A Santa Igreja nos convida, durante o mês de agosto, à reflexão sobre a vocação. No primeiro domingo meditamos sobre a vocação ao sacerdócio; no segundo, a vocação à paternidade, na formação da família; depois abordamos a vocação à vida religiosa e, encerrando o mês, no quarto domingo, a vocação para propagadores da Palavra de Deus, da doutrina da Igreja, encaminhando nossas crianças e adolescentes na formação cristã e acompanhando jovens e adultos no seu amadurecimento da fé, na perseverança dessa caminhada. São os nossos caros catequistas, homens e mulheres, que se dedicam à obra de evangelização.
Como no seio da Igreja existem famílias religiosas com carismas específicos, também existem catequistas com missões distintas, uns dos outros. Todos somos chamados a catequizar, a desempenhar esta missão apostólica, confiada por Nosso Senhor aos seus discípulos: “Ide, pois, e ensinai a todas as nações” (Mt 28,19), edificando, assim, o Corpo Místico de Cristo, na certeza da divindade de Jesus Cristo e da plenitude da vida Nele, para o que fomos criados. Daí a necessidade do cristocentrismo nesse processo, fazendo que alguém se ponha, como ensina o Servo de Deus João Paulo II, “não apenas em contato, mas em comunhão, em intimidade com Jesus Cristo: somente Ele pode levar ao amor do Pai no Espírito e fazer-nos participar na vida da Santíssima Trindade” (Catechesi Tradendæ I,5).
Na mesma Exortação Apostólica, o saudoso Pontífice exorta sobre a preocupação constante de todo o catequista, “seja qual for o nível das suas responsabilidades na Igreja, deve ser a de fazer passar, através do seu ensino e do seu modo da comportar-se, a doutrina e a vida de Jesus Cristo” (op. cit. I, 6). De fato, todo cristão vocacionado deve entregar-se por inteiro ao ministério que lhe é confiado, seja o sacerdotal, o da paternidade, o da vida consagrada e o de catequista, com a missão de reger e de ensinar. Reger, encaminhar nas sendas onde se moldam ou se aperfeiçoam o caráter, ensinando-lhes sobre os princípios do cristianismo que fundamentam a moral e a ética na formação da civilização cristã.
Quem não se lembra de seu catequista?
E ousaria perguntar-lhe: quem foi seu primeiro catequista?
Oxalá todos respondessem ter haurido as primeiras lições da doutrina cristã no seio materno. Sim, pois os pais devem ser os primeiros a dar aos filhos as lições primitivas e elementares para o cultivo e a profissão de fé católica.
Tivemos depois a catequista, ou o catequista, que nos preparou para recebermos a Sagrada Eucaristia pela primeira vez. E felizes os que tiveram a oportunidade ou cuidaram em continuar essa bela caminhada, conhecendo, mais detalhadamente, as maravilhas dos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, precedidos por pessoas dedicadas a conduzi-los por esse aprofundamento no conhecimento e avivamento da fé.
Em nossas comunidades, alenta-nos a dedicação de tantos que correspondem ao chamado, pelo dom da partilha entre os irmãos e oferecem à Igreja a sua parcela na obra de evangelização. Obviamente, alguns requisitos são necessários, como um equilíbrio psicológico, capacidade de diálogo e de trabalho em equipe, conhecimento abrangente sobre a matéria, engajado(a) na vida paroquial, saber respeitar as limitações dos outros, disponibilidade e perseverança, apenas para citar alguns atributos essenciais.
Mas hoje, muito mais que em todos os tempos, a realidade em que vivemos, especialmente na América Latina, traduz bem a necessidade de que o zelo missionário, perfil do catequista, seja trabalhado dentro de cada comunidade.
É com esta preocupação que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) aprovou a realização do Ano Catequético, em 2009, numa correspondência ao primeiro Ano Catequético celebrado há quase 50 anos em 1959. Será mais um impulso a esse trabalho, sem o qual não há como formar mais discípulos missionários, com o tema: “Catequese, caminho para o discipulado” e lema: “Nosso coração arde quando Ele fala, explica as Escrituras e parte o pão” (Lc 24,13-35). Atentos à realidade de cada Igreja Particular, à luz do Documento de Aparecida, esperamos redefinir o direcionamento da catequese em nosso país.
Nessa perspectiva, conseguiremos distinguir melhor, de forma atualizada, o papel de cada um na missão de evangelizadores que somos. Não só à frente de grupos de catequizandos, mas principalmente no dia-a-dia, sendo exemplo para os demais, trazendo na fronte a marca de cristão, na disciplina pessoal, na dedicação a tudo o que se propõe, na caridade para com o próximo, lembrando que “aquele que foi evangelizado, evangeliza” (Paulo VI, “Evangelii Nuntiandi”, II,24). O cristão catequiza com um simples gesto, da mesma forma como pode depor contra Nosso Senhor, na intemperança, na incompreensão, no desamor.
O catequista deve, antes de tudo, ser um exemplo de vida, atrair as pessoas para junto de si e, então, poder lhes falar de Jesus, da sua Igreja e da obra da redenção. Ele sucede a uma plêiade de santos, padres, teólogos que, ao longo da história eclesiástica, cuidaram em esclarecer o Mistério de Cristo para fazê-lo sempre melhor compreendido e mais amado. Se buscamos mirar nos santos, nos mártires, em todos que se distinguiram pelas suas virtudes cristãs é porque eles tiveram preceptores que os prepararam de tal forma que se tornaram uma referência, tiveram bons catequistas.
“As condições do mundo atual tornam cada vez mais urgente o ensino catequético, sob a forma de um catecumenato, para numerosos jovens e adultos que, tocados pela graça, descobrem pouco a pouco o rosto de Cristo e experimentam a necessidade de a ele se entregar”, exortava, em 1975, o Papa Paulo VI (op. cit. IV, 44). Essa necessidade se faz mais fremente dentro da realidade atual e, por isso, recomendamos o zelo de nossos catequistas para buscarem sempre se aprofundar no conhecimento mais íntimo de Cristo e a solicitude de todos os cristãos para que, prontamente, atendam ao chamado para evangelizar.
De viva voz (katéchesis) haveremos se proclamar a boa nova a todas as nações, sem nenhum temor, destemidos, como os primeiros cristãos, para merecermos gozar da intimidade de Nosso Senhor, que nos revelou as maravilhas, unindo-nos na profissão de uma só fé em um só Deus. “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; chamei-vos amigos, porque vos manifestei tudo o que ouvi de meu Pai” (cf. Jo 15,15).
Quero, assim, abençoar afetuosamente a todos os catequistas e a todas as catequistas da querida Arquidiocese de Juiz de Fora. Em meu nome, dos presbíteros que são os primeiros colaboradores do Ordinário Local, quero agradecer a vocês pelo seu ministério de formadores e transmissores da nossa fé católica, apostólica e romana. Amém!
DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO METROPOLITANO DE JUIZ DE FORA, MG.