A “Folha Universal” diz a verdade?

Em síntese: O Sr. Alberto Rivera, escrevendo no jornal “Folha Uni-versal” da Igreja Universal do Reino de Deus, comete grave falha, ou seja, cai na inverdade de afirmar que “debaixo da basílica de São Pedro em Roma existem vários quilômetros de túneis, com milhões de livros e documentos desde os primórdios da humanidade”. Ora quem conhece a basílica de São Pedro sabe que em seu subsolo há um cemitério romano antigo no qual foi sepultado São Pedro; tendo sido recentemente escavado esse subsolo, apareceram vestígios da tumba do Apóstolo e urna ossada que pode ser de Pedro. É descabido supor que em baixo disso haja muitos quilômetros de túneis. Ademais nos primórdios da humanidade não lia ou via livros. riem documentos, pois os homens da pré?história não conheciam nem o papiro  nem o pergaminho. ? Estas inverdades colhidas em flagrante na “Folha Universal” sugerem a pergunta: seriam inverdades isoladas, singulares? Ou não será que fazem parte do estilo da Folha Universal, que preconcebidamente tenta denegrir  a Igreja Católica?


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O  jornal “Folha Universal”  do Sr Edyr Macedo tem publicado artigos e notícias altamente agressivas à Igreja Católica. Em vários casos, verifica-se que se trata de afirmações superficiais, chavões transcritos sem o mínimo senso crítico ou sem interesse pela verdade, no intuito principalmente de denegrir ou atacar inescrupulosamente. Em particular, os artigos de alguém que assina “Dr. Alberto Rivera, ex-padre jesuíta” são polêmicos e fantasiosos.

Não é costume da Igreja Católica envolver-se em polêmica, descendo ao plano dos que preconcebidamente a agridem. Parece mas nobre guardar o silêncio de quem sabe que se trata de falsas acusações e não se perturba com a malvadeza dos agressores. Todavia por vezes essa agressividade é tão baixa e falsária que se faz necessário esclarecer o público a respeito, pois muitas pessoas despreparadas se dão por perplexas com a leitura de tais invectivas e pedem elucidação.

Vamos, pois, nas páginas subseqüentes, examinar um artigo de Alberto Rivera, espécimen muito significativo do pensamento e do estilo desse autor como também de seu jornal. Tem por titulo “A história de Semíramís” e foi publicado na edição de domingo 6/4/1997, p. 2

O autor, que se diz ex-jesuíta, refere-se ao seu passado e escreve

«Durante décadas de estudo, tive acesso à maior e mais completa biblioteca do mundo: a do Vaticano. Localizada exatamente sob a Basílica de São Pedro, o maior arquivo histórico do planeta se estende por vários quilômetros de túneis, com milhões de livros e documentos, desde os primórdios da humanidade.

Ali estão registrados os nomes de todos os “espias” da instituição católico-romana ao longo da História: seus cargos, a “defesa indefesa” de suas vítimas, as torturas e as respectivas execuções».

Este texto sugere alguns comentários:

1) Quem conhece a Basílica de São Pedro, em Roma, sabe que ela foi construída sobre um antigo cemitério romano, onde ainda no século I (67?) foi sepultado o Apóstolo Pedro após ter sofrido o martírio. Sob Pio XII (1939 -1958) foram feitas escavações profundas no subsolo da Basílica, que chegaram ao nível mais baixo, onde se encontrou o presumido túmulo de São Pedro, identificado por inscrições de fiéis visitantes e uma ossada que bem pode ser do Apóstolo: ver nosso livro “Diálogo Ecumênico”, Ed. Lumen Christi, pp. 102s. Por conseguinte, não tem cabimento dizer que sob a basílica de São Pedro existem vários quilômetros de túneis: a superfície da basílica não enquadra os vários quilômetros de túneis nem estes seriam possíveis em tal local. Somente a ignorância do Sr. Alberto Rivera ou (pior) a má fé ou o desejo de denegrir (ainda que caluniosamente) explicam a afirmação publicada na “Folha Universal”. Tal procedimento não é cristão.

2) Quanto à alegação de que nesses quilômetros de túneis existem milhões de livros e documentos desde os primórdios da humanidade, observamos que os primórdios da humanidade ocorreram há cerca de dois milhões de anos; os mais antigos fósseis foram descobertos em Quênia (África). Os primeiros homens não usavam livros nem documentos. pois não conheciam nem papiro nem pergaminho. Daí o despropósito de falar de livros e documentos desde os primórdios da humanidade.

3) Cabe aqui urna interrogação: as inverdades colhidas em flagrante no artigo que analisamos, não seriam um espécimen da mentalidade que inspira os artigos de Alberto Rivera? A inverdade só se encontra uma vez sob a pena desse autor, e nunca mais em seus artigos? Ou será a falsidade preconcebida para tentar destruir a Igreja Católica uma das linhas-mestras de tal autor? O próprio titulo “Dr. Alberto Rivera, ex-padre jesuíta” corresponde a um personagem real histórico? Ou será um pseudônimo pomposo utilizado por algum pastor da Igreja Universal desejoso de ganhar status e pretensa autoridade? E não se pode dizer que a “Folha Universal” segue o mesmo estilo da mentira?… mentira cujo pai é Satanás, conforme Jo 8,44.

4) A associação de Maria Ssma. e Semíramis, deusa pagã, é absolutamente arbitrária. Para início de conversa, pode-se lembrar que uma imagem de Maria SSma. com o Menino Jesus nos braços foi atribuída a São Lucas evangelista. Embora esta concepção não seja fidedigna, ela revela que os antigos cristãos retrocediam até o evangelista para explicar a representação de Maria SSma. com seu Divino Filho nos braços. Será que Rivera ignora tal tradição?

Quanto a Semíramis, já foi considerada em PR 412/1996, p. 426. É figura lendária da Assíria datada do século IX a.C. Terá tido influência sobre os cristãos nove séculos após ter sido proposta pelos antigos mesopotâmios?

Os bons autores são muito sóbrios em relação a Semíramis, em vez de a apresentar como Rainha-Mãe adorada por todos os povos do Oriente. Doutro lado, é muito compreensível que,  a partir das próprias prerrogativas de Maria apontadas pelo Evangelho, se tenham desenvolvido a veneração à Santa Mãe de Deus. Longe de a adorar, os fiéis católicos reconhecem a grandeza única que lhe cabe em virtude de sua função de Mãe de Deus… Mãe que Jesus quis fosse também a Mãe dos homens (cf. Jo 19,25-27).

Temos indícios de veneração a Maria, Mãe de Deus, nos fins do século I ou no começo do século II, quando S. Inácio de Antioquia (+107) escreveu:

“Nosso Deus, Jesus Cristo, tomou carne no seio de Maria segundo o plano de Deus…
Permaneceu oculta ao príncipe deste mundo (cf. Jo 12,31; 14,30) a virgindade de Maria e seu parto. como igualmente a morte do Senhor, três mistérios de grande alcance, que se processaram no silêncio de Deus” (aos Efésios nº 18 e 19).

Embora S. Inácio combata os docetas, que negavam a realidade plenamente humana do corpo de Jesus, não deixou de afirmar o modo singular como essa humanidade foi concebida e nasceu: a Mãe de Jesus foi Virgem. – O santo julga que este mistério ficou oculto ao demônio, como haviam de pensar outros escritores antigos. Por falta de dados mais precisos referentes ao demônio, não nos é possível aprofundar a afirmação de S. Inácio sobre esse “silêncio de Deus”.

É, pois, evidente que, desde o início da era cristã, a veneração a Maria SSma. já era elemento integrante da piedade cristã, decorrente de fiel compreensão da Palavra de Deus. Donde se evidencia quão despropositado é afirmar que a figura de Maria, Mãe de Deus feito homem em seu seio, tem algo a ver com a lendária deusa Semíramis.

Donde se evidencia também quão inescrupuloso ou falso é o jornal que abona mentiras e calúnias.

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