A inspiração e originalidade do Texto Bíblico

– “As coisas reveladas por Deus, que se encontram e manifestam na Sagrada Escritura, foram escritas por inspiração do Espírito Santo. De fato a Igreja, por fé apostólica, considera como sagrados e canônicos os livros inteiros tanto do Antigo como do Novo Testamento, com todas as suas partes, porque tendo sido escritos por inspiração do Espírito Santo (cf. João 30,31; 2Timóteo 3,16; 2Pedro 1,19-21; 3,15-16), tem a Deus por autor e como tais foram confiados à própria Igreja. Todavia para escrever os Livros Sagrados, Deus escolheu homens, que utilizou na posse de faculdades e capacidades que tinham, para que agindo Deus neles e por meios deles, pusessem por escrito, como verdadeiros autores, tudo aquilo e só aquilo que Ele quisesse” (Bíblia Sagrada. São Paulo, 1982, p.9).

A Igreja Católica, sempre afirmou que a inspiração da Bíblia, partiu de Deus, através do Espírito Santo, agindo no autor bíblico (hagiógrafo) que utilizava de suas faculdades para escrever. Por tanto, coexistem na Escritura elementos divinos e humanos; é um livro que expressa a revelação de Deus, utilizando-se da maneira humana de se expressar.

– “A inspiração bíblica, segundo o conceito católico, não é uma moção mecânica, nem um ditado como se o autor humano fosse passivo e nada de próprio assentasse no Livro inspirado…Antes de tudo, a inspiração é uma luz intelectual, que, ou descobre ao homem aquilo que antes ignorava (e então tem-se a revelação) ou com novo esplendor lhe apresenta aquilo que já sabia… A ação inspiradora estende-se a todas as faculdades do homem, a todas as suas ações empregadas ao escrever, até à redação completa… Daí segue que a inspiração não suprime nem atenua a personalidade do escritor humano, e nos vários livros da Bíblia, pode-se ver refletida a índole e o estilo de cada autor” (Bíblia Sagrada. São Paulo, 1982, p.10).

No que diz respeito à originalidade dos Escritos bíblicos, sabemos que nenhum autógrafo, tal qual saíram das mãos do autor bíblico, chegou até nós. Porém a “substância do depósito da fé” foi magnificamente conservada por Deus, mantendo a revelação divina inalterada mesmo nas cópias que nos legaram o texto que hoje possuímos:

– “Ainda que em geral possamos estar certos de que possuímos substancialmente os livros como eles foram escritos, não tendo sido obscurecida uma promessa, não tendo sido alterada uma verdade, e ainda pelo menos a contar do fim do primeiro século, a pureza da letra tenha sido miraculosamente preservada, temos de contentar-nos com a posse dum tesouro que não corresponde perfeitamente aos autógrafos sagrados. As imperfeições da letra podem levar-nos a considerar o espírito do texto, indo das palavras para a Palavra, que permanece inabalável e cresce em significado através dos tempos” (História, Doutrina e Interpretação da Bíblia. São Paulo, 1951, p.28).

Segundo os mais exigentes críticos do século XIX, os eruditos ingleses de Cambridge, Brook Foss Westcott e Fenton John Anthony Hort (Westcott e Hort), que em 1881, publicaram o livro “The New Testament in the Original Greek” – Vols. I e II, contendo a teoria e o método da crítica textual, existem no Novo Testamento, mais de 150.000 (cento e cinquenta mil) palavras, com mais de 250.000 (duzentos e cinquenta mil) variantes, que são na maioria minúcias que não atingem absolutamente o sentido. Assim sendo “sete oitavos de todo o Novo Testamento são transmitidos sem variantes; quanto às variantes, somente a milésima parte atinge o sentido; e só umas vinte assumem verdadeira importância; nenhuma atinge alguma verdade de fé”. Desta forma, conclui-se categoricamente que o texto genuíno do Novo Testamento é assegurado na substância e em quase todas as minuciosas particularidades.

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BIBLIOGRAFIA:

– JESUS, Leandro Martins. “A Formação da Bíblia ao Longo dos Séculos e a Importante Participação da Igreja Católica neste Processo”, 2005.
– ANGUS, Joseph; GREEN Samuel G. “História Doutrina e Interpretação da Bíblia”. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista,1951.
– AQUINO, Felipe. “Escola da Fé I – A Sagrada Tradição”. Lorena: Cléofas, 2000.
– AQUINO, Felipe. “Escola da Fé II – A Sagrada Escritura”. Lorena: Cléofas, 2000.
– AQUINO, Felipe. “Escola da Fé III – O Sagrado Magistério”. Lorena: Cléofas, 2001.
– BATTISTINI, Francisco. “A Igreja do Deus Vivo – Curso Popular sobre a Verdadeira Igreja”. Petrópolis: Vozes, 29ª ed., 1998.
– Bíblia Sagrada. São Paulo: Ave Maria, 47ª ed., 1985.
– Bíblia Sagrada. São Paulo: Paulinas, 38ª ed., 1982
– SARMENTO, Francisco de Jesus Maria. “Minidicionário Compacto Bíblico”. São Paulo: Rideel, 3ª ed., 2001.
– SILVA, Rogério Amaral. “A Fundação da Igreja Católica por Nosso Senhor Jesus Cristo”. ACI Digital, disponível em: www.acidigital.com.br. Acesso em 16/06/2004.
– SILVA, Severino Celestino. “Pequena História das Traduções Bíblicas”. Nosso São Paulo, disponível em www.nossosaopaulo.com.br. Acesso em 01/07/2004.
– Anônimo. “Como a Bíblia foi escrita”. ACI Digital, disponível em www.acidigital.com.br. Acesso em 16/06/2004.

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