Na passagem de Mt 16,13-19, lemos “…Jesus então lhe disse: Feliz és Simão filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus. E eu te declaro: Tu és Pedro, e sobre está pedra eu edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão sobre ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus; tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo que desligares na terra será desligado nos céus.” A autoridade do Papa é representada pelas chaves do Reino dos céus, ou seja, Jesus Cristo autoriza São Pedro a tomar as decisões doutrinárias da Igreja que posteriormente chamou-se de Católica, decisões que devem ser observadas por todas as outras igrejas, conforme At 16, 4-5: “Nas cidades pelas quais passavam, ensinavam que observassem as decisões que haviam sido tomadas pelos apóstolos e anciãos em Jerusalém. Assim as igrejas eram confirmadas na fé, e cresciam em número dia a dia”. Os Apóstolos foram 12 discípulos que Jesus Cristo, Nosso Senhor escolheu para transmitir seus ensinamentos ao mundo. Os apóstolos foram os membros (clero, para ser mais exato) da Igreja fundada por Cristo. Em várias passagens dos evangelhos (Mc 3,13-19, Mt 10,1-4, Lc 6,12-16), podemos notar que Jesus escolheu 12 apóstolos entre seus discípulos, eis aí os primeiros do clero da Igreja Católica. Mas o que aconteceu com aqueles que não foram escolhidos? Os que não foram escolhidos, ficaram na condição de fiéis. Mas, São Pedro, de fato, fez uso das chaves como o Papa João Paulo II faz hoje? E a palavra Papa, de onde surgiu, pois, não se encontra nas Sagradas Escrituras.
A palavra “Papa”, significa “Pai”, e apareceu durante o desenvolvimento da Igreja Católica no Império Romano, especialmente no Império Romano do Ocidente, é muito questionada a origem desta palavra, pois, não há este vocábulo nas Sagradas Escrituras, no entanto, o que importa é que a autoridade de Papa é presente nos textos bíblicos e há muitos exemplos disso. Em At 15,1-12, podemos observar que alguns convertidos que foram da seita dos fariseus levantaram-se dizendo que era necessário circuncidar os pagãos e impor-lhes a Lei de Moisés, conforme Deus determina a Abraão em Gn 17. Uma grande discussão originou-se entre eles e Paulo e Barnabé, e ficou acertado que eles, Paulo, Barnabé e alguns irmãos iriam tratar esta questão com os apóstolos e os anciãos em Jerusalém. Tomou-se o caminho da Fenícia e da Samaria e chegando a Jerusalém contaram as novidades aos apóstolos e anciãos (estes eram os primeiros sacerdotes). Foram relatadas com alegria as inúmeras conversões, mas, eles não se esqueceram da questão levantada pelos fariseus acerca da circuncisão e da Lei de Moisés.
?Reuniram-se os apóstolos e os Anciãos para tratar desta questão.” (At 15,6), “Ao fim de uma grande discussão, Pedro levantou-se e lhes disse: ?Irmãos, vós sabeis que já há muito tempo Deus me escolheu dentre vós, para que da minha boca os pagãos ouvissem a palavra do Evangelho e crescem. Ora, Deus, que conhece os corações, testemunhou a seu respeito, dando-lhes o Espírito Santo, da mesma forma que a nós. Nem fez distinção alguma entre nós e eles, purificando pela fé os seus corações. Por que, pois, provocais agora a Deus, impondo aos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós mesmos podemos suportar? Nós cremos que pela graça do Senhor seremos salvos, exatamente como eles.” Toda a assembléia o ouviu silenciosamente.” (At 15, 1-12).
Eis o motivo pelo qual nós cristãos não cicurcidamos nossos recém-nascidos, pois, São Pedro, não condição de chefe da Igreja fundada por Jesus Cristo abole, com sua autoridade, a circuncisão. O Batismo substituiu a circuncisão.
Eis também a autoridade papal, que apesar de não ter este nome de Papa nas Sagradas Escrituras, já existia um homem, cuja autoridade, fora legitimada por Nosso Senhor Jesus Cristo para ensinar a humanidade a adorar Nosso Senhor Jesus Cristo obedecendo às suas ordens, que são transmitidas através do ensinamento oficial da Santa Católica Apostólica Romana. Mas, é de se questionar: Como pode o ensinamento de uma Igreja, cujos membros são pecadores, serem confiáveis. Para isso é necessário entender doutrina da infalibilidade do Papa.
É importante notar também os dizeres de São Pedro aos demais Apóstolos e Anciãos no Concílio de Jerusalém, que foi o primeiro Concílio da Igreja Católica Apostólica Romana: ?Irmãos, vós sabeis que já há muito tempo Deus ME ESCOLHEU DENTRE VÓS, para que da MINHA BOCA os pagãos ouvissem a palavra do Evangelho e crescem….? (At 15,7). O que São Pedro quis dizer quando afirmou que ?Deus me ESCOLHEU DENTRE VÓS, para que da MINHA BOCA os pagãos…?? As Sagradas Escrituras relata que Nosso Senhor Jesus Cristo elegeu pelo menos dez Apóstolos para evangelizar a humanidade; portanto, é importante analisar o motivo pelo qual São Pedro afirmou que Deus o escolheu dentre os Apóstolos e Anciãos para que os pagãos fossem evangelizados, afinal, houve uma grande discussão sobre a circuncisão e a Lei de Moisés e mesmo após ele afirmar tal assertiva, os demais presentes no Concílio permaneceram em silêncio e aceitaram tal determinação, tanto é que, nos dias de hoje, não há mais a prática da Lei antiga, na Igreja Católica Apostólica Romana. De fato, São Pedro liderava a Igreja de Cristo, e os próprios Apóstolos reconheciam isto, quando silenciaram perante a afirmação de São Pedro que Deus o havia escolhido para evangelizar os pagãos.
Portanto, São Pedro fez uso das chaves do Reino do Céu, ele ?desligou? com essas chaves a Lei de Moisés e a prática da circuncisão na Terra, por conseguinte, elas foram também ?desligadas? no Céu. Conclui-se, assim, que São Pedro é o Apóstolo que liderava a Igreja de Cristo, cabia a ele, em última instância, a decisão sobre matéria de doutrina, fé, moral e pastoral, ou seja, “São Pedro falou, a questão acabou”. Várias são as citações bíblicas que constatam isso:
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At 14,23: ?Em cada igreja instituíram anciãos e, após orações com jejuns, encomendaram-nos ao Senhor, em quem tinham confiado.? Ou seja, os sacerdotes de cada comunidade eram escolhidos pelos Apóstolos, leia o capítulo 14 do livro dos Atos dos Apóstolos para maior entendimento.
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At 16,4-5. ?Nas cidades pelas quais passavam, ensinavam que observassem as decisões que haviam sido tomadas pelos apóstolos e anciãos em Jerusalém. Assim as igrejas eram confirmadas na fé, e cresciam em número dia a dia.? Pode-se ver, portanto, que todas as demais igrejas deviam obediência aos Apóstolos que inicialmente se encontravam na Igreja de Jerusalém e posteriormente, se transferiram para Roma, fundando nesta localidade a Igreja de Roma. (Leia também At 16).
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At 15,24-29 ?Temos ouvido que alguns dentre nós vos têm perturbado com palavras, transtornando os vossos espíritos, sem lhes termos dado semelhante incumbência. Assim nós nos reunimos e decidimos escolher delegados e enviá-los a vós, com os nossos amados Barnabé e Paulo, homens que têm exposto suas vidas pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Enviamos, portanto, Judas e Silas que de viva voz vos exporão as mesmas coisas. Com efeito, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor outro peso além do seguinte indispensável: que vos abstenhais das carnes sacrificadas aos ídolos, do sangue, da carne sufocada e da impureza. Dessas coisas fareis bem de vos guardar conscienciosamente. Adeus!? Ou seja, somente pessoas autorizadas pela Igreja de Jerusalém (onde os apóstolos, liderados por São Pedro se encontravam inicialmente) poderiam ensinar uma doutrina como verdadeira e impor certas regras como está descrito nesta passagem das Sagradas Escrituras.
Em Mt 28,19-20, Nosso Senhor diz a seus Apóstolos: “Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo.” Notemos para o momento em que ele diz: “…eis que estou convosco TODOS OS DIAS ATÉ O FIM DO MUNDO.” Como pode Cristo estar com os Apóstolos TODOS OS DIAS ATÉ O FIM DO MUNDO? Será que os Apóstolos ainda estão vivos? Pois estariam ensinando a humanidade até hoje, já que o MUNDO AINDA NÃO ACABOU.
Alegria!!! A resposta é sim. Sim, os apóstolos estão vivos, pois sendo Nosso Senhor Jesus Cristo e Deus-Pai a mesma pessoa, ele não falharia nas suas promessas. Claro que não os primeiros, mas outros Apóstolos que foram legitimamente ordenados pelos primeiros ao longo dos vinte séculos de existência da Santa Igreja, pois, São Pedro e os primeiros apóstolos faleceram, confira depois, no artigo Passagem e morte de Pedro em Roma, a notícia de que embaixo da Basília de São Pedro, no Vaticano, existe um antigo cemitério romano onde foi encontrado uma sepultura com inscrições que comprovam que São Pedro, o primeiro Papa da Santa Igreja, fixou-se em Roma.
Aliás, como se constata em At 15,24, (“Temos ouvido que alguns dentre nós vos têm perturbado com palavras, transtornando os vossos espíritos, sem lhes termos dado semelhante incumbência.”) somente pessoas autorizadas pelos apóstolos podem pregar uma doutrina ou interpretação da Bíblia como verdadeira, portanto, todos sacerdote, seja ele bispo, padre, cardeal, pastor, diácono, presbítero e até mesmo o Papa, precisa ser ordenado pela Igreja de Cristo para ser um sacerdote legítimo.