A bondade infinita de Deus

Certo dia, – relata-nos o Evangelho – um jovem rico aproximou-se de Jesus e lhe perguntou o que deveria fazer de bom para obter a vida Eterna. Jesus replicou-lhe: “só Deus é bom [1]”, e o exortou a seguir os mandamentos, para alcançar a vida Eterna. Entretanto, como o jovem afirmara que já seguia os mandamentos, Jesus então, lhe dá a “receita” da perfeição: “Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me![2]”.

Diante dessas palavras consignadas no Evangelho do Divino Mestre, compreendemos que é necessário o total desapego aos bens materiais, para verdadeiramente seguir a Jesus, e cumprir os mandamentos. Não é à toa que em outra ocasião já nos alertara o Senhor: “Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e as traças corroem, onde os ladrões furtam e roubam. Ajuntai para vós tesouros no céu, onde não os consomem nem as traças nem a ferrugem, e os ladrões não furtam nem roubam. Porque onde está o teu tesouro, lá também está teu coração[3].”

Por fim, diante da incredulidade dos discípulos (e muitas vezes da nossa incredulidade…), que confiavam apenas em suas capacidades humanas para alcançar a Salvação, ensina com propriedade Jesus, demonstrando a onipotência divina: “aos homens isto é impossível, mas a Deus tudo é possível[4].”

É justamente na graça de Deus que se manifesta a Sua infinita bondade, por isso nos diz São João em sua primeira carta: “Considerai com que amor nos amou o Pai, para que sejamos chamados filhos de Deus[5]”. E da mesma forma, ensina São Paulo, escrevendo aos cristãos de Éfeso: “Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto do céu nos abençoou com toda a bênção espiritual em Cristo, e nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis, diante de seus olhos. No seu amor nos predestinou para sermos adotados como filhos seus por Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua livre vontade, para fazer resplandecer a sua maravilhosa graça, que nos foi concedida por ele no Bem – amado[6]”.

Santo Agostinho em um de seus sermões nos mostra a bondade infinita de Deus, ao refletir sobre o Mistério da Encarnação, afirmando que Cristo assumiu a nossa natureza mortal, para morrendo nos dar a imortalidade: “Se não tivesse tomado da nossa natureza a carne mortal, Cristo não teria possibilidade de morrer por nós. Mas deste modo o imortal pôde morrer e dar a vida aos mortais. Fez-se participante de nossa morte para nos tornar participantes da sua vida[7]”

Ora, diante de tal constatação é possível vislumbrar limites na bondade divina? Creio que não! Por isso, também dizia Santo Agostinho: “Como é grande a riqueza de sua bondade, reservada para os que o temem e concedida aos que nele esperam! (…) Para sermos capazes de alcançá-lo é que o Cristo, igual ao Pai na condição divina, fez-se igual a nós na condição de servos e nos recriou à semelhança divina[8]”

Por tudo isso, São Paulo se gloriava da Cruz de Cristo[9], “escândalo para os judeus e loucura para os pagãos[10]”

Esperemos sempre no Senhor, que nos ama incondicionalmente e deseja a nossa Eterna felicidade Nele!

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NOTAS:

[1] Cf. Mt 19,17; Mc 10,18. * [2] Cf. Mt 19,21. * [3] Cf. Mt 6,19-21. * [4] Cf. Mt 19,26. * [5] Cf. I Jo 3,1. * [6] Cf. Ef 1,3-6. * [7] Cf. Santo Agostinho. Sermão: Gloriemo-nos também nós na Cruz do Senhor! apud AQUINO, Felipe. Alimento Sólido. Cachoeira Paulista: Canção Nova, 2005, p.97. * [8] Cf. Santo Agostinho. Sermão: Seremos saciados com a visão do Verbo apud AQUINO, Felipe. Op. Cit., p 98-99 * [9] Cf. Gl 6,14. * [10] Cf. I Cor 1,23.

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