A MORTE NÃO EXISTE MAIS – SAPATTINI, HEITOR

Editora: Loyola (São Paulo-SP)
Ano: 2002
Páginas: 77 pp.

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Os temas relacionados com o Além têm sido muito estudados nos últimos tempos, mas nem sempre de acordo com o ensinamento oficial da Igreja.

O autor, aqui, baseado nas obras de Leonardo Boff e Renold Blank, sugere teses que não se coadunam com a doutrina da Igreja, como a não distinção de corpo e alma, a ressurreição logo após a morte, a entrada da morte biológica neste mundo mediante o pecado dos primeiros pais… Eis alguns pontos do livro que sugerem reparos:

Página 23: “A primeira morte, biológica, nada tem a ver com o pecado original”. Esta afirmação contraria o que as Escrituras e a Tradição professam. Assim, por exemplo, São Paulo, em Romanos 5,12-17, ensina que a morte corporal (biológica) entrou no mundo por causa do pecado dos primeiros pais. Foi justamente para tirar da morte o caráter de mera punição que Cristo quis morrer corporalmente.

Para fundamentar sua tese, o autor observa que bebezinhos e crianças inocentes morrem sem jamais ter pecado. Esta outra afirmação merece comentários: as crianças, antes do uso da razão, não cometem pecados atuais, mas, não obstante, são portadoras do que se chama “pecado original originado”, penhor de morte biológica. O autor confunde pecado atual com pecado original.

Na mesma página 23, o autor parece contradizer-se. Com efeito, reconhece que Maria Santíssima não pecou, mas faz questão de dizer que ela morreu, pois – diz ele – se não morreu, não ressuscitou e não está gloriosa no céu em corpo e alma. A propósito, deve-se dizer que a tese mais provável é a que admite a morte de Maria Santíssima, não devido ao pecado pessoal da Santíssima Virgem, mas ao fato de que Jesus inocente morreu. Todavia, salva-se a glorificação final de Maria mesmo no caso de não ter morrido.

À página 21 o autor nega a distinção de corpo e alma. Por isto, diz à página 59 que “o corpo espiritual ressuscita na hora da morte” enquanto o corpo cadáver vai para a terra. Ora, a doutrina da Igreja ensina que o ser humano consta de corpo material e alma espiritual (distintos um do outro) e que a ressurreição do único corpo humano se dará no fim dos tempos (cf. Jo. 6,44.54; 1Cor. 15,2s; 1Tes 4,16s).

O livro assim concebido é um alinhavado superficial e subjetivo, não podendo ser tomado como cartilha para o estudo da escatologia.

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