Irei morrer ou apenas dormir?

– Por que a Escritura fala da morte como sono (Atos 7,59-60)? Um amigo adventista do sétimo dia me disse que isso significa que nós ficamos inconscientes na morte e não "acordaremos" até que ocorra a ressurreição dos mortos (Anônimo).

Seu amigo adventista está enganado. A Bíblia fala da morte como sono porque o corpo parece estar dormindo quando morremos e não porque a alma se torna inconsciente.

Na primeira passagem que você mencionou, Atos dos Apóstolos 7,59-60, Estêvão, antes de "cair no sono" da morte, clama: "Senhor Jesus, recebe o meu espírito". Que tal expressão não admite o "sono da alma" resta claro a partir da observação semelhante que Jesus fez na cruz (Lucas 23,46) e que não o impediu de falar para o Bom Ladrão que morreu com ele: "Hoje estarás comigo no paraíso" (Lucas 23,43).

Se, como os adventistas crêem, os seres humanos não possuem um espírito imaterial que continua após a morte do corpo, então o brado de Estêvão (assim como o de Cristo) fica sem sentido: não haveria nenhum espírito de Estêvão para o Senhor receber!

A Bíblia não ensina o conceito de "sono da alma". A parábola de Jesus sobre Lázaro e o homem rico, por exemplo, demonstra que após a morte ambos – o justo e o injusto – estão conscientes dos seus destinos (Lucas 16,19-31).

O apóstolo Paulo também ensina a existência consciente após a morte. Ele fala do seu desejo de partir desta vida e ficar com Cristo (Filipenses 1,23). Em 2Coríntios 12,3-4, Paulo fala do seu ser arrebatamento ao paraíso e da sua incerteza de saber se isso ocorreu "no corpo ou fora do corpo" – certamente um modo estranho de falar caso ele não acreditasse na existência de uma alma imaterial ou acreditasse no "sono da alma".

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