Por que a Igreja se preocupa tanto com a salvação coletiva e não com a individual?

– Por que o Catolicismo parece se preocupar tanto com a salvação coletiva? O Catolicismo foca muito o grupo, ao contrário do cristianismo evangélico que, como a Bíblia (João 3,3), prega incansavelmente a salvação do indivíduo. (Anônimo)

A salvação individual é importante e o Catolicismo o ensina. Não iremos para o Céu porque nossos pais e avós foram cristãos (Deus não possui netos!), ou porque somos [brasileiros] (ver Atos 10,34-35), ou então porque vamos à igreja (ficar na igreja não torna você mais cristão da mesma forma que, se você ficar na garagem, não se tornará um carro). Iremos para o Céu porque compartilhamos da graça de Deus, de sua vida sobrenatural dentro de nós, que é a nossa união pessoal com Cristo.  

Ser católico envolve obediência e fé pessoal em Cristo e nos ensinamentos da Igreja. Isto é muito mais que um "Catolicismo cultural". Você não é católico simplesmente porque é polonês, italiano, espanhol ou o que quer que seja. A cultura pode ser um veículo para trazer a fé a uma pessoa, mas na verdade o Catolicismo precisa ser apenas isto: uma fé livremente aceita.

A fé pessoal e a redenção são essenciais. E mais: enquanto estamos sendo redimidos como indivíduos, a redenção é transmitida a nós através da Igreja, o povo de Deus. Não é apenas "eu e Jesus". Existe uma corporação, um aspecto comunitário no Cristianismo, assim como há ainda um aspecto individualístico.

Com efeito, os cristãos fazem parte de uma família. Nós somos os filhos da família de Deus (Efésios 2,19). Estamos unidos no Corpo Místico de Cristo (1Coríntios 12,12-26; Efésios 1,23; Colossenses 1,18.24).

Tão forte é o vínculo que temos [uns com os outros] em Cristo que Paulo pôde dizer: "Se um membro [do Corpo de Cristo] sofre, todos os membros sofrem com ele; se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele" (1Coríntios 12,26).

Este princípio é ilustrado pelo sacramento da confissão. Quando pecamos, não apenas ofendemos a Deus, como também diminuímos a nossa vitalidade como membros do Corpo Místico de Cristo, subtraindo de nossos irmãos e irmãs em Cristo o nosso apoio espiritual.

Como resultado, precisamos nos reconciliar com a Igreja e com Deus. É como se houvesse um membro amputado. O membro ambutado não apenas perde a vida propiciada pela alma, como também os demais membros perdem a função que aquele membro propiciava à vida do corpo inteiro.

O ponto importante aqui é que fomos redimidos, não apenas como indivíduos, mas também como um povo. Isto fica claro na carta do Príncipe dos Apóstolos:

"Mas vós sois o povo escolhido, o sacerdócio régio, a nação santa, o povo que ele conquistou, a fim de que proclameis os grandes feitos daquele que vos chamou das trevas para a sua luz maravilhosa. Vós sois aqueles que antes não eram povo, agora porém são povo de Deus; os que não eram objeto de misericórdia, agora porém alcançaram misericórdia" (1Pedro 2,9-10).

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