– A Igreja Católica crê [na existência] do diabo? Eu vi na televisão um padre afirmar que isto não constitui doutrina oficial católica (Anônimo).
Se o padre que você viu na televisão falou isso que você disse, ele está errado. Baseada no ensinamento e exemplo de Jesus (Mateus 4,1-11; 12,22-30; Marcos 1,34; Lucas 10,18; 22,31; João 8,44), a Igreja Católica sempre afirmou que o diabo é real e não uma personificação mítica do mal. O IV Concílio de Latrão (1215), em seu decreto que condena o maniqueísmo dualista dos cátaros, ensina que “o diabo e os outros espíritos maus foram criados bons em natureza, mas se tornaram maus por suas próprias ações”.
O ensinamento católico sobre essa matéria é claro a partir da sua liturgia. No Batismo, aqueles que são batizados são conclamados a rejeitar Satanás, suas obras e suas vãs promessas. A Igreja possui um rito oficial de exorcismo, que pressupõe – como é óbvio – a existência de Satanás.
Em 1975, a Sagrada Congregação para o Culto Divino editou um documento chamado “Fé Cristã e Demonologia”, explicando o ensinamento da Igreja nessa matéria. Este documento cita o ensinamento do Papa Paulo VI acerca do diabo:
“Afasta-se da imagem oferecida pelo ensinamento bíblico e da Igreja a recusa em reconhecer a existência do diabo, apontando-o como […] uma personificação fantasiosa e conceitual das causas desconhecidas de nossas misérias […] Os exegetas e os teólogos não devem ser surdos para este aviso”.
Presumivelmente, esta exortação se aplica ao padre que apareceu na televisão.
Mais recentemente, o Papa João Paulo II, em sua audiência de 13 de agosto de 1986, expôs a extensão da queda dos anjos e, ao se referir à origem de Satanás, disse:
“Quando por um ato de sua livre vontade ele rejeitou a verdade que conhecia acerca de Deus, Satanás tornou-se universalmente ‘o Mentiroso e o Pai das mentiras’ (João 8,44). Por isso, ele vive em uma radical e irreversível negação de Deus e procura impor à criação, aos outros seres criados à imagem de Deus e em particular aos homens, a sua trágica ‘mentira sobre o Bem’ que é Deus”.