Por que a Igreja Católica romana ensina a doutrina da justificação pelas obras?

– Por que a Igreja Católica Romana ensina a doutrina da “justificação pelas obras” [a qual afirma que é através das boas obras que alguém pode alcançar a salvação]? (Anônimo)

A Igreja Católica nunca ensinou tal doutrina. Na verdade, ela constantemente condenou a noção de que os homens possam alcançar ou merecer a salvação [por si mesmos]. A soteriologia católica está enraizada na Tradição Apostólica e na Bíblia, e afirma que é apenas pela graça de Deus que alguém pode ser salvo (logo, totalmente imerecida mediante obras) .

A Igreja ensina que é a graça de Deus, do início ao fim, que nos justifica, santifica e salva. Como Paulo explica em Filipenses 2,13: “Na verdade, é Deus que produz em vós tanto o querer como o fazer, conforme o seu agrado”.

Observe-se que as palavras de Paulo pressupõem que o fiel cristão não deseja apenas ser justo, mas ativamente age nesse sentido. Essa é a segunda parte da equação da justificação, que os protestantes desprezam ou ignoram.

Tiago 2,17 nos recorda que “assim também a fé: se não se traduz em ações, por si só está morta”. E no versículo 24, Tiago diz: “Podeis ver, pois, que alguém é justificado com base naquilo que faz e não simplesmente pela fé”. E ainda, um pouco depois: “Assim como o corpo sem o espírito é morto, assim também a fé, sem a prática, é morta” (versículo 26).

O Concílio de Trento harmoniza a necessidade da graça e das obras: “Se alguém disser, que o homem pode se salvar para [estar] com Deus por suas próprias obras, feitas com apenas as suas próprias forças naturais, ou por doutrina da lei, sem a graça Divina através de Jesus Cristo, seja anátema” (Sessão VI, cânon 1).

E os padres conciliares continuam, dizendo: “Se alguém disser, que o pecador se salva somente com a fé entendendo que não é requerida qualquer outra coisa que coopere para conseguir a graça da justificação, e que de nenhum modo é necessário que se prepare e disponha com o impulso de sua própria vontade, seja anátema” (Sessão VI, cânon 9).

(Convém observar que a expressão “seja anátema” significa “seja excomungado” e não “seja condenado ao inferno”. A frase é usada em documentos conciliares em sentido técnico/teológico e não possui o mesmo sentido que a palavra “anátema” encontrada na Bíblia. Não se deixe enrolar por protestantes nesta questão!).

Portanto, está longe do [Catolicismo] a doutrina da “justificação pelas obras” (tal era a doutrina do Pelagianismo, que foi condenada pelo Concílio de Cartago em 418 d.C.). A Igreja Católica ensina a verdadeira doutrina bíblica da justificação [apresentada acima].

 

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