A confissão de augsburgo – pequeno comentário

Em 1530 o Imperador pediu aos Luteranos que preparassem uma lista das suas crenças para comparação com os Ensinamentos Católicos Romanos. Esta foi entregue ao Imperador em Augsburgo, e não aceito pela Igreja Católica. Pelo menos muitos Luteranos ainda a aceitam. (Hereinafter = Confissão de Augsburgo).

 

Em muitos aspectos se parece com um credo Católico. Mas existem 2 grandes razões porquê é inaceitável para a Igreja Católica.

 

  1. fé: a idéia de fé em Augsburgo ainda é a mesma de Lutero. A Confissão de Augsburgo 20:23: ?Fé não significa conhecimento de um evento… significa fé que acredita… também no efeito de um evento, isto é, a remissão de pecados, p. ex., que temos, através de Cristo, graça, justificação e remissão dos pecados? 

Não! São Paulo tem uma definição diferente de fé. Ela inclui três coisas. A terceira, e mais vital, é omitida na Confissão de Augsburgo. São Paulo requere que:

 

  1. Acreditemos no que Deus diz. A Confissão de Augsburgo não discordaria.

  2. Tenhamos confiança nas Suas promessas. A Confissão de Augsburgo dificilmente discordaria.

  3. A ?obediência da fé? ? de Romanos 1:5. um trabalho de referência padrão Protestante, Dicionário de Interpretação Bíblica, diz no seu Suplemento de 1976, p. 333, no artigo de fé, da seção sobre São Paulo: ?Paulo usa pistis/pisteuein [palavras gregas para fé e crença] para significar, acima de tudo, crença no kerygma de Cristo [proclamação ou pregação], conhecimento, obediência, verdade do Senhor Jesus. Comentando Romanos 1:5 o mesmo artigo diz: que devemos responder ?pela ?obediência da fé?, (Rom 1:5), hypakoe pisteos ?a obediência que é da fé?. Note que não é meramente dito que a fé produz obediência. Preferivelmente, fala da obediência da fé.

Aqui Lutero se contradiz fortemente. Na sua Epístola de 1 de agosto de 1521 a Melancton (tradução oficial da Edição Americana Luterana de suas Obras Completas, vol. 42, pp. 281-82: ?Se você é um pregador da graça, então pregue uma graça verdadeira e não uma graça fictícia. Se a graça é verdadeira, então você deve carregar um verdadeiro (pg. 282) e não um falso pecado. Deus não salva pessoas que são apenas pecadores fictícios. Seja um pecador e peque corajosamente, mas acredite e se alegre em Cristo mais bravamente… assim como estamos aqui [neste mundo] temos que pecar… não pecar nos separará do Cordeiro, mesmo que cometamos fornicação e homicídio milhares de vezes ao dia?. Então se um homem após uma orgia sexual saísse e matasse um milhão de pessoas com um rifle automático, e depois se matasse, ele instantaneamente iria para o abraço eterno de Deus. Já em Ml 3:2: ?Quem poderá resistir quando ele aparecer? Porque ele é como o fogo do fundidor.? Aquele fogo teria que queimar todos que decaem fora dele. Se existisse qualquer coisa à esquerda, Ele deveria finalmente alcançar o céu. Se não, significaria que o fogo continuaria queimando-o para sempre. Então, tristemente, temos que dizer: Lutero não sabia realmente o que São Paulo entendeu por fé. Ele construiu todo o seu sistema neste erro. Na sua exposição sobre o Salmo 130.4, falando da justificação pela fé, ele escreveu: ?Se este artigo se sustenta, a igreja  se sustenta; caindo, a igreja cai?. Ele também elimina a Santidade de Deus, do qual Isaías fala repetidas vezes, o atributo pelo qual Deus ama tudo que é bom, e odeia todos os pecados. Lutero imagina que milhares de fornicações e homicídios por dia deixariam um homem ainda de bem com Deus.

 

Ele disse a mesma coisa em sua Epístola 501 a Melancton.

 

Também disse, como citado pelo pensador Luterano De Wette (4. 188): ?Devemos remover o Decálogo [10 mandamentos] da vista e do coração.”

 

Disse na Table TalkConversas à Mesa, (citado em P. F. O?Hare, Os Fatos Sobre Lutero, Tan, Rockford, 1987, p. 315: ?Sento-me em ócio e rezo, meu Deus, pequeno, e não olho para a Igreja de Deus. Muito mais me encontro consumido pelo fogo do corpo desenfreado. Em uma palavra, eu, que devo ter o Espírito removido, estou consumido pelo corpo e pela luxúria?.

 

Os luteranos gostariam de acreditar que a Igreja Católica ensinou o caminho errado para a salvação por mais de 15 séculos, e que depois Deus enviou um homem tão grosseiramente imoral para retificá-la, um homem que não se preocupou em ler São Paulo cuidadosamente para ver o que quis ensinar sobre a fé. Ele simplesmente chegou a uma conclusão. Mas: o que viriam a ser as promessas de Cristo se elas tivessem falhado por tantos séculos?

 

  1. O princípio de ensinar com autoridade se torna uma brecha impassível. Os protestantes cometeram dois erros aqui: 1) eles achavam que a Escritura é clara e fácil nas coisas essenciais. A justificação pela fé é claramente essencial. Mas não tão clara como vimos. Lutero não sabia o que a palavra fé significava para São Paulo. Nem entendeu a palavra justificação. Ele achou que significava alguma coisa meramente extrínseca e legalística: deixou a alma corromper. Pensando que os princípios básicos são claros, ele contradiz 2 Pedro 3:16 que diz que em São Paulo, ?Há algumas passagens difíceis de entender, cujo sentido os espíritos ignorantes ou pouco fortalecidos deturpam, para a sua própria ruína, como o fazem também com as demais Escrituras.? 

  1. Pior, Lutero não tinha direito de apelar para a Escritura, pois ele não sabia determinar quais livros da Escritura são inspirados. Em 1910 um professor de teologia Batista da Universidade de Chicago, Gerald Birney Smith, deu um artigo na Convenção Batista Nacional. Nele revisou todos os meios que pudesse usar para provar quais livros são inspirados. Concluiu que nenhum deles era bom. Também disse que o método que Lutero usou não foi bom. Lutero achou que se um livro proclama a justificação somente pela fé é inspirado. Que tolo! Muitos livros da Escritura nem mesmo mencionam o assunto! Mas este Professor disse que se existisse uma autoridade proclamada, esta poderia determina-la. Ele não acreditou que existisse tal coisa. Sabemos que existe, como nossas apologéticas facilmente mostram. Então o Professor concluiu seu trabalho dizendo que não é de se admirar que não ouçamos muito a palavra ?infalível? hoje em dia: não podemos estar certos se a Escritura é Escritura. Um caso triste que emergiu em um livro de Gerhard Maier, The End of the Historical Critical Method, publicado pela grande casa Luterana em Concórdia, em  1974. Nele, na p. 61-63, diz: ?Apenas a Escritura pode dizer de forma obrigatória qual autoridade possui… A Escritura se considera  como revelação?. A Escritura não pode provar que a Escritura é inspirada até que saibamos que a Escritura seja por ela mesma inspirada. E isto definitivamente não ocorre. Muito menos diz que ela é a única forma no qual Deus se comunica conosco. É como se dissesse: A Escritura é  Escritura, porque a Escritura diz a Escritura é Escritura. O artigo mencionado foi publicado em O Mundo Bíblico 37, p. 19-29.  

Além disso, todo o Protestantismo assume o Cristo pelos Apóstolos: Aqueles escrevem alguns livros ? divulgam-nos ? e dizem às pessoas para entender por eles mesmos. Livros eram muito caros no início, então muitos eram ignorantes, e como dissemos, esta noção contradiz 2 Pedro 3:16 dizendo que Paulo não é claro. Cristo não disse tal coisa boba. Ele disse aos apóstolos para ensinar, e prometeu: ?O que vos ouve, a mim ouve.?

 

E mais, muitos luteranos não têm noção do que Lutero realmente ensinou. Ele mesmo considerou seu livro, The Bondage of the Will como seu trabalho chefe. Aqui estão referências disso (em uma edição luterana, traduzida por James J. B. Packer e O. R. Johnston, F. H. Revell Co., Old Tappan, Nova Jersey, 1957). Na P. 273 ele insiste fortemente que não existe livre arbítrio. Nas p. 103-104: ?A vontade do homem é como uma besta… se Deus conduz, suas vontades vão onde Deus determina… Se Satanás conduz, suas vontades vão onde Satanás determina. Nem pode escolher para qual condutor se seguirá…? Então um homem não pode dizer se ele vai para o céu ou inferno, não pode escolher o condutor. Já na p. 101: ?Ele salva tão poucos e amaldiçoa muitos.? E na p. 314 “aqueles que são amaldiçoados são indignos?.

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