Santa estatística, Batman!

– As estatísticas estão muito a favor dos católicos. Afinal de contas, o número de seguidores ainda não foi reduzido a 12!

O Censo de 2010, divulgado recentemente pelo IBGE, aponta para uma diminuição considerável dos cidadãos que se autodenominam católicos. Segundo dados veiculados pelo órgão do governo, a Igreja Católica encolheu, contando entre seus membros com 64,6% da população. Muito longe dos 82% declarados na década de 1990. Diante desses dados, alguns perguntam-se sobre indicadores dessa pesquisa. Alguns até indagaram sobre o modo de tratar essa notícia sem pessimismo e sem otimismo, apenas “com base na ciência e na estatística”. Não sou nem estatístico nem cientista, mas penso que cabem algumas reflexões sobre o relatório.

1. Nada de desespero

A notícia de que os cristãos católicos perderam cerca de 30% dos seus fiéis nos últimos 20 anos causou euforia entre os ateus e agnósticos; ao mesmo tempo que gerou apreensão entre alguns católicos. Noves fora o ceticismo – necessário na leitura de documentos produzidos por órgãos que desejam diminuir a influência da religião na população – é preciso ter calma. Há uma outra leitura possível desses números. Vejam: apesar dos BBB’s, das descaradas novelas contra os princípios cristãos, a despeito do ataque cotidiano ao matrimônio, apesar dos inúmeros programas infantis (nacionais e internacionais) tentando minar a moral dos jovens e crianças, não obstante a tibieza crônica que abate muitos cristãos de todas as denominações, apesar do mau testemunho de alguns pastores, malgrado tudo isso, o Brasil ainda é um país majoritariamente cristão. Isto mesmo, de acordo com o próprio IBGE, católicos e protestantes contam com 86,8% da população. Ora, esse número é considerável e não pode ser apequenado pelos mass media. Com essa porcentagem da população, os cristãos têm mais influência que qualquer outro grupo no Brasil. Portanto, antes de tudo, xô pessimismo!

2. Outras Pesquisas

Além disso, há pesquisas realizadas por outras fontes (nacionais e internacionais) que não estão batendo com os resultados apresentados pelo IBGE. Tá, é verdade que a Igreja Católica não passa propriamente por uma primavera. Longe disso. Mas quem viveu de perto a crise pós-Concílio diz que as coisas estão voltando para o lugar. Ademais, pesquisas realizadas “intra ecclesiae” apontam, desde 2009, para um crescimento contínuo e consistente de candidatos ao sacerdócio (link aqui). E o Brasil reflete em menor escala esse entusiasmo sacerdotal: os maiores seminários diocesanos do país estão cheios, apesar da crise abater algumas ordens (o que deveria fazê-las refletir sobre a práxis das últimas décadas) (link aqui). Com isso, é claro, não se está insinuando que os dados do IBGE foram maquiados. Diz-se, porém, que certamente existe uma tendência, reconhecida na realidade tanto por outras fontes de pesquisa como pelo trato nas comunidades em que se vive, que não está sendo captada pelos métodos do órgão do governo. Nesse caso, contudo, é bem mais simples: o tempo dirá quem tem razão.

3. O que importa?

O mais importante, porém, é que alguns cristãos se deixam contaminar pelo clima de abatimento, veiculado por alguns meios de comunicação que pretendem confundir as pessoas. Com o clima de “fim de festa”, insinuam que os cristãos católicos são os últimos a abandonar o barco, os últimos que vão sair e apagar as luzes. Como se a quantidade de cristãos no mundo fosse a pedra de toque para medir o sucesso ou o fracasso da missão da Igreja entre os homens. Ora, a estatística é uma ciência, mas não tem o poder “divinatório” que alguns emprestam a ela. Por exemplo, ano passado a “estatística” de um jornal divulgou que 3 milhões de pessoas estavam na Avenida Paulista, na Parada Gay. Ora, apesar desse afã adivinho, estudos geométricos comprovam que naquela área não é possível ter mais que 1 milhão e meio de pessoas, apinhadas 4 por metro quadrado, de ponta a ponta da via, sem dançar, sem levantar os braços, sem se mexer.

Mas e se a Igreja estiver realmente encolhendo? Será que perder 100 mil fiéis é prejuízo para a Igreja Católica, que tem 2 bilhões de membros? Será que perder 100 milhões de fiéis representa algum perigo? E se os membros da Igreja apostatarem e só permanecerem 1o mil em todo mundo? Caríssimos, ainda que a Igreja Católica seja reduzida a 60 pessoas no mundo todo, ainda assim ela estará no lucro. Pois este pequeno grupo ainda será 5x a quantidade inicial de membros: 12. Enfim, as estatísticas estão do nosso lado. O número de católicos ainda não foi reduzido a uma dúzia! E mesmo que as pesquisas demonstrem que a Igreja perde membros aos borbotões, sejamos nós mesmos um dos 12 fiéis. Foi só com uma dúzia que tudo o que temos hoje foi construído. Com um grupo pequeno, mas fiel, e com a ajuda de Deus que nunca falta, a gente reconstrói tudo de novo!

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