33: nossa reconciliação com deus

Fonte: Livro “Curso de Catequesis” do Editorial Palavra, España

Traduzido por Pe. Antônio Carlos Rossi Keller

Tema 33: “NOSSA RECONCILIAÇÃO COM DEUS”

INTRODUÇÃO:

Na vida de São Círilo de Jerusalém conta-se o seguinte episódio: “Em uma semana santa havia muita gente esperando para confessar-se e, entre elas, o santo bispo viu o demônio. Perguntou-lhe o bispo o que fazia lá, e o demônio respondeu-lhe que estava fazendo um ato de penitência.

– Você, penitência?,  replicou-lhe o bispo.

Vou explicar, respondeu o demônio: Não é um ato de penitência satisfazer e restituir aquilo que se tirou de alguém? Pois eu tirei destas pessoas todas a vergonha para que pecassem, e agora venho restitui-la para que não se confessem”.

Medo, vergonha, falta de sinceridade… são perigos a evitar na confissão. Se somos conscientes de que é o mesmo Jesus Cristo quem perdoa os pecados por meio do sacerdote, superaremos melhor essas atitudes que afetam muitos cristãos na hora de confessar-se.

IDÉIAS PRINCIPAIS:

1. As condições para uma boa confissão

Para fazer uma boa confissão são necessárias cinco coisas: exame de consciência, dor dos pecados, propósito de emenda, dizer os pecados ao confessor e cumprir a penitência. É necessário confessar-se procurando viver bem estas disposições, sem cair na rotina, já que cada confissão é um encontro pessoal com Jesus Cristo.

2. Exame de consciência

É preciso recordar – para acusar-se depois – os pecados mortais cometidos desde a última confissão bem feita.

Neste exame é necessário considerar detidamente os mandamentos da lei de Deus, os da Igreja e as obrigações do próprio estado. Se descobrirmos pecados mortais cometidos desde a última confissão válida, é preciso saber a classe do pecado, as circunstâncias que mudam sua espécie e – dentro do possível – o número de vezes ou ao menos uma media aproximativa. Convém também ver os pecados veniais.

Normalmente, o exame deve ser breve, que não quer dizer “superficial”. Quando se confessa com freqüência, será mais fácil faze-lo, como é mais fácil confessar-se bem quando nos examinamos habitualmente.

3. Dor dos pecados

A dor pode ser de atrição (por receio ou pela fealdade do pecado) ou de contrição (por ter- se ofendido a Deus, sendo quem Ele é).

A dor de contrição, ou dor perfeita, fruto de uma ardente caridade para com Deus ofendido pelo pecado, quando existe a impossibilidade de confessar-se, reconcilia o ser humano com Deus antes de, de fato, se receba o sacramento da Penitência. No entanto, esta dor não torna supérflua a confissão oral dos pecados, mas  pressupõe seu desejo e a ela se ordena por natureza.

Seria contraditório uma dor perfeita dos pecados unida à recusa do preceito divino de confessar-se com o sacerdote. A efetiva confissão dos pecados é necessária porque ninguém pode estar absolutamente seguro de que sua contrição seja perfeita. Por isso, para aproximar-se da comunhão, quando se tem consciência de pecado mortal, salvo casos muito raros e especiais, é necessário confessar-se antes. Não fazer assim, e aproximar-se só com um suposto ato de contrição, seria um desprezo a Cristo, já que se correria o risco de estar sem as disposições necessárias, já que ninguém pode estar seguro da suficiência de sua dor pelos pecados.

A dor de atrição ou dor imperfeita por si não perdoa o pecado, mas é suficiente para se receber o perdão no sacramento da Penitência.

4. Propósito de emenda

Consiste na determinação de não voltar a pecar, como Jesus indicou à mulher pecadora: “Vai em paz, e não peques mais” (João 8,11). Mesmo que não seja possível ter certeza de que não mais se ofenderá a Deus, é necessário que se esteja disposto a colocar os meios para não tornar a faze-lo. Isto leva-nos a fugir das ocasiões próximas e voluntárias de pecado: más amizades, leituras, conversas, espetáculos, etc…; a colocar os meios sobrenaturais e humanos para fortalecer a vontade e não tornar a pecar.

5. Confissão ou acusação dos pecados

Para fazer uma boa confissão, é necessário dizer todos os pecados ao confessor; a confissão acontece como em um julgamento, e nenhum juiz pode julgar nem impor a penitência adequada se não conhece a causa do réu. É necessário confessar todos os pecados mortais segundo seu número e circunstâncias importantes; por exemplo, aquelas que mudam a espécie do pecado, que fazem que em um só ato se cometam dois ou mais pecados especificamente distintos, como seria o roubo com ou sem violência.

Se cometeria um sacrilégio e a confissão seria inválida se conscientemente se calasse um pecado mortal; no caso de que se esqueça algum pecado, e o penitente disso se der conta depois, fica-lhe o pecado perdoado, mas existe a obrigação de dize-lo na próxima confissão; enquanto isso, pode-se comungar. Ainda que não seja necessário, é muito conveniente confessar os pecados veniais.

6. Cumprir a penitência

A penitência imposta pelo confessor é para satisfazer a dívida que se tem com Deus, por causa do pecado. É muito bom que, além de cumpri-la imediatamente, o penitente procure livremente fazer outras obras que ajudem a sentir e a reparar o pecado. Se, tendo intenção de cumprir a penitência, depois não a cumpre, a confissão é válida, ainda que esta falta de cumprimento possa ser grave ou leve segundos os casos.

7. Normas práticas sobre o modo de confessar-se

a) Antes da Confissão. É bom rezar alguma oração preparatória, como por exemplo: “Meu Senhor e meu Deus, dai-me a luz para conhecer os meus pecados, e a graça para deles me arrepender. Amém”. Depois, se faz o exame de consciência, procurando provocar a dor de todos e de cada um dos pecados e se faz o firme propósito de emendar-se e de lutar para não voltar a cair nestas  faltas. Enquanto se aguarda, é preciso procurar permanecer com recolhimento interior, falando com o Senhor, ou rezando algumas orações vocais.

b) Durante a Confissão. No momento oportuno, o penitente se dirige ao confessionário, ajoelha-se, e diz ao sacerdote: “Padre, dai-me a vossa benção porque pequei”. O sacerdote nos acolhe, dizendo “Que o Senhor esteja em teu coração e em teus lábios, para que arrependido, confesses os teus pecados”. Depois, o penitente recita um texto da Sagrada Escritura, no qual se manifesta a misericórdia do Senhor. Pode ser “Senhor, Tu sabes tudo, Tu sabes que eu te amo”. Em seguida, diz o tempo desde a última confissão, e acusa-se dos pecados com brevidade, claridade e sinceridade. Ao terminar, pode dizer: “Destes pecados e de todos os pecados dos quais não me recordo, peço o perdão e a absolvição”. Logo depois, escuta-se com atenção as recomendações do sacerdote e a penitência que impõe. Faz-se um ato de contrição, dizendo: “Senhor Jesus, Filho de Deus, tende piedade de mim, que sou pecador”. Enquanto o sacerdote nos absolve, recolhemo-nos com piedade e agradecimento, respondendo quando acabar “Amém”.

c) Depois da Confissão. O melhor é cumprir a penitência indicada o quanto antes, sem deixa-la para depois. Ao mesmo tempo se agradece a Deus por sua misericórdia, renovando os propósitos de emenda e pedindo ao Senhor e à Virgem a ajuda para coloca-los em prática.

8. A celebração do sacramento da Penitência

Ainda que em casos realmente excepcionais existam outras formas, a confissão individual e íntegra dos pecados graves, seguida da absolvição, é o único caminho ordinário para a reconciliação com Deus e com a Igreja.

9. As indulgências

Além da confissão, Jesus deu à sua Igreja o poder para perdoar a pena temporal devida pelos pecados, e o faz por meio das indulgências. Assim, pois, com as indulgências se perdoa a pena temporal que pode restar dos pecados já perdoados. Para ganha-las é necessário que se esteja em estado de graça santificante, e fazer aquilo que a Igreja pede.

Podem-se ganhar indulgências de muitas maneiras: ao oferecer o trabalho ou estudo, ao se rezar o Angelus, o Rosário, a Via Sacra, a comunhão espiritual, uma oração pelo Papa, ao usar uma medalha ou um crucifixo abençoados, etc…

10. PROPÓSITOS DE VIDA CRISTÃ:

· Aprender a se confessar bem, conforme as indicações dadas no tema.

· Preparar-se sempre bem para a Confissão.

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