7. Graça e virtudes teologais

Graça: a Vida divina dentro de você

Com certeza você conhece a distinção entre graça habitual (o estado de graça santificante) e graça atual (auxílio divino concedido para realizar determinados atos). Estes são dois aspectos da vida que você vive, quando possui a prórpia graça: o Espírito de Deus que é “derramado em nossos corações”. (Rom 5, 5).

A graça, em última análise, é a presença em você do Espírito vivo e dinâmico de Deus. Em razão desta presença, você vive uma nova e abundante vida interior, que o faz “participante da natureza divina” (2Pdr 1,4), filho de Deus, irmão e co-herdeiro de Jesus, “o primogênito entre muitos irmãos” (leia a carta de Paulo aos Romanos, cap. 8).

Como conseqüência da presença do Espírito, você vive e dialoga com Deus dum modo totalmente novo. Você vive uma vida “abençoada” que é santa e realmente agrada a Deus. Sob o influxo do Espírito você vive uma vida de amor que edifica o Corpo de Cristo, a Igreja. Estando “no Espírito” junto com o resto da Igreja, você vive em união com os outros de tal modo que cria um Espírito de amor e de comunhão onde você estiver.

A graça – a vida divina dentro de você – transforma todo o sentido e a orientação da sua vida. Vivendo na graça, São Paulo declarou: “para mim o viver é Cristo, e morrer é lucro” (Fl 1,21). Finalmente a graça – o dom espontâneo que Deus faz de si mesmo a você – é a vida eterna, vida que já começou. Já agora, enquanto você ainda é um peregrino nesta terra, a graça é “Cristo em você, a esperança da glória” (Col 1,27).


Fé, Esperança e Caridade

Como ser humano, você é capaz de crer, confiar e amar os outros. A graça transforma esses modos de você se relacionar com outras pessoas nas virtudes teologais (orientadas para Deus) da fé, esperança e caridade – capacidade para se relacionar com Deus e com os outros como um de seus filhos ternamente amados.

No estado da graça, você tem : você crê em Deus, entregando todo o seu ser a Ele como a fonte pessoal de toda verdade, realidade e do seu prórpio ser. Você tem esperança: você deposita todo o seu sentido e seu futuro em Deus, cuja promessa feita a você de vida eterna com Ele, está sendo cumprida dum modo velado já agora através da sua existência na graça. E você tem caridade: ama a Deus como Aquele que é pessoalmente Tudo na sua vida, e todos os homens como participantes do destino que Deus quer para todos: a eterna comunhão com Ele.

(Se alguém se afasta de Deus pelo pecado grave, perde a graça habitual e a virtude da caridade. Mas essa perda não lhe retira a fé nem a esperança, a não ser que ele peque direta e gravemente contra essas virtudes.)


Amor a Deus, a si mesmo e aos outros

Nesta vida, seu amor a Deus está ligado a seu amor aos outros – e esses amores estão também ligados com seu amor para consigo mesmo. Você não ama a Deus, a quem você não pode ver, a não ser que ame seu irmão a quem você pode ver (1Jo 4,20). E, por preceito do prórpio Deus, você deve amar ao próximo como a si mesmo (Mt 19,19; 22,39). Falando em termos práticos, da vida real, o cumprimento do preceito divino de amar começa com um autêntico amor a si mesmo. A fim de amar a Deus como Ele quer, você precisa respeitar, estimar e reverenciar a si mesmo.

Você aumenta seu amor por si mesmo, fazendo com que você possa perceber, cada vez e mais profundamente à medida que os anos passam, que Deus realmente o ama com um amor que não tem fim. Você é amado e é digno de amor. Sempre que você tenta adquirir ou aprofundar esta atitude a seu respeito, você está cooperando com a graça de Deus.

Você também aumenta seu amor para consigo procurando intensificar seu conhecimento dos outros que o rodeiam: ouvindo e confiando: amando e (o que é difícil) deixando-se amar; perdoando de coração e (o que é mais difícil) buscando um verdadeiro perdão pessoal; ampliando seu círculo de bondade até abranger todas as criaturas vivas e toda a natureza na sua beleza.

No Novo Testamento, nos escritos de São João, há um princípio básico que diz: “Caríssimos, amemo-nos uns aos outros; pois o amor é de Deus, e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conheceu a Deus; pois Deus é amor” (1Jo 4, 7-8). É amando que você aprende o que é o amor; amando você chega a conhecer a Deus.

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