Hoje a Igreja celebra a festa do mártir Santo Tomás Morus. Ex-lorde chanceler do Reino da Inglaterra, foi condenado à morte por traição e decapitado em 1535, por não ter aceitado o cisma de Henrique VIII, quando este rei rompeu com o Papa.
Pouco antes, surgira Martinho Lutero que, escandalizado com o mau comportamento de muitos membros da hierarquia, separou-se da Igreja e fundou a heresia protestante. Henrique VIII, que havia escrito contra a heresia de Lutero e, por isso, mereceu do Papa o título de defensor da fé, pouco depois, por problemas pessoais, caiu no cisma, separando-se de Roma e criando a Igreja anglicana.
No século XVI houve de fato uma grande crise na Igreja, como aliás sempre houve em sua história. E elas produzem hereges e cismáticos, como também grandes santos. A Igreja é, como Jesus, sinal de contradição, posto para a ruína e salvação de muitos. Assim, o século XVI, junto com hereges e cismáticos, produziu grandes santos, como Santo Tomás Morus, Santo Inácio de Loyola, São Francisco Xavier, Santa Teresa de Jesus, São João da Cruz, que, ao invés de promoverem rebeldia, aproveitaram-se da crise para mais se santificarem, fazerem apostolado e assim ajudarem a Igreja.
Porque Deus nunca abandona a sua Igreja. E as crises não podem ser tais que obscureçam totalmente a Fé nem corromper toda a hierarquia da Igreja. Por isso a proposição que afirma: nestes últimos séculos espalhou-se um obscurecimento geral sobre as verdades de maior gravidade e importância relativas à religião e que são o fundamento da Fé e da Moral da Doutrina de Jesus Cristo é herética. (Papa Pio VI, Auctorem Fidei).
Ou, como dizia Dom Antônio de Castro Mayer: É subversão herética seguir habitualmente alguém, não membro da hierarquia, como porta-voz e árbitro da ortodoxia, por desconfiança da hierarquia, porque caso toda a hierarquia viesse a falhar, seria a palavra de Jesus Cristo que teria falhado, pois o Divino Salvador confiou à hierarquia o governo e a direção de sua Igreja até o fim dos séculos e, mais, sua assistência para que ela não falhasse (Dom Antônio de Castro Mayer, Mon. Camp. 26/1/1986).
Artigo publicado no Jornal Folha da Manhã, de Campos, dia 22 de junho de 2005
Dom Fernando Arêas Rifan
Bisbo Titular de Cedamusa
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