“A presença da Igreja na Universidade e na cultura universitária” (22.05.1994)

Pontifício Conselho para a Cultura
A PRESENÇA DA IGREJA NA UNIVERSIDADE E NA CULTURA UNIVERSITÁRIA

Nota preliminar: natureza, finalidade, destinatários

A Universidade e, dum modo geral,a cultura universitária constituem uma realidade de importância decisiva. Estão em causa questões vitais neste campo e as profundas mudanças culturais com consequências desconcertantes suscitam novos desafios. A Igreja deve tê-los em conta na sua missão de anunciar o Evangelho.1

Por ocasião das suas visitas « ad limina », numerosos bispos exprimiram a preocupação e o desejo de ser ajudados a enfrentar problemas inéditos cujo rápido aparecimento, novidade e intensidade apanham por vezes de surpresa os responsáveis,tornando muitas vezes inoperantes os métodos pastorais habituais e desencorajando o zelo dos mais generosos. Diversas dioceses e Conferências Episcopais já se empenharam numa reflexão e acção pastoral que fornecem elementos de resposta. Por outro lado, comunidades religiosas e movimentos apostólicos enfrentam com renovada generosidade os novos problemas da pastoral universitária.

Para organizar estas iniciativas e tomar uma consciência global do desafio, a Congregação da Educação Católica, o Pontifício Conselho dos Leigos e o Pontifício Conselho da Cultura consultaram de novo as Conferências episcopais, os Institutos religiosos e os diversos organismos e movimentos eclesiais, tendo sido apresentada uma primeira síntese das respostas a esta consulta, no dia 28 de Outubro de 1987 no Sínodo dos Bispos sobre a vocação e a missão dos leigos na Igreja e no mundo.2

Esta documentação enriqueceu-se por ocasião de numerosos encontros, bem como em virtude das reacções das respectivas instituições ao texto tornado público e ainda pela publicação de trabalhos e investigações sobre a acção dos cristãos no mundo universitário.

Tudo isto ajudou a esclarecer um certo número de constatações, a formular perguntas precisas e a traçar algumas linhas de orientação a partir da vivência apostólica das pessoas comprometidas no meio universitário.

Este documento, tratando das questões e das iniciativas com maior significado, apresenta-se como um instrumento de reflexão e de trabalho, um serviço às Igrejas particulares. Os seus primeiros destinatários são as Conferências Episcopais e, dum modo particular, os Bispos que têm Universidades ou Escolas Superiores nas suas dioceses. Mas estas constatações e orientações dirigem-se igualmente a todos os que, sob a direcção dos Bispos, participam na pastoral universitária: padres, leigos, institutos religiosos, movimentos eclesiais. Ao propor sugestões para a nova evangelização, este documento pretende inspirar um aprofundamento da reflexão por parte de todas as pessoas implicadas e suscitar uma pastoral renovada.

UMA EXIGÊNCIA DECISIVA

A Universidade é, nas suas origens, uma das expressões mais significativas da solicitude da Igreja. O seu nascimento está ligado ao desenvolvimento das escolas constituídas na Idade Média pelos bispos das grandes sés episcopais. Embora as transformações da história tenham conduzido a « Universitas magistrorum et scholarium » a tornar-se cada vez mais autónoma, nem por isso a Igreja deixa de por ela nutrir menos solicitude que na origem da sua insituição.3

De facto, a presença da Igreja na Universidade não é de modo nenhum uma tarefa que permanecerá dalgum modo exterior à missão de anunciar a fé. « A síntese entre cultura e fé não é somente uma exigência da cultura mas também da fé… Uma fé que não se torna cultura é uma fé que não é plenamente acolhida, inteiramente pensada e fielmente vivida ».4 A fé que a Igreja anuncia é uma « fides quaerens intellectum », que exige a penetração da inteligência e do coração do homem e ser pensada para ser vivida.A presença eclesial não se deverá limitar a uma intervenção cultural e científica. Ela deve proporcionar a possibilidade dum encontro com Cristo.

Concretamente, a presença e a missão da Igreja na cultura universitária revestem formas variadas e complementares. Em primeiro lugar, está o papel de sustentar os católicos comprometidos na vida da Universidade como professores, estudantes, investigadores ou colaboradores. A Igreja preocupa-se em pregar o Evangelho a todos os que, no seio da Universidade, ainda o não conhecem e estão dispostos a acolhê-lo livremente. A sua acção traduz-se também num diálogo e numa colaboração sinceras com todos os membros da comunidade universitária preocupados com a promoção cultural do homem e com o desenvolvimento cultural dos povos.

Uma tal perspectiva exige dos agentes de pastoral a percepção da Universidade como um meio específico com os seus problemas próprios. O êxito do seu empenhamento depende de facto, em grande parte, das relações que eles têm com ela e que por vezes são apenas embrionárias. A pastoral universitária permanece de facto muitas vezes à margem da pastoral ordinária. É também necessário que toda a comunidade cristã tome consciência da sua responsabilidade pastoral e missionária em relação ao meio universitário.

I. SITUAÇÃO DA UNIVERSIDADE

No espaço de meio século, a instituição universitária sofreu consideráveis mudanças cujas características, todavia, não devem ser generalizadas para todos os países nem aplicadas dum modo unívoco a todos os centros académicos duma mesma região, porque cada Universidade é o resultado do seu contexto histórico, cultural, social, económico e político. A sua grande variedade exige uma adaptação judiciosa das formas de presença da Igreja.

1. Em numerosos países,especialmente em certos países desenvolvidos, depois da contestação dos anos 68-70 e da crise institucional que precipitou a Universidade numa certa confusão, manifestam-se muitas tendências, positivas e negativas. Confrontações e crises, dum modo particular o desabar das ideologias e utopias, outrora dominantes, deixaram marcas profundas. Não há muito reservada a privilegiados, a Universidade abriu-se largamente a um vasto público, tanto no seu ensino inicial como na formação permanente. É um facto importante e significativo de democratização da vida social e cultural. Em numerosos casos, o afluxo em massa de estudantes é tal que as infra-estruturas, os serviços, e mesmo os métodos tradicionais de ensino se revelam inadequados. Além disso, fenómenos de ordem diversa conduziram, em certos contextos culturais, a modificações essenciais da posição dos professores, que perante o isolamento e a colegialidade, entre a diversidade do empenhamento profissional e da vida familiar, vêem enfraquecer o seu estatuto académico e social, a sua autoridade e a sua segurança. A situação concreta dos estudantes suscita também fundadas inquietações. De facto, as estruturas de acolhimento, de acompanhamento e de vida comunitária são muitas vezes defeituosas. É por isso que muitos deles, transplantados para longe da família para uma cidade que mal conhecem, sofrem a solidão. Por outro lado,em muitos casos, as relações com os professores são raras e os estudantes encontram-se desprovidos de orientação perante os problemas que os ultrapassam. Por vezes, o meio onde se devem inserir está marcado pelo influxo de comportamentos de tipo sócio-político e pela reivindicação duma liberdade ilimitada em todos os domínios da investigação e da experimentação científica. Finalmente, em todos os lugares os jovens universitários confrontam-se com a difusão dum liberalismo relativista, dum positivismo cientista e dum certo pessimismo perante as perpectivas profissionais tornadas aleatórias pelo marasmo económico.

2. Noutras partes, a Universidade perdeu uma parte do seu prestígio. A proliferação das Universidades e a sua especialização criaram uma situação de grande disparidade: umas gozam dum prestígio incontestado, outras apresentam com muito custo um ensino de qualidade medíocre. A Universidade não tem mais o monopólio da investigação nos domínios onde brilham os Institutos especializados e os Centros de Investigação, privados ou públicos. Estes, de qualquer maneira, inserem-se num clima cultural específico, a « cultura universitária », geradora duma « forma mentis » característica: importância dada à força da argumentação do raciocínio, desenvolvimento do espírito crítico, grau elevado de informações sectoriais e fraqueza de síntese, mesmo no seio de perspectivas específicas.

3. Viver nesta cultura em mudança com uma exigência de verdade e uma atitude de serviço conformes ao ideal cristão, torna-se por vezes difícil. Até há pouco ser estudante e mais ainda professor era em toda a parte uma promoção social indiscutível, hoje os estudos universitários desenrolam-se num contexto muitas vezes marcado por novas dificuldades, de ordem material ou moral, que rapidamente se transformam em problemas humanos e espirituais de consequências imprevistas.

4. Em numerosos países, a Universidade experimenta grandes dificuldades no esforço de renovação requerido sem cessar pela evolução da sociedade, pelo desenvolvimento de novos sectores de conhecimento, pelas exigências da economia em crise. A sociedade traz consigo o desejo de que a Universidade responda às suas necessidades específicas a começar pelo emprego para todos. Assim o mundo industrial entra consideravelmente no seio da Universidade, com as suas exigências específicas de prestações técnicas, rápidas e seguras. Esta « profissionalização »,cujos efeitos benéficos são inegáveis, não se insere sempre numa formação « universitária » no sentido dos valores, na deontologia profissional e no confronto com as outras disciplinas, como complemento da necessária especialização.

5. Em contraste com a « profissionalização » de certos institutos numerosas faculdades, principalmente de letras, filosofia, ciências políticas e direito, limitam-se frequentemente a fornecer uma formação genérica nas próprias disciplinas, sem se preocupar com eventuais saídas profissionais para os seus estudantes. Em vários países de médio desenvolvimento, as autoridades governamentais utilizam as universidades como « árias de estacionamento » para atenuar as tensões originadas pelo desemprego dos jovens.

6. Por outro lado, uma constatação se impõe: em numerosos países, a Universidade que, por vocação, é chamada a ter um papel de primeiro plano no desenvolvimento da cultura, vê-se exposta a dois riscos antagónicos: ou sofrer passivamente os influxos culturais dominantes, ou tornar-se marginal em relação a eles. É difícil enfrentar estas situações, porque frequentemente ela deixa de ser uma « comunidade de estudantes e de professores à procura da verdade » para se converter num simples instrumento nas mãos do Estado e das suas forças económicas dominantes,com o fim exclusivo de assegurar a preparação técnica e profissional de especialistas, sem conceder à formação educativa da pessoa o lugar central que lhe compete. Além disso — e esta situação não deixa de ter consequências graves — muitos estudantes frequentam a Universidade sem nela encontrar uma formação humana capaz de os ajudar no discernimento necessário sobre o sentido da vida, os fundamentos e a prática dos valores e dos ideais, e vivem numa incerteza sobrecarregada de angústia no que diz respeito ao seu futuro.

7. Nos países que estiveram ou estão ainda submetidos a uma ideologia de tipo materialista e ateu, esta penetrou a investigação e o ensino, dum modo particular os domínios das ciências humanas, da filosofia e da história. Por isso, mesmo em certos países que experimentaram mudanças radicais ao nível político, os espíritos não adquiriram a liberdade suficiente para realizar o discernimento necessário nas correntes de pensamento dominantes, e para nelas reconhecer a presença frequentemente dissimulada dum liberalismo relativista. Manifesta-se mesmo un certo cepticismo relativamente à ideia de verdade.

8. Por toda a parte se constata uma grande diversificação de saberes. As diversas disciplinas chegaram a delimitar o seu campo próprio de investigação e de afirmação e a reconhecer a legítima complexidade e a diversidade dos seus métodos. Torna-se cada vez mais evidente o perigo de investigadores, professores e estudantes se encerrarem no seu campo de conhecimento limitando-se a um resumo fragmentário da realidade.

9. Em certas disciplinas, afirma-se um novo positivismo sem referência ética: a ciência pela ciência. A formação « utilitária » predomina sobre o humanismo integral e leva a negligenciar as necessidades e as espectativas da pessoa, a censurar ou a sufocar as questões mais essenciais da sua existência pessoal e social. O desenvolvimento das técnicas científicas, no domínio da biologia, da comunicação e da « robotização » levanta novas questões éticas, cruciais. Quanto mais ele se torna capaz de dominar a natureza, mais o homem depende da técnica e mais tem necessidade de conquistar a sua própria liberdade. Esta põe novas questões sobre as pers pectivas e os critérios epistemológicos das diversas disciplinas do saber.

10. A difusão do cepticismo e da indiferença originados pelo secularismo envolvente coexiste com uma nova procura de tipo religioso de contornos incertos. Neste clima caracterizado pela incerteza da orientação intelectual dos professores e dos estudantes, a Universidade constitui por vezes um meio no qual se desenvolvem comportamentos nacionalistas agressivos. Entretanto, em certas regiões, o clima de contestação dá o lugar ao conformismo.

11. O desenvolvimento da formação universitária « à distância » ou « tele-ensino » torna a informação acessível a um maior número, mas o contacto pessoal entre professor e estudante corre o risco de desaparecer, com a formação humana ligada a essa relação insubstituível. Certas formas mistas aliam ajuizadamente o tele-ensino e as relações episódicas entre professor e estudante e poderiam constituir um bom meio para desenvolver a formação universitária.

12. A cooperação inter-universitária e internacional conhece um autêntico progresso onde os centros académicos mais desenvolvidos podem, por vezes, ajudar os menos anvançados mas nem sempre em proveito destes últimos. As grandes Universidades podem, com efeito, exercer uma certa « empresa » técnica, isto é, ideológica, para além das fronteiras do seu país, em prejuízo dos países menos favorecidos.

13. O lugar das mulheres na Universidade e o acesso generalizado constituem em certos países uma tradição já bem estabelecida, mas noutras partes aparecem como um contributo novo, uma ocasião excepcional de renovação e um enriquecimento da vida universitária.

14. O papel central das Universidades nos programas de desenvolvimento comporta uma tensão entre a afirmação da nova cultura gerada pela modernidade e a salvaguarda e promoção das culturas tradicionais. Entretanto, para responder à sua vocação, a Universidade carece duma « ideia directriz », dum fio condutor entre as suas múltiplas actividades. Ali tem lugar a raiz da crise actual de identidade e de finalidade duma instituição orientada por sua própria natureza para a investigação da verdade. O caos do pensamento e a pobreza dos critérios fundamentais tornam estéreis as propostas educativas que surgem em si aptas para enfrentar os problemas novos. Apesar das imperfeições, a Universidade, com as outras Instituições de ensino superior, permanece, por vocação, o lugar privilegiado de elaboração do saber e da formação, e tem um papel fundamental na preparação dos quadros dirigentes da sociedade do século XXI.

15. Um novo impulso pastoral. A presença de católicos na Universidade constitui também um motivo de interrogação e de esperança para a Igreja: em numerosos países, esta presença é com efeito por vezes imponente em número mas de influxo relativamente modesto dado que muitos professores e estudantes consideram a sua fé como um assunto estrictamente privado ou não percebem o impacto da sua vida universitária na sua existência cristã. A sua presença na Universidade parece ser um parêntesis na sua vida de fé. Alguns, até mesmo padres e religiosos, em nome da autonomia universitária, chegam ao ponto de se absterem do testemunho explícito da sua fé. Outros servem-se desta autonomia para propagarem doutrinas contrárias ao ensino da Igreja. A falta de teólogos competentes nos domínios científicos e técnicos e de professores especializados que disponham duma boa formação teológica agrava esta situação. Esta reclama com toda a evidência uma tomada de consciência renovada em ordem a um novo impulso pastoral. Além disso, embora apreciando as iniciativas louváveis realizadas um pouco por toda a parte, constata-se que a presença cristã parece reduzir-se com frequência a grupos isolados, a iniciativas esporádicas, a testemunhos ocasionais de pessoas em ordem à acção de tal ou tal movimento.

II. PRESENÇA DA IGREJA NA UNIVERSIDADE E NA CULTURA UNIVERSITÁRIA

1. Presença nas estruturas da Universidade

A Igreja, enviada por Cristo aos homens de todas as culturas, esforça- -se por partilhar com eles a boa nova da salvação. Depositária da Verdade revelada acerca de Deus e do homem por meio de Cristo, ela tem a missão de se abrir à autêntica liberdade mediante a mensagem de verdade. Baseando-se no mandato recebido de Cristo ela abre-se para iluminar os valores e as expressões culturais, para as corrigir e purificar à luz da fé, se necessário, para as conduzir à sua plenitude de sentido.5 Na sua rica complexidade, a acção pastoral da Igreja no seio da Universidade comporta em primeiro lugar um aspecto subjectivo:a evangelização das pessoas. Nesta perspectiva, a Igreja entra em diálogo com as pessoas concretas: homens e mulheres, professores, estudantes, empregados e através deles também com as correntes culturais que caracterizam este meio. Não se deverá esquecer o aspecto objectivo, isto é, o diálogo entre a fé e as diversas matérias do saber. A aparição de novas correntes culturais,no contexto da Universidade, está, com efeito, estrictamente ligada às grandes questões do homem, ao seu valor, ao sentido do seu ser e do seu agir, particularmente à sua consciência e à sua liberdade. Aqui toca prioritariamente aos intelectuais católicos a promoção duma síntese renovada e vital entre a fé e a cultura.

A Igreja não pode esquecer que a sua acção se exerce na situação particular de cada Centro universitário e que a sua presença na Universidade é um serviço prestado aos homens na sua dupla dimensão pessoal e social. É por isso que o tipo de presença difere conforme os países, marcados pelas diferentes tradições históricas, culturais, religiosas e legislativas. Dum modo particular, onde a legislação o consente, a Igreja não deveria renunciar ao seu trabalho institucional na Universidade. Ela está atenta a sustentar e promover o ensino da teologia em toda a parte onde isso lhe é possível. A capelania universitária, ao nível institucional, reveste particular importância para o próprio campus universitário. Propondo um vasto leque de formação doutrinal ao mesmo tempo que espiritual, ela constitui, com efeito, uma vantagem maior para o anúncio do Evangelho. Mediante a actividade de animação e de tomada de consciência desenvolvida no seio da capelania, a pastoral universitária pode esperar alcançar a sua finalidade, isto é, criar no seio do ambiente universitário uma comunidade cristã e um empenhamento de fé missionária.

As Ordens religiosas e as Congregações asseguram uma presença específica nas Universidades e contribuem pela riqueza dos seus carismas — em particular o seu carismna educativo — para a formação cristã dos professores e dos estudantes. Estas comunidades religiosas, muito solicitadas no ensino primário e secundário, devem, nas suas opções pastorais, considerar a vantagem da sua presença no ensino superior, tendo cuidado em não se fecharem em si mesmas, sob pretexto de confiar a outros a missão conforme à sua vocação.

Para ser aceite e resplandecente, a presença institucional da Igreja na cultura universitária deve ser de qualidade, ainda que frequentemente faltem as pessoas e por vezes também os meios financeiros. Esta situação exige uma adaptação inventiva e um esforço pastoral proporcionado.

2. A Universidade católica

Entre as diferentes formas institucionais mediante as quais a Igreja está presente no mundo universitário, é necessário salientar a Universidade católica, que é uma instituição da Igreja.

A existência dum número importante de Universidades católicas — extremamente variável segundo as regiões e os países, indo da multiplicação dispersiva até à carência total — constitui uma riqueza e um factor essencial da presença da Igreja no seio da cultura universitária. Com frequência este « capital » está todavia longe de dar os frutos legitimamente esperados.

Indicações importantes para promover o papel específico da Universidade católica foram dadas pela Constituição Apostólica « Ex Corde Ecclesiae », publicada no dia 5 de Agosto de 1990. Esta precisa: a identidade institucional da Universidade católica depende da realização conjunta das suas características como « universidade » e como « católica ». Ela só consegue a sua relização plena no momento em que dá um testemunho de seriedade e de rigor como membro da comunidade internacional do saber e, ao mesmo tempo, exprime, em ligação explícita com a Igreja, tanto no plano local como universal, a sua identidade católica, que marca concretamente a vida, os serviços e os programas da comunidade universitária. Assim a Universidade católica, em virtude da sua existência atinge o objectivo de garantir dum modo institucional uma presença cristã no mundo universitário. Disto deriva a sua missão específica, que se caracteriza por vários aspectos indissociáveis.

Para realizar a sua missão em relação à Igreja e à sociedade, a Universidade católica deve estudar os difíceis problemas contemporâneos e elaborar projectos de solução que concretizem os valores religiosos e éticos, próprios duma visão cristã do homem.

Vem a seguir a pastoral universitária propriamente dita. Deste ponto de vista a Universidade católica não enfrenta desafios substancialmente diferentes dos que devem enfrentar os outros centros académicos. Todavia, convém sublinhar que a pastoral universitária empenha profundamente uma instituição académica, que é « católica » por definição, ao nível da finalidade que se propõe alcançar, isto é, a formação integral das pessoas, dos homens e das mulheres, que, no contexto académico, são chamadas a participar activamente na vida da sociedade e da Igreja. Um aspecto ulterior da missão da Universidade católica é, enfim, o empenho no diálogo entre fé e cultura e no desenvolvimento duma cultura enraizada na fé. Mesmo em relação a isto, se se deve vigiar em ordem a que, onde os baptizados estão comprometidos na vida da Universidade, se desenvolva uma cultura em harmonia com a fé, a urgência é ainda maior no contexto da Universidade católica. Esta é chamada, de maneira privilegiada, a tornar-se um interlocutor significativo do mundo académico, cultural e científico.

A evidente solicitude da Igreja para com a Universidade — sob a forma de serviço imediato das pessoas e de evangelização da cultura — encontra na realidade da Universidade católica uma referência indiscutível. A exigência crescente duma presença qualificada dos baptizados na cultura universitária torna-se assim um apelo lançado a toda a Igreja para que ela tome consciência cada vez mais clara da vocação específica da Universidade católica e favoreça o seu desenvolvimento como instrumento eficaz da sua missão evangelizadora.

3. Iniciativas fecundas postas em prática

Para responder às exigências suscitadas pela cultura universitária, numerosas Igrejas locais tomaram diversas iniciativas apropriadas:

– Colocação, mediante a Conferência Episcopal, de capelães universitários dotados duma formação « ad hoc », dum estatuto específico e dum apoio apropriado.

– Criação de equipas diocesanas diversificadas de pastoral universitária, nas quais apareça a responsabilidade própria dos leigos e o caracter diocesano desses órgãos de missão apostólica.

– Primeiras etapas dum trabalho orientado para os reitores de Universidades e para os professores de Faculdades, cujo meio é frequentemente dominado pelas preocupações técnico-profissionais.

– Intervenções para a criação de Departamentos de Ciências Religiosas, susceptíveis de abrir novas perspectivas para os professorese estudantes e conformes à promoção da missão da Igreja. Nestes Departamentos, os católicos deveriam exercer um papel de primeira importância, principalmente quando as estruturas universitárias forem privadas de Faculdades de teologia.

– Instauração de cursos regulares de moral e de deontologia profissional, nos Institutos especializados e nos Centros de ensino superior.

– Promoção de movimentos eclesiais dinâmicos.A pastoral universitária tem melhores resultados quando se apoia nos grupos ou movimentos e associações, mesmo se pouco numerosos mas de qualidade, sustentados pelas dioceses e pelas Conferências episcopais.

– Procura duma pastoral universitária que não se limite a uma pastoral de jovens geral e indiferenciada, mas que tome como ponto de partida este facto: numerosos jovens são profundamente influenciados pelo ambiente universitário. Aí se decide em grande parte o seu encontro com Cristo e o seu testemunho de cristãos. Esta pastoral tem em vista, por conseguinte, a educação e acompanhamento dos jovens que fortes na fé têm de enfrentar a realidade concreta dos meios e das actividades nas quais estão comprometidos.

Promoção dum diálogo entre teólogos, filósofos e cientistas, capaz de renovar profundamente as mentalidades e de dar lugar a novas e fecundas relações entre a Fé cristã, a teologia, a filosofia e as ciências, na sua investigação concreta da verdade. A experiência mostra: os padres universitários e sobretudo os leigos estão na primeira linha para manter e promover o debate cultural sobre as grandes questões que dizem respeito ao homem, à ciência, à sociedade e aos novos desafios que se apresentam ao espírito humano. Compete dum modo particular aos professores católicos e às suas associações a promoção de iniciativas interdisciplinares e de encontros culturais dentro e fora da Universidade, conjugando o método crítico e a confiança na razão para confrontar dados metafísicos e aquisições científicas com os enunciados da fé na língua das diversas culturas.

III. SUGESTÕES E ORIENTAÇÕES PASTORAIS

1. Sugestões pastorais propostas pelas Igrejas locais

1. Uma consulta feita pelas Comissões episcopais « ad hoc » ajudaria a conhecer melhor as diferentes iniciativas de pastoral universitária e a presença de cristãos na Universidade e a preparar um documento de orientação que sustenha as iniciativas apostólicas fecundas e promova aquelas que se julgarem necessárias.

2. A constituição duma Comissão nacional para as questões da Universidade e da Cultura ajudaria as Igrejas locais a colocar em comum as suas experiências e as suas capacidades. Ela proverá, para os seminários e para os centros de formação de religiosos e leigos, um programa de actividades, de reflexões, de encontros sobre Evangelização e Culturas, com um capítulo explicitamente consagrado à cultura universitária.

3. Ao nível diocesano, nas cidades universitárias é conveniente encorajar a constituição duma comissão especializada, composta de padres, de universitários e de estudantes católicos, susceptíveis de fornecer indicações úteis para a pastoral universitária e para a acção dos cristãos nos meios de ensino e de investigação. Esta comissão ajudaria o Bispo a exercer a sua missão própria de suscitar e autenticar as diversas iniciativas da diocese e de as colocar em relação com as iniciativas de caracter nacional ou internacional. Revestido do encargo pastoral ao serviço da Igreja, o Bispo diocesano é o primeiro responsável pela presença e pela pastoral da Igreja tanto nas Universidades de Estado como nas Universidades Católicas e nas outras instituições privadas.

4. No plano paroquial, será de desejar que as comunidades cristãs, padres, religiosos e fiéis prestem maior atenção aos estudantes e aos professores, bem como ao apostolado realizado pelas capelanias universitárias. A paróquia é por natureza uma comunidade,no seio da qual se podem estabelecer frutuosas relações para mais eficientemente servir o Evangelho. Pela sua capacidade de acolhimento, ela tem um papel apreciável, principalmente quando favorece a fundação e o funcionamento de Lares de Estudantes e de Residências universitárias. O êxito da evangelização da Universidade e da cultura universitária depende em grande parte do empenho de toda a Igreja local.

5. A paróquia universitária é, de certa maneira, uma instituição mais do que nunca necessária. Ela supõe a presença activa dum ou mais padres bem preparados para este apostolado específico. Esta paróquia é um meio único de comunicação com o mundo académico na sua variedade. Ela permite estabelecer relações com as personalidades da cultura, da arte e da ciência,e assegura ao mesmo tempo uma penetração da Igreja neste meio tão complexo na sua singularidade multiforme. Lugar de encontro, de reflexão cristã e de formação, ela abre aos jovens as portas duma Igreja desconhecida ou mal conhecida, e abre a Igreja à juventude estudantil, às suas questões e ao seu dinamismo apostólico. Lugar privilegiado da celebração litúrgica dos sacramentos, ela é antes de tudo o lugar da eucaristia, coração de toda a comunidade cristã, fonte e cume de todo o apostolado.

6. Em toda a parte onde isso é possível,a pastoral universitária deveria criar ou intensificar relações frutuosas entre as Universidades ou Faculdades católicas e todos os outros meios universitários, segundo as formas variadas de colaboração.

7. A situação actual convida urgentemente a organizar a formação de agentes pastorais qualificados no seio das paróquias, dos movimentos e das associações católicas. Ela convida com urgência a pôr em prática uma estratégia de longa duração, porque a formação cultural e teológica exige uma preparação apropriada. Concretamente, muitas dioceses são incapazes de estabelecer e de levar a bom termo uma tal formação de nível universitário. Pondo em comum os recursos das dioceses, dos institutos religiosos especializados e dos grupos de leigos poder-se-á fazer face a esta exigência.

8. Em todas as situações, trata-se de conceber a «presença » da Igreja como uma « plantatio » da comunidade cristã no meio universitário, através do seu testemunho, do anúncio do Evangelho, do serviço da caridade. Esta presença engrandecerá os « christifideles » e ajudará a aproximar os que estão longe de Jesus Cristo. Nesta perspectiva, parece importante desenvolver e promover:

— uma pedagogia catequética de caracter « comunitário », que proporcione uma diversidade de propostas,apresente a possibilidade de itinerários diferenciados e de respostas adaptadas às verdadeiras necessidades das pessoas concretas.

— uma pedagogia de acompanhamento pessoal, de acolhimento, de disponibilidade e de amizade, de relações interpessoais, de discernimento das situações vividas pelos estudantes e pelos meios concretos para as melhorar.

— uma pedagogia de aprofundamento da fé e da vida espiritual, enraizada na Palavra de Deus, aprofundada e partilhada na vida sacramental e litúrgica.

9. A presença da Igreja na universidade exige, finalmente, um testemunho comum dos cristãos. Inseparável da sua dimensão missionária, este testemunho ecuménico constitui um contributo importante para a unidade dos cristãos. Segundo as modalidades e dentro dos limites fixados pela Igreja, e sem prejuízo para a cura pastoral a prestar aos fiéis católicos, esta colaboração ecuménica, que supõe uma formação adequada, será particularmente frutuosa no estudo das questões sociais e, duma maneira geral, no aprofundamento de todas as questões ligadas ao homem, ao sentido da sua existência e da sua actividade.6

2. Desenvolver o apostolado dos leigos, principalmente dos professores

« A vocação cristã é por sua própria natureza vocação ao apostolado ».7 Esta afirmação do Concílio Vaticano II, aplicada à pastoral universitária, repercute como um apelo vibrante à responsabilidade dos professores, dos intelectuais e dos estudantes católicos. O empenho apostólico dos fiéis é um sinal de vitalidade e de progresso espiritual de toda a Igreja. Desenvolver esta consciência do dever apostólico nos universitários está na linha directa das orientações pastorais do Concílio Vaticano II. Assim, em pleno coração da comunidade universitária, a fé torna-se fonte resplandecente duma nova vida e duma autêntica cultura cristã. Os fiéis leigos gozam duma autonomia legítima, para exercer a sua vocação apostólica específica. Para favorecê-la, os pastores são convidados, não somente a reconhecer esta especificidade, mas também a sustentá-la calorosamente. Este apostolado nasce e desenvolve-se a partir das relações profissionais, dos interesses culturais comuns, da vida quotidiana partilhada nos diversos sectores da actividade universitária. O apostolado pessoal dos leigos católicos é « o princípio e a condição de todo o apostolado dos leigos, mesmo colectivo,e nada o pode substituir ».8 Permanece todavia necessário e urgente que os católicos presentes na Universidade dêem um testemunho de comunhão e de unidade. Neste aspecto,os movimentos eclesiais são particularmente preciosos.

Os professores católicos têm um papel fundamental para a presença da Igreja na cultura universitária. A sua qualidade e a sua generosidade podem mesmo suprir em certos casos as imperfeições das estructuras. O empenho apostólico do professor católico, dando prioridade ao respeito e ao serviço das pessoas, colegas e estudantes, oferece-lhes este testemunho do homem novo « sempre pronto a dar conta, a quem lho pede, da esperança que nele existe, com amabilidade e respeito » (cf.1 Ped 3, 15-16). A Universidade constitui certamente um sector limitado da sociedade, mas exerce nela qualitativamente uma influência que ultrapassa muito largamente a sua dimensão quantitativa. Ora, em contraste com este aspecto, a figura mesma do intelectual católico parece ter quase desaparecido de certos espaços universitários, onde os estudantes carecem cruelmente de verdadeiros mestres cuja presença assídua e disponibilidade para com os estudantes asseguraria uma camaradagem de qualidade.

Este testemunho do professor católico não consiste certamente em divagar por temáticas confessionais à custa das disciplinas a ensinar, mas em abrir o horizonte às questões últimas e fundamentais, na generosidade estimulante duma presença activa aos pedidos frequentemente não formulados dos jovens espíritos à procura de pontos de referência e de certezas, de orientação e de finalidades. A sua vida de amanhã na sociedade depende disso. Com maior razão, a Igreja e a Universidade esperam dos sacerdotes professores encarregados do ensino na Universidade uma competência de alto-nível e uma sincera comunhão eclesial.

A unidade promove-se na diversidade, sem ceder à tentação de querer unificar ou formalizar as actividades: a variedade de estímulos e de meios apostólicos longe de se opôr à unidade eclesial, exige-a e enriquece-a. Os pastores terão em conta as legítimas características do espírito universitário: diversidade e espontaneidade, respeito da liberdade e da responsabili dade pessoais, oposição a toda a tentativa de uniformização imposta.

Convém encorajar a multiplicação e o desenvolvimento dos movimentos ou grupos católicos, mas é necessário também reconhecer e revitalizar as associações de leigos católicos cujo apostolado universitário é recomendado por uma longa e fecunda tradição. Exercido por leigos, o apostolado é frutuoso na medida em que é eclesial. Entre os critérios de apreciação, o da coerência doutrinal dos diversos empenhos com a identidade católica está unido à exemplaridade moral e profissional, garantia da autenticidade resplandecente do apostolado laical, de que a vida espiritual é o penhor.

CONCLUSÃO

Entre os diversos campos de apostolado e de acção em que a Igreja tem a responsabilidade, a cultura universitária é um dos mais prometedores mas também um dos mais difíceis. A presença e acção da Igreja neste meio particular, com um tal influxo sobre a vida social e cultural das nações, de que depende largamente o futuro da Igreja e da sociedade, exercem-se tanto no plano institucional como no plano pessoal, com o concurso específico dos padres e dos leigos, do pessoal administrativo, dos professores e dos estudantes.

A consulta e os encontros com numerosos Bispos e universitários mostraram a importância da cooperação entre as diversas instâncias da Igreja interessadas. A Congregação da Educação Católica, o Pontifício Conselho dos Leigos e o Pontifício Conselho da Cultura renovam a sua disponibilidade em promover tais intercâmbios e a promover encontros ao nível das Conferências episcopais,das Organizações Internacionais Católicas, bem como das Comissões de Ensino, da Educação e da Cultura que intervêm neste domínio específico.

A presença da Igreja no meio universitário, mediante pessoas comprometidas que servindo a Universidade servem a sociedade, inscreve-se no processo da inculturação da fé, como uma exigência da evangelização. O dever de anunciar o Evangelho torna-se mais urgente, no limiar dum novo milénio, no qual a cultura cristã terá uma grande importância. Exigem-se comunidades de fé aptas a transmitir a Boa Nova de Cristo a todos os que se formam, ensinam e exercem a sua actividade no contexto da cultura universitária. A urgência deste empenho apostólico é grande, porque a Universidade é um dos mais fecundos focos criadores de cultura.

« Plenamente consciente de que, do ponto de vista pastoral, é urgente reservar à cultura uma atenção muito particular, a Igreja pede aos fiéis leigos para, guiados pela coragem e criatividade intelectual, estarem presentes nos lugares privilegiados da cultura, como sejam o mundo da escola e da universidade, nos centros de investigação científica e técnica, nos lugares de criação artística e da reflexão humanista. Esta presença tem como finalidade não só reconhecer e eventualmente purificar os elementos da cultura existente, submetendo-os a uma crítica sábia, mas também o de acrescentar o seu valor, graças às riquezas originais do Evangelho e da fé cristã ».9

Cidade do Vaticano, Pentecoste, 22 de Maio de 1994

Pio Card. Laghi
Prefeito da Congregação da Educação Católica

Eduardo Card. Pironio
Presidente do Pontifício Conselho dos Leigos

Paul Card. Poupard
Presidente do Pontifício Conselho da Cultura

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NOTAS:
1 Um exemplo da presença desta solicitude pastoral no Magistério da Igreja encontra-se nos discursos do S. Padre João Paulo II aos universitários. Cf. Giovanni Paolo II, Discorsi alle Università, Camerino, 1991. Para uma síntese muito significativa sobre esta questão ver os discursos aos participantes no encontro de trabalho sobre a pastoral universitária, em Insegnamenti di Giovanni Paolo II, V1, 1982, pp. 771-781. * 2 Esta síntese tornada pública pelo Cardeal Paul Poupard em nome dos três Dicastérios foi publicada dia 25 de Março de 1988 e traduzida em diversas línguas. Cf. La Documentation Catholique, n. 1964, 19 de Junho de 1988, pp. 623-628; Origins, vol. 18, n. 7, 30 de Junho de 1988, pp. 109-112; Ecclesia, n. 2381, 23 de Julho de 1988, pp. 1105-1110; La Civiltà Cattolica an. 139, 21 de Maio de 1988, n. 3310, pp. 364-374. * 3 Cf. João Paulo II, Constituição Apostólica Ex Corde Ecclesiae, 15 de Agosto de 1990, n 1. * 4 João Paulo II, Carta autógrafa de instituição do Pontifício Conselho da Cultura, 20 de Maio de 1982, em AAS, 74 (1983) pp. 683-688. * 5 Cf. João Paulo II, Carta Encíclica Veritatis splendor, nn. 32-33. * 6 Cf. Pont. Consilium ad Christianorum Unitatem Fovendam, Directório para a aplicação dois princípios e das normas sobre o ecumenismo, Cidade do Vaticano, 1993, nn. 211-216. * 7 Concílio Vaticano II, decreto sobre o apostolado dos leigos, Apostolicam actuositatem, n. 2. * 8 Ibid., 16. * 9 João Paulo II, Exortação apostólica post-sinodal Christifideles laici, sobre a vocação e a missão dos leigos na Igreja e no mundo, 30 de Dezembro de 1988, n. 44.

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