Sobre o título “Maria auxílio dos cristãos”

Gostaria de saber um pouco sobre a vida de Nossa Senhora Socorro Dos Cristãos. E, se ela é padroeira da Austrália. Preciso com Urgência.

Desde já, agradeço.

 

Cara Maria Elisa,

Primeiramente, espero que esta resposta chegue até você a tempo de te ajudar. Não pudemos responder à tua pergunta com a urgência solicitada em virtude do enorme volume de e-mails que nos tem sido enviado. Perdoe-nos, portanto, pela demora.

 

Nossa Senhora Socorro dos Cristãos (ou Maria Auxiliadora), como você deve saber, é a mesmíssima Maria, Mãe de Jesus. Possivelmente, o que você realmente deseja saber é como a Virgem Mãe de Deus ganhou este título, passando a ser invocada com este nome.

As informações abaixo foram pesquisadas pelo nosso irmão Rafael Cresci, que encontrou um belíssimo texto em italiano mostrando como surgiu e se consolidou a devoção à Nossa Senhora Auxiliadora dos Cristãos. Elaborei o texto abaixo baseado nestes dados, e adianto, desde já, que ela é, realmente, padroeira da Austrália.

 

A Santa Virgem Maria Auxiliadora. “Auxilium Christianorum”; ‘Socorro dos Cristãos’, é um belo título dado à Virgem Maria em todos os tempos, e assim ela é invoca também nas litanias a ela dedicadas recitadas inicialmente em Loreto.

 

Sobre a virtude, a vida, a predestinação, a maternidade, a mediação, a intercessão, a virgindade, a imaculada conceição, as dores sofridas, a assunção, de Maria, já se escreveram milhares de volumes, houve vários Concílios, proclamaram-se dogmas de fé, ao ponto de ter surgido uma autêntica ciência teológica: a Marialogia.

 

E sempre se mencionou a presença medianeira e auxiliadora da Senhora por quem a invoca. A ela Jesus nos confiou como filhos sob a Cruz e a nós, homens, ela foi dada como mãe, na pessoa de João apóstolo, que também estava aos pés da Cruz.

 

Mas a invocação inicial do título “Auxilium Christianorum” está ligada com a invocação do grande papa mariano e domenicano S. Pio V (1566-1572), que a ela confiou a armada e o destino do Ocidente e da Cristandade, quando da chegada dos turcos a Viena. Tal armada, na grande batalha naval de Lepanto (1572), enfrentou e venceu (contra todos os prognósticos) a frota muçulmana. Esta vitória foi decisiva para o futuro do Ocidente cristão e para a derrocada do poderio islâmico.

 

Tendo em vista esta vitória gloriosa e definitiva, o Papa instituiu a festa do Santo Rosário, sendo que a crescente invocação da Protetora celeste como ?Auxilium Christianorum? deve ser atribuída aos poucos vitoriosos de Lepanto que retornaram da batalha, passaram por Loreto para agradecer à Senhora; o estandarte da frota, no entanto, foi enviado à igreja dedicada à Maria de Gaeta, onde ainda hoje se encontra.

 

O grito de alegria do povo cristão se perpetuou nesta invocação; o Senado veneziano fez escrever, abaixo do grande quadro comemorativo da batalha de Lepanto: ?Nem a força, nem as armas, nem os comandantes nos conduziram à vitória, mas Maria do Rosário? e assim, ao lado dos antigos títulos de ?Consolatrix afflictorum? (Consoladora dos aflitos), e ?Refugium peccatorum? (Refúgio dos pecadores), a Igreja e o povo adicionaram o ?Auxilium Christianorum? (Socorro dos Cristãos).

 

O culto continuou nos séculos sucessivos, tendo altos e baixos. No século XIX, o beato Bartolo Longo reavivou a devoção pela Senhora do Rosário, enquanto que, em Torino, São João Bosco reavivava a devoção pela Nossa Senhora Auxiliadora dos Cristãos.

O grande educador e inovador de Torino, desde o início colocou seu trabalho de sacerdote e fundador sobre a proteção de Maria Auxiliadora, a quem se voltava nas necessidades, especialmente quando as coisas iam mal e se complicavam. São João Bosco, nascido em 16 de Agosto de 1815, em Castelnuovo d?Asti, e ordenado sacerdote em 1841, foi o maior devoto e propagador do culto a Maria Auxiliadora, cuja festa fora instituída sob este título e fixada aos 24 de Maio de 1815, pelo Papa Pio, em agradecimento a Maria por sua liberdade de uma prisão napoloeônica.

 

O grande sacerdote, apóstolo da juventude, fez erguer em apenas três anos a basílica de Maria Auxiliadora na cidadela salesiana de Valdocco ? Torino; sob sua materna proteção, colocou o instituto salesiano por ele fundado e hoje espalhado por todo o mundo: a Congregação de São Francisco de Sales, sacerdotes normalmente chamados de ?Salesianos de Dom Bosco?; as ?Filhas de Maria Auxiliadora? foram fundadas com a colaboração de Santa Maria Domenica Mazzarello e por último os ?Cooperadores Salesianos? por leigos e sacerdotes que querem viver o espírito de D. Bosco, como é geralmente chamado.

 

As Congregações são muito numerosas, onde se vê com gratidão a benevolente proteção de Maria Auxiliadora na difusão de tantos serviços assistenciais e a favor da juventude.

 

Hoje, a imagem de Maria Auxiliadora é inseparável da grande família salesiana, que deu à Igreja uma multidão de santos, beatos, veneráveis e servos de Deus; todos filhos que são confiados à ajuda da mais doce e poderosa das mães.

 

Continentes e Nações inteiros têm Maria Auxiliadora como Padroeira celeste: a Austrália desde 1844; a China, desde 1924, a Argentina desde 1949; a Polônia desde o fim da primeira década de 1800; muito difusa e antiga é esta devoção entre os países do Leste europeu.

 

Na bela Basílica de Turim a Ela dedicada, onde o seu filho devoto João Bosco e outras santas figuras salesianas estão sepultados, encontra-se o belíssimo e majestoso quadro, que representa a Senhora Auxiliadora, que, com o cetro do comando e com o Menino no braço, é cercada pelos Apóstolos e Evangelistas e está suspensa em uma nuvem. Abaixo e ao fundo a terra, o Santuário, o oratório como aparentava em 1868, ano da execução do trabalho do pintor Tomamaso Lorenzone.

 

O significado do quadro inteiro é claríssimo: da mesma forma como Maria estava presente em meio aos apóstolos em Jerusalém durante o Pentecostes, quando do início da sua atividade, também agora ela está protegendo e dirigindo a Igreja. Os apóstolos representam o papa e os bispos.

 

Maria é a Mãe da Igreja; Auxiliadora do povo cristão na sua luta contínua pela difusa do Reino de Deus.

Abraços,

Alexandre.

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