A paixão de mel gibson

A Paixão de Mel Gibson

Rafael Vitola Brodbeck

Católico fervoroso, fidelíssimo ao Papa e à doutrina tradicional da Igreja, devoto entusiasta da Missa segundo a fórmula anterior à reforma de Paulo VI – a chamada Missa Tridentina ou de São Pio V -, no que foi incentivado pelo Cardeal Castrillón Hoyos, o ator e diretor australiano Mel Gibson conseguiu, simplesmente, realizar a melhor película sobre Nosso Senhor jamais filmada.

“A Paixão de Cristo”, acusado de cruel e anti-semita, tem o mérito de despertar profundos sentimentos de contrição na alma. Fiz do cinema lugar de meditação e à projeção somei minha oração de pecador arrependido por minhas muitas faltas contra o Salvador, o que ocasionaram os açoites e as dores – tão intimamente, aliás, compartilhadas pela Santíssima Virgem.

De fato, a brutalidade do sofrimento de Cristo mostrada no filme é chocante. E choca justamente porque é real. Por isso, alguns evitam o tema, o acham violento… Preferem um Evangelho adocicado, meio hippie, politicamente correto, romântico, liberal!

Contra o povo judeu, em si, não pesa acusação alguma. Se judeus foram culpados da morte de Jesus, nós também o fomos: Ele morreu pelos pecados de toda a humanidade, como é explícito em cada cena. Caso fosse o filme de Gibson anti-semita, o Evangelho também o seria, pois a este o primeiro é fiel.

O grande motivo de atacarem Mel Gibson não é pela crueldade da Cruz nem pelo falso anti-semitismo do diretor. Ocorre que o mundo não tolera que Deus intervenha na História. Aceita o homem moderno que uma velhinha beata em alguma igreja do interior seja católica, um sujeito ignorante e sem perspectiva tenha fé. Mas um líder, um intelectual, ou um astro de Hollywood crente, isso é inaceitável para ele… Quando alguém como Mel Gibson se declara católico, reconhece seus pecados e afirma sua fidelidade ao Papa, coloca-se na contramão da mentalidade laicista e anti-religiosa da atualidade. Fazer “The Passion” foi uma declaração de guerra! E a perseguição é a sua cruz, no que pode Gibson imitar seu Mestre, pois muitos são “perseguidos por causa da cruz de Cristo.” (Gl 6,12)

A nós que assistimos essa obra de arte – como declararam vários cardeais de Roma -, fica a impressão de que ela tem um grande poder: o de fazer com que muitos que a assistam sentados confortavelmente em suas poltronas acabem, após o filme, ajoelhados no confessionário.

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* bacharel em Direito, escritor e pensador católico

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