A JMJ e as Enchentes no Rio de Janeiro

Em 2010, quando o desastre no Morro do Bumba, em Niterói-RJ, vitimou centenas de famílias, a Igreja católica ali se fez presente, ajudando na organização e apoio das famílias desabrigadas, abrindo suas portas e sustentando-as com alimentos e roupas. Nestes momentos, não se pode fazer guerra em detrimento de pessoas e a despeito de seu sofrimento. Em 2011, novamente, foi a vez da Igreja se fazer presente na região serrana do Rio de Janeiro. O Bispo de Petrópolis, D. Filippo Santoro, inclusive conseguiu injetar 1 milhão de reais em sua diocese e redondezas para amparar as famílias desabrigadas, além das inúmeras ações levadas a cabo por outras dioceses, muitas importando voluntários para auxiliar na organização, recepção e dispensa de donativos, como foi o caso dos seminaristas da Arquidiocese do Rio de Janeiro que foram voluntários na ação solidária na diocese de Nova Friburgo, lá permanecendo por mais de uma semana no auxílio material e espiritual a necessitados. Este ano, a tragédia da região serrana novamente recebe o apoio da Igreja Católica, acolhendo desabrigados, confortando os sofredores, além de dispensar não poucos gêneros alimentícios e abrigo aos mais necessitados.

Mas o que isso tem a ver com a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), como indica o título do texto? Pois é, não dizem que a JMJ não pode ter apoio do governo e das prefeituras do Rio de Janeiro porque o estado é laico? Não dizem que o dinheiro público não pode custear atividades da Igreja porque o estado não é confessional? Pois bem, mas a Igreja Católica não cobra aluguel do governo, pelos milhares de refugiados das chuvas, quando o estado precisa! A Igreja Católica não nega estender a mão aos cidadãos cariocas, mesmo quando o dever de acolher e alimentar é do governo! A Igreja Católica não exige restituição do governo das bolsas de alimentação e roupas que doa a desabrigados nesses difíceis momentos, mesmo quando é o governo quem deveria fazê-lo!

Ora, e o discurso do estado laico? Quando interessa, os críticos habilmente esgrimam o argumento da laicidade do estado (que é um argumento falso, aliás), mas só quando o assunto é algum benefício à Igreja; quando é necessário, porém, fazer o trabalho que o estado não faz, aí esquece-se do estado laico para que a Igreja ajude os cidadãos, e ela o faz sempre, atendendo todos os credos e sem preconceitos. Enfim, para os inúmeros hipócritas de plantão, o estado é laico quando se trata de apoiar qualquer atividade eclesial, mas o estado não é laico e gosta bastante dos cristãos quando se trata de a Igreja acolher e alimentar cidadãos no lugar do estado.

Ainda virá muita discussão sobre a JMJ e o apoio logístico que o estado deve dar, como acontece em outros eventos na cidade: Copa do Mundo, Fim de Ano, Carnaval. Muitos até dirão que o governo e as prefeituras não podem ajudar a Igreja nesta empreitada. Caso o façam, porém, ficará desnudada a hipocrisia dos governantes e de seus defensores, que defendem o estado laico segundo suas conveniências. Cabe à Igreja, pelo contrário, fugir dessas discussões interesseiras e ser o esteio de tantas famílias nestes momentos difíceis, sem exigir necessária contrapartida das prefeituras e do governo do Rio de Janeiro. Aos leigos importa pôr às claras as mentiras e os falsos argumentos dos inimigos da Igreja.

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