Silêncio perante a Eucaristia

Publicaremos algumas passagens escolhidas por ZENIT da meditação do monge francês Daniel Ange, fundador da escola de oração «Jeunesselumière» pronunciada perante os jovens da diocese de Roma que estavam reunidos na basílica de São João de Latrão.

Como falar da Eucaristia sem tremer? Nossas palavras podem deformar-se muito do que é o maior mistério dos mistérios de Deus. Somos como Moisés que diante da sarça ardente, temos que nos prostrar no chão. O fogo do Espírito, o fogo do amor queima na Hóstia. Quando eu recebo esse Corpo em amor ardente, é um milagre que a minha carne não pega fogo! […]

Agora vamos mergulhar no silêncio. Por que o silêncio? Porque é a mais bela canção de adoração. A Eucaristia é o Natal: em Belém tudo é rodeado pelo silêncio. A parte da música celestial dos anjos, Maria, José, os pastores, os Reis Magos, não dizem uma palavra. A surpresa é tão grande com a beleza do rapaz que não pode dizer nada. E ele só fala com o seu sorriso e os olhos. Em seus olhos brilha a luz do céu, ea luz é silenciosa.

A Eucaristia é a Paixão de Jesus. E durante a Paixão, Jesus se cala. Apenas pronuncia algumas palavras, especialmente as sete palavras na cruz: o passado, a sua vontade. Mas não é um gesto que é mais forte do que todas as palavras, é uma assinatura no final de todas as outras, no final do Evangelho: A palavra silêncio, um gesto: o seu coração trespassado pela lança. Grito enorme, porém, silencioso.

Maria e João não se falam: testemunhas silenciosas, todos estão absortos pelo mistério … E o nosso Santo Padre converteu-se totalmente em um grito de silêncio, enorme, gritando para o mundo, como Francisco: “O amor não é amado! “. E Teresa [do Menino Jesus]: “Para amar é amar o Amor.” Amar para que todos possam amar o amor, e ser amado.

A Eucaristia é a Ressurreição. No dia de Páscoa, Jesus nos convida á contemplar o silêncio: Maria Madalena, os discípulos de Emaús, Tomé …de suas poucas palavras vêm silêncio atordoado, gritos de alegria ao amado Mestre! Fique com a gente! Meu Senhor e meu Deus! É o que temos a dizer hoje, com Francisco: “Meu Deus e meu tudo”.

E agora, Jesus, no céu, caminha conosco e conversa conosco. Como? Especialmente pela a Eucaristia. E a Eucaristia é um mistério de silêncio. Jesus espera por nós. Nós escutamos. Ele nos ama. Não é o silêncio a linguagem mais forte do amor? A linguagem de um coração que está muito cheio e muito ferido […].

O silêncio da adoração é um silêncio amoroso de quem ama e ouve. Ouvimos porqueEle ama. Certamente devemos aclamar, louvar, cantar, como os jovens. Jesus estava tão contente quando eles aclamavam: se eles se calarem, as pedras clamarão. Mas, depois de cantar e chorar antes de receber sua bênção, é preciso ouvir, ouvir o silêncio, talvez ele tenha algo a dizer. Deixemos o microfone. Ele não pede, porque ele é tímido, o Senhor … Sua voz nunca se impõe sobre os nossos decibéis. Ele é discreto. Ele sussurra enão ouvimos […]. Vamos ficar aqui. Escutemos.

Traduzido por Tiago Rodrigo da Silva para o Veritatis Splendor, do original em espanhol “SILENCIOS ANTE LA EUCARISTÍA” da web site arvo.net.

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