramos e respeitamos a Igreja, estamos honrando o Corpo místico do Senhor, que Ele fundou (Mt.16.18ss). Cristo salva, mas a Igreja é Seu Corpo. Portanto, a Igreja, que é a nossa coluna e fundação da verdade (ITm.3.15) é a agente de salvação.

“O Concílio Vaticano II em seu Decreto sobre o Ecumenismo explicita: ‘Pois somente através da Igreja Católica de Cristo, auxílio geral de salvação, pode ser atingida toda a plenitude dos meios de salvação’.” P. 234, #816

Como disse Alessandro Lima:
O Ecumenismo pregado pela Igreja não é o Ecumenismo da LBV. Se a Igreja quisesse “enredar todos os credos na teia católica”, tinha abandonado a veneração pela Virgem Maria, tinha aceitado que Jesus não está presente em corpo e sangue na Eucaristia (Santa Ceia para os protestantes), tinha aceito a ordenação de mulheres, tinha aceito os métodos contra-ceptíveis como lícitos e tantas outras barbaridades que os protestantes confessaram com o tempo.

O Verdadeiro Ecumenismo é estar do mesmo lado. E estar do mesmo lado do ponto de vista cristão é ser fiel à Doutrina que Jesus deixou, seja ela oral (Tradição Apostólica e Magistério) ou escrita (Sagradas
Escrituras). Jesus é Verdade. E Verdade só existe uma. É uma barbaridade o protestantismo se dizer o fiel propagador da doutrina cristã e abrigar doutrinas diversas, dimetralmente diferentes entre si. Como pode “várias verdades” serem o reflexo perfeito de uma verdade única que é Deus?

Mostrarei trechos abaixo que dão testemunho do que estou falando:

“fora da Igreja não há salvação”. (IV Concílio Ecumênico de Latrão). “De coração cremos e com a boca confessamos uma só Igreja, não de hereges, mas a Santa Romana, Católica e Apostólica, fora da qual cremos que ninguém se salva” (Cfr. Denzinger, 423).

A Encíclica Mortalium Animos (http://www.vatican.va/holy_father/pius_xi/encyclicals/documents/hf_p-xi_enc_19280106_mortalium-animos_po.html) de Pio XI, condena totalmente o falso ecumenismo. Segue abaixo alguns trechos:

“Sem dúvida, estes esforços não podem, de nenhum modo, ser aprovados pelos católicos, pois eles se fundamentam na falsa opinião dos que julgam que quaisquer religiões são mais ou menos boas e louváveis, pois embora não de uma única maneira, elas alargam e significam de modo igual aquele sentido ingênito e nativo em nós, pelo qual somos levados para Deus e reconhecemos obsequiosamente o seu império” (Pio XI, Mortalium Animos, 3).

“Entretanto, quando se trata de promover a unidade entre todos os cristãos, alguns são enganados mais facilmente por uma disfarçada aparência do que seja reto.

Acaso não é justo e de acordo com o dever – costuma-se repetir amiúde que todos os que invocam o nome de Cristo se abstenham de recriminações mútuas e sejam finalmente unidos por mútua caridade? Acaso alguém ousaria afirmar que ama a Cristo se, na medida de suas forças, não procura realizar as coisas que Ele desejou, Ele que rogou ao Pai para que seus discípulos fossem ‘UM’ (Jo. XVII, 21)? Acaso não quis o mesmo Cristo que seus discípulos fossem identificados por este como que sinal e fossem por ele distinguidos dos demais, a saber, se mutuamente se amassem. ‘Todos conhecerão que sois meus discípulos nisto: se tiverdes amor um pelo outro?’ (Jo. XIII, 35)

Oxalá todos os cristãos fossem ‘UM’, acrescentam: eles poderiam repelir muito melhor a peste da impiedade que, cada dia mais, se alastra e se expande, e se ordena ao enfraquecimento do Evangelho” (Pio XI, Mortalium Animos, 5).

“Os chamados ‘pan cristãos’, espalham e insuflam estas e ouras coisas da mesma espécie. E eles estão tão longe de serem poucos e raros, ao contrário, cresceram em fileiras compactas e uniram-se em sociedades largamente difundidas, as quais, embora sobre coisas de fé cada um esteja imbuído de uma doutrina diferente, são, as mais das vezes,
dirigidos por acatólicos. Esta iniciativa é promovida de modo tão ativo que, de muitos modos,consegue para si a adesão dos cidadãos e arrebata e alicia os espíritos, mesmo de muitos católicos, pela esperança de realizar uma união que parecia de acordo com os desejos da Santa Mãe, a Igreja, para Quem, realmente, nada é tão antigo quanto o reconvocar e o reconduzir os filhos desviados para o seu grêmio. Na verdade, sob os atrativos e os afagos destas palavras oculta-se um gravíssimo erro pelo qual são totalmente destruídos os fundamentos da
fé” (Pio XI Mortalium Animos, 5).

E, mais adiante, o Papa Pio XI lembra que a única religião verdadeira é a católica, e que a Igreja de Deus tem que ser visível, enquanto que os ecumênicos “julgam que a Igreja perceptível é uma federação de várias comunidades cristãs, embora aderentes cada uma delas, a doutrinas opostas entre si” (Pio XI, Mortalium Animos, 8).

Pio XI conclui dizendo – veja que maravilha – :
“Assim sendo, é manifestamente claro que a Santa Sé não pode, de modo
algum, participar de suas assembléias [ecumênicas] e que, aos católicos, de nenhum modo é lícito aprovar ou contribuir para estas iniciativas: se o fizerem concederão autoridade a uma falsa religião cristã, sobremaneira alheia à única Igreja de Cristo” (Pio XI, Mortalium Animos, 10).

Aqui, a fonte oficial da doutrina Católica declara atrevidamente que a salvação não pode ser obtida, exceto através da Igreja Católica. Você pode estar pensando, “a Igreja Católica não acredita mais nisso!”

O Catecismo da Igreja católica, seguindo a teologia cristã histórica desde o tempo dos Pais da Igreja primitiva, refere-se à Igreja católica como “o sacramento universal de salvação” [2], e de: “A Igreja neste mundo é o sacramento da salvação, o sinal e o instrumento da comunhão de Deus e homens” [3]

Muitas pessoas não entendem a natureza deste ensino. Os indiferentistas dizem que dá no mesmo a que igreja pertence à pessoa e que a salvação pode ser atingida por qualquer uma delas. Certos tradicionalistas radicais dizem que a menos que alguém seja um membro crescido, batizado da Igreja católica, ela será condenada.

Perceba que os mesmos Pais que declaram a necessidade normativa de ser católico declaram a possibilidade de salvação para alguns que não são católicos. Estes podem ser salvos pelo que depois veio a ser conhecidos como “batismo de sangue” ou “batismo de desejo”.

Porém, para aqueles que conscientemente e deliberadamente – ou seja, não tendo como alegar ignorância – cometem os pecados de heresia (rejeitando a doutrina divinamente revelada) ou cisma (separando-se da Igreja católica e/ou se juntando a uma igreja cismática), nenhuma salvação seria possível até que eles se arrependam e voltem para viver na unidade católica.

Declaro como o Concílio Vaticano II:

Esta é a única Igreja de Cristo, que no Credo confessamos ser una, santa, católica e apostólica (12); depois da ressurreição, o nosso Salvador entregou-a a Pedro para que a apascentasse (Jo. 21,17), confiando também a ele e aos demais Apóstolos a sua difusão e governo (cfr. Mt. 28,18 ss.), e erigindo-a para sempre em «coluna e fundamento da verdade» (I Tim. 3,5). Esta Igreja, constituída e organizada neste mundo como sociedade, é na Igreja católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em união com ele (13), que se encontra, embora, fora da sua comunidade, se encontrem muitos elementos de santificação e de verdade, os quais, por serem dons pertencentes à Igreja de Cristo, impelem para a unidade católica.[4]

“Nela subsiste a plenitude do corpo de Cristo unido à sua cabeça; isso implica em que ela recebe dele a plenitude dos meios de salvação.” P. 239, #830 Ao checar a Palavra de Deus sobre este assunto, dois fatos críticos saltam-nos à vista:

  1. A Bíblia jamais indica que alguém deve entrar numa Igreja para obter salvação.

A cavilação de Jones aparece aqui no seu mais alto grau. Ele cita alguns parágrafos do Catecismo, aos quais estou de pleno acordo, visto ratificar o que eu disse no começo, que a Igreja é o Corpo de Cristo.

Como disse o Pe. John Hardon:

O Novo Testamento deixa claro que Cristo fundou a Igreja para ser uma sociedade para a salvação de todos os homens. Os Pais antigos tinham a convicção unânime que a salvação não pode ser alcançada fora da Igreja. S. Irineu ensinou que “onde está a Igreja, há o Espírito de Deus e onde está o Espírito de Deus, está a Igreja e toda a graça”. Orígenes simplesmente declarou: “Fora da Igreja ninguém será salvo”. E o símile favorito na literatura patrística para a necessidade absoluta da Igreja a ser salva é a Arca de Noé, fora de qual não havia nenhuma esperança de libertação do dilúvio do pecado.[5] (grifo nosso)

O erro de Jones é separar (no melhor estilo protestante) o corpo da cabeça. Não se separa. Ele passa por alto, em seu desconchavo, vários pontos doutrinários importantes sobre a Igreja na Bíblia. Por exemplo, e talvez o mais importante, é a Eucaristia, que é o que distingue claramente a Igreja católica das demais seitas protestantes (que tem visões diferentes sobre esta importante doutrina).

A Igreja é o Corpus Mysticum, ou Corpo Místico de Cristo. Este nome é assente também na fé de que os fiéis são unidos intimamente a Cristo, por meio do Espírito Santo, sobretudo na Eucaristia[6].

  1. Literalmente centenas de Escrituras proclamam que a salvação é um dom gratuito de Deus, à disposição de qualquer um, mas somente através de Jesus Cristo.

“Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor.” Romanos 6:23

O quê? Vamos cair no logro do sola fide? Não aqui. É melhor discutirmos outra hora. Sim, a salvação é um dom gratuito de Deus. A Igreja não ensina que as obras salvam mas que, juntas com a fé, resultam na salvação.

Como disse um autor católico:

Segundo as Escrituras, a salvação é uma obra exclusiva de Deus (Ap 7.10; Ap 19.1; cf. Is 43.11; 45.22; Jn 2.9) através de seu Filho (At 4.12) que veio “salvar o que se havia perdido”(Mt 18.11 e Lc 19.10; ver 1 Jo 4.14), dando sua vida em resgate de muitos (Mt 20.28; Mc 10.45; 1 Pd 1.18,19), morrendo pelos nossos pecados (Is 53.5-11; Mt 1.21; 1 Co 15.3; Gl 1.4; Tt 2.14; Hb 9.26-28; Hb 10.10-14; 1 Pd 2.24), vivendo para sempre a interceder (Rm 8.34; Hb 7.25) por aqueles que “com uma única oferta aperfeiçoou para sempre”(Hb 10.14)

A afirmação de que a salvação é obra exclusiva de Deus merece, quando menos, severas críticas. A salvação é obra de Deus e da Igreja. E o é da Igreja por dois motivos. Em primeiro lugar, é a Igreja quem leva o conhecimento de Jesus Cristo aos homens de todas as Nações. É ela quem trabalha para a salvação dos homens, seja com o anúncio do Evangelho (e, neste ponto, nem os protestantes o podem negar), seja por meio da dispensação dos sacramentos.

Em segundo lugar, a salvação é obra da Igreja porque ela completa, em sua própria carne (isto é, em seus membros) aquilo que faltou ao sacrifício de Cristo na Cruz. A Igreja, portanto, participa do sacrifício vicário de Jesus, sendo, em certa medida, co-autora da salvação.[7]

Como é óbvio para qualquer católico praticante que conheça um pouco do que a Igreja ensina, vai responder a Rick Jones: “ei! Isto que você fala não está certo!”, eu logo admito:

“O católico (pelo menos aqueles comprometidos com sua Igreja), creem, sustem e afirma que Jesus Cristo é o UNICO caminho de volta ao Pai (CIC 480), o ÚNICO doador da Salvação (CIC 987). Não há dúvida sobre isto e aceitamos isto de bom grado”.  

E continuamos:

“MAS… o que muitas vezes o católico omite, especialmente em conversas com um cristão evangélico, é reconhecer que eles não depositam sua fé em Jesus Cristo de maneira direta, mas que tem aprendido a fazê-lo através da Instituição da Igreja Católica Romana, a qual diz ser “administradora” da Redenção e do tesouro das satisfações de Cristo (CIC 1471).”

Nenhum outro nome (ou grupo) pode oferecer salvação, exceto Jesus:

“E não há salvação em nenhum outro; (exceto Jesus) porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos.” Atos 4:12

Como vimos, o protestantismo comete uma falha tremenda ao separar a Cabeça (Cristo) do Corpo (Igreja), visto que o protestantismo NÃO tem autoridade. Evidente que quem salva é Jesus, mas Sua Igreja é Seu Corpo e por isso não se pode separar dele. A Igreja não é uma instituição separada de Cristo, um clube, uma sociedade marginal a Cristo: é a VOZ do próprio Cristo. Infelizmente, disto não se pode dizer de NENHUMA denominação protestante, visto não terem autoridade.

O Próprio Jesus Cristo é a cabeça da Igreja que Ele fundou, a “Cabeça de Seu Corpo”: Ef 1,22. Não pode haver maior autoridade do que esta. Jesus Cristo se certificou de que Sua Igreja era digna da autoridade que Ele lhe deu. Ele se certificou de que sua Igreja não tinha mancha: “Para apresentá-la a Si mesmo toda gloriosa, sem mácula, sem ruga, sem qualquer outro defeito semelhante, mas santa e irrepreensível.” Ef 5,27. Ele se certificou de que Sua Igreja era digna de ser chamada “Casa de DEUS”, e a “Coluna da Verdade”: “… como deves comportar-te na Casa de DEUS, que é a Igreja de DEUS vivo, coluna e sustentáculo da verdade”: 1Tm 3,15. De que “igreja” protestante isso pode ser dito?

Então, Jones, com sua cavilação, procura induzir o leitor a pensar que Jesus é um e a Igreja é outra coisa. Que isto é um engodo, é fácil de se ver, pois a Igreja é a voz de Cristo, pelos sucessores dos apóstolos. Quem não crê na Igreja, não crê em Cristo.

Quando Jesus morreu na cruz ele pagou o preço total e completo pelos pecados de toda a humanidade e tornou possível a qualquer um ir diretamente a Ele para a salvação. O próprio Jesus anunciou que:

“Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus.” João 3:36

Como Jones pode desligar a Igreja de Cristo? Como ele pode asseverar que a Igreja é uma coisa e a Palavra de Cristo outra? Lógico que quem salva é Cristo mas Ele fundou a Igreja como agência de salvação (Mateus 18). Lemos no v. 17:

“E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano”.

Mateus 16.18 é problemático para os protestantes, pois mostra a fundação da Igreja. Ela, por ser Corpo de Cristo, é o meio pelo qual as pessoas se salvam. S. Cipriano disse (Lib. Em Lib. de Unit. Eccl.) “quem não tem a Igreja por mãe, não pode ter a Deus por pai” e os Pais geralmente dizem “que todos os que não estavam na arca de Noé, pereceram nas águas do dilúvio; assim perecerão todos os que estão fora da verdadeira Igreja”.

O Decreto “Unitatis Redintegratio” tem um interessante ponto sobre isto:

“Porque só pela Igreja católica de Cristo, que é o meio geral de salvação, pode ser atingida toda a plenitude dos meios da salvação. Cremos também que o Senhor confiou todos os bens da nova Aliança ao único colégio apostólico, a cuja testa está Pedro, com o fim de constituir na terra um só corpo de Cristo. É necessário que a ele se incorporem plenamente todos os que de alguma forma pertencem ao Povo de Deus”. (UR, 3)

Como disse o prof. Felipe de Aquino quem pergunta “por que a Igreja?” incorre no mesmo erro de pergunta “por que Cristo?” Cristo veio do Pai e deixou a Igreja. A Igreja é o corpo de Cristo (os protestantes devem imaginar que Cristo é uma cabeça sem corpo. Ora, já se viu uma cabeça sem corpo andar por aí?). Somente a Igreja que Cristo fundou em Mt.16.18ss tem as prerrogativas de salvação.

Jesus jamais exige a mediação de uma Igreja para prover salvação. Este dom gratuito está à disposição de qualquer um que nele crer.

“Dele todos os profetas dão testemunho de que, por meio do seu nome, todo o que nele crê recebe remissão de pecados.” Atos 10:43

Católicos reconhecem completamente que Jesus Cristo morreu na Cruz por seus pecados e assim “lhes abriu os portões do Céu” e que a salvação é um dom gratuito que nenhuma quantidade de boas ações que fizermos poderá ganhar. Os católicos recebem a graça salvadora e santificante, além do próprio Cristo, em suas almas, quando são batizados. Eles também sabem que Cristo estabeleceu certas condições para a entrada na felicidade eterna no Céu – por exemplo, receber Sua Verdadeira Carne e Sangue (João 6.54) e guardar os mandamentos (Mt. 19.17).

O problema é que NENHUMA denominação protestante tem esse meio. O protestantismo não crê na Santa Eucaristia, do modo correto. Qualquer estudo de como o protestantismo vê a Eucaristia, mostrará como são contraditórios e não tem unidade neste importante ponto. De qualquer maneira, não tem autoridade. A Eucaristia é marca da verdadeira Igreja.

Deveras, Cristo é que salva, mas a Igreja é sua agência de Salvação. A especiosa alegação de Jones (“Jesus jamais exige a mediação de uma Igreja para prover salvação”) é de uma mentira abissal.

Quando Jesus instituiu Sua Igreja dele, Ele instituiu o Corpo espiritual de Cristo e sua contraparte física, a Igreja católica. Isto não implica que Jesus instituiu duas Igrejas. Na verdade, Ele instituiu uma Igreja, a Igreja católica física, que é uma reflexão do Corpo espiritual de Cristo. Para afirmar esta verdade, disse Jesus: “Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido desligado nos céus”. [Mt.. 16.17-9]

Em outras palavras, Jesus disse: “E eu lhe digo que em sua pessoa eu construirei Meu Corpo espiritual (de Cristo), e os portões de Inferno não prevalecerão contra ele. Eu lhe darei as chaves de Meu Corpo espiritual (também conhecido como o Reino dos Céus), e tudo o que você ligar na Igreja católica física será ligado no Corpo espiritual (de Cristo), e tudo o que você desligar na Igreja católica física será desligado no Corpo espiritual (de Cristo.)”.

Quando Jesus instituiu Sua Igreja, como previamente indicado, Ele simultaneamente (ao mesmo tempo) instituiu suas contrapartes físicas e espirituais, que são inseparáveis. Para serem recebidos e se tornarem membros do Corpo Espiritual de Cristo, os fiéis devem entrar pela porta da Igreja católica física.

De acordo com a Bíblia, a redenção está em Cristo, não numa Igreja:

“Sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus.” Romanos 3:24

E onde a sapiência de Jones encontrou que é a Igreja que salva (i.e., por si mesma, sem o auxílio de Cristo)? Somente uma idéia cediça para separar Cristo da Igreja.

O Catecismo da Igreja Católica diz: “Apoiado na Sagrada Escritura e na Tradição, (o Concílio) ensina que esta Igreja peregrina é necessária para a salvação. O único mediador e caminho da salvação é Cristo, que se nos torna presente em seu Corpo, que é a Igreja. Ele, porém, inculcando com palavras expressas a necessidade da fé e do batismo, ao mesmo tempo confirmou a necessidade da Igreja, na qual os homens entram pelo Batismo, como que por uma porta. Por isso não podem salvar-se aqueles que, sabendo que a Igreja católica foi fundada por Deus por meio de Jesus Cristo como instituição necessária, apesar disso não quiserem nela entrar ou nela perseverar”.[8]

Mais uma vez, a única exigência para a salvação é a fé em Jesus Cristo:

“Pois não me envergonho do Evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê.” Romanos 1:16

Wow! Será que Jones deu uma pitadinha de sola fide? Pensei que fosse cedo para isso. Uma renomada enciclopédia católica dá uma excelente resposta a este versículo:

“’Para todo aquele que crê’ – a ênfase parece estar no verbo, por causa do paralelismo com 17b. A fé é a uma condição que o homem tem a cumprir, se ele quer obter a salvação do Evangelho. Sem fé nem os privilégios de Israel nem a sabedoria dos gregos são de qualquer proveito; cf. 1.17b; 5.1; Gl. 3.8; Jo.3.36; Jo.7.38;

A fé é o começo da salvação de homem, a fundação e raiz de toda a justificação; sem a qual (i.e., a fé) é impossível agradar a Deus e obter a amizade com Seus filhos. Sobre a necessidade fundamental da fé para salvação, aqui declarada claramente por S. Paulo, toda a teologia cristã concorda. As diferenças de opinião começam com a definição desta fé. Uma definição católica completa da fé foi dada pelo Concílio Vaticano, sess III cap 3 (Dz 1789):

‘A fé… é a virtude sobrenatural pela qual…cremos que o que foi revelado por Deus é verdadeiro, porque…da autoridade do próprio Deus, que a revelou…’. A fé é então o consentimento do homem às verdades reveladas. Esta fé é chamada fé teológica ou dogmática. Todas as definições de fé no sentido protestante original estão baseadas na tradução de pístos como crença, confiança. E a confiança é compreendida como confiança na clemência de Deus por causa da redenção de Cristo. Confie e você será salvo. Esta fé é comumente chamada de fides fiducialis. Para sua modificação pelo Concílio de Trento ver Dz 802, 822. A ausência de qualquer referência para os sacramentos e boas obras na tese de Paulo em 16s foi freqüentemente notada. A omissão não causa nenhuma dificuldade se a fé for entendida no sentido de fé dogmática, que aceita todas as doutrinas do Evangelho como verdadeiras, e obedece todos seus preceitos como mandamentos divinos. Pois nesta fé os sacramentos e boas obras boas estão incluídas, cf. Prat II 254-74; 311-51”.  [9]

Muitas Escrituras repetem este tema:

“Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo.” 1 Tessalonicenses 5:9

Precisamos da Igreja para ser salvos. Jesus Cristo nos deu a Igreja como o meio exclusivo pelo qual nós somos unidos a Ele pelos sacramentos que nos permitem crescer em santidade e nos dão a melhor chance da salvação. Aqueles fora da Igreja estão, falando objetivamente, em uma condição espiritualmente deficiente, embora eles ainda possam ser salvos por Cristo.  Mas a Igreja nos dá a totalidade dos meios de salvação por meio de Cristo e Seu Sacrifício Eucarístico, que a Igreja celebra do nascer ao pôr-do-sol.  A Igreja é o sacramento da salvação. Receber regularmos os sacramentos que Cristo instituiu é o meio que Jesus ordenou.  A Confissão é o meio normativo para Deus perdoar os pecados.  A Eucaristia é o maior dom que Deus nos deu deste lado do céu – porque é o próprio Jesus Cristo. É só na Igreja onde comemos o Seu Corpo e bebemos Seu Sangue como Jesus nos ordenou.

Você não pode receber estes sacramentos fora da Igreja onde não há nenhum sacerdócio válido. A Igreja católica é a noiva de Cristo, e nós somos os filhos adotivos do Pai em Cristo por meio de Sua noiva, a Igreja. Você tem razão em dizer que isto também é uma questão de fé.  A Igreja é sobrenatural, não é só uma instituição humana. É por isso que a Igreja é um artigo de fé.  Reze a Maria, a Mãe da Igreja, para lhe dar sabedoria necessária para compreender sua magnificência e necessidade.

Quando Jesus estava pendurado na cruz, ele mostrou que a salvação vem através dele e não através de uma Igreja. O ladrão que estava na cruz perto dele, clamou:

“…Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino.” Lucas 23:43

Como já várias vezes dissemos, É Cristo que salva, mas a Igreja, que é Seu Corpo, administra esta salvação, por meio dos sacramentos, sinais visíveis da graça de Deus e faróis da salvação. De fato, a salvação não vem pelo casamento, crisma ou qualquer outra obra, mas dos méritos de Cristo. Os protestantes criticam uma caricatura de Igreja Católica que só existe nos gibis protestantes, mas que nada tem a ver com o verdadeiro catolicismo. É Cristo quem nos salva; nós apenas cooperamos nesta salvação com nossas obras.

O ladrão arrependido (a tradição diz que se chamava Dimas) foi salvo pelo que se chama de “Batismo de Desejo” (em latim, Baptismus Flaminis). O Catecismo explica:

“Desde sempre, a Igreja mantém a firme convicção de que as pessoas que morrem em razão da fé, sem terem recebido o Batismo, são batizadas por sua morte por e com Cristo. Este Batismo de sangue, como o desejo do Batismo, acarreta os frutos do Batismo, sem ser sacramento.

Para os catecúmenos que morrem antes de seu Batismo, seu desejo explícito de recebê-lo, juntamente com o arrependimento de seus pecados e a caridade, garante-lhes a salvação que não puderam receber pelo sacramento”.[10]

Igreja nenhuma salva… Quem salva é Jesus:

“Porquanto Deus enviou seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.João 3:17

“Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira.” Romanos 5:9

Como responde Alexandre Semedo:

“É a própria Bíblia que diz que a Igreja é o firmamento e a coluna da Verdade. É o próprio Cristo quem institui a Sua Igreja e que confere, ao seu pastor, as chaves do Reino dos Céus. A Igreja Católica é parte integrante e essencial da salvação humana, queiram ou não, gostem ou não, aceitem ou não, saibam ou não.

E, de fato, quem crê em Cristo (no verdadeiro Cristo) não será condenado. Ocorre que os protestantes não crêem em Cristo, mas num jesus que eles inventaram e que ensina apenas o que lhes aprouver. Este crê num jesus que permite o aborto; aquele, num jesus que nada vê de errado no homossexualismo; um terceiro, num jesus que aprova o divórcio a a contracepção; e todos, num falso jesus. Neste falso jesus, nenhuma salvação é possível.”[11]

Se a salvação fosse possível somente através da Igreja Católica, teria Deus intencionalmente nos conduzido ao erro através de sua Palavra, sabendo que nossa salvação estava em perigo?

Eu pergunto a Rick Jones se quando ele sai à rua ele leva a cabeça consigo ou a deixa em casa ou sai com a cabeça e fica o corpo em casa. Disse isso para ilustrar o raciocínio sofismático do autor. Ele SEPARA Cristo da Igreja, o que é inconcebível. Ambos são intercambiáveis e unos.

Teria Pedro abertamente declarado as seguintes palavras nas Sagradas Escrituras?

“Mas cremos que fomos salvos pela graça do Senhor Jesus, como também aqueles o foram.” Atos 15:11

Os católicos seguem S. Paulo, que não pensou que sua salvação foi de uma vez por todas garantida no momento em que ele recebeu Cristo em sua alma pela primeira vez; porque ele escreveu: “não, eu espanco e domino meu corpo, no caso de, depois de pregar a outras pessoas, eu fique desqualificado” (ICo. 9.27 – Moffatt) e “desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós medo e obra trêmula fora sua salvação” (Fl. 2.12-13), “àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão” (Lc. 12.48), “aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mt.. 10.22). Não obstante, os católicos percebem que cumprir as exigências do Senhor para salvação seria impossível sem o dom gratuito de Sua graça.

Conclusão

A Palavra de Deus declara que a salvação é obtida através da fé no sangue derramado por Jesus Cristo, enquanto o Catecismo mantém que a salvação só é possível através da Igreja Católica.

Pelo visto Rick Jones ou não entendeu ou distorceu deliberadamente as palavras do Catecismo. Será que é isto mesmo? Vamos lembrar:

E necessário, para obter esta salvação, crer em Jesus Cristo e naquele que o enviou para nossa salvação”.Como, porém, “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11,6) e chegar ao consórcio dos seus

filhos, ninguém jamais pode ser justificado sem ela, nem conseguir a vida eterna, se nela não permanecer até o fim” (Mt 10,22; 24, 13).[12]

A salvação vem exclusivamente de Deus, mas, por recebermos a vida de fé por meio da Igreja, esta última é nossa mãe: “Nós cremos na Igreja como a mãe de nosso novo nascimento, e não como se ela fosse a autora de nossa salvação”. Por ser nossa mãe, a Igreja é também a educadora de nossa fé.[13]

Em vários pontos o Catecismo afirma que só Jesus salva. Mas a Igreja é o Corpo de Jesus e essa unidade só pode ser encontrada na Igreja católica. Nenhuma denominação protestante tem unidade, mas todas divergem umas das outras. Será que Cristo tem várias cabeças e vários corpos? Isso é um absurdo.

Você tem de decidir agora em quem vai acreditar- nas tradições dos homens ou na Palavra de Deus? Você não pode dizer: “em ambos”, porque cada um insiste em que o outro está errado.

Você tem que decidir mesmo: acreditar nas invencionices, distorções, falácias e mal entendidos de Rick Jones e outros ou ficar com a Palavra de Deus, a Tradição (que também está na Palavra de Deus) e o Magistério, a Igreja toda? O protestantismo tem uma grande dificuldade em definir o que é Igreja. Não tem autoridade, mas balbúrdia. Em quem acreditar? Na Tradição história da Igreja que vem desde os tempos de Cristo, a quem Ele prometeu as chaves do Reino dos Céus ou naqueles que não entram pela porta (Jo.10.1)?


[1]  Catecismo da Igreja católica –  748,  751, 752

[2]  CIC – 774-776

[3]  CIC 780

[4]  LG 8.

[5]  The Catholic Catechism, Garden City, NY: Doubleday & Co., 1975, 234-236

[6]  CIC 156

[7] http://comunidadeshalom.org.br/webforum/index.php?topic=473.0

[8] CIC 846

[9] Catholic Commentary On Holy Scripture, de Bernard Orchard.

[10] CIC 1258, 1259.

[11] https://www.veritatis.com.br/article/350

[12] CIC 161.

[13] CIC 169.

Facebook Comments

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.