É impossível às massas guiar os destinos da Nação e do Estado. Somente as elites podem, necessariamente, cumprir tal papel.
Triste sina é a da Nação que conta com elites que não distinguem sua nobre missão de conferir valores à sociedade e de defender as populações, notadamente o pobre, o órfão e a viúva. A tais males quer o igualitarismo, principalmente o de matriz comunista mas também o liberal, propor uma falsa solução, qual seja a extinção das elites, dando às massas poder dirigente.
Desse aparente remédio contra a exploração patrocinada por algumas elites corrompidas, esquecidas de sua vocação a serviço do bem comum, só pode nascer a anarquia!
Bem melhor é a resposta católica, baseada na concepção cristã de sociedade e firmemente embasada em uma justa e harmônica hierarquia, na qual está enraizada a ética tomista clássica: ao invés de destruir as elites e conferir às massas o governo, deve-se evangelizar as primeiras, formá-las, despertar nas mesmas o senso do dever e de sua responsabilidade histórica, diante de Deus, de promover a justiça e o progresso material e o espiritual. Devem as elites ser convencidas, pela pregação do Evangelho, e pela formação integral – humanística, espiritual, doutrinária, apostólica e profissional -, de sua augusta função. Até porque, pela impossibilidade natural das massas gerirem a coisa pública, estabelecer-se-ia uma nova elite, e esta talvez, por desapego a legítimas tradições, falta de formação adequada, despreparo intelectual, entre outros problemas, seja mais funesta do que uma autêntica elite corrompida.
As estirpes familiares e o valor dos antepassados devem favorecer o despertar da consciência das elites tradicionais. Se algumas delas, ou mesmo a maioria, apenas se preocupam em gozar a vida e não se importam em oprimir o povo, não devemos sustentar a utopia de um igualitarismo infantil e tão odioso, por sua injustiça, quanto a exploração dos desvalidos. Somemos forças à mentalidade católica, acordemos as elites de seu sono, formemo-las para que voltem a desempenhar seu múnus, eis que, segundo o Papa Pio XII, é inerente à nobreza e à aristocracia a proteção e a elevação dos menos favorecidos (cf. Aloc. ao Patriciado e à Nobreza Romana, em 1958).
A sociedade atual não está em crise pela existência de elites, como mentem os socialistas. Causa da degeneração social hodierna é o torpor das elites, iniciado no absolutismo francês e desde então continuado por uma série de eventos revolucionários tendentes à destruir a ordem natural das coisas.
Expressa-se, nesse sentido, o Santo Padre, o Papa João Paulo: "É necessário evangelizar os dirigentes, homens e mulheres, com renovado ardor e novos métodos, insistindo principalmente na formação da sua consciência mediante a doutrina social cristã." (Exortação Apostólica Pós-sinodal Ecclesia in America, 67)